Em 27/12/2019 o
Respeitável Irmão Jorge Antônio Vieira Gonçalves, Loja Estrela de Davi, REAA,
GOB-SE, Oriente de Aracaju, Estado de Sergipe, apresenta a questão abaixo:
javgdbg@gmail.com
COLUNA DE HARMONIA.
Bom dia, ilustre
irmão. Gosto muitos dos seus artigos e gostaria primeiramente de lhe agradecer
pelos brilhantes textos. Se possível, gostaria da sua orientação, veja o texto
abaixo:
"Quero afirmar aqui, pela
experiência que adquiri durante a minha vida maçônica, que qualquer música pode
ser tocada, desde que vibre o ser humano para uma elevação. Agora há de se
respeitar as sensibilidades alheias, e ter bom senso, como por exemplo, não
colocar uma música sacra com a presença de vários Irmãos de religião que não seja,
por exemplo, a católica. Mas para tudo exige sensibilidade e equilíbrio."
(a) Juarez de Oliveira Castro, Mestre Maçom Instalado, Loja Alferes Tiradentes,
20, GLMESC.
Estou pesquisando
sobre harmonia nas sessões maçônicas para fazer uma apresentação em minha loja.
O ilustre irmão, poderia disponibilizar textos para me ajudar? Existe alguma
norma que proíba a música cantada nas sessões?
COMENTÁRIOS.
De fato, no ambiente maçônico cabem apenas procedimentos que lhe são
compatíveis.
A Música, em Maçonaria como uma das Sete Artes e Ciências Liberais, é
uma das disciplinas do Quadrivium (divisão feita por Boécio) e é necessária
para que os atos litúrgicos e ritualísticos se deem a contento, não como uma
estrutura didática, mas como uma decorrência do ambiente maçônico. Como sexta
Ciência ela é objeto de estudo do Companheiro Maçom.
Por definição, Musica, segundo alguns autores, advém do grego "musa"
e se define por "inspiração, poesia e harmonia dos sons". Nesse
sentido, em Maçonaria ela se coaduna como um elemento que reforça a harmonia
dos trabalhos, sobretudo aquele inerente ao sentido da audição (um dos cinco
sentidos).
Na mitologia grega, as "musas" eram tidas como nove irmãs.
Filhas de Júpiter e Menemosine, deusa da memória, elas presidiam as ciências e
as artes e tinham como principal missão fazer cessar a angústia e a tristeza.
Com base nesses conceitos a Moderna Maçonaria lembra ao encarregado pela
Coluna da Harmonia[1]
que a Ordem sempre se beneficiou do auxílio da música no desempenho dos seus
ritos e cerimônias. Destaca ainda que o principal objetivo da Música é tornar o
ambiente solene, inspirador e belo, assim como contribuir para a elevação dos
sentimentos de amor e bondade.
Inerente à sua questão, no texto mencionado, e sobre músicas sacras, por
certo há que se ter discernimento e cautela para que a harmonia da Loja não se
torne em "desarmonia", sobretudo se contraditória perante a crença
religiosa de outrem. Há que se ter bom senso e apelar para o bom gosto, mas com
neutralidade. É bom lembrar que em Maçonaria vive-se ecumenicamente e sem
proselitismos religiosos.
Quanto a textos que o Irmão me solicita eu os possuo de modo disperso e
teria que digitaliza-los o que não me é propício devido ao acúmulo de trabalho.
Nesse caso lhe indico a obra do saudoso Irmão Zaly de Barros de Araújo in
Caderno de Estudos Maçônicos, Coluna de Harmonia, Editora Maçônica A Trolha,
Londrina, 1991. Certamente esse volume lhe dará subsídios para pesquisa,
atentando sempre que a Moderna Maçonaria é composta por Ritos e, destes, cada
qual possui suas práticas particulares, não devendo, portanto, generalizar um
tema como igual para todos.
Em relação às normas que porventura existam sobre a harmonia das sessões,
há que se observar o que preconizam os Ritos e seus respectivos rituais. De
antemão posso lhe dizer que alguns trabalhos e costumes, a exemplo dos da
Maçonaria Britânica, ainda se utilizam, às vezes, de música e canto ao vivo
durante os trabalhos maçônicos.
Concluindo, devo me manifestar dizendo que na minha opinião, em respeito
ao ambiente maçônico, ao contrário do que diz o texto, não é qualquer música
que pode ser tocada, "desde que vibre o ser humano para uma elevação"
(sic). Ora, para as exigências da "Arte" os fatos não são tão
simples assim.
T.F.A.
PEDRO JUK
MAR/2020
[1] Coluna da Harmonia – Segundo Zaly
Barros de Araújo, é o conjunto de cantores, músicos, instrumentos musicais,
equipamentos eletrônicos, acessórios; é o conjunto de partituras, discos, etc.,
destinados, no todo ou em parte, sob a direção e coordenação do Mestre de Harmonia,
à musicalização das sessões ritualísticas e outras cerimônias realizadas por uma
Loja maçônica.
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