Em 10/09/2019 um Irmão Aprendiz Maçom de uma Loja que prefiro omitir o nome, por
questões óbvias, COMAB, Oriente de Minas Gerais, dissertou os acontecimentos
abaixo e pede comentários.
COMPARAÇÕES INADEQUADAS.
Desde já peço
desculpas pelo incomodo e mais uma vez venho recorrer a seu vasto conhecimento
sobre nossa Ordem. A algum tempo estou estudando e tentando achar bibliografia
referente as colunas zodiacais, após ler seus comentários em seu blog
quinta-feira, 5 de setembro de 2019 sobre o tema "COR VERMELHA, COLUNAS
ZODIACAIS E COLUNAS VESTIBULARES - REAA" me deparei com algumas
informações importantes a respeito do tema e de um questionamento que possuía. Em
minha centenária Loja temos 4 Colunas Zodiacais no Oriente (o que vemos que não
é o correto) julgava eu ser devido ao pequeno tamanho do Templo. Porém ouvi uma
explicação no mínimo curiosa para não dizer estranha de um Mestre Maçom antigo
de minha Loja que: "O fato de serem
4 no Oriente e 8 no Ocidente também tem explicação. Um exemplo seria as
estátuas dos profetas em Congonhas/MG. Os 4 profetas maiores estão no alto e no
fundo. Os outro 8, profetas menores no Ocidente. Observe os pés em esquadrilha
e que cada estátua faz o sinal de um dos graus do REAA".
Eu o disse que era no
mínimo curioso tal explicação, pois a Maçonaria era universal e não
"mineira" e que eu estava estudando sobre o tema e já tinha lido algo
no livro Astrologia e Maçonaria do irmão Castellani que explicava a marcha do Aprendiz
e os ciclos da natureza para as colunas e não mencionava colunas no Oriente. O
irmão Mestre em questão disse que o Aleijadinho era maçom e deixou vários símbolos
em suas obras e que existem vários livros que expressam opiniões pessoais. Por
se tratar de um Irmão de grande conhecimento inclusive é (guarda dos selos...)
em nossa Obediência, apesar de não concordar com a explicação e ainda ser Aprendiz
me silenciei como se concordasse.
Porém tal situação e
explicação não ficou válida para mim. Neste sentido poderia por gentileza me
sugerir alguns livros para eu levantar mais bibliografia e assim ter maior
embasamento da minha pesquisa e prancha a ser apresentada. Não se trata aqui de
uma discussão ou provar que o Irmão Mestre da minha Loja estava equivocado ou
não, mas sim de entender a história, simbolismo e alegoria dessas Colunas.
CONSIDERAÇÕES.
Tal como Tiradentes, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, não foi
maçom. Isso é obra de pura imaginação das mentes criativas que vêem Maçonaria em
tudo que lhes aprouver.
Agora então só faltava essa. Mencionar que obras de Antônio Francisco
Lisboa (Profetas em Congonhas – MG) tem a ver com Colunas Zodiacais!
Meeeeeeeeu Deeeeeus! E ainda fazendo comparações com Oriente e Ocidente
de uma Loja e afirmando que os profetas foram esculpidos fazendo sinal dos
graus do REAA!!! De fato, isso é demais para mim!
Nossa! Aleijadinho morreu em novembro de 1814, ou seja, apenas treze
anos depois da fundação do Supremo Conselho Mãe do Mundo em 1801 nos Estados
Unidos da América do Norte e introduzido no Brasil, como rito, em 1829 pela
Loja Educação e Moral regularizada do GOB em 30/03/1832, ou seja , no mesmo ano
que Francisco Gê Acayaba de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha fundava em
12/11/1832 o primeiro Supremo Conselho no Brasil. Agora pasme, antes de tudo
isso, ainda em um Brasil imperial, como num passe de mágica e adivinhação, o
nosso Aleijadinho, talvez prevendo esse intento, já tinha esculpido estátuas
fazendo sinais do REAA! E mais, separando-as ainda de acordo com o Oriente e as
do Ocidente da Loja! É muita bobagem junta para a gente digerir.
Bem, na verdade nada disso tem a ver com REAA, e muito menos ainda com disposição
das Colunas Zodiacais que na verdade nem existiam ainda nos primeiros rituais
do Rito em França, todavia elas apareceriam paulatinamente na evolução dos rituais
por ocasião da formação doutrinária do Rito.
No tocante a essas Colunas, é bom que se diga que genuinamente elas nem
mesmo são obrigatórias, bastando somente que as doze constelações que compõem o
Zodíaco apareçam na base da abóbada, seis ao Norte e seis ao Sul, como representação
simbólica dos alinhamentos que marcam em grupos de três em três as estações do
ano a partir da primavera no hemisfério Norte. Como tal é preciso se levar em
conta que o Templo no REAA é distribuído simbolicamente como fosse uma faixa sobre
o equador terrestre, cujo piso (pavimento) é o solo terrestre e a abóbada é o
céu decorado com astros e estrelas.
Esse conjunto destina-se a acomodar a doutrina do Rito que demonstra o
homem como parte da Natureza e nela trabalhando para se aperfeiçoar e servir à humanidade.
É esse o viés iniciático estabelecido pelo Rito com base na revolução
anual do Sol e a morte e a renovação da Natureza. Os ciclos, ou estações do ano
comparam-se aos ciclos da vida humana. Assim, a alegoria das Colunas Zodiacais
(que marcam as constelações) simplesmente associa as etapas da Natureza à infância,
adolescência, juventude e maturidade do iniciado. Por essa rota natural passa o
caminho iniciático. Acredito que muitos maçons nem sequer imaginam essa
associação iniciática, sobretudo quando ficam a comparar essa disposição com
fantasias e ilações temerárias e, quando não, por mero desconhecimento, ficam a
zombar e fazer pouco caso da rica simbologia que se agrega no REAA.
No tocante às comparações, no mínimo ridículas, penso que o Irmão não
deve perder tempo discutindo com defensores do acaso e da imaginação. Esses
"conhecedores", do não se sabe do que, vão sempre achar uma desculpa,
um livro, ou algo que justifique as suas mentes imaginosas. Se quiser um
conselho? Não perca tempo dialogando com essas "potestades", pois você
não irá mudar essas concepções anacrônicas que infelizmente eles encontram no solo
fértil da nossa Sublime Instituição.
No mais, penso que você já leu um excelente livro do saudoso Irmão José
Castellani – Maçonaria e Astrologia. Para mais estudos perscrute rituais
antigos escritos e editados na França, mas não sem antes entender o desenvolvimento
da Maçonaria francesa e as suas três principais Obediências. Recomendo o livro
REAA, História, Doutrina e Prática, também do José Castellani. Nesse livro você
encontrará uma rica bibliografia que certamente o levará a bons resultados.
Mais um conselho, não comece por cometer o erro da maioria, ou seja, procurar no
maldito "onde está escrito". Lembre-se que a Moderna Maçonaria fala
por símbolos, com isso, muitos significados estão intrínsecos no conteúdo da
alegoria. Entenda primeiro a razão e o porquê deles se fazerem presentes no
arcabouço emblemático do Rito. Isso com certeza trará resposta para o que você
está procurando.
P.S. Reitero, Colunas
Zodiacais no Oriente da Loja não se justificam sob nenhuma hipótese.
T.F.A.
PEDRO JUK
DEZ//2019
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