quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

ORIGEM DOS ESTANDARTES - LOJAS SIMBÓLICAS.

RESPOSTA - FEVEREIRO/2017
Em 01/12/2016 o Respeitável Irmão Rui Jung Neto, Ex-Venerável Mestre da Loja Concórdia et Humanitas, 56, Rito Schröeder, GLMERGS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, solicita a seguinte informação:
ORIGEM DOS ESTANDARTES - LOJAS SIMBÓLICAS.
O Irmão teria algum material sobre a origem do uso de Estandartes na Maçonaria, em especial pelas Lojas Simbólicas?
Grato e no aguardo.
CONSIDERAÇÕES.
Estandarte - substantivo masculino (do francês antigo: estandart), dentre outros, designa uma espécie de bandeira, geralmente retangular, com símbolos, brasões, etc., pendente de uma haste, serve como insígnia de corporações, clubes, confrarias, comunidades religiosas, etc.
O uso dos Estandartes na Maçonaria ganhou caráter generalizado e obrigatório a partir do aparecimento oficial da Maçonaria Organizada em 1717, muito embora anteriormente muitas Corporações de Ofício (Guildas Operativas) do passado, principalmente na Escócia, já costumavam adotar esse tipo de pavilhão como insígnia da corporação - esse costume foi adquirido principalmente dos reinados, feudos e castas familiares da época que se identificavam pelo conteúdo do seu próprio estandarte (heráldica).
Também não há como negar essa influência sobre a Maçonaria de Ofício, a própria Igreja que, pelos seus priorados, comunidades e dioceses costumavam adotar a prática do Estandarte como identidade - muitas Associações Monásticas e Confrarias Leigas a exemplo dos Cistercienses, Beneditinos e Mestres Comancinos já adotavam na época o seu uso. Historicamente sabe-se que a Maçonaria floresceu a sombra da Igreja Medieval.
Assim a Moderna Maçonaria (especulativa) manteria essa insígnia como tradição identificativa da Loja como corporação - aquela que possui existência legal, tanto sob a tutela a Obediência, bem como Instituição sujeita ao cumprimento das leis do seu País.
Na autenticidade dos Estandartes, a heráldica dessa insígnia está em identificar a Loja pelos caracteres correlatos ao seu título distintivo e, junto com a carta constitutiva, serve para demonstrar o seu caráter de regularidade.
É sob esse prisma que muitos Ritos arvoram o seu Estandarte em Loja assim que a mesma é declarada aberta para os trabalhos. Infelizmente esse costume parece ter caído em desuso devido à presunção e ignorância de alguns "fazedores" de rituais que preferem mantê-lo arvorado mesmo com a Loja fechada. Cito o exemplo do REAA\ que possui inclusive o cargo de Porta-Estandarte, cuja finalidade principal genuinamente seria a de desfraldar o Estandarte na Loja quando declarada aberta e recolhê-lo na ocasião do encerramento - os "entendidos" esqueceram-se desse importante momento litúrgico, embora hilariamente tenham até inventado a tal da "sagração de estandarte", cerimônia inexistente na pura Maçonaria, provavelmente para satisfazer os adeptos da pavonagem.
T.F.A.
PEDRO JUK jukirm@hotmail.com

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

TAMANHO E PROPORÇÃO DO TEMPLO.

RESPOSTA - FEVEREIRO/2017
Em 01/12/2016 o Respeitável Irmão Elois Rodrigues, Loja Flor da Acácia, 3.394, REAA, GOB-PR, Oriente de Francisco Beltrão, Estado do Paraná, solicita as informações seguintes:
TAMANHO E PROPORÇÃO DO TEMPLO.
Passei a admirá-lo, e cada vez mais motivado a estudar sobre a Arte Real quando tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente na ocasião do ERAC 2015, em Cascavel, no qual eu apresentei a Peça de Arquitetura com o tema "Tríplice Argamassa Maçônica como Agente Modificador da Sociedade Profana".
Na ocasião, como Aprendiz Maçom. fiquei extasiado com as explicações que o Irmão nos deu sobre os mais variados assuntos da Maçonaria.
Hoje escrevo para fazer mais uma pergunta.
Estamos, os obreiros de nossa Loja, intencionados em construir o nosso próprio templo, dentro dos princípios exigidos pelo REAA do GOB.
Hoje as nossas oficinas ocorrem em um templo alugado das Grandes Lojas.
O layout é levemente diferente do que está contemplado na planta do nosso Ritual. Porém, agora que estou desenhando o nosso futuro templo, projetando em 3d no computador, não encontrei em lugar algum as medidas de um templo, ou a proporção do mesmo (a não ser as medidas simbólicas, aprendidas nas instruções).
Nas minhas pesquisas na internet encontrei duas possíveis proporções: Uma, que diz que o templo deve ter a proporção de 3 por 1, para poder ser dividido em 3 quadrados iguais, como o templo de Salomão (Ex: se tiver 60 m de comprimento, deve ter 20 m de largura, sendo subdividido em 20 m no oriente, e 40 m para o restante do templo).
E outra proporção que diz que o Templo deve ter a Proporção Áurea, que e aproximadamente 1x1,618.
Nas visitas que fiz em minha breve vida maçônica (hoje como Companheiro Maçom) pude verificar os mais variados tipos de templos. Com colunas fora do templo, com paredes às vezes vermelhas, às vezes azuis, com o piso mosaico em todo o ocidente, com piso mosaico somente no centro, e com as mais variadas proporções (comprida, curta, larga, etc.).
Portanto pergunto: Qual seria a forma justa?
CONSIDERAÇÕES.
Antes de tudo precisamos aprender desde cedo que como partícipes da Moderna Maçonaria, praticamos o simbolismo como base doutrinária e não a interpretação literal de alguns fatos que compõem o relicário doutrinário da Ordem.
Em se tratando do REAA\ existe um parâmetro de proporção simbólica que prevê um quadrado para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio para o átrio. Quanto a sua altura, ou o pé-direito, a mesma deve ser compatível com o ambiente com altura maior na distância entre o zênite da abóbada e o pavimento.
A despeito dessas recomendações, cada Loja constrói seu Templo de acordo com as suas necessidades, desde que pelo menos haja possibilidade de que no espaço se possa desenvolver o trabalho ritualístico previsto no ritual.
Infelizmente ao longo dos tempos muitos místicos e ocultistas tentaram impor as suas crenças à prática maçônica como se a sala da Loja fosse uma espécie de palco para credos individuais, experiências metafísicas ou coisas do gênero.
Outra invenção é aquela de que alguns fantasistas querem comparar o Templo maçônico com o lendário Templo de Jerusalém (para alguns, o de Salomão). Ora isso é pura bobagem, pois a construção do Templo é apenas uma alegoria usada pela Maçonaria para aplicar o seu corolário doutrinário embasado mais na moral, ética e sociabilidade do que numa construção palpável e literal.
Também existem as concepções técnicas da arquitetura que não raras vezes são mistificadas por alguns autores maçônicos o que tem trazido mais confusão do que propriamente um exemplo de aplicação doutrinária.
Por fim, devemos lembrar que possuímos aproximadamente oitocentos anos de história documental e tivemos forte influência da Igreja, o que viria dar ao primeiro templo maçônico especulativo, em meados do século XVIII, inegável contribuição para o desenvolvimento da orientação do espaço de trabalho especulativo maçônico, além da distribuição mobiliária que está muito próxima ao parlamento britânico.
Isso implica que genuinamente a Loja definitivamente não é cópia, arquétipo ou estereótipo do templo bíblico de Jerusalém (Primeiro Templo), senão um canteiro de obras decorado conforme o rito praticado pela Moderna Maçonaria.
T.F.A.
PEDRO JUK     jukirm@hotmail.com