Em 26.05.2025 o Respeitável Irmão Marcos Antonio Tessarolo, Loja Mestre Hiram, 11, GLMEES (CMSB), REAA, Oriente de São Mateus, Estado do Espírito Santo, apresenta a seguinte questão.
ESCADA DE JACÓ
Gostaria de mencionar que seus arquivos são uma fonte de pesquisa nos meus estudos sobre a maçonaria. Muito obrigado pela sua dedicação.
Tenho uma dúvida e gostaria da sua orientação. A nossa Loja pratica o REAA. A Escada de Jacó foi retirada da ornamentação da loja há muitos anos atrás, mas agora existe um movimento para retornar com a escada porque é mencionada na 2ª instrução de Aprendiz, a loja fica mais simbólica e bonita.
Pergunto: A utilização da escada de Jacó é uma prerrogativa da loja ou não deverá ser utilizada? A pergunta é válida para as GL e GOB.
CONSIDERAÇÕES
Na verdade, a Escada de Jacó não é um símbolo utilizado no REAA. As Lojas que praticam esse Rito não deveriam usar essa alegoria.
Infelizmente, esse equívoco ingressou no escocesismo por conta de uma instrução oriunda do CRAFT que acabou sendo enxertada em alguns rituais do REAA no Brasil.
Nesse contexto, vale observar que no verdadeiro Painel Simbólico de Aprendiz do REAA (rito de origem francesa) não aparece a figura de nenhuma escada que possa gerar instrução relacionada ao patriarca bíblico “Jacó".
Então pergunta-se: onde de fato aparece a figura de uma escada com vários degraus subindo ao céu, tendo no seu topo, junto ao firmamento, uma estrela com sete pontas? A resposta é: na Tábua de Delinear inglesa do 1º Grau do CRAFT (Rito de York inglês).
Outra pergunta: então como veio aparecer esta alegoria indevida no REAA? Resposta: Isso ocorreu porque muitas Grandes Lojas Estaduais Brasileiras acrescentaram nos seus rituais escoceses do simbolismo, além do Painel do Grau original, mais um painel, o qual lhe deram o nome da Painel Alegórico, elemento esse inexistente no verdadeiro REAA.
Na verdade, o tal Painel Alegórico nada mais é do que uma cópia, enxertada da Tábua de Delinear inglesa do 1º Grau (vertente anglo-saxônica da Maçonaria). O relicário simbólico e alegórico desta Tábua (Tracing Board) é inerente ao Rito de York, e não ao do REAA. Nessa conjuntura, vale destacar que ambos os ritos possuem estruturas doutrinárias diferenciadas, pois uma é teísta e o outro deísta.
Enfim, o resultado deste enxerto foi uma desastrosa miscelânea de símbolos anglo-saxônicos (teístas) com símbolos latinos (deístas). É nesse contexto que aparece a alegoria da Escada de Jacó, própria do Rito de York, no REAA.
Como a boca se entorta conforme o uso do cachimbo, não tardou para que muitos maçons do escocesismo começassem difundir inapropriadamente a ideia de que os trinta e três graus do REAA compreendiam os trinta e três degraus da Escada de Jacó! Acabaram até descobrindo o que nem a Bíblia menciona, o número de degraus da Escada de Jacó!
Não obstante a todo este imbróglio, ainda apareceu em alguns rituais do REAA a representação desta escada sobre o Alt∴ dos JJur∴, de onde se sobe ao firmamento (abóbada). Certamente, tudo isso está baseado nos “trinta e três graus” da Escada de Jacó.
Felizmente muitas Grandes Lojas já retiraram do Alt∴ dos JJur∴ esse indevido elemento alegórico.
Todavia, é lamentável quando se fica sabendo que por conta de um painel e de uma instrução indevida - que nem é original no REAA - alguns Irmãos ainda estejam se movimentando para pleitear o retorno de algo que tradicionalmente não existe – é a história do dinossauro: não é tão difícil de mata-lo, porém o difícil é consumir os seus restos.
Ao em vez de se buscar o retorno ao anacronismo e ao contraditório, o mais coerente seria retirar os elementos que produzem as contradições e os anacronismos.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
NOV/2025

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