terça-feira, 30 de outubro de 2018

SIGNIFICADO DA CIRCULAÇÃO RITUALÍSTICA


Em 07/08/2018 o Respeitável Irmão Samuel de Sousa Moreira, Loja Claudio das Neves, 1939, REAA, GOB-MG, Oriente de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, faz o seguinte pedido:

SIGNIFICADO DA CIRCULAÇÃO RITUALISTICA


Gostaria se tivesse, que me fosse enviado subsídios para elaboração de um TE com o seguinte tema: A Circulação Ritualística: significado e filosofia.

CONSIDERAÇÕES.

O ordenamento ritualístico da circulação no Ocidente de uma Loja aberta se dá em alusão à marcha diária do Sol. Nesse sentido, simbolicamente o maçom, como operário especulativo que busca a Luz, segue o sentido horário do aparente deslocamento do astro rei pelo firmamento (do meio-dia à meia-noite).
Essa tem sido uma regra litúrgica associada à Obra de Luz, já que de acordo com o ideário maçônico, a Maçonaria busca o esclarecimento pela instrução e pelo aperfeiçoamento dos seus membros no intuito de combater as trevas da ignorância.
Assim, como a Loja representa um canteiro especulativo que se situa sobre o equador da Terra e se orienta no seu comprimento do Oriente para o Ocidente e na sua largura do Norte ao Sul, esse espaço tem como cobertura o firmamento onde o Sol descreve o seu rotineiro e aparente movimento de Leste para o Oeste. É sob esse firmamento que simbolicamente o maçom trabalha orientado pela Luz (Sabedoria) emanada pelo Sol.
Exatamente pela Maçonaria representar uma Obra de Luz é que os deslocamentos dos operários feitos de uma para outra Coluna se dão como que a seguir o movimento dos ponteiros do relógio. No Templo, de modo prático, isso se dá sempre com o obreiro em deslocamento tendo o seu ombro direito voltado para o centro do recinto (onde se situa o Painel do Grau). Essa característica ritualística é também conhecida como marcha destrocêntrica.
Dada a essa alegoria da Luz e o movimento diário do Sol é que não se circula de uma para outra Coluna com o ombro esquerdo para o centro (sinistrocêntrico), pois efetivamente essa atitude simboliza a desconstrução e o retorno à escuridão da ignorância. Significa o “caos”.
O giro horário pelo Ocidente do Norte para o Sul e do Sul para o Norte simula alguém se deslocando ao redor do mundo (universalidade maçônica), o que em linhas gerais se dá sempre quando um protagonista atravessa a linha imaginária do equador (eixo do Templo). É dado a isso que nos deslocamentos pela mesma Coluna (mesmo hemisfério) não há circulação, pois seria irrelevante e improdutivo alguém dar a volta ao mundo para parar no mesmo lugar.
Nesse sentido, o trajeto do Norte para o Sul se faz passando pela retaguarda do Painel (próximo ao limite com o Oriente) e o seu retorno, do Sul para o Norte, pela frente do Painel (entre ele e a porta de entrada).
A marcha diária do Sol também está representada pelas três janelas que aparecem no Painel no Painel do Grau, uma ao Oriente (aurora), uma ao Meio-Dia e outra ao Ocidente (ocaso). Elas correspondem aos três ciclos da jornada e denotam as virtudes da Sinceridade, da Coragem e da Perseverança.
Ainda relacionado à marcha diária do Sol no firmamento, aparece o Segundo Vigilante que observa a sua passagem pelo meridiano do Meio-Dia. Hora simbólica de extrema relevância na doutrina maçônica, além de destacar o ápice da Luz, também simboliza o momento de extrema igualdade onde ninguém faz a ninguém.
No Oriente da Loja, por ser ali o lugar da Luz (onde ela nasce diariamente), não existe circulação, senão apenas o ordenamento de nele se ingressar obrigatoriamente vindo da Coluna do Norte e dele se retirar sempre em direção à Coluna do Sul.
Em síntese é esse o significado da circulação em Loja, salientando que essa prática somente é comum àqueles ritos que possuem no seu arcabouço doutrinário essa referência.
Dando por concluído, penso que esse breve relato poderá lhe trazer aspectos importantes para a compreensão dessa prática.


T.F.A.

PEDRO JUK


OUT/2018

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