Em 11/06/2023 um Respeitável Irmão de uma Loja praticante do REAA apresenta as questões seguintes:
ALTERAÇÕES RITUALÍSTICAS
Este é o meu primeiro contato por escrito
contigo, porém já o acompanho e o tenho como referência há 5 anos.
Sempre gostei e acredito que uma ritualística
bem executada conforme os costumes (em sua tradicionalidade e pureza) por si
só, nos encanta e nos ensina muito sobre o ato dele existir.
Vejo que o nobre irmão tem se esforçado e muito
para despertar esses questionamentos nos irmãos, para que não simplesmente siga
o ''está escrito assim, tem que ser assim'', (sem mencionar o tal copiar e colar
na hora da confecção dos rituais) mas que entenda o porquê de cada ação.
Aceito o ''está escrito''? Me omito, incentivo
e replico alguns enxertos e ações que vão contra
minhas convicções e pesquisas?
Quando me deparo com essas situações, sempre
procuro levantar essa questão para que todos em loja também façam as suas
pesquisas sobre tal, pois como Mestres Maçons, vejo que temos a obrigação de
passar instruções e costumes da forma correta e pesquisar sempre.
Sem entrar no mérito político, me surpreendeu e
infelizmente de forma negativa algumas mudanças na ritualística, e não nos
disponibilizaram até o momento nenhum material explicativo que justifique o
motivo dessas.
Estou assumindo a Presidência de minha Oficina,
o que aumenta ainda mais a minha responsabilidade perante meus irmãos. Por
isso, venho através deste, recorrer aos vossos conhecimentos para que de uma
forma didática e com embasamento, possamos apresentar e esclarecer sobre as
questões abaixo na dinâmica ritualística de abertura e fechamento da Loja:
- Após
todos estarem em seus lugares e o M. de Cerimônias anunciar que a loja
está composta, existe o comando do Venerável Mestre ''Em Loja'' e todos
ficam a Ordem! (como assim?? a loja nem foi aberta)
- Logo
depois de verificada a cobertura, o Primeiro Vigilante é chamado a cumprir
o seu segundo dever... (penso que erroneamente, porque já foi feito pelo
próprio Venerável Mestre anteriormente, reforço erroneamente).
- Ao
passar a palavra, o 1. Diácono está subindo os degraus pela Frente do
altar, e os protagonistas quase que debruçam sobre a mesa para tal ato, além
de que também ambos fazem a saudação antes e depois de passar a palavra. O
que também se repete ao decorrer do processo com os Vigilantes. (Penso que
ele deveria subir pelo lado norte e ficar à frente do Venerável Mestre e
ambos sem nenhum sinal)
- Existe
agora um DESFAZIMENTO do sinal, de forma natural, sem se aplicar a pena. (Entendo
que não existe meio sinal, como já vi vários artigos muito bem explicado
sobre o tema em seu blog)
- Posição
dos Pés a ordem. (Deve seguir o pavimento mosaico na diagonal conforme o
pavimento nos guia ou o pé esquerdo pra frente 100% na vertical?)
- A
Palavra voltando no encerramento dos trabalhos. (O processo está ocorrendo
no modo inverso, sendo que começa pelo 2º Diácono junto ao 2.ºVigilante)
- Após
o fechamento do Livro da Lei pelo Orador, todos continuam com Sinal de
Ordem, e após a bateria volta-se a ordem para a Aclamação. (Fechou o Livro
não se faz mais sinal, correto?)
- Nas
Marchas do Grau 02 e 03, ao passar de um grau para o outro, diz que se
passa diretamente para o sinal do grau superior sem execução da pena, ou
seja, o tal do desfazimento...
- Em
relação ao Tronco existe alguma restrição de se depositar moedas no saco? E
com a modernidade, hoje está mais raro o dinheiro em espécie, há algo de
errado se o irmão colocar por escrito o valor e fazer um PIX pro caixa da
Hospitalaria? (Pois alguns insistem numa tese de que moeda é troco, e já
vi recusarem o papel do PIX, sem explicações convincentes...)
Neste primeiro momento vou me concentrar nessas
questões, existem outras, mas vou deixá-las para um futuro bem próximo.
Desde já minha gratidão ao Irmão Pedro, por
compartilhar seus conhecimentos e nos esclarecer com as luzes de sua Sabedoria
nos assuntos da nossa sublime instituição.
RESPOSTAS
- Salvo
o Sinal que se faz em atenção ao segundo dever de um Vigilante em Loja (isso
remete à história dos nossos ancestrais, por isso está no ritual), os
demais só ocorrem após a Loja estar devidamente aberta, isto é, imediatamente
depois da abertura do Livro da Lei.
- Não vamos
inventar. O segundo dever de um Vigilante em Loja é original nos
rituais e foi decalcado em atividades pertinentes aos tempos do ofício. Como
forma consagrada nos rituais da Moderna Maçonaria, é parte integrante da
ritualística de alguns ritos. Mesmo que pareça contraditória, ela é
necessária por questões iniciáticas, assim como de usos e costumes.
- A
prática correta é a seguinte: o 1º Diácono sobre pelo lado Norte do Altar e
se detém ao alcançar o nível do sólio. Ato seguido, o Venerável Mestre volta-se
para ele e, estando ambos frente a frente o Venerável transmite a palavra na
forma de costume. Nunca pela frente do Altar, porém pela direita do mesmo. Como
a Loja não está ainda aberta os protagonistas não fazem nenhum sinal. Já no encerramento ambos fazem o sinal porque a Loja ainda
está aberta. Essa transmissão não é um telhamento,
portanto não há troca de letras ou sílabas como quando ocorre no exame de um
maçom. Na liturgia da transmissão da Palavra entre as Luzes e os Diáconos,
apenas quem transmite dá a palavra sol∴ ou sil∴ por inteiro.
- Composto
o Sinal de Ordem, o mesmo obrigatoriamente será sempre desfeito pelo Sinal
Penal. Como dito, não há "meio procedimento".
- No
REAA não existe a posição de apontar o pé esq∴ para frente. O correto no rito é tomar como referência de disposição do Pav∴ Mos∴ para formar a esq∴ com os pp∴ uu∴ pelos cc∴. Na verdade, não é uma disposição
milimétrica dos pp∴,
porém aproximada. Lembro que no 1º ritual do REAA, em 1804, orientava-se apenas
e tão somente que eram oito passos "normais".
- Na transmissão da Palavra, não existe a volta da mesma para o encerramento dos trabalhos.
Tanto no início como no encerramento a Palavra parte sempre do Venerável
Mestre. Sendo ela transmitida j∴
e p∴, ou seja, de mod correto correta,
na abertura significa que os cantos da obra estão aprumados e nivelados, isto
é, prontos para o início dos trabalhos, enquanto que no encerramento a atitude
dá a entender que os trabalhos foram executados nos conformes da tradição,
ou seja, jj∴
e pp∴,
ou no nível e no prumo. No REAA não existe volta da palavra no
encerramento. Até aonde eu sei, volta na palavra nessa ocasião é prática
do Rito Brasileiro, nunca do REAA.
- Fechado
o Livro da Lei o sinal é desfeito imediatamente. Isso ocorre porque a Loja
acabou de ser fechada. Nessa oportunidade não há obrigatoriedade de se aclamar
H∴ em se estando o Sinal de Ordem
composto.
- Desfaz-se
o Sinal sempre pelo Sinal Pen∴.
Imediatamente
a seguir, sem fazer a saudação às Luzes compõe-se o Sinal do outro grau. O
termo "diretamente" infelizmente tem sido entendido como que passar
de um Sinal “diretamente” para o outro. Como foi dito, não existe
"meio procedimento". O maçom ao compor o Sin∴ de Ord∴, para desfazê-lo, necessário é
fazer antes o Sinal Pen∴.
Isso quer dizer que não se passa de um Sin∴ diretamente para outro sem
antes não desfazê-lo por completo, isto é, fazendo o Sin∴ Pen∴.
- Como
respondi no meu blog, PIX é PIX e ritualística maçônica é outra coisa. Sou
absolutamente contra essa questão. Agora, se isso está contemplado no seu
ritual, o jeito é seguir. Uma das características do Tronco é o de que ninguém
pode saber o que o outro pode doar. Nessa conjuntura há um sigilo absoluto,
inclusive iniciático. O Tronco é para ser conferido na presença de todos,
anunciando o seu resultado. Quanto às moedas
correntes, não existem óbices pois elas são válidas no nosso sistema
monetário. Entendo que se querem usar o PIX que a
Loja crie então uma conta para isso e que cada um faça a sua doação, sem,
contudo, misturar isso com ritualística maçônica.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
NOV/2023
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