Em 11.05.2025 o Respeitável Irmão Otávio Santiago Farias, Loja Caldas Jr., 270, REAA, GORGS (COMAB), Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul apresenta a seguinte questão:
COLUNAS VESTIBULARES
Parabenizar o irmão Pedro Juk pela lucidez no trato das matérias que apresenta sabiamente. Meu caro, estou na busca da comprovação documental, da exata localização das Colunas J e B. Não encontrei ainda qual fica ao Norte ou Sul do templo. Li vários artigos que citam vista de fora pra dentro, que a coluna tal fica à esquerda e outra à direita, mas não citam aonde ou quem enxerga está, se no Oeste ou Leste. Me ajude,
CONSIDERAÇÕES
Conforme consta na Bíblia, em 1 Reis 7:21 e 2 Crônicas 3:17, as Colunas Gêmeas do primeiro Templo de Jerusalém ladeiam a sua porta principal pelo lado de fora. O ingresso é feito de fora para dentro, portanto a primeira visão que se tem dessas Colunas é do átrio.
Por ficarem no átrio do Templo, as duas Colunas também são chamadas de vestibulares. Para quem entra no Templo, a Coluna da direita se chama J∴ e a da esquerda, B∴.
Segundo exegetas bíblicos, as letras iniciais B∴ e J∴ relativas às Colunas, quando lidas da direita para a esquerda, conforme prevê o idioma hebraico, significam: “Ele estabelecera”, para a letra J e “com força”, ou “na força”, para a letra B.Da direita para a esquerda, em primeira análise as iniciais formam a frase "Ele, JAVÉ, estabelecerá com força o Reino de Israel”.
Na Moderna Maçonaria, o Templo de Jerusalém, ou de Salomão, logo viria a se tornar um dos seus maiores símbolo. Isto fez com que a maioria dos Ritos utilizassem as Colunas Vestibulares do Templo para construir destacada alegoria iniciática.
Por conta disso e conforme o Rito, as duas Colunas podem aparecer pelo lado de dentro ou pelo lado de fora do templo maçônico, não obstante elas também possam aparecer invertidas – B∴ e J∴ ou J∴ e B∴.
No REAA, dispostas conforme o ponto de vista de quem as enxerga pelo lado de fora, vê-se B∴ à esquerda e J∴ à direita. Essas Colunas ficam no átrio do Templo (lado externo), uma em cada lado da porta.
Usando como parâmetro o REAA, o motivo pelo qual as colunas aparecem invertidas em alguns Ritos é histórico e se deve às "Revelações" (Exposures). As “Revelações” eram uma espécie de “traição literária” que revelava ao mundo profano como os maçons trabalhavam nas suas Lojas.
Editadas principalmente pelos jornais londrinos do século XVIII, as “Revelações” fizeram tanto sucesso que logo apareceriam impressas em forma de livretos. É o caso da mais famosa delas, então editada em 1730 e chamada The Masonry Dissected de Samuel Pritchard, a qual teve aproximadamente dez edições. Nos anos seguintes outras obras espúrias apareceriam para revelar os “segredos” da Maçonaria.
Na verdade, como um instrumento para revelar os segredos dos Franco-maçons, as “Revelações” despertavam muita curiosidade no mundo profano e com isso acabaram rendendo muito dinheiro aos seus produtores – tornava-se um excelente negócio lucrativo.
Foi graças a isso que a Primeira Grande Loja de Londres e Westminster, visando burlar os ansiosos bisbilhoteiros que liam as revelações, fez várias mudanças na forma de trabalho, pelo que alterou a disposição de muitos símbolos, descristianizou rituais, omitiu orações, inverteu palavras, etc. Tudo para escapar às revelações produzidas por traidores.
Uma das significativas mudanças feitas pela primeira Grande Loja foi a inversão das palavras de Aprendiz e Companheiro. No mesmo caminho também foram invertidos os nomes das colunas, de B∴ e J∴ para J∴ e B∴.
No entanto, essas mudanças não agradaram os defensores da velha forma de trabalho, que não admitiam as mudanças, inversões e omissões propostas pela primeira Grande Loja de 1717. Isso despertou muitas animosidades, sobretudo por parte dos maçons irlandeses, fazendo com que outra Grande Loja fosse criada para se opor à primeira. Assim, em 1751 era criada uma Grande Loja rival.
À vista disso, os integrantes da Grande Loja rival (1751) passaram a se auto denominar como “Antigos”, apelidando pejorativamente os integrantes da primeira Grande Loja (1717) de “Modernos”.
Assim sendo, as escaramuças entre Antigos e Modernos durariam até 1813, oportunidade em que as duas Grandes Lojas rivais acabariam se unindo para criar a Grande Loja Unida da Inglaterra.
Foi assim que as Colunas Vestibulares, ora B∴ e J∴, ora J∴ e B∴, se tornariam marcos de identificação entre muitos ritos da Moderna Maçonaria.
De modo amplo, a espinha dorsal da Maçonaria Francesa se manteve fiel aos costumes dos Modernos, conservando a Coluna B∴ à direita de quem entra e a Coluna J∴ à esquerda – é o caso do Rito Moderno e do Adonhiramita (ambos também interiorizam as Colunas).
No entanto, o REAA, que é um rito originário da França, por questões históricas, segue em muitas particularidades o costume dos Antigos, ou seja, mantém a Coluna B∴ à esquerda de quem entra, e a J∴ à direita (as Colunas ficam junto à porta no átrio).
Vale ressaltar ainda que a posição das Colunas B∴ (Norte) e J∴ (Sul) é também uma herança da Loja Geral Escocesa, então criada em Paris no ano de 1804 para coordenar a construção do primeiro ritual para o simbolismo do REAA.
Finalmente, vale a pena mencionar que referências a situação das Colunas Vestibulares, interiorizadas ou exteriorizadas, invertidas ou não, é sempre do ponto de vista de quem vem de fora para dentro do Templo. Caso contrário seria o mesmo que primeiro fabricar a rolha para depois fazer a garrafa.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
NOV/2025

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