Em 11/07/2020 o Respeitável Irmão Manoel Hélio Monteiro, Loja Mensageiros do Bem, 0812, REAA, GOB-PE, Oriente de Garanhuns, Estado do Pernambuco, formaliza a seguinte questão:
CADEIA DE UNIÃO
Meu Irmão Pedro
Juk, mais uma vez recorro à sua sabedoria maçônica a fim de melhor
esclarecermos, em Loja, aos nossos irmãos, sobre a finalidade da “Cadeia de
União.”
A cadeia de União é
realizada exclusivamente para recebermos a Palavra Semestral ou pode-se
utilizá-la para outra finalidade?
Desde já agradeço
sua atenção.
CONSIDERAÇÕES.
Está
bem claro no Ritual em vigência e no Sistema de Orientação Ritualística
(Decreto 1784/2019) para o Aprendiz Maçom, REAA, GOB RITUALÍSTICA, item 74: “a
Cadeia de União no REAA somente é formada quando houver necessidade de se
transmitir a Palavra Semestral”.
Assim,
para o REAA o texto é bastante claro ao designar que a formação da Cadeia de
União se dá apenas e tão somente para transmissão da Palavra Semestral.
A
título de esclarecimento, vale a pena mencionar que essa prática não é
generalizada na Maçonaria Universal, contudo ela é comum principalmente nos
ritos de origem francesa (ritos latinos).
Desse
modo, o Grande Oriente da França para fugir dos dissabores de receber membros
irregulares, e para fortalecer os telhamentos, estabelecia que o Grão-Mestre
então escolhesse, por sua única e exclusiva conta, uma palavra senha para ser repassada
às Lojas de seis em seis meses. Assim era reforçada a cobertura dos trabalhos,
sobretudo porque a escolha da palavra era de competência única do Grão-Mestre.
Na
verdade, segundo Alec Mellor e Jules Boucher, eram duas as palavras, por conta
de que na sua transmissão elas deveriam percorrer uma cadeia circular formada por
irmãos que uniam consecutivamente as suas mãos. Por esse artifício o Venerável transmitia,
de modo sussurrado, uma palavra que transitava pelos ouvidos dos Irmãos. Uma imediatamente
a partir daquele que estivesse à sua direita e a outra a partir do que
estivesse à sua esquerda. Essa característica deu à cadeia a origem do seu formato
circular para esta finalidade.
Se
as duas palavras percorressem toda a cadeia e voltassem incólumes ao Venerável,
as mesmas eram então guardadas como penhor de regularidade naquele semestre.
A
princípio, a utilização de duas palavras era para que um visitante, comprovando
sua regularidade, transmitisse uma como senha ao Cobridor e ao mesmo tempo se
assegurasse da regularidade do seu examinador, quando dele recebia a contrassenha.
Em
linhas gerais, essa a origem da Palavra Semestral que, desde então, era sigilosamente
transmitida tão-somente aos membros da Loja pela Cadeia de União.
A
Cadeia de União, formada apenas para a transmissão (dar conhecimento) da Palavra
Semestral, era desde então constituída apenas por Irmãos do quadro de uma Loja.
Esse
costume, próprio da Maçonaria Latina, permanece até a atualidade, contudo, o
uso de duas palavras, paulatinamente foi se restringido ao uso de apenas uma
palavra, então denominada como Palavra Semestral, cuja qual é transmitida pelo
Grão-Mestre da Obediência de seis em seis meses às Lojas jurisdicionadas.
Uma das
características da sua transmissão é a de que a formação da Cadeia de União geralmente
se dá após o encerramento dos trabalhos, oportunidade em que eventuais
visitantes já tenham se retirado. É a forma de se evitar constrangimentos e garantir
que somente os Irmãos do quadro da Loja a recebam.
O
REAA, rito de origem francesa, segue rigorosamente esse costume. Nele a Cadeia
de União é formada apenas e tão somente para a finalidade de se transmitir a
Palavra Semestral, não existindo nela preces, orações, súplicas, e outros congêneres.
No
Grande Oriente do Brasil, a Palavra Semestral encontra-se adotada desde 1.832 e
nele é utilizada de modo generalizado por todos os seus ritos. Nesse sentido, suas
práticas ritualísticas e litúrgicas de transmissão podem entre eles variar, principalmente
em se levando em conta os costumes e tradições de cada Rito em particular,
inclusive os propósitos da Cadeia de União.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
FEV/2021
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