Em 17/02/2025 o Respeitável Irmão Alessandro Sousa, Loja Segredo e Caridade, 1141, REAA, GOB-PE, Oriente de Bom Conselho, Estado de Pernambuco, apresenta a seguinte questão:
GRAUS DA MAÇONARIA
Querido Irmão Pedro, por esses dias li um artigo que citava dois supostos graus da Maçonaria Operativa, intitulados de Harodim e Menatzchim. Infelizmente as fontes e trabalhos afim são muito vagos.
Temos alguma literatura a respeito desses supostos graus?
CONSIDERAÇÕES
Com seus aproximados oitocentos anos de história documental, a Maçonaria Operativa, ou de Ofício, era composta apenas por duas classes de profissionais operários. Estas classes ficariam conhecidas como Aprendiz do Ofício e Companheiro da Arte. O dirigente do canteiro de obras era o Mestre da Loja e era um Companheiro experiente.
Na Maçonaria primitiva não existiam templos maçônicos e nem ritualística maçônica tal como hoje conhecemos na Moderna Maçonaria especulativa.
As organizações de ofício de pedreiros da Idade Média, nossos ancestrais, viriam florescer a partir do século X no Norte da Europa. Protegidas pela Igreja Católica, essas corporações se dedicavam principalmente à construção de igrejas, catedrais, mosteiros, abadias, etc. Tiveram com marca registrada da sua profissão o estilo Gótico de arquitetura. Este estilo foi tão importante para as corporações de construtores que o seu declínio resultou diretamente na decadência do oficio a partir do final do século XVI e início do século XVII.
Falar em graus iniciáticos especulativos na Maçonaria Operativa é algo inconciliável, portanto, os graus mencionados na questão acima, podem ser meramente lendas utilizadas para a construção, mais tarde, de graus especulativos, os quais começariam a aparecer em meados do Século XVIII, principalmente. Vale lembrar que lendas não têm nenhum compromisso com a realidade histórica.
A Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, que documentalmente se iniciou no ano de 1600 na Escócia, primitivamente possuía apenas dois graus, só passando a ter três Graus universais a partir no nascimento do 3º Grau que ocorreria em 1725, sendo oficializado em 1738 por ocasião da segunda Constituição de Anderson para a Grande Loja de Londres e Westminster.
À vista disso, falar em "graus maçônicos” nos tempos da Maçonaria Operativa, além das duas classes profissionais de Aprendiz e Companheiro que já existiam, é algo que não se coaduna nem um pouco com a realidade da história documental. Provavelmente os títulos Harodim e Menatzchim, mencionados na sua questão, sejam frutos remotos de lendas que eram escritas nos manuscritos e contadas entre os membros das corporações de pedreiros medievais, todavia isso não nos dá a garantia de afirmar que fossem autênticos graus maçônicos.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2025
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