Em 26.11.2020 o Respeitável Irmão Paulo Augusto Marcondes, Loja Liberdade, 846, Rito Brasileiro, GOB-CE, Oriente de Fortaleza, Estado do Ceará, apresenta a questão seguinte:
PORTAS OU JANELAS
Estávamos fazendo a sabatina obrigatória para o aumento de salário do Irmão Apr∴ e na questão nº 7; onde se achavam situadas as portas? O Irmão respondeu que no Ocidente, Sul e Oriente. Alguns Irmãos contestaram tal resposta e ele disse que quem o orientou foi um
Irmão da Loja Guardiões da Arca, nº 4348 que é secretário de ritualística do RS para o Rito Brasileiro.
Pergunto,
se a resposta estiver correta qual a explicação para as três portas, pois o Irmão
mostrou o Painel de Aprendiz e lá só vemos três janelas.
CONSIDERAÇÕES.
Ambas, janelas ou portas, fazem parte do
contexto solar, ou a marcha do Sol como alegoria iniciática vista sob o ponto
de vista do hemisfério Norte ou do Sul conforme o Rito. No caso do Rito
Brasileiro, rito nascido no hemisfério Sul o ponto de vista é do meridião, isto
é, olhando do Sul para o Norte.
Já tive oportunidade de conversar sobre esse
paradoxo com o Secretário Geral Adjunto do Rito Brasileiro no GOB para que essa
colocação no Painel seja invertida em relação aos ritos que nasceram no
hemisfério Norte – em síntese, das três aberturas no Rito Brasileiro a abertura
central deve ficar no Norte e não no Sul.
Para melhor explicação, vou tomar como exemplo o
REAA que é original da França, portanto, nascido acima da linha do Equador.
Nesse caso (REAA), a marcha aparente diária do
Sol é representada no Painel da Loja, nos graus de Aprendiz e Companheiro, por
três aberturas (janelas) que simbolizam o trajeto diário do Sol, ou seja, nasce
no Oriente, passa pelo meridiano do Meio-Dia, porém mais deslocado para o Sul
porque o ponto de vista de observação é do Norte e, por fim, o ocaso (poente)
no Ocidente.
Isso pode perfeitamente ser compreendido em se
observando a dialética ritualística que se dá entre as Luzes da Loja na
abertura e encerramento dos trabalhos.
Assim, conforme aparece nos Painéis dos dois
primeiros graus do REAA, a marcha aparente diária do Sol é representa por três
janelas, cuja central, ao Meio-Dia, é deslocada mais ao Sul.
No que diz respeito ao 3º Grau, no Painel
original do escocesismo não existe nenhuma janela, contudo essa referência ocorre
na alegoria lendária onde Hiran é o Sol que deixa a Terra viúva no Inverno.
Sob essa óptica, a lenda apresenta três rufiões
que se postam junto às “portas” – oriental, meridional e ocidental. O
significado é o mesmo que invoca a marcha diária solar, contudo ilustrada emblematicamente
na construção do Templo pelos acessos por onde o Mestre tenta passar.
Desse modo, as aberturas, portas ou janelas, possuem
o mesmo significado, ou seja, marca o movimento aparente diário do Sol, já que
o anual é demonstrado pela Marcha do Mestre, cujos movimentos marcam os solstícios
e equinócios. Vale lembrar que toda essa alegoria é pertinente ao ponto de
vista da meia-esfera Norte da Terra como é o caso do REAA.
O Rito Brasileiro, criado no hemisfério Sul,
mas à sombra do REAA, o significado é basicamente o mesmo, contudo visto de
modo oposto porque o ponto de vista nesse Rito é da meia-esfera Sul da Terra.
Dando por concluído, tanto janelas como portas
descritas no painel e na Lenda, o significado é o mesmo, ou seja, marcam a
passagem diária no movimento aparente do Sol. O que pode alterar nesse caso é o
ponto de observação que, conforme o Rito, pode ser visto do Norte para o Sul,
ou vice-versa.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2021
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