sábado, 19 de maio de 2018

DIÁCONOS E O SINAL NA TRANSMISSÃO DA PALAVRA - REAA


Em 20/03/2018 o Respeitável Irmão João Batista de Jesus Goes Pires Castanho, Loja Fraternidade São Roquense, 3.931, REAA, GOSP-GOB, Oriente se São Roque, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

DIÁCONOS E O SINAL NA TRANSMISSÃO DA PALAVRA.


Venho novamente recorrer ao seu vasto conhecimento, de uma dúvida que surgiu em nossa Loja, inclusive a partir de duas explicações do Irmão.
No Informativo JB News 806 de 10/11/2012 o Irmão faz a seguinte colocação, no momento
após o primeiro Diácono receber a palavra do Venerável, (em Loja Aberta): "Transmitida a palavra, volta-se a ordem novamente. Como o Diácono precisa romper a marcha em direção ao Primeiro Vigilante, atendendo também a regra de que não se anda com o Sinal este o desfaz para o cumprimento da missão". Ocorre que no Informativo 1.241 de 25 de janeiro de 2014, a referencia sobre o ato tem os seguintes dizeres: "Terminada a transmissão o Venerável volta-se novamente para o Ocidente e compõe o Sinal, enquanto que o 1º Diácono sem compor o Sinal, desce os degraus e segue sua missão". Fiquei aí com uma dúvida, após receber a palavra o 1º Diácono volta a ficar a Ordem, desfaz o Sinal e segue sua missão, ou após receber a palavra o Diácono simplesmente vai cumprir sua missão sem ter que voltar a Ordem antes? Entendo que a razão da composição do Sinal é por estar parado, mas se o Diácono após receber a palavra continuar o movimento não haveria necessidade, o Ritual não preconiza que o mesmo deva, após receber a palavra, parar e depois seguir na missão, é um tanto confuso, e o Ritual deixa no ar, mas com certeza o Irmão tem uma explicação plausível.

CONSIDERAÇÕES.

No que diz respeito à resposta no Informativo 1.241, o texto “sem compor o Sinal, desde os degraus e segue sua missão” é apropriado ao momento de deslocamento, ou seja, alerta para que ele não ande com o Sinal.
É oportuno então se comentar o seguinte: a transmissão ocorre em duas situações. Uma se refere ao encerramento dos trabalhos, isto é, quando a Loja ainda está aberta. Nesse momento, assim que o Diácono recebe a Palavra ele volta à Ordem para aguardar o Venerável ficar novamente de frente para o Ocidente. Assim que ele (o Venerável) retomar essa posição, o Diácono desfaz o Sinal e prossegue no seu percurso (no caso, não anda com o Sinal).
Cabe aqui uma explicação: durante a transmissão da Palavra em Loja aberta, é plausível que os protagonistas desfaçam o Sinal por uma questão de conforto e praticidade na execução do ato. Terminada a transmissão, ambos voltam à Ordem – o Venerável vira-se de frente para o Ocidente e o Diácono, ato contínuo, desfaz o Sinal para prosseguir na sua missão.
Veja. A ritualística é disciplina e não pode existir pressa na execução das suas ações. Assim, o Diácono aguarda o Venerável se voltar para o Ocidente na intenção de antes não lhe dar às costas. Enquanto aguarda, nesse breve momento, ele fica à Ordem. Justifica-se essa atitude em nome da elegância e da boa educação. Não há nada de esotérico nisso, senão uma questão de geometria refinada.
Já a outra, relativa ao início dos trabalhos, ao contrário do encerramento, a Loja ainda não está aberta, assim dispensa-se o Sinal, entretanto mantém-se a elegância que o ato merece, ou seja, sem compor o Sinal o Diácono aguarda o Venerável se voltar novamente para o Ocidente para ele então possa prosseguir no seu ofício.
Tudo é só uma questão de ordenamento ritualístico, entretanto se alguém não concordar e achar que essas ponderações sejam desnecessárias, então que ele proceda conforme o seu entendimento.
Se um ritual tiver que descrever minuciosamente a ritualística ele pode se tornar um meio temeroso de revelar a liturgia maçônica a não iniciados. Assim, prudentemente muitas das nossas verdadeiras práticas têm sido verbalmente transmitidas entre nós maçons. É bom que se diga que edição de rituais não é unanimidade na Maçonaria Universal. O Ritual é uma ferramenta que ordena os trabalhos ritualísticos, e não um artifício para descrever a liturgia minuciosamente. É dessa falsa compreensão que boa parte da Maçonaria latina vive apenas “do que está escrito”, não se importando com a veracidade daquilo que está escrito. Algumas Obediências lançam mão de Manuais de Dinâmica Ritualística para detalhar procedimentos.
Concluindo, devo mencionar que não quero com isso me tornar um consultor que dá respostas laudatórias, apenas eu tenho procurado encontrar explicações para a razão das práticas litúrgicas maçônicas, nesse caso, àquelas pertinentes ao REAA\. Afinal, por que elas existem? Por razão, ou por imaginação?

T.F.A.

PEDRO JUK

MAIO/2018

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