Em 21/10/2024 o Respeitável Irmão Décio Vieira Fraga Júnior, Loja Nilson Alves Garcia, 2033, REAA, GOB-GO, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, apresenta a dúvida seguinte
ACLAMAÇÃO HUZZÉ PARA ALIVIAR O AMBIENTE TENSO
Recebi um questionamento de um Irmão sobre a Aclamação HUZZÉ
conforme abaixo, extraído de um texto qualquer.
Fiz as minhas pesquisas, inclusive no seu Blog e não encontrei nada a respeito.
Até acho que o Venerável Mestre, poderá diante de um momento tenso de uma Sessão, pedir uma pausa e usar a Aclamação como um momento de tranquilizar os Irmãos.
Mas gostaria mais uma vez de sua orientação para que possamos elucidar o assunto.
“Na Loja Maçônica o Venerável Mestre comanda o início dos trabalhos, a exclamação Huzzé que deve ser produzida em uníssono. Essa Exclamação prepara o ambiente espiritual afastando os resquícios de vibrações negativas trazidas para dentro do Templo pelos Irmãos. Ao término dos Trabalhos, é exclamadas outro Huzzé, com a finalidade de aliviar tensões surgidas durante os trabalhos, quando algum Irmão trouxer vibrações negativas, recalcitrantes dentro de si. Quando em Loja, surgirem discussões ásperas e o Venerável Mestre tiver receio de que o ambiente possa transformar-se em perturbação, suspenderá os trabalhos e comandará a exclamação Huzzé, de forma tríplice, reiniciados os trabalhos, o ambiente será outro, ameno e harmonioso”.
CONSIDERAÇÕES
Francamente meu Ir∴, no que diz respeito à Maçonaria, eu não sei quem teve a capacidade de escrever tamanhas sandices como estas, a começar pelo termo “exclamação”, em vez de “aclamação”.
Já escrevi bastante sobre esse tema na Maçonaria. A palavra Huzzé é uma corruptela da saudação Huzza, feita pelos Drusos com o fito de saudar o Sol durante o solstício de inverno no hemisfério Norte. Era uma espécie de felicitação pela volta do Sol no momento em que o astro-rei alcançava a sua maior declinação em direção ao Sul e paulatinamente reiniciava a sua volta para o setentrião.
Assim, o REAA, um rito maçônico solar por excelência, herdou essa emblemática alegoria da Loja Geral Escocesa, então criada em 1804 na França para gerenciar os primeiros rituais do simbolismo do REAA que até então não haviam sido providenciados na Europa.
A base histórica desse misticismo advém dos árabes, especialmente dos Drusos, os quais tinham o costume de saudar a volta do Sol renascido acenando para ele, ao alvorecer, um ramo florido de acácia. Este espécime era escolhido porque suas flores amarelas comparavam-se com pequenos sóis.
Durante a noite, véspera do solstício de dezembro (noite mais longa do ao Norte), era costume acenderem-se fogueiras enquanto aguardava-se o momento para saudar o Sol que nasceria “Invicto”. Com o advento do Islã, Maomé proibiu esta saudação.
Esotericamente, no simbolismo maçônico a expressão Huzzé refere-se a uma saudação ao Sol (conhecimento, sabedoria) ao meio-dia (ápice da Luz), o que propicia o momento certo para a abertura dos trabalhos; assim também no encerramento, à meia-noite, a saudação é feita porque quanto mais escura é a madrugada, mais perto está o raiar de um novo dia (esperança).
A título de esclarecimento, no 3º Grau não existe a saudação Huzzé porque a Câm∴ do M∴ simboliza a morte do Sol (Hiram) pelos três meses do inverno, oportunidade em que o ciclo total da Natureza se encerra para propiciar um novo renascimento na primavera.
Dito isto, diante de toda esta maravilhosa alegoria iniciática, é inconcebível que, graças a mente fértil de um Venerável Mestre, sejam paralisados os trabalhos da Loja para que todos, por três vezes, pronunciem Huzzé para restaurar a harmonia da Loja. Ora, pelo tamanho deste disparate, sinceramente ele não merece comentários.
Debaixo deste absurdo, pergunta-se: em que lugar está escrito no ritual que o Venerável Mestre pode fazer uma barbaridade destas? Está previsto no ritual parar a sessão para reestabelecer a harmonia da Loja? Ora, isso só pode ser brincadeira.
Antes de encerrar, vale ressaltar que devemos estar atentos para que "achistas” e “autores imaginosos" dotados de fantasias, não transformem os trabalhos maçônicos numa reunião de crendices e invencionices. É aquela história: se só tem no Brasil, e não é jabuticaba, ou é besteira, ou é privilégio de alguns.
Fraterno abraço
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
JUN/2025
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