sexta-feira, 30 de junho de 2017

O CAPUZ DO EXPERTO E, EXISTE EGRÉGORA NA MAÇONARIA?

Em 18/05/2017 o Respeitável Irmão Tristão Antonio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, REAA, GOP (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, solicita esclarecimentos para as seguintes dúvidas:

CAPUZ DO EXPERTO E EGRÉGORA


Prezado Irmão, seguem as minhas indagações:
1- Qual a razão do Irmão Experto usar capuz no cerimonial de iniciação?
2- O que é Egrégora? Consta nos rituais? Pertence, genuinamente, à maçonaria tradicional ou foi introduzido por correntes místicas?

COMENTÁRIOS.

  1. No caso do REAA\ o Primeiro Experto faz uso do capuz apenas quando ele recebe o candidato e antes de vendá-lo para introduzi-lo na Câmara de Reflexão. A ideia do capuz é apenas para que o candidato não reconheça o seu guia antes de receber Luz, o que atende em partes a um preceito iniciático de confiança no seu guia – mesmo sem conhecê-lo. Obviamente que essa confiança não é pessoal, porém de se entregar à Instituição. É devido a isso que o Experto se apresenta sem insígnias e com o rosto coberto para disfarçar a sua identidade.
Há que se considerar que o candidato ao chegar ao local onde se dará a Iniciação, na antecâmara, ou sala contígua à Câmara, deve estar desvendado e é por isso que o Experto se apresenta encapuzado.
O termo “capuz” é na verdade uma cobertura para a cabeça e geralmente presa à capa, ao hábito, ou a um casaco. No caso da Maçonaria, geralmente era de tamanho grande ao ponto de quase cobrir também o rosto e ia preso ao balandrau negro, porém ao longo dos tempos foi transformado em uma máscara tipo saco de pano preto com apenas dois ofícios para permitir a visão do usuário.
É oportuno ainda salientar que só se venda o candidato na antecâmara, ou em outro recinto do Templo de tal modo que ele não possa reconhecer o trajeto apenas dentro do ambiente. É equivocado o costume de se vendar o proposto desde a saída da sua residência, ou outros procedimentos análogos, inclusive o de conduzi-lo a um cemitério, pois a Maçonaria não é necrópole e nem admite prática de trotes.
  1. Essa tal de Egrégora não merece nem comentários, aliás, é palavra inexistente no nosso idioma vernáculo. É pura obra de imaginação e de fato não consta nos rituais, pois na Maçonaria não existe lugar para proselitismos de credos particulares. A Maçonaria procura construir um novo homem liberto de preconceitos, vícios, fanatismo e superstições. Que cada qual mantenha os seus credos e neles busque conforto, entretanto fora dos umbrais dos nossos templos. É uma questão da lógica da convivência – o que serve para mim, obrigatoriamente não precisa servir ao meu próximo.
A propósito, está publicado no meu Blog no mês de junho do corrente – http://pedro-juk.blogspot.com.br – uma Peça de Arquitetura que foi apresentada pela Loja Caminho de Luz no Encontro Regional de Aprendizes e Companheiros que trata muito bem do assunto. O trabalho não é da minha lauda, mas é bastante recomendável. Confira.

T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2017

quinta-feira, 29 de junho de 2017

OUTRA VEZ: TELHAMENTO OU TROLHAMENTO?

Em 12/05/2017 o Respeitável Irmão Ronaldo Neris Batistas, Loja Fé Equilíbrio e Amor, 317, REAA, GLESP, Oriente de São Paulo, Capital, formula a seguinte questão:

TELHAMENTO OU TROLHAMENTO


Inicialmente quero lhe parabenizar pelo trabalho no blog e dizer que tem sido de muita valia para aprimoramento de meus estudos.
Li com muita calma a seus esclarecimentos sobre o correto uso do termo “telhamento ou trolhamento” e apesar de ter feito todo sentido para mim, me encontro em um grande dilema.
Comentei a respeito do assunto no copo d´água da última loja e fomos a pesquisa no ritual:
Especificamente no ritual REAA (Aprendiz e Companheiro) na parte de visitação a abreviação aparece como Trolhamento. “...outras potências reconhecidas, sujeitando-se, porém, às prescrições do Trolhamento e às disposições...”
Isso, a meu ver, a não ser que o ritual esteja com algum erro, coloca em mais um ponto de interrogação na minha cabeça.
Não sei no ritual de Mestre porque serei exaltado na terça feira da semana que vem.
Agradeço antecipadamente aos esclarecimentos e novamente lhe parabenizo pelo valoroso trabalho realizado.

CONSIDERAÇÕES.

Como eu tenho dito meu Irmão, um Templo se cobre com telhas e não com trolhas.
Infelizmente alguns autores ajudaram a disseminar esse equívoco (inclusive bons autores) ficando ele adotado em alguns rituais, e como, para não fugir do costume, a ordem é copiar e não questionar, o processo segue seu curso com força e vigor. Se existem rituais que adotam esse termo e o associam à trolha, nada podemos fazer, senão apontar que esse uso é incorreto quando usado como expressão de verificação e cobertura nos jargões maçônicos.
O substantivo telha e o neologismo maçônico telhamento só faz sentido se for relacionado ao Cobridor ou ao Tiler (Guarda Externo na Maçonaria inglesa). Note que nem existe o cargo de “trolhador” na Maçonaria. Ora, então por que usar o a expressão trolhamento? Só mesmo se for por pura teimosia.
Em relação à trolha e o termo trolhamento ele é plausível quando relacionado àquilo que alisa, ou o ato de alisar aparando arestas. Nesse sentido e de modo figurado, trolhar significa em maçonaria sanar rusgas ou trazer novamente harmonia entre irmãos que tenham porventura entrado em desentendimento. O objeto trolha, tanto como a colher de pedreiro ou como a desempoladeira, é o que se adapta nessa serventia, mas nunca como um ato de examinar a qualidade de alguém.
Desafortunadamente no perfil latino de Maçonaria, o seu modus operandi tem colaborado para esses desacertos, sobretudo porque nele se diz “cumprir o que está escrito”, não importando se o que está escrito faz sentido ou não dentro do contexto, nesse caso o do simbolismo e o da liturgia maçônica.
Existe, entretanto, outra possibilidade pela qual possa ter surgido esse desacerto e falsa interpretação generalizada adquirida pela mistura de procedimentos de uns em outros ritos. Ela é a seguinte: o Rito Schröder, por exemplo, usa tradicionalmente uma pequena trolha (geralmente sobre um triângulo equilátero) como joia do Guarda do Templo (Wachhabende ou Türhüter). Nesse caso a trolha representa que esse oficial, em nome do sigilo, pode lacrar o recinto das vistas e ouvidos dos bisbilhoteiros, isto é, simbolicamente seria como se ele elevasse uma parede no local da porta assentando pedras ou tijolos com argamassa impedindo acesso aos cowans.
Obviamente que isso tem apenas um sentido figurado para representar a obstrução de passagem para alguém que não esteja qualificado para ingressar nos trabalhos. Devido ao uso da trolha como joia do cargo nesse rito é que pseudos ritualistas, ao tempo de procurar a interpretação correta pela presença da trolha como símbolo do Guarda do Templo, simplesmente associaram a joia com o ato de trolhar (sic), criando inclusive esse verbo que é inexistente no nosso idioma vernáculo.
Quero deixar bem claro que não vai aqui nenhuma crítica ao uso da trolha como joia do Guarda do Templo no rito Schröder, pois nele ela é tradicional. Equivocados mesmo estão os desatentos que associaram um objeto sem o conhecimento do seu verdadeiro significado na Maçonaria, enxertando-o nos ritos que tem como oficial o Cobridor, cuja joia do cargo é composta por duas espadas cruzadas. Independente da joia, do título do oficial, ou do rito, verificar a qualidade maçônica de alguém significa “telhamento”. Assim, o Cobridor ou o Guarda do Templo são aqueles que têm por ofício “cobrir o templo”. Afinal, cobrir evita o aparecimento de “goteiras”.
A gíria profissional maçônica “goteira” teve origem na Grã-Bretanha à época dos Canteiros Medievais. Quando um bisbilhoteiro era surpreendido espionando os planos de trabalho da guilda construtora, o intruso como castigo era então amarrado sob as calhas que recebiam as aguas pluviais, especialmente dos telhados, recebendo assim um belo banho de água gelada, destacando-se que as temperaturas naquelas latitudes terrenas geralmente eram (e são ainda) baixas durante o ano.
Assim meu Irmão, eu tentei mostrar a origem e os fatos que corrompem expressões tradicionais no meio maçônico. Se para alguns é difícil entender isso, sinceramente eu não sei o que mais há de se fazer.
No meu blog, o Blog do Pedro Juk, em Peças de Arquitetura – Pedro Juk, o Irmão encontrará um escrito de minha lavra sob o título de Telhar ou Trolhar. Ele poderá lhe dar mais alguns subsídios para entender esse mote.


T.F.A.

PEDRO JUK



JUNHO/2017

terça-feira, 27 de junho de 2017

RITO MAIS PURO

Em 12/05/2017 o Respeitável Irmão Osni Adres Lopes, Triângulo Maçônico Colunas da Harmonia, 301, sem mencionar o nome do Rito, Grande Oriente do Paraná, Oriente de Congonhinhas, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

RITO MAIS PURO.


O Trabalho de Emulação pode ser considerado o primeiro (e mais 'puro') sistema ritualístico?

CONSIDERAÇÕES.
 
Eu não diria o mais “puro”, entretanto um dos que mais conserva a tradição desde a sua consolidação com a Improvement Lodge em 1.823.
Em termos de maçonaria anglo-saxônica o assunto me parece bastante relativo no que se possa considerar pureza e antiguidade de costumes, até porque existe nela a história entre os Antigos e os Modernos, além da prática muito particular do ofício na Escócia. Nesse sentido, cada qual buscou (e ainda busca) autenticidade para o seu formato litúrgico na Moderna Maçonaria.
No final das escaramuças entre os Antigos e os Modernos, com a consolidação do Ato de União em 1813 e a fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra, os costumes das duas Grandes Lojas rivais se adequariam pela Loja de Reconciliação e por fim a de Promulgação.
Há que se considerar que dentro do Craft inglês existem inúmeras formas de trabalho, não só o de Emulação, a exemplo do Humber, Sussex, West End, Bristol, Taylor’s, etc. Não se poderia também olvidar dentro dessa vertente, das Lojas Azuis norte-americanas cujo Craft pratica o sistema Antigo inglês – também conhecido como Rito de York americano.
Estudar a pureza de práticas maçônicas, a meu ver, se faz necessária uma profunda observação e catalogação acadêmica dos documentos, dos fragmentos, catecismos e obrigações desde o século XIII, bem como mais tarde as obras espúrias já no século XVIII. Isso na verdade nem sempre foi considerado pelos ritos quando da sua profusão dentro da Moderna Maçonaria.
Por outro aspecto, se a consideração for tomada sob o ponto de vista das vertentes latina e anglo-saxônica, certamente essa última é mais conservadora, mas isso não empana a seriedade de trabalho de outrem, desde que se dê sentido às propostas maçônicas de aperfeiçoamento humano que suportam a Maçonaria Simbólica. Nessa concepção não ficariam de fora os costumes culturais e sociais, pois cada rito da Moderna Maçonaria traz na sua alma essa importante influência.
Por fim, na questão da liturgia e ritualística eu diria que a sua origem mais pura está nos antigos catecismos (muito divulgados pelas exposures). Assim numa avaliação mais criteriosa dos ritos maçônicos, há que se levar em conta àqueles que mais conservam as tradições, usos e costumes da autêntica Maçonaria, e desses, sem dúvida, o Trabalho de Emulação têm sido um dos dignos representantes.


T.F.A.

PEDRO JUK



JUNHO/2017

segunda-feira, 26 de junho de 2017

SESSÃO PÚBLICA

Em 10/05/2017 o Respeitável Irmão Marcio Pelegrini, Loja Luz da Verdade, 2.678, REAA, GOB-PR, Oriente de Chopinzinho, Estado do Paraná, solicita considerações sobre o que segue:

SESSÃO PÚBLICA


Agradeço a atenção do Irmão e aproveito sua boa vontade para colocar mais uma questão. Assisti a uma sessão pública de estudos em uma Loja coirmã há alguns anos. Houve uma palestra de 40 minutos com a presença de profanos.
Listo, abaixo, o procedimento que assisti:
1 - Abertura Ritualística Normal em Sessão de Aprendiz.
2 - Leitura da Ata da última sessão.
3 - Expediente e Saco de propostas e informações foram suprimidos (foi direto para Ordem do dia).
4 - Ordem do Dia: foi anunciada a palestra; o Venerável Mestre pediu que os Irmãos retirassem os paramentos; foram introduzidos o palestrante e demais visitantes; a palestra foi realizada; a palavra foi aberta para perguntas e comentários.
5 - O Templo foi coberto aos profanos e os Irmãos recolocaram os paramentos.
6 - Foi suprimido o Tronco de Beneficência e o Venerável Mestre pediu para que na retirada dos Irmãos do Templo o Hospitaleiro ficasse junto a coluna "B" recolhendo os donativos, sendo que o "tronco" ficaria lacrado até a próxima sessão.
7 - Foi concedida a palavra à bem da Ordem e do quadro em particular de modo normal.
8 - Encerramento Ritualístico Normal.
O Irmão poderia fazer a gentileza se o procedimento foi correto? Na época me foi dito que as adaptações objetivaram agilizar a sessão para focalizar no estudo. Além disso, houve um ágape após a sessão e o Venerável Mestre não quis deixar os convidados aguardando por muito tempo, por isso procedeu do modo descrito na hora do tronco de beneficência e, ainda, avisou os Irmãos para serem breves no uso da palavra.

CONSIDERAÇÕES:

  1. OK.
  2. OK, desde que tenha sido a da última sessão pública realizada pela Loja.
  3. OK.
  4. Em parte está correta. O Venerável faz a advertência que com a presença de profanos, estão abolidos os sinais; abre a Ordem do dia e comunica a finalidade da sessão. Não se tiram os paramentos. Dá-se entrada aos não iniciados. O Mestre de Cerimônias os conduz e a Loja recebe os convidados em pé – as do sexo feminino ocupam o Sul (Beleza) e os do sexo masculino o Norte (Força). Ingressam primeiro as mulheres. Encerrada a finalidade da sessão (palestra, homenagem, etc.) com a presença dos convidados, o Venerável passa a palavra nas Colunas para eventuais manifestações dos visitantes (apenas eles). O Orador faz-lhes a saudação em nome da Loja e os convidados se retiram conduzidos pelo Mestre de Cerimônias – por primeiro as mulheres, por fim os homens.
  5. Como não se tiram os paramentos, o item 5 fica prejudicado.
  6. A Loja aguarda a saída dos convidados em pé. Após a retirada dos não iniciados, o Venerável encerra a Ordem do Dia (volta-se a composição dos sinais) e faz circular o Tronco de Beneficência com as formalidades ritualísticas. Prevendo-se a lisura da sessão, não se lacra o Tronco. Ele é conferido na forma de costume.
  7. Concedida a palavra aos Irmãos ela será somente sobre o ato que acaba de ser realizado. Usa-se objetivamente a mesma e somente se ela tiver importância inadiável. Deve-se agir com brevidade em respeito aos visitantes que aguardam na Sala dos Passos Perdidos para as despedidas e cumprimentos, ou à convivência no ágape.
  8. OK.

Não se tapa o sol com a peneira sacrificando à ritualística. É importante que algum Irmão permaneça com os visitantes até o encerramento dos trabalhos e o uso da palavra seja realmente disciplinado sem o ranço dos pronunciamentos repetitivos e intermináveis.


T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2017

sábado, 24 de junho de 2017

SÃO JOÃO E OS SOLSTÍCIOS NA MAÇONARIA

SÃO JOÃO E OS SOLSTÍCIOS NA MAÇONARIA.

Embora o assunto já tenha sido exaustivamente debatido e esclarecido por autores autênticos da Maçonaria, ainda muitas dúvidas campeiam o solo maçônico no que diz respeito às figuras patronais de João, o Baptista e de João, o Evangelista.
Nesse sentido, tenho recebido muitos pedidos de esclarecimento sobre o assunto através do Consultório Maçônico José Castellani da revista A Trolha de Londrina, PR, assim como pelo diário eletrônico JB NEWS in Perguntas e Respostas – Florianópolis, S.C.
Dado ao exposto seguem as seguintes considerações sobre o tema:

Para o esclarecimento necessário dessa questão e para que não se caia no campo das suposições “inventando” padroeiros para a Maçonaria só porque esse ou aquele Rito pretende identificar um “santo” em particular, é antes imprescindível que o estudante conclua que a questão não é só a de identificar um padroeiro para um Rito específico, senão antes identifica-lo como um patrono de toda a Maçonaria, independente dos Ritos e Trabalhos nela praticados (as Lojas de São João).
Nesse pormenor seria lógico antes se compreender a razão dessa escolha ou costume como parte integrante da história da Sublime Instituição. É, portanto imperativo que antes se entenda o porquê dessa relação que envolve as datas comemorativas dos “santos padroeiros – Baptista e Evangelista” como uma espécie de patronos da Maçonaria.
Desde quando? Qual a razão de João, o Baptista e João, o Evangelista aparecerem nesse misto de respeito religioso e alegoria simbólica intrínseca à Maçonaria? Por que a Moderna Maçonaria ainda mantém essa tradição?
Sem ter a pretensão de aqui querer ensinar astronomia e geografia, o tema, entretanto merece ser identificado tanto pela feição científica, bem como pela cultural que envolve as crenças pertinentes aos cultos solares da antiguidade – base de grande parcela das religiões conhecidas.
Essa explicação, embora condensada, está no fato de que o planeta Terra além de girar em torno do seu próprio eixo em um ciclo diário e noturno totalizando vinte e quatro horas (rotação), também o Planeta se desloca no espaço em uma trajetória elíptica (elipse) ao redor do Sol (translação), cuja viagem completa resulta no período conhecido por “ano” (arredondados trezentos e sessenta e cinco dias).
Em seu deslocamento elíptico ao redor do Sol, a Terra estará no seu trajeto mais, ou menos afastado do Sol o que implica no Planeta estar em periélio - o ponto de órbita com menor afastamento distando 147 milhões de quilômetros e em afélio – ponto de órbita com maior afastamento com 152 milhões de quilômetros de distância. Assim o afélio se opõe ao periélio, e vice-versa.
Como a Terra no seu trajeto elíptico em torno do Sol mantém uma inclinação constante em relação ao seu plano de órbita (norte-sul) de 23 graus e 27 minutos, o movimento faz com que as duas regiões terrenas divididas pela linha imaginária do equador e conhecidas como hemisférios (meias-esferas), recebam a incidência de mais, ou menos raios solares, ou ainda estes por igual conforme a localização na sua trajetória ao redor do Sol.
Pela não coincidência do plano de órbita com o plano do equador, do ponto de vista daquele que estiver situado na Terra, esse movimento simula a ilusão de como fosse o Sol a se movimentar em torno da Terra. O trajeto dessa revolução imaginária é conhecido como eclíptica, ou a passagem do astro pelo círculo máximo da esfera celeste – é a interseção da esfera com o plano de órbita. Assim os limites, ou pontos máximos dessas inclinações nesse movimento aparente, tanto no Norte, como no Sul, quando o Sol atinge a sua maior distância angular do equador cessando o seu afastamento, ocorrem os dois solstícios[1] que marcam o início do verão e do inverno conforme o hemisfério terreno – inverno no Norte, verão no Sul, ou vice-versa.
Por ocasião do solstício no ciclo, ou estação do verão, devido a maior incidência de raios solares, prevalecem assim dias mais longos e noites curtas na sua duração. Já no ciclo do inverno, devido a menor incidência de raios solares, prevalecem as noites mais longas e dias curtos na sua duração. Os solstícios destacam-se no clima terrestre principalmente pela ocorrência do frio no inverno e do calor no verão.
Por outro lado, no que concerne a esse mesmo movimento aparente do Sol na sua eclíptica em direção ao solstício, quando passa de um para o outro hemisfério cruzando o Equador, marca a ocorrência do início da primavera e do outono conforme o sentido da marcha aparente. Do Sul para o Norte – primavera no hemisfério Norte e outono no Sul. Do Norte para o Sul – primavera no hemisfério Sul e outono no hemisfério Norte. O momento em ocorrem essas passagens ilusórias do Sol de um para o outro hemisfério sobre o Equador é que acontecem os equinócios[2].
Nessa situação de projeção zenital (equinócio - que dista igualmente), tanto no outono quanto no inverno, a incidência é igual de raios solares sobre a Terra. Esse atributo faz então com que os dias e noites sejam iguais na sua duração.
Devido à inclinação do planeta Terra no seu eixo Norte-Sul, bem como o seu movimento em torno do Sol (revolução anual e ilusória do Sol) é que ocorrem os ciclos naturais, conhecidos como as estações do ano - a primavera, o verão, o outono e o inverno - opostos conforme o hemisfério (verão – inverno, outono – primavera).
Não obstante essa relação astronômica, tal condição climática também faria com que as civilizações primitivas já distinguissem as épocas frias e quentes levando-os a organizar o seu modo de subsistência no trabalho agrícola.
Sob a óptica do Sol como fonte de luz e calor ele seria proclamado como divindade soberana e daria o suporte principal para os cultos solares da antiguidade. Com indelével influência sobre quase todas as religiões e crenças da humanidade, o homem imaginou os solstícios como portas por onde o Sol entrava e saia ao terminar o seu trajeto aparente (trópicos de Câncer e Capricórnio).
Sob o ponto de vista da Terra, as épocas solsticiais desde então seriam marcas astronômicas idealizadas pelos alinhamentos com as constelações de Câncer ao Norte e Capricórnio ao Sul, o que sugeria, sob a óptica do misticismo, inclusive, uma relação com deuses pagãos que, mais tarde e sob a influência da Igreja, seriam elementos substituídos por santos do cristianismo. É o caso, por exemplo, do deus Janus (palavra latina que significa porta), agregado ao panteão romano, cuja representação era de uma divindade bicéfala, com duas faces simétricas olhando uma para o passado e a outra para o futuro. De acordo com a posição do Sol na eclíptica, a alegoria insinuava filosoficamente que o futuro seria construído sobre a luz do passado; sugeria também que o passado um dia fora presente e futuro, assim como o futuro seria também um dia, presente e passado.
Com o advento da adoção do cristianismo para o Império Romano, por obra do imperador Constantino, essa relação solsticial com a divindade bicéfala pagã seria alterada, quando então foi substituído o deus Janus pelos santos cristãos João, o Baptista e João, o Evangelista, o que inclusive adequaria e acomodaria essa relação religiosa para o cristianismo. Nesse pormenor a identidade do solstício em Câncer (verão no hemisfério Norte e inverno no hemisfério Sul) por influência de Igreja Católica, ficaria relativo a São João Baptista (Esperança – daquele que previu a Luz), enquanto que o solstício em Capricórnio (inverno no hemisfério Norte e verão no hemisfério Sul) seria alusivo a São João Evangelista (Reconhecimento – daquele que pregou a Luz).
Cabe aqui uma recomendação importante: Ao se tratar desse apólogo religioso inerente aos solstícios e os santos mencionados, o mesmo estará sempre relacionado ao hemisfério Norte, por extensão isso também ocorre com esse simbolismo no que concerne à Maçonaria. Como o caráter é simbólico todas as referências inerentes aos ciclos da primavera, do verão, do outono e do inverno sempre aludem ao Norte do planeta Terra.
Ainda no que concerne a relação entre o simbolismo solsticial, o cristão e a própria Maçonaria que também adota os mesmos padroeiros, muito embora a Maçonaria não seja uma religião, essa alegoria relativa aos dois solstícios, em última análise, salienta a evidente relação com o deus bicéfalo romano Janus (que tem duas cabeças) às duas transições solsticiais do verão e do inverno na banda setentrional da Terra.
O solstício de verão (junho) ficaria então relacionado a João, o Baptista como aquele que anunciou a vinda da Luz (Jesus, considerado como a Luz do Mundo), enquanto que o solstício de inverno (dezembro) concernente a João, o Evangelista, ficaria relacionado àquele que difundiu a palavra de Jesus (a Luz do Mundo).
Na concepção cristã João Baptista anunciou no verão a Esperança por intermédio da vinda de Jesus que nasceria em pleno inverno como que fazendo renascer, ou voltar novamente a Luz (Natalis Invicti Solis), enquanto que João, o Evangelista pelo Reconhecimento à Luz, passou a difundir a “boa nova” (evangelho – do grego euangélion, pelo latim evangeliu). Nota-se aqui mais uma vez a evidente relação com os cultos solares da antiguidade no hemisfério boreal.
Essa importante representação alegórica igualmente ganharia corpo pela própria semelhança entre os nomes do deus pagão Janus e Joannes (João). A palavra João, em hebraico Iheho-hannam, significa a “graça de Deus” e essa semelhança viria inclusive acomodar a situação pela exclusão e substituição do deus pagão que se chocava com as tradições do cristianismo. Desse modo João Batista e o Evangelista passariam a se associar com as datas solsticiais (junho e dezembro).
Não menos importante também é a relação simbólica configurada na constelação de Câncer lembrada pelo saudoso Irmão José Castellani in “Porque São João, Nosso Padroeiro”: “Suas duas estrelas principais (da constelação de Câncer) tomam o nome de Aselos (do latim Asellus, i = diminutivo de Asinus, ou seja: jumento, burrico). Na tradição hebraica, as duas estrelas são chamadas de Haiot Nakodish, ou seja, animais de santidade, designados pelas duas primeiras letras do alfabeto hebraico, Aleph e Beth, correspondentes ao asno e ao boi. Diante delas há um pequeno conglomerado de estrelas, denominado, em latim, Praesepe, que significa presépio, estrebaria, curral, manjedoura, e que, em francês, é “creche”, também com o significado de presépio, manjedoura, berço. Essa palavra, creche já foi, inclusive, incorporada a idiomas latinos, com o significado de local onde crianças novas são acolhidas, temporariamente”.
Note-se então que a previsão alegórica do nascimento de Jesus em uma manjedoura e outras particularidades inerentes teve origem interpretativa nessa observação mística relativa à constelação de Câncer (junho, solstício de verão no hemisfério Norte) e consignada no outro alinhamento com a constelação de Capricórnio (dezembro, solstício de inverno no hemisfério Norte).
Não obstante ao sentido dessa exegese, vale também a pena mencionar a relação dela com os cultos solares da antiguidade que mais uma vez se evidenciaria e passaria, dentre outros, a influenciar na fixação pela Igreja da data do nascimento de Jesus para a noite de 24 para 25 de dezembro, a mais longa do ano no Norte, e que alude ao solstício relativo à volta do Sol no mitraísmo persa (INRI - Igne Natura Renovatur Integra – o Fogo Renova a Natureza Inteira) e propagada pelo mitraísmo romano na concepção do Nascimento do Sol Triunfante, ou Invicto (Natalis Invicti Solis). Por ocasião dessa longa e fria noite de inverno (no Norte) os homens acendiam fogueiras e faziam oferendas e preces evocando a volta da Luz. Assim o Cristianismo, valendo-se dessa alegoria solsticial fixaria o Natal (nascimento de Jesus) identificando à volta do Sol a partir de Capricórnio para o Norte como a Luz do Mundo, cujo nascimento fora previsto (anunciado em Câncer – verão). Essa associação daria então a João, o Baptista o rótulo daquele que anunciou a vinda da Luz, cuja data comemorativa se fixaria em 24 de junho, bem próxima do solstício de verão no hemisfério Norte que ocorre em 21 de junho - o Sol alinhado com Câncer. Assim também se daria cooptação com João, o Evangelista em 27 de dezembro, cuja data praticamente está conexa ao Natal e ao solstício de inverno no hemisfério Norte que se dá em 21 de dezembro – o Sol alinhado com Capricórnio. Ao Evangelista seria titulado o desígnio daquele que pregou a Luz (a doutrina de Cristo).

São João e a Maçonaria – Antes das considerações propriamente ditas, fica aqui o alerta sobre alguns pontos no tema que não podem ser confundidos:
a) Na matéria há que se vislumbrar que o patrono, ou patronos (São João) se referem à Maçonaria em geral, e não dela apenas a um rito ou costume em particular.
b) Como ritos maçônicos, alguns deles possuem o seu próprio patrono, todavia estes nunca se confundem com os padroeiros gerais da Maçonaria.
c) Ainda existem os protetores regionais da Maçonaria. É o caso, por exemplo, da inglesa e São Jorge (padroeiro da Inglaterra – 23 de abril). Entretanto este não pode ser confundido com as comemorações maçônicas solsticiais relativas a João, o Baptista e João Evangelista.
e) A Maçonaria é oriunda dos canteiros medievais e traz consigo uma forte influência da Igreja. Como atividade profissional à época ela comemora até os dias atuais, ainda que de modo especulativo, as festas solsticiais.

Primitivamente (com aproximadamente 800 anos de história) a Maçonaria era operativa (profissional) e não possuía ritos nem graus. Constituída de maçons livres (nas Lojas livres), muitos desses grupos profissionais, além dos santos relativos às datas solsticiais, também não raras vezes rendiam particularmente preito a outro santo protetor, inclusive a uma santa.
Conforme costume haurido dessas organizações profissionais do passado - Associações Monásticas, Confrarias Leigas e da antiga Francomaçonaria (base da Maçonaria) – e com inegável tempero da Igreja, a prática comemorativa solsticial alcançaria posteriormente a Maçonaria Especulativa e por extensão inclusive a Moderna Maçonaria (primeiro sistema obediencial fundado 1.717).
Isso se explica porque mesmo não sendo a Maçonaria considerada como uma religião, ela foi historicamente criada à sombra de Igreja Católica medieval e dela arregimentou assim uma forte influência que dava ao trabalho, bem como aos seus membros e respectiva profissão, um amoedo religioso.
Em resumo e para aplicação de uma salutar geometria a Maçonaria precisa de uma vez por todas ser despida de ilações fantasistas e equivocada que ainda forçam subsistência como aquelas que a tratam como fosse ela uma Instituição milenar. Ora, essas concepções anacrônicas não cabem mais em pleno século XXI.
Autenticamente a Maçonaria veio a nascer à sombra da Igreja nos Canteiros[3] da Idade Média, portanto não seria novidade nenhuma que sob essa influência a Maçonaria, construtora de igrejas e catedrais, viesse também possuir um patrono religioso.
Assim, essas associações profissionais geralmente se agrupavam em reunião nos solstícios de verão e de inverno, cujas reuniões, além de comemorativas ao padroeiro solsticial, também alcançavam a finalidade de rever os planos das obras, discutir novos contratos, avaliar as atividades econômicas e profissionais e promover ingresso de novos artífices na “Arte de Construir” (iniciar).
Essa relação do Ofício com o verão e com o inverno implicava antes de tudo num aspecto prático e literal da construção, já que no rigor do inverno setentrional pouco se produzia na arte de cortar a pedra calcária, bem como a de com ela se edificar. Efetivamente os trabalhos praticamente permaneciam paralisados na estação hibernal.
Com o final do inverno e o início da primavera – o rigor do clima mais ameno - os trabalhos no canteiro (hoje as Lojas especulativas) retomavam as suas atividades com força e vigor. Assim os labores do ofício iriam atingir o seu auge no verão (dias longos e noites curtas), voltariam a declinar no outono e seriam novamente paralisados no inverno (dias curtos e noites longas).
Vale então a pena mais uma vez salientar que todas as referências feitas às estações do ano (ciclos naturais) nesse arrazoado, se relacionam indistintamente àquelas que ocorrem no hemisfério Norte do nosso Planeta (berço da Maçonaria).
Como as datas solsticiais sucedem nos dias 21 de junho e 21 de dezembro, isto é, muito próximas das datas religiosas comemorativas a João, o Baptista em 24 de junho e João, o Evangelista em 27 de dezembro, as mesmas acabariam por se confundir. Isso pode ser perfeitamente observado tomando-se por base a fundação em 1.717 da Primeira Grande Loja em Londres em 24 de junho, dia de São João Baptista (princípio da Moderna Maçonaria[4] – primeiro sistema obediencial). Do mesmo modo também se pode observar nos dias atuais onde a maioria das Obediências tem ainda o costume de dar posse aos Grão-Mestres e Veneráveis das Lojas no dia comemorativo a São João no mês de junho.
Nesse sentido a Moderna Maçonaria como fiel guardiã da tradição usos e costumes da Ordem mantém a alegoria dos solstícios nos seus arcabouços doutrinários, costume esse adquirido desde os primeiros grupos profissionais, cujas representações simbólicas, independente dos contemporâneos Ritos e Trabalhos praticados, se apresentam nos Templos maçônicos.
É o caso do conjunto simbólico composto pelo o Círculo e as Paralelas Tangenciais Verticais, cuja alegoria sugere que o Sol (círculo) não transpõe os trópicos (Câncer e Capricórnio - as paralelas representam João Baptista e Evangelista).
Ainda outros símbolos inerentes: o das Colunas Solsticiais B e J que simbolizam, por exemplo, no Rito Escocês, a passagem dos referidos Trópicos e entre as quais o Equador do Templo; também no Rito Escocês as constelações do Zodíaco que marcam simbolicamente a eclíptica do Sol e as estações do ano, por conseguinte os solstícios e os equinócios; ainda no arcabouço doutrinário maçônico de vertente francesa a Marcha do Mestre exprime a curso aparente do Sol de um para outro hemisfério, etc.
Vale a pena também mencionar que no puro e verdadeiro Rito Escocês o Grau de Aprendiz é aberto com a leitura do Livro da Lei em São João, cap. 1, vs. 1-5 – implica na prevalência da Luz sobre as trevas como mote doutrinário do Grau.
No tocante às tradições, usos e costumes da Maçonaria, as Iniciações operativas (embora muito diferente das que hoje conhecemos) ocorriam nas reuniões semestrais (solsticiais). Naquela oportunidade em muitas associações profissionais o “Aprendiz Admitido” pousava a mão direita sobre o Evangelho de São João para prestar a sua obrigação. Esse costume era assim praticado porque as datas iniciáticas coincidiam com aquelas relativas aos santos protetores – a Igreja ditava as regras.
Como à época não existia ainda a imprensa[5] e a Bíblia era propriedade apenas da Igreja, cujo texto era compilado à mão em papel grosseiro (de gramatura alta) e resultava em um volume da Bíblia imenso, pesado e incomodo para o transporte e manuseio. Devido a esse particular o Iniciando prestava simbolicamente a sua obrigação pousando a mão direita apenas sobre o Evangelho de São João, que era geralmente reduzido e adequado para a ocasião à sua primeira página.

Assim se explica o hábito, segundo a maioria dos Ritos, do notório uso do título distintivo - as Lojas de São João, cujos trabalhos são abertos “À Gloria do G\A\D\U\ e em Honra a São João nosso Padroeiro”, ou ainda: “Uma Loja de São João, Justa, Perfeita e Regular”.
Obviamente como a questão envolve os dois solstícios, englobam-se como patronos também os dois São João, o Batista e o Evangelista. Até porque como a Maçonaria é uma Obra de Luz, nada mais oportuno do que celebrá-la simbolicamente (sem conotação religiosa) através daquele que previu a Luz e também daquele que propagou a Luz.
Nesse sentido, em se tratando dos padroeiros maçônicos cujo nome é João, muitos equivocadamente ainda teimam em propagar o nome de outros S. João, a exemplo do Esmoler (também conhecido como Hospitalário ou de Jerusalém) que não tem qualquer relação com a Maçonaria Operativa. Pior ainda foi a invenção do tal “da S. João da Escócia” que nem mesmo existe no hagiológio da Igreja.
Alguns equivocadamente ainda associam um santo padroeiro inerente a um Rito em particular e querem generalizá-lo como patrono de toda a Maçonaria. Daí a razão dessa propagação desmedida que tem causado muitas dúvidas para o entendimento de muitos outros.
Aliás, é oportuno salientar que a tal “generalização” tem sido uma verdadeira erva daninha na prática e interpretação maçônica, geralmente adubada pelos incautos que ao se referirem a um Rito específico o imaginam como se fosse ele o único representante de toda a Maçonaria. Inquestionavelmente esse despautério não condiz com a Verdade, já que os Ritos e os Trabalhos do Craft são partes integrantes da Maçonaria. Embora a sua espinha dorsal seja única, cada Rito ou Trabalho (costume) possui a sua particularidade geralmente oriunda da sua doutrina, da sua cultura e da sua vertente maçônica (inglesa ou francesa). A Maçonaria Simbólica Universal é única, porém composta por vários Ritos e Trabalhos do Craft.
A chave da compreensão está no conhecimento e pratica da história autêntica da Sublime Instituição - acadêmica por excelência. Antes de se mencionar opiniões de achistas e crédulos em escritos comprometidos (água contaminada), quando não repletos de opiniões ocultistas hauridas de crenças pessoais, melhor seria primeiro atender a virtude da prudência na observação dos fatos.
Retomando o assunto inerente ao mote desse arrazoado e por tudo o que até aqui fora sobre ele foi mencionado é que a Maçonaria desde o seu período operativo vem se servindo da relação Homem-Natureza, cujo palco alegórico de outrora era o canteiro da obra. Atualmente essa analogia está na topografia e na decoração dos templos maçônicos, bem como nas doutrinas específicas dos Ritos e Trabalhos da Moderna Maçonaria Simbólica, sejam eles de conceito deísta ou teísta.
Concluindo: por razões óbvias, despido de qualquer relação com uma religião ou dogma específico, o padroado da Maçonaria Universal (não de um rito específico), considerada a característica especulativa da Instituição como “Obra de Luz” sugerem como patronos os dois personagens ligados simbolicamente à Luz - João, o Baptista e João, o Evangelista.


                                                                               PEDRO JUK
                                                                         jukirm@hotmail.com


                         Morretes, Paraná, AGOSTO/2.014.




BIBLIOGRAFIA AUXILIAR.

SPOLADORE, Hercule – Santos Padroeiros da Maçonaria, Diário JB NEWS nº 1.412, Florianópolis, SC, 2.014.
CASTELLANI, José – Artigo intitulado Porque São João, “Nosso Padroeiro”, www.lojasmaconicas.com.br, São Paulo, Capital, 2.001.
CASTELLANI, José – Maçonaria e Astrologia – Editora Landmark – São Paulo, 2.000.
CASTELLANI, José – As Origens Históricas da Mística Maçônica – Editora Landmark – São Paulo, 2004.
CARVALHO, Assis – Símbolos Maçônicos e Suas Origens – A Trolha – Londrina, 1.990.
CARR, Harry – Freemasons at Work – Lewis Masonic, 1.992.
HINBERG, Richard – Celebrando os Solstícios – Madras Editora Ltda. – São Paulo, 2.002.
CHARLIER, René Joseph – Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica – Edições Futuro – São Paulo, 1.964.
JUK, Pedro – Abóbada do Templo Maçônico - REAA - Coletânea 6, pg. 97 – Editora Maçônica A Trolha, Londrina, 2.003.
JUK, Pedro – E o Topo da Coluna do Norte, Conclusões? – INBRAPEM, Volume 4, - Editora Maçônica A Trolha, Londrina, 2.007.
JUK, Pedro – Alegoria das Colunas Zodiacais – REAA, Anais do VII Simpósio, Academia Campinense Maçônica de Letras, Campinas, SP, 2.013.




[1] Solstício (Do latim Solstitiu). Substantivo masculino. Época em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal ou austral, e durante a qual cessa de afastar-se do equador. Os solstícios situam-se, respectivamente, nos dias 22 ou 23 (na intenção de uniformização- dia 21) de junho para a maior declinação boreal, e nos dias 22 ou 23 (por critério de uniformização – dia 21) de dezembro para a maior declinação austral do Sol. No hemisfério norte, a primeira data se denomina solstício de verão e a segunda, solstício de inverno; e, como as estações são opostas nos dois hemisférios, essas denominações invertem-se no hemisfério sul.
[2] Equinócio (Do latim Aequinoctiu). Substantivo masculino. 1. Ponto da órbita da Terra em que se registra igual duração do dia e da noite, o que sucede nos dias 21 de março e 23 de setembro (convencionado para o dia 21). 2. Qualquer das duas interseções do círculo da eclíptica com o círculo do equador celeste: equinócio da primavera, ou ponto vernal, e equinócio do outono, ou ponto de Libra. 3. Instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste.

[3] Canteiros - antigos construtores medievais de igrejas e catedrais, corporações formadas sob a influência da Igreja na Idade Média.
[4] Moderna Maçonaria – composta pela Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, cuja marca inicial se deu com o advento da fundação Primeira Grande Loja em Londres pelas Lojas da Taberna do Ganso e a Grelha, do Copázio e as Uvas, da Coroa e da Macieira. Naquela oportunidade era então criado o primeiro sistema obediencial do mundo maçônico. Não se deve confundir o fato como princípio da Maçonaria Especulativa, já que esta se deu documentalmente em 1.600 na Escócia com a admissão do latifundiário John Boswel na Loja Capela de Maria (Chapel’s Mary Lodge).
[5] Imprensa - Johannes Guttenberg em 1.440 desenvolve a tecnologia da prensa móvel, utilizando os tipos móveis - caracteres avulsos gravados em blocos de madeira ou chumbo, que eram arrumados numa tábua para formar palavras e frases do texto para impressão.