sexta-feira, 31 de agosto de 2018

OFÍCIO PARA APRENDIZES E COMPANHEIROS - OCUPAÇÃO DE CARGOS


Em 13.06.2018 o Respeitável Irmão Paulo Roberto Lustosa, Loja Jerusalém do Paraná, 4.240, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, solicita os seguintes esclarecimentos:

OFÍCIO PARA APRENDIZES E COMPANHEIROS.


1.     Quanto ao porte de espada em Loja ou preparação de candidato para a iniciação é permitida a sua utilização por Aprendizes e Companheiros? Os rituais do grau 1 ao 3 não fazem nenhuma referência sobre o tema.
2.     Quanto à utilização dos colares de cargos por Aprendizes e Companheiros é permitida a sua utilização? O ritual está omisso sobre o tema.

CONSIDERAÇÕES.

  1. Aprendizes e Companheiros não portam espadas. Iniciaticamente eles ainda não completaram a jornada iniciática, o que se dá apenas quando o maçom alcança o Terceiro Grau – plenitude maçônica. Note que em nenhum ritual é prevista a ocupação de cargos por Aprendizes e Companheiros.
Ainda sob o aspecto iniciático é essa a razão pela qual os Aprendizes ocupam o topo da Coluna do Norte (mais próximo possível da parede setentrional) e os Companheiros o topo da Coluna do Sul (mais próximo possível da parede meridional). As Colunas Zodiacais marcam essa jornada.
  1. Como os Aprendizes e Companheiros não ocupam cargos, obviamente não utilizam colares dos oficiais.
Os rituais não precisam fazer qualquer menção que discipline esses procedimentos litúrgicos. Nesse sentido o Regulamento Geral da Federação prevê o seguinte:
Art. 229. Para o exercício de qualquer cargo ou comissão é indispensável que o eleito ou nomeado pertença a uma das Lojas da Federação e nela se conserve em atividade.
§ 1º. Os cargos são privativos de Mestre Maçom (o grifo é meu).
Concluindo, destaque-se que uma Loja só pode ser aberta com a presença mínima de sete Mestres Maçons. Mesmo nessa situação precária, não se faz complemento de cargos com Aprendizes e Companheiros. Isso é reforçado pelo Art.º 96, Inciso XXII do RGF – realizar sessões com, no mínimo, 7 Mestres Maçons.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2018

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

DESFAZER O SINAL DE ORDEM


Em 13/06/2018 o Respeitável Irmão Gedir Scardino Lima, Loja Professor Hermínio Blackman, REAA, GOB-ES, Oriente de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, apresenta a seguinte questão:

DESFAZER O SINAL DE ORDEM

 
Permitam-me uma nova consulta: É sobre o desfazimento do “Sinal de Ordem” no REAA:
Entendo que uma coisa é desfazer o Sinal de Ordem (simplesmente desfazer, sem o corte) e outra é a saudação (com o corte). É hábito comum e, via de regra é assim que nos é ensinado na iniciação: todo desfazimento do sinal é feito com o corte. Por exemplo, na abertura da Loja, quando todos estão “de pé e à ordem” e o VM ordena: “Sentemo-nos meus Irmãos”. Os irmãos ao desfazer o Sinal de Ordem para sentar-se, pergunto: desfaz o sinal simplesmente ou desfaz fazendo o corte? (Que no meu entender é saudação e não simples desfazimento do sinal).

CONSIDERAÇÕES.

Não importa a ocasião. Fazendo uma saudação ou não, um Sinal de Ordem só é desfeito pela aplicação simbólica da pena correspondente a ele. Assim, não se desfaz um Sinal sem antes completa-lo pela simulação da pena correspondente.
É sabido que cada grau simbólico possui o seu Sinal característico, entretanto é necessário se compreender que, como um todo, um Sinal se compõe por dois tempos distintos. O primeiro é o estático e corresponde à sua composição, enquanto que o segundo é o dinâmico e corresponde ao movimento que simula a aplicação simbólica da pena. Assim, os dois tempos distintos – o estático e o dinâmico – constituem-se no Sinal do Grau, conhecido genericamente como Sinal de Ordem. Esses dois tempos nunca se separam. Um é consequência do outro.
A simulação de cada pena simbólica corresponde anatomicamente aonde ela é aplicada (compleição física) segundo a tomada do jur\. Daí é que se dá o nome de Sinal Penal para o gesto dinâmico relativo à execução da pena. É também conhecido como Gut\, Cord\ e Ventr\ respectivamente.
O termo genérico Sinal de Ordem dado ao Sinal do Grau é oriundo da postura do maçom quando ele compõe o Sinal, isto é, ele o faz obrigatoriamente estando à Ordem (em pé, corpo ereto e os pés em esq\).
Assim, o Sinal do Grau, ou de Ordem se congrega em dois tempos distintos, mas inseparáveis, ou seja, se dão sequencialmente, do estático para o dinâmico, portanto o Sinal de Ordem de qualquer grau simbólico nunca será desfeito senão pelo seu respectivo movimento penal (o que lhe dá o nome). No caso da sua questão, não existe o “sem corte” (sic).
Dadas essas explicações, vamos agora à “saudação maçônica”.
Em qualquer caso a saudação maçônica é feita sempre pelo Sinal, ou seja, quem saúda, compõe Sinal e imediatamente a seguir, pelo gesto da aplicação da pena, faz a saudação. Em síntese, toda a saudação maçônica é feita pelo Sinal Penal (Gut\, Cord\ ou Ventr\).
Entretanto se faz mister compreender que nem toda a vez que alguém desfaz um Sinal (penal) estará saudando alguém, pois o mesmo gesto é adequado também para se desfazer o Sinal. Ratifico: não se desfaz um Sinal “diretamente”, senão pelo gesto penal.
Em Maçonaria um Sinal é composto para atender diversos aspetos correlacionados à liturgia do rito. Assim, seguem alguns exemplos de casos em que o Sinal não é especificamente a saudação maçônica:
a)    Quando alguém faz o uso da palavra - para tal ele fica à Ordem e se dirige à Loja na forma de costume. Concluída a sua fala, antes de sentar ele desfaz o Sinal pela pena simbólica (isso não é saudação).
b)    Quando todos ficam à Ordem atendendo às determinações emanadas do ritual e, antes de sentar, desfazem o Sinal (isso não é saudação).
c)     Quando um oficial em deslocamento vai até alguém em cumprimento ao seu ofício e fica à Ordem (isso não é saudação).
Dados esses exemplos, vejamos agora situações em que a composição do Sinal é saudação maçônica:
a)    Quando da entrada e saída do Oriente – pelo Sinal, saúda-se o Venerável Mestre (saudação maçônica prevista no ritual do GOB).
b)    Quando da entrada formal em Loja – após os passos do grau, faz-se a saudação às Luzes da Loja (prevista no ritual do GOB).
Por esses exemplos é possível se compreender que o Sinal cumpre dois aspectos distintos na liturgia maçônica – o de se compor e desfazer simplesmente o Sinal de Ordem e o de se saudar alguém em se compondo e desfazendo o mesmo Sinal de Ordem (Sin\ Gut\ ou Saud\ Maç\).
Dando por concluídas essas considerações, espero ter esclarecido um pouco dessas minúcias ritualísticas, destacando, contudo que não se desfaz abruptamente um Sinal, pois não existe “meio sinal”. Assim, desde que composto (estático), em se saudando ou não, ele sempre será desfeito (dinâmico – movimento) pela pena simbólica que lhe dá o nome. No mais, não devo me estender além da conta, já que os “puristas de plantão” estão a postos para nos criticar imaginando “revelações de segredos”.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2018

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

EXALTAÇÃO - PASSOS DO MESTRE NA APROXIMAÇÃO DO ALTAR


Em 12.06.2018 o Respeitável Irmão Lauro Goerll Filho, Loja Justiça e Caridade, REAA, GOB-PR, Oriente de Paraíso do Norte, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

PASSOS DO MESTRE NA APROXIMAÇÃO DO ALTAR


Tenho uma dúvida em relação à cerimonia de Exaltação. Em determinado momento se pede que o Companheiro, execute a Marcha de Companheiro, mais os passos da Marcha de Mestre. Gostaria de saber se a Marcha de Companheiro que esta descrita no Ritual, ela se inicia com os passos de Aprendiz, continua na Marcha de Companheiro, ou vai direto da Marcha de Companheiro?

CONSIDERAÇÕES.

Esse é o momento na cerimônia de Exaltação que o Companheiro, sem ter sido ainda exaltado, é ensinado a se aproximar do Altar dos Juramentos (isso faz parte da liturgia da Exaltação no REAA\).
Nesse sentido, essa Marcha não é aquela completa que se dá para a entrada formal quando o protagonista saúda as Luzes da Loja, porém é um procedimento que antecede o juramento de um candidato que aspira alcançar os mistérios do Terceiro Grau.
Assim, nessa ocasião o candidato inicia sua aproximação estando à Ordem como Companheiro Maçom e partindo diretamente com os passos do Segundo Grau (diferente da entrada formal, ele não inicia pelos passos do Aprendiz). Concluindo os mesmos ele é então orientado a desfazer o Sinal imediatamente (sem saudar as Luzes da Loja) para em seguida se aproximar do Altar pelos passos do Mestre. Nesse momento o Mestre de Cerimônias o ensina a dar os passos do Terceiro Grau, mas sem o respectivo Sinal, pois ele ainda não conhece os segredos do Grau de Mestre (sinais, toques e palavras).
A despeito desse comentário, oriento ao Irmão a consultar os Procedimentos Ritualísticos do Terceiro Grau, GOB-PR, edição de novembro de 2016, Decreto 1706.
Na página 96 do mesmo se encontra em parte dele a seguinte explicação:
(...) o Cand\ então compõe o Sin\ do Segundo Grau e, apenas ele, realiza a Marcha do Comp\ sem saudar as LLuz\ da Loja. Terminada a Marcha do Segundo Grau, imediatamente o M\ de CCer\ manda o Comp\ desfazer  o Sinal e segui-lo nos próximos passos”.
O texto é claro quando menciona que o candidato inicia a aproximação compondo o Sinal do Segundo Grau. Assim, em estando ele à Ordem como Companheiro, obviamente ele dará os passos do Companheiro. Note que em nenhum momento nos Procedimentos Ritualísticos mencionado, se faz menção a iniciar a marcha como Aprendiz nessa ocasião.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2018

O NÃO USO DO BALANDRAU NO RITO SCHRÖDER


Em 12/06/2018 o Respeitável Irmão Franklin Paulino Pereira, Loja Luiz Gonzaga do Nascimento, 4567, Rito Schröder, GOB-RN, Oriente de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Norte, apresenta a seguinte questão:

O NÃO USO DO BALANDRAU NO RITO SCHRÖDER


Acompanho suas publicações, e ficaria bastante grato de o Irmão tivesse, e se pudes
se, me enviar alguma matéria falando do Rito Schröder, a respeito do não reconhecimento do Balandrau em suas sessões.

CONSIDERAÇÕES.

Entendo que essa seja uma característica do Rito quando não adota, além do terno escuro, outro traje maçônico.
Geralmente essas normas são oriundas dos seus rituais. Eu, por exemplo, desconheço a razão exata pelo não aceite a outro traje.
Diga-se de passagem, que não é apenas o Rito Schröder que só admite o terno para as suas sessões. Existem outros que também assim procedem. Veja, por exemplo, as Lojas brasileiras que trabalham no Craft.
Geralmente essa é uma questão cultural que virou tradição, pois o verdadeiro traje maçônico é o avental. De qualquer modo são os rituais que normalmente indicam o vestuário formal que o maçom no rito deve utilizar durante os trabalhos.
Curiosamente é comum se ver o uso da parelha (par) de cor preta ou escura que é composta por duas peças do vestuário (calça e paletó) sendo confundida com o terno (três) que é composto por três peças de vestuário (calça, colete e paletó).
Assim, isso prova que essa é só uma questão haurida dos costumes relativos à origem do rito e nada tem a ver com caráter iniciático e doutrinário. Na realidade essa é só uma norma adotada.
Penso que outros esclarecimentos a esse respeito podem ser encontrados no Colégio de Estudos Schröder em Porto Alegre com o Irmão Rui Jung Neto.


T.F.A.

PEDRO JUK

AGO/2018

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

EXISTEM CORES PARA AS LUZES LITÚRGICAS NO REEA?


Em 08/06/2018 o Respeitável Irmão José Tito de Aguiar Júnior, Loja Filhos de Osíris, 30, GLESP, REAA, São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:

CORES DAS LUZES LITÚRGICAS


Venho valer-me de seus conhecimentost para a questão a seguir. Atualmente é comum que as velas dos altares (Luzes e demais Oficiais) sejam substituídas por lâmpadas.
Ocorre que, especificamente no REAA, as “cores” das lâmpadas variam a depender da Loja e, em outros casos, da Potência.
Já vi desde cor branca, a amarelada, azul, vermelha, etc.
Há alguma obrigatoriedade ritualística no REAA para o uso de colorações das lâmpadas nos graus simbólicos?
Há diferenciação de tonalidade a depender do grau em que a Loja esteja operando?

CONSIDERAÇÕES.

Penso que o que está se mencionando são as “luzes litúrgicas”, portanto no REAA\ elas são apenas aquelas que ocupam os candelabros de três braços sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e sobre as mesas ocupadas pelos Vigilantes. Essas luzes se distribuem para cada titular em número de três e vão acesas de acordo com o grau de trabalho da Loja.
As demais lâmpadas que porventura possam aparecer acesas sobre as mesas ocupadas pelo Orador, Secretário, Chanceler e Tesoureiro, não são luzes litúrgicas, porém auxiliares e, por sua vez, não possuem nenhum significado ritualístico ou iniciático.
Entenda-se que essas luzes auxiliares não são obrigatórias para a liturgia do rito, porém se porventura elas existirem, as mesmas servem apenas e tão somente como acessórios secundários que ajudam os ocupantes das cátedras durante o ato de leitura e de escrita, Trocando em miúdos, elas servem para ajudar a enxergar melhor no ambiente, sendo as mesmas acesas pelos próprios titulares se a necessidade exigir.
Já as “luzes litúrgicas”, as mesmas se relacionam diretamente com as Luzes da Loja, também conhecidas como as Luzes Menores. Esse título é dado ao Venerável Mestre e aos Vigilantes por serem aqueles que dirigem a Loja com as suas luzes (esclarecimento). Isso, sob o aspecto iniciático, prevê que as luzes litúrgicas se acendem em número conforme o grau de trabalho da Loja. A sua finalidade é a de representar o “aclaramento”, o que em linhas gerais significa que quanto maior é o grau simbólico, maior será o número de luzes acesas. Na escalada iniciática representa o obreiro adquirindo conhecimento na ascensão dos graus.
No trato com as luzes litúrgicas, originalmente no REAA\ não existe cerimônia específica para o seu acendimento. Como dito, no escocesismo simbólico, sem nenhuma cerimônia especial, elas são acesas na a abertura da Loja e apagadas quando do seu fechamento.
É bom que se explique que em tempos dantes, quando não existia ainda energia elétrica, a liturgia maçônica se servia apenas de velas para essas ocasiões, entretanto, com a evolução dos costumes e da ciência, paulatinamente as velas foram sendo substituídas, quase que na totalidade das Lojas, por lâmpadas elétricas naturalmente acesas – o que inclusive é muito mais recomendável para a salubridade do ambiente.
Dados esses comentos, vale então registrar que infelizmente o REAA\, aqui no Brasil, ao longo dos tempos acabou recebendo inúmeros enxertos, o que fez com que ele tivesse boa parte da sua característica desfigurada.
Nesse sentido e no que diz respeito às luzes litúrgicas, houve tempo em que para elas não existiam candelabros adaptados com lâmpadas elétricas, assim para elas eram literalmente utilizadas velas, as quais iam acesas pelo Mestre de Cerimônias no momento determinado pelo ritual. Como oficial encarregado desse ofício, ele se munia então de uma chama auxiliar (outra vela) para realizar a sua missão. Ao final dos trabalhos esse mesmo oficial, munido de um abafador, apagava as luzes litúrgicas.
Cabe comentar que a vela auxiliar mencionada não era luz litúrgica e a sua função era apenas para facilitar o ofício do acendimento. Para ela não existia qualquer outro significado, inclusive, terminado o acendimento das demais a mesma era apagada. Assim é equivocada a ideia que ainda se faz de que a chama auxiliar é uma representação da divindade.
Foi dessa ação adequada aos tempos dantes que os “achistas” acharam que esse procedimento era uma espécie de cerimônia invocatória, ou coisas do gênero. Com isso inadvertidamente transformaram um simples ato de se acender uma vela numa cena de adoração.
Por óbvio que esse é um pensamento completamente errado quando se trata do REAA. Nele as luzes litúrgicas nada mais são que uma alegoria que mostra a luz do conhecimento em oposição às trevas da ignorância. Ademais, Maçonaria não é lugar para fazer proselitismos que envolvam crenças pessoais.
Ritualisticamente o que existe na verdade é apenas um acendimento necessário que segue a ordem de hierarquia das Luzes para a abertura da Loja. Ocorre na ordem inversa no encerramento quando elas são apagadas.
É bem verdade que ainda hoje muitas Lojas não fizeram nenhuma adaptação para transformar as luzes litúrgicas representadas por velas acesas em lâmpadas elétricas. Sendo assim muitos rituais têm orientado que, em sendo as luzes litúrgicas lâmpadas elétricas, o próprio Venerável e os Vigilantes, obedecendo à ordem descrita, as acendem e as apagam (isso prova a inexistência de reverências, pois cada titular através do interruptor procede ao acendimento). Em sendo elas ainda velas, então o Mestre de Cerimônias normalmente às acende e as apaga. A utilização do Mestre de Cerimônias nessa oportunidade é apenas para que se mantenha organizado o procedimento dentro da disciplina ritualística.
Fiz esses comentários no intuito de se separarem as coisas. A intenção é a de abstrair luzes que servem literalmente para iluminar o ambiente, ou um lugar específico sobre uma mesa, daquelas que se prestam à liturgia do rito. Assim, as luzes de ambiente ou auxiliar não possuem nenhuma coloração ou tonalidade que possa como tal caracterizá-las.
No que diz respeito às “luzes litúrgicas”, também para elas não existe nenhuma característica especial, ou mesmo algum matiz que se ligue à simbologia ou outra qualquer interpretação esotérica. Sendo elas lâmpadas, recomenda-se a coloração mais natural possível. Em sendo velas, sua tonalidade é a natural da chama.
Então objetivamente respondendo as suas questões, no simbolismo do REAA\ não existe nada que obrigue a existência de coloração específica para as luzes. Do mesmo modo, também não existe para elas nenhuma gradação obrigatória que as diferencie conforme o grau – sejam elas as auxiliares e de ambiente ou mesmo as litúrgicas.
Concluindo, devo mencionar que meus comentários se prendem à autenticidade do REAA\. Sei perfeitamente que no Brasil, entre as nossas Obediências, não raras vezes os rituais são contraditórios e apregoam inclusive praticas incomuns para o rito em questão. Existem rituais que tratam as luzes litúrgicas indiscriminadamente as confundindo com outras que não as nove originais que acompanham o Venerável e os Vigilantes e vão acesas em número de acordo com o grau simbólico Há ainda rituais que colocam mais luzes em torno do Altar dos Juramentos, numa flagrante cópia de costume de outros ritos (querem imitar os tocheiros do Craft). Assim, não quero aqui me arvorar contra rituais que estão legalmente em vigência, entretanto me é de direito apontar as práticas e costumes que não fazem parte do verdadeiro escocesismo.


T.F.A.

PEDRO JUK

AGO/2018

terça-feira, 21 de agosto de 2018

A CORDA DE NÓS NO PAINEL - REAA


Em 17/06/2018 o Respeitável Irmão Zanetti, Loja D. Pedro II, REAA, GOB PR, Oriente de Guaratuba, Estado do Paraná, solicita esclarecimento para o seguinte:

A CORDA DE NÓS NO PAINEL
 
Foi nos questionado por um Aprendiz com relação ao painel do grau.
Por que a corda de 81 Nós é representada por sete. Qual o significado de ser sete?
Aguardamos ajuda do querido Irmão, pois nas consultas que fizemos nos trouxeram mais duvidas pelas diversas interpretações dadas nos trabalhos.

CONSIDERAÇÕES.

Segue abaixo um trecho do livro de minha autoria Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Editora Maçônica A Trolha, 2007, Londrina – Pr, página 99 e seguintes. Esse livro, além do seu conteúdo sobre a história da Maçonaria, eu nele produzi uma boa parte que aborda a simbologia dos Painéis da Loja de Aprendiz relativos ao REAA e ao Craft Inglês, conhecido como Rito de York.
Nesse sentido vou destacar por grifo a parte onde há referência a respeito da Corda e o Painel, destacando que na sequência ainda farei mais alguns comentários a respeito.
A CORDA, OS LAÇOS E AS BORLAS – Nas Lojas escocesas é encontrada no alto das paredes, próxima ao teto e acima das Colunas Zodiacais.
Possuindo o número de oitenta e um nós com o nó central situado sobre o trono e acima do Delta na parede oriental (Retábulo do Oriente), a partir dele estende-se em ambos os lados até o Ocidente terminando em borlas nas laterais da porta de entrada da Loja - partindo do nó central, a Corda possui quarenta nós de cada lado.
No Painel da Loja de Aprendiz ela está representada por uma corda que contém sete nós e acompanha a parte oriental, setentrional e meridional do Painel em cujas pontas pendem duas Borlas. É a representação sintética da Corda de Oitenta e Um Nós que, a despeito do espaço, não poderia ali ser representada em toda a sua extensão, portanto, os sete nós concebidos no painel são representativos daqueles que se apresentam na corda completa colocada nas Lojas Escocesas.
Quanto a sua origem, ela advém dos canteiros medievais, onde a mesma circundava o local da obra e era presa por argolas de ferro em pequenos postes no intuito de estabelecer os limites do canteiro. Junto à sua entrada,
a corda interrompida era fixada em dois postes maiores.
Do ponto de vista simbólico, no escocesismo, o conjunto da corda, dos nós e das borlas contém uma gama de significados. O nó central localizado acima do Delta representa o número um, a unidade indivisível, o símbolo do “Criador ou o Princípio e Fundamento do Universo”. Os quarenta nós de cada lado, extraindo-se o nó central, representam o número da penitência e da expectativa (quarenta foram os dias do dilúvio, quarenta anos passou Moisés no Sinai, quarenta dias durou o jejum de “Jesus”). O número oitenta e um alude ao quadrado de nove, que, por sua vez, é o quadrado de três, número considerado perfeito como unidade ternária e de alto valor místico entre todas as antigas civilizações (aplicação da Geometria).
Quando tomada por uma interpretação esotérica, a Corda simboliza a união fraternal e espiritual entre todos os maçons espalhados pela face da Terra. Alude a uma mesma comunhão de ideias e objetivos da Maçonaria – as fibras unidas umas às outras constituem a solidez da corda – interpretação análoga ao feixe de Esopo.
Pela sua abertura junto à porta de entrada da Loja donde pendem as duas Borlas, significa o dinamismo da Ordem Maçônica e o seu sentido progressista de estar aberta às novas ideias que possam contribuir para a evolução humana e para o progresso geral da ciência e da humanidade.
Quanto à exegese simbólica dos nós, ou laços, esses possuem o significado da ligação e do enlace entre os Obreiros em qualquer parte do mundo, cujo vínculo encontra-se no compromisso da aliança que os liga. Revelada principalmente pela virtude do amor e da fraternidade.
Como eu escrevi no meu livro mencionado acima, a Corda no Painel representa aquela de 81 Nós que circunda a sala da Loja. Como no Painel o espaço é restrito, provavelmente o artista ao pintar o Painel, acabou optando por representa-la com apenas sete nós - também conhecidos como “laços do amor”.
Na realidade a interpretação do símbolo é a mesma já que um representa o outro. A diferença é a de que no Painel o número de nós está abreviado.
Assim, independente do número de nós que vai ao Painel, o importante é que o nó central, pelo seu significado simbólico conforme descrito no trecho do livro acima, coincida sempre como o centro e ao alto do quadro.
Vale a pena comentar que ao longo da história da Maçonaria Especulativa, os Painéis, desde quando saíram diretamente no chão das tabernas dos maçons antigos (eram riscados com giz e carvão) e passaram para tapetes e quadros, muitos deles acabariam aparecendo com gravuras diversas.
Em particular sobre a corda e os nós no Painel, nunca houve um número exato na sua representação – alguns com a corda desenhada com três nós, outros com cinco e outros ainda com sete. Obviamente que com o passar dos tempos as Obediências, através dos seus ritos, acabariam dando uniformidade aos símbolos. Desse modo a Corda de Nós no Painel do REAA acabou se consolidando, na sua grande maioria, representada com sete nós.
A despeito desses comentários, a preferência pelo número “sete” tem sido muito comum na Maçonaria, destacando-se que ele representa o “shabat”, ou o Dia da Criação. Nesse particular, esotericamente o número “sete” está presente na simbologia maçônica como elemento da Obra e a sua criação, nesse caso, a criação relacionada à construção de um novo Homem.
O maçom, ao atingir o final da sua senda iniciática terá percorrido simbolicamente longos sete anos, entretanto ao concluir essa jornada o Mestre verá que ainda precisa aplicar os seus conhecimentos, o que em síntese significa que a sua jornada continua além dos sete anos.
Maiores detalhes bibliográficos sugiro consultar o livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom” da minha autoria, assim como recomendo consulta no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br


P.S. 1 – Procuro buscar exegese do modo mais racional possível. Muitos comentários hauridos da imaginação de alguns autores podem ser encontrados. Assim deixo ao leitor a opção de escolha.
P.S. 2 – Pode existir variação no símbolo dependendo do Rito. Objetivamente essas considerações se enquadram principalmente para o REAA.

T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2017