Em 07/08/2020 o Respeitável Irmão Airton Rebolho, Loja Luz, Justiça e Caridade, REAA, GOB-PR, Oriente de Paraíso do Norte, Estado do Paraná, faz a seguinte solicitação:
CÂMARA DE REFLEXÃO
Favor esclarecer sobre a Câmara de Reflexão: móveis, utensílios e preparo da sala dentro
da ritualística.
CONSIDERAÇÕES
De
início cabe mencionar que a Câmara de Reflexão não é artifício iniciático utilizado
por todos os ritos que compõem a Maçonaria Universal.
De
modo geral a câmara que instiga reflexão é bastante comum nos ritos de origem
francesa, não devendo ser confundida com câmaras de preparação geralmente utilizadas
- como bem articula a sua denominação - para literalmente preparar o candidato
e seu vestuário, tecer comentários e explicações iniciais, assim como outras providências
necessárias antes do recebimento do postulante na cerimônia de Iniciação.
Quanto
aos comentários que se seguem, os mesmos serão dirigidos à prática do Rito Escocês
Antigo e Aceito, não como abordagem individual dos símbolos e demais adereços que
constituem a Câmara de Reflexão, mas como aspectos que a definem como uma
alegoria iniciática. Assim, a exegese individual de toda a sua simbologia não
será aqui abordada, até porque entendo que essa é obrigação da Loja em ambiente
velado.
Desse
modo, seguem então os comentários.
A
Câmara de Reflexão é um pequeno espaço decorado para tal que geralmente se
situa próximo ao local onde se realizam os trabalhos da Loja. Em linhas gerais
é uma dependência que faz parte do edifício que abriga o templo maçônico.
Nela
o candidato é recolhido por um determinado tempo no dia da sua Iniciação. No
REAA a sua decoração encerra símbolos e frases que têm por objetivo aguçar uma reflexão
no aspirante.
Sob
essa óptica, o vocábulo “reflexão” designa o ato de refletir. Do latim reflectere
= voltar-se para trás, figuradamente se refere, dentre outros, à
ponderação, observação, raciocínio, amadurecimento, etc.
Assim,
a câmara tem por desiderato operar no candidato uma reflexão (no singular)
atinente ao pensamento maduro, consolidado e de ponderação, todos relativos ao
bom emprego da existência humana diante da efemeridade da vida.
Já
o termo “reflexões”, no plural, que nada tem a ver com a Câmara de Reflexão
empregada na Maçonaria, é mais apropriado para uma câmara de estudos de fenômenos
físicos de reflexão. Nesse caso reflexão está relacionado à física e é o
desvio que ocorre dentro de um mesmo ambiente de um raio luminoso, calorífico,
ou sonoro quando encontra um obstáculo; é desvio (ricochete) de direção de um
corpo ao se deparar com outro.
Sob
o aspecto do simbolismo iniciático, a Câmara de Reflexão no REAA alude a um dos
quatro elementos alquímicos da antiguidade (a Terra). Também simboliza uma
masmorra que pode encerrar a consciência humana, privando o homem da sua livre
determinação. Significa para o Iniciado a luta pelo desprendimento das convenções
sociais e mundanas que atrelam o homem levando-o a uma consciência escravizada.
A masmorra é símbolo do que se opõe à liberdade.
A
constelação de símbolos que a Câmara de Reflexão encerra instiga o Iniciado a refletir
sobre a transição da vida, ou seja, no caso a morte do homem profano e o
nascimento do homem iniciado. O ambiente nela preparado instiga silêncio e meditação
e é na verdade o primeiro contato do candidato com os costumes da Sublime
Instituição.
Alerto
que a sua rica simbologia deve ser constantemente perscrutada pelo maçom, mesmo
aquele que tenha chegado ao final da jornada iniciática (mestrado).
A
Câmara de Reflexão esotericamente simboliza o seio da Terra, lugar aonde a
semente morta (o Iniciado) é plantada para renascer na Luz e produzir bons
frutos. Na alegoria dos ciclos da Natureza o iniciado é o neófito, ou neo =
novo; fiton = planta. Em Maçonaria significa uma nova planta, ou aquele
que acabou de receber a Luz; é o recém-admitido na Maçonaria.
Além
do impacto que a Câmara produz no recém-iniciado, sua exegese completa somente
será alcançada pelo estudo da transformação e purificação pelos elementos – disciplina
do Companheiro Maçom.
Concluindo,
a Câmara de Reflexão no REAA encerra toda a simbologia da transformação pela
morte e renascimento simbólico do iniciado. É, portanto, um ambiente silente, respeitoso
e de introspecção, não se admitindo nele trotes e brincadeiras. A alegoria da
Câmara de Reflexão é, pois, um recinto de grande importância para a Ordem Maçônica,
sobretudo por ser o lugar onde a semente da continuidade é plantada.
E.
T. – Vide outras explicações pertinentes no GOB-RITUALÍSTICA, Sistema de
Orientação Ritualística – http://ritualistica.gob.org.br
T.F.A.
PEDRO
JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
FEV/2021
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