sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ORDEM ARQUITETÔNICA DAS COLUNAS VESTIBULARES - REAA


Em 23/01/2019 um Respeitável Irmão do GOB-MT, através do News GOB Net me apresentou a seguinte questão:

COLUNAS VESTIBULARES.


Eminente Irmão Pedro Juk, Secretário Geral de Ritualística. Recebemos hoje a visita de um Irmão MI da Loja Perseverança, nº 2644, que se encontra edificando um templo para Loja com intenção de sagração do mesmo para o mês de março do corrente ano. O referido Irmão suscitou dúvida quanto à decoração dos capitéis das Colunas J e B, dúvida está que não tivemos segurança para responder. Diante do exposto, solicito informar qual a decoração regulamentar das colunas J e B para Lojas do REAA. Aguardamos o retorno para repasse da resposta à Loja e, aproveitamos para nos colocar a disposição sempre que necessário.

RESPOSTA:

No REAA\ as Colunas Vestibulares, conforme consta no Ritual de Aprendiz, são "egípcias".
Na verdade elas, por se correlacionarem com as Colunas do Templo de Jerusalém (o construído sob as ordens do Rei Salão), são babilônicas e decoradas (estilizadas) com motivos egípcios, cujos quais se destacam como folhas de Lotus (vitalidade) e de Papiros (espiritualidade).
Nesse sentido não existe uma ordem clássica para os seus capitéis, senão as menções bíblicas, em Reis e Crônicas ou Paralipômenos, onde se fala na construção do Templo e as respectivas Colunas do pórtico.
Em Maçonaria, e no Rito em questão, elas são pintadas na cor de bronze e tem sobre cada capitel simples (sem Ordem de Arquitetura específica) três romãs entreabertas (harmonia social). Ratifico: sobre cada capitel, ou no topo de cada Coluna Vestibular, descansa um conjunto constituído por três romãs.
Sob o aspecto construtivo, atualmente existe no mercado apropriado modelos dessas colunas já prontas. Um dos fornecedores mais famosos para decoração de Templos Maçônicos é a fábrica São Manoel, cuja qual se localiza no Oriente de Ourinhos, Estado de São Paulo. Essa fábrica possui inclusive mostruário apropriado.
Concluindo, quero alertar que outros ritos maçônicos usam colunas diferentes das do REAA, como é o caso do Rito Moderno, ou Francês e o Rito Adonhiramita. Nesses ritos, por exemplo, as Colunas são da Ordem Coríntia e não ficam no átrio, porém interiorizadas.



T.F.A.



PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística - GOB


JAN/2019

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

A ESPADA E O COBRIDOR NA RITUALÍSTICA DO REAA


Em 09/10/2018 o Respeitável Irmão José Claudio Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA, GLESP, Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a questão abaixo:

A ESPADA E O COBRIDOR


Gostaria muito de fazer uma consulta ao irmão: Sobre o Guarda do Templo [interno]: desde a abertura dos trabalhos até o encerramento, o Guarda do Templo tem que ficar o tempo todo com a espada em punho? Ou seja, o GT tem necessariamente que ficar com a espada em punho [cruzada no peito ou com ela na mão o tempo inteiro], não pode desgrudar dela, não pode repousa-la de jeito nenhum. Quero dizer: Quando das votações, no momento de juramento - no encerramento dos trabalhos, etc., o GT tem que fazer todas essas coisas de espada em punho? Por gentileza meu irmão, nos esclareça.

CONSIDERAÇÕES.

De fato, em linhas gerais os rituais e os manuais são quase que na sua totalidade omissos quando tratam, dentre outros, do ofício e do instrumento de trabalho do Cobridor Interno e do Guarda Externo.
Além dessa omissão, existem ainda as especulações temerárias que tratam a espada como uma espécie de varinha de condão mágica fazendo dela, inclusive, um objeto para descarregar “energias” como fosse ela um autêntico para-raios. Diga-se de passagem, que essas não são condutas verdadeiras na liturgia maçônica.
Na realidade, genuinamente a espada simboliza a arma com a qual esses oficiais protegem a Oficina das vistas e ouvidos daqueles que não podem ingressar nos trabalhos da Loja.
Em assim sendo, os rituais e os manuais deveriam orientar melhor o Cobridor e o Guarda Externo para que trouxessem suas espadas embainhadas em uma bainha (estojo apenso de um talabarte onde se introduz a lâmina de arma branca).
Em não existindo na Loja a bainha, que pelo menos exista então um dispositivo que vai preso à retaguarda do espaldar da cadeira, cuja finalidade é a de acondicionar a espada nos momentos em que o dever de ofício não obrigue a sua utilização. Assim, esses oficiais somente deveriam empunhar espada quando o dever de ofício deles exigisse ou quando o ritual igualmente determinasse.
Estando nessa forma devidamente acondicionada à espada (na bainha ou no dispositivo), o Cobridor, por estar com as suas mãos livres, ao ficar à Ordem compõe o Sinal com a(s) mão(s) na forma de costume. Se a ocasião exigir que ele se mantenha à Ordem empunhando a espada, ele então se mantém com ela em ombro-arma, postura essa também conhecida como “posição de rigor”. Nessa condição o protagonista mantém a sua espada empunhada pela mão direita, na vertical e apontada para cima pelo lado direito do seu corpo. O respectivo punho se conservará junto à respectiva banda do quadril trazendo o braço e antebraço atinentes afastados do tronco. O corpo nessa condição se conserva a prumo e os pés formarão uma esquadria como na forma de costume. O braço esquerdo permanece caído na vertical ao longo do corpo.
Quando o Cobridor, ou o Guarda Externo, em pé ou sentado, não estiver se utilizando da espada, deverá mantê-la embainhada ou presa no dispositivo fixando na retaguarda do seu assento. Alguns rituais prevêem inclusive uma pequena argola de metal que vai presa na parte inferior da faixa do Mestre (junto à joia), cuja qual serve como aparelho para acondicionar a espada.
O hábito de manter a espada apoiada com a ponta sobre o piso, ou mesmo sobre as coxas, é atitude equivocada, portanto não deve ser adotada.
Dado a esses comentários, é errado o pensamento de que o Cobridor Interno ou o Guarda Externo precisem se manter o tempo todo da sessão com a espada segura pela mão (empunhada). Situações de espada em guarda, ou em ombro-arma, devem (ou pelo menos deveriam) estar previstas no ritual.
No tocante a espada, sua prática também se aplica aos Expertos quando no cumprimento dos seus ofícios.
Quanto às espadas utilizadas pelas comissões e guarda de honra durante os ingressos e retiradas formais, assim como outros procedimentos inerentes à ritualística maçônica, essas não ficam embainhadas, mas acondicionadas em dispositivos próprios para essas ocasiões – geralmente ficam no Átrio da Loja.
Ao concluir ainda deixo o seguinte alerta. As espadas, tradicionalmente quando empunhadas, são sempre seguras com a mão direita. Infelizmente alguns rituais ainda trazem o rançoso anacronismo de trazê-las empunhadas, em algumas situações, com a mão esquerda, alegando para tal que a mão esquerda fica do mesmo lado do coração. Na realidade essa é uma enorme invenção que, além de não fazer sentido, ainda trata a Maçonaria como um repositório de credos particulares, o que no mínimo é um contrassenso, pois atenta contra a racionalidade da liturgia maçônica. No REAA a única espada que é empunhada pela mão esquerda é a Flamejante e isso acontece durante as sagrações quando o titular obrigatoriamente traz na sua mão direita um malhete para percutir sobre a lâmina da espada a consagração. Eram essas as considerações, ao tempo que peço escusas pela abordagem prolixa, no entanto justifico mencionando que explicar ritualística não é empreitada para poucas linhas.


T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2019

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

SIGNIFICADO DA MARCHA DO MESTRE NO REAA


Em 05/10/2018 o Respeitável Irmão Cleber Medeiros, Loja Verdade e Justiça, 16, REAA, GLMPI (CMSB), Oriente de Teresina, Estado do Piauí, apresenta a questão seguinte:

MARCHA DO MESTRE - SIGNIFICADO


Estudando sobre as Marchas de Aprendiz Companheiro e Mestre. Consegui os SIGNIFICADOS dos passos do Aprendiz que é: 1º LUTA, 2º PERSEVERANÇA E O 3º FRATERNIDADE. O de Companheiro: 1º IMAGINAÇÃO, 2º AFETIVIDADE. Juntando o p\ dir\ ao calc\ esq\ chegamos a RAZÃO. E os de Mestre, qual significado?
Ajude-Nos!

CONSIDERAÇÕES.

Antes das considerações propriamente ditas, saliente-se que as Marchas, ou Passos do Grau, como são conhecidos na Maçonaria, acontecem em alguns ritos, sendo que essa prática não é generalizada na amplitude dos trabalhos maçônicos. A despeito disso, cada Rito ou Trabalho, possui suas particularidades e propriedades litúrgicas inerentes à sua estrutura iniciática. Em assim sendo, que fique bem claro que os apontamentos seguintes se referem apenas ao simbolismo do REAA.
Em que pese os significados mencionados na sua questão, me perdoe à sinceridade, mas essas definições, no meu entender, não passam de suposições. Eu particularmente não vejo aonde alguns autores conseguem fazer interpretações desse tipo. Para mim nada mais são do que coisas da fertilidade da imaginação.
Tornando mais palatável essas interpretações, o conceito das Marchas no simbolismo do REAA é simplesmente iniciático e se refere à jornada do maçom em direção ao Oriente (lugar do Mestre). Destaque-se que a Maçonaria busca por ordem da razão dar sentido às suas práticas com explicações plausíveis e não em meras suposições.
Nesse sentido, os passos do Aprendiz (Marcha) iniciaticamente se relacionam com uma linha reta por onde é conduzido aquele que, pelo aspecto de ser ainda um iniciante, traz consigo a ausência de experiência e, por conseguinte, a insuficiência de um conhecimento mais acurado sobre a Arte Real.
A melhor explicação para essa insígnia emblemática é a de que o Aprendiz não possa ainda se desviar desse rumo sob a pena de se perder para sempre da senda da Sabedoria. Assim, a liturgia da Marcha do Aprendiz também menciona racionalmente a “retidão”, tanto de caráter, bem como de objetivo. É dessa condição que o Aprendiz representa a infância no processo iniciático da Maçonaria.
Faz-se apropriado nesse momento lembrar de que um dos mais importantes símbolos da “retidão” na Maçonaria é o Esquadro, sendo essa a razão pela qual a esquadria se faz presente na execução dos passos.
É nesse contexto então que o conjunto dos tr\ pp\ significam o primeiro ciclo do aprendizado e dele se destaca a idade simbólica do Aprendiz. Esotericamente a alegoria da Marcha no Primeiro Grau prevê que o Aprendiz, por se apresentar ainda como um elemento despreparado para a Arte, bruto em essência, deve então ser amparado ao peregrinar em linha reta, o que simbolicamente acontece quando ele no Ocidente, e de frente para o Oriente, dá os tr\ pp\ sobre o equador do Templo.
Explica-se que o desvio daquele que ainda não possui experiência necessária pode demandar num ato temerário, cujo qual poderá leva-lo a se perder para sempre. A ação de se perder denota no ato de se desviar do caminho que vai em direção à Luz (objetivo daquele que espera um dia alcançar na plenitude maçônica).
Cumprida a idade simbólica dos tr\ aa\ e dando sequência à senda iniciática o Aprendiz é então alçado à Elevação ao Segundo Grau, Grau esse que tem a pragmática da juventude, da ação e do trabalho. Assim, agora como Companheiro Maçom, portanto mais experiente indo do Norte para o Sul, ou passando para a perpendicular ao Nível, ele já pode perambular por todo o Ocidente da Loja (canteiro de trabalho).
Uma síntese dessa evolução (aprimoramento das ações e dos costumes) é representada emblematicamente pelos dois pp\ a mais que o Companheiro dá além dos três primeiros hauridos da primeira etapa da sua jornada iniciática. Agora totalizando c\ pp\, os mesmos denotam aos c\ aa\ de aprendizado na Arte, condição simbólica de aperfeiçoamento para se atingir o Segundo Grau. Assim, os c\ aa\ correspondem à idade figurada do Companheiro.
Esotericamente, os dd\ pp\ a mais - um oblíquo e outro de retorno ao eixo (equador) - significam que o Companheiro representando a juventude e com mais experiência já pode, a partir do eixo do Templo, se deslocar pelas Colunas e posteriormente a ele retornar na sua jornada em direção à Luz. Assim, o Companheiro demostra que pela sua evolução é senhor dos caminhos pelo Ocidente da Sala da Loja.
Prosseguindo na jornada, alcança-se por fim o final da senda iniciática – a plenitude maçônica, ou o Grau de Mestre Maçom.
Agora como senhor de todos os quadrantes da Loja, desde o Ocidente até o Oriente e do Norte até o Sul, entre o Esquadro e o Compasso o Mestre completa a sua Marcha.
A plenitude do trajeto iniciático somente será alcançada pela consecutiva conclusão de todas as etapas da jornada do simbolismo, isto é, no REAA marchando como Aprendiz, como Companheiro e por fim efetuando os caminhares do Mestre. Na realidade a sinopse dessa plenitude corresponde ao trajeto completo da senda iniciática maçônica. Por oportuno cabe mencionar que a Moderna Maçonaria Universal (simbolismo) é composta apenas e tão somente por três graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre. É bom que se diga que a mais antiga, a Maçonaria de Ofício, se constituía apenas de duas classes de trabalhadores.
Retomando os comentários sobre a Marcha do Mestre, os t\ últimos pp\ que completam simbolicamente a sua jornada remontam, no REAA, à alegoria da morte e do renascimento da Natureza.
Sob essa égide esse teatro emblemático tem o desiderato de demostrar sequencialmente os ciclos naturais (estações do ano). Em linhas gerais essa alegoria procura demonstrar o alcance da maturidade (plenitude, experiência) e o descanso à meia-noite (morte).
Nesse contexto cada passo do Mestre simboliza o trajeto (eclíptica) na revolução anual do Sol, destacando que nessa alegoria Hiran, na concepção deísta do Rito é o Sol que morre no inverno deixando dele a Terra sua “viúva”. Assim, é imperativo que o maçom compreenda essa representação ao mesmo tempo em que se afaste das interpretações fantasiosas, temerárias e desprovidas de justificativas.
No tocante à Marcha em si, o Mestre como que a transpassar por sobre um e\ simbólico, imitando o deslocamento do Sol de um para o outro hemisfério, dá, a partir da conclusão da Marcha de Companheiro, na forma de costume e com o p\ dir\ um p\ em direção à Coluna do Sul (em seguida junta ao seu p\ dir\ normalmente o p\ esq\) - o ponto ao Sul alcançado pelo primeiro passo representa solstício de inverno no hemisfério Norte.
Prosseguindo, a partir dai e representando a volta do Sol do Sul para o Norte, o Mestre, como que ainda a transpassar por sobre um e\ simbólico, dá outro p\, porém agora com o p\ esq\, em direção à Coluna do Norte (em seguida junta ao seu p\ esq\ normalmente o p\ dir\) – o ponto ao Norte alcançado pelo segundo passo representa o solstício de verão no hemisfério Norte.
Por fim o Mestre, ainda como que a passar por sobre um e\ simbólico, dá com o seu p\ dir\ o terceiro e último passo em direção ao equador do Templo como que a se preparar para ingressar no Oriente da Loja (junta em seguida o seu p\ esq\ ao p\ dir\ formando pelos cc\ uma esq\).
Esotericamente essa alegoria procura demonstrar que os tr\ pp\ finais elevados do Mestre desenham figuradamente no espaço a trajetória anual do Sol, isto é, a sua ida e a sua volta de um para outro hemisfério, o que confere ao Planeta Terra as suas estações do ano. Ficam assim demonstrados, à direita e à esquerda, os solstícios de inverno e de verão, cujas datas, caras aos nossos antepassados (Maçonaria Operativa) correspondem a João - o Batista e a João - o Evangelista. Dessa característica solsticial as Lojas ficariam mais tarde sendo conhecidas também como as “Lojas de São João”.
Assim sendo, esse teatro simbólico que associa o Homem à Natureza representa toda a jornada iniciática maçônica do simbolismo – infância, juventude, maturidade e morte. Em suma essa alegoria solar representa o aperfeiçoamento do iniciado que, tal qual a Natureza cumpre o seu ciclo, morrendo no inverno para renascer na Luz. A Marcha completa, do Aprendiz ao Mestre, resume todo esse corolário iniciático.
Por óbvio essa é apenas uma explicação sintética de toda essa jornada que propõe o aperfeiçoamento do maçom conforme o arcabouço doutrinário do REAA. A regra é a de que investigando constantemente a Verdade o Iniciado cumpra todas as três etapas iniciáticas.
A título de esclarecimento, os oito passos que se dão a partir do Aprendiz até o Mestre têm no REAA origem nos tempos dos seus primeiros rituais em França a partir do século XIX. Nessa época, a Marcha era única e simplesmente se constituía por “oito passos normais”. Somente mais tarde, a partir dos meados desse mesmo século é que com a evolução dos rituais essa jornada seria dividida em três etapas relativas a cada grau simbólico. Atualmente esses “oito passos” permanecem, porém quando somados os de Aprendiz, os de Companheiro e os de Mestre. Destaque-se que a Marcha completa do Companheiro se dá a partir da do Aprendiz. Já a do Mestre se dá a partir da do Aprendiz passando pela do Companheiro. Salvo a Marcha do Aprendiz, a dos dois outros graus somente se completa seguindo sequencialmente a(s) Marcha(s) anterior (es).
Dado os comentários é esse o significado superficial das Marchas no simbolismo do REAA. Cada conjunto por grau completa uma etapa iniciática, portanto não faz sentido interpretações individuais de cada passo como a que fora mencionada na sua questão. Destarte os significados de cada ciclo iniciático, a alegoria somente se completa no encerramento da jornada, cuja qual exalta a plenitude maçônica adquirida ao se receber o salário na Câmara do Meio.
Concluindo, se isso puder ajudá-los, me resguardando da atitude de não revelar segredos e ser escrachado pelos puristas de plantão, esses são os meus comentários.


T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2019

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

TRANSFORMAÇÃO DA LOJA - VI


Em 02/10/2018 o Respeitável Irmão George Toufic Junior, Loja Calixto Barbosa, 2854, REAA, GOB-MT, Oriente de Claudia, Estado do Mato Grosso, apresenta a questão seguinte:

TRANSFORMAÇÃO DE LOJA


Tenho lido vossos artigos, que são peças de grandes informações e relevância maçônica, meus parabéns. Na oportunidade felicito o irmão, em especial ao que tange a matéria "Transformação em Loja", que foi questionamento do Irmão Mar Sakashita, em 15 de abril de 2012.
Estou passando pela mesma situação, e não encontro amparo literário nos rituais, para poder argumentar com os irmãos em especial os mais velhos, sobre transformar a Loja de Aprendiz, diretamente em Loja de Mestre.
Confesso que comungo da mesma ideia do irmão, de que é possível, tal feito, mas gostaria que me auxiliasse, com materiais pertinente a isso para poder arguir nossas conclusões.

CONSIDERAÇÕES.

Em que pese eu tenha enfatizado na resposta dada em 2012 e mencionada na sua questão de que no REAA\ genuinamente é possível se transformar uma Loja do Grau 01 para o Grau 03 sem antes se passar pelo Grau 02 - o que reafirmo que é verdade - em algumas situações, entretanto, isso pode parecer contraditório.
Veja, no caso da transformação de Loja no GOB\, devido ao que mencionam os seus rituais do REAA, me parece que existe a obrigação (se a transformação for partir do Primeiro Grau) de antes se passar pelo Grau de Companheiro até se chegar à transformação definitiva (Grau de Mestre).
Digo isso porque existe, sobretudo na Maçonaria latina, a obrigatoriedade de se seguirem os rituais em vigência e, nesse sentido, os rituais simbólicos do GOB preveem as respectivas transformações da Loja, porém do Primeiro para o Segundo Grau e a posteriori do Segundo para o Terceiro Grau.  Não há neles previstas transformações do Primeiro, diretamente para o Terceiro.
Assim é o que menciona o ritual de Companheiro do REAA na sua página 22 e seguintes onde está prevista a transformação da Loja de Aprendiz para a de Companheiro, enquanto que no ritual de Mestre, desse mesmo Rito, na sua página 42 e seguintes está prevista a transformação da Loja de Companheiro para a de Mestre. Note que não existe no Ritual de Mestre nenhuma alusão à transformação direta da Loja de Aprendiz para a de Mestre.
Faz-se oportuno mencionar que essas transformações previstas ritualisticamente nos rituais acima aludidos, também trazem a transformação inversa, ou de retorno, sendo do Grau de Mestre para o Companheiro e deste para o de Aprendiz. Note que neles também não existe transformação inversa direta do Mestre para o Aprendiz. Inversamente por primeiro transforma-se a Loja do Grau de Mestre para o Companheiro e por fim da de Companheiro para o de Aprendiz – reforço: isso nos rituais do REAA do GOB.
Assim, embora eu tenha dito e reafirmado em outras oportunidades (e continuo reafirmando) que originalmente no REAA\ é natural à transformação direta do Grau 01 para o Grau 03, não há, no caso do GOB, nenhuma orientação para tal, o que me obriga a dizer, sobretudo agora como Secretário Geral, que mesmo contrário à tradição, nesse caso se acompanha o previsto nos rituais.
É oportuno ainda se esclarecer que na Maçonaria de vertente francesa, geralmente os trabalhos podem ser abertos diretamente no Grau de Aprendiz, ou de Companheiro, ou ainda no de Mestre. Entretanto, no Craft (origem inglesa) esse costume não é comum, pois em qualquer situação a Loja será sempre aberta a partir do Primeiro Grau. Assim, para se trabalhar no Grau de Companheiro é preciso que por primeiro a Loja seja aberta regularmente no Grau de Aprendiz para que na sequência haja a abertura no Segundo Grau. Do mesmo modo, uma Loja de Mestre é primeiramente aberta no Primeiro Grau, em seguida no Segundo Grau e por fim no Terceiro Grau.
Para o encerramento nesse sistema, procede-se da mesma forma, mas em ordem decrescente, de modo que o encerramento definitivo da Loja se dê sempre no Grau de Aprendiz. Comumente esse retorno é chamado de reversão. Um detalhe importante nessa prática inglesa é que a cada Grau a Loja é aberta, ou encerrada, com a execução plena da sua ritualística. Originalmente nela não há “abreviações”.
Antes de concluir é imperioso comentar que os procedimentos litúrgicos não raras vezes se diferem entre as duas principais vertentes maçônicas (a francesa e a inglesa). Ademais, seguem-se, mesmo que contraditórios, os rituais em vigência.
Por fim eu sugiro ao Irmão que confira o aqui comentado (sobre a prática de transformação de Loja) nos rituais do GOB em vigência. Já no tocante às tradições do REAA, nada melhor do que se pesquisar nos rituais autênticos encontrados na França a partir da evolução dos mesmos no século XIX.

E.T. 1 – O termo Craft (grêmio, ofício) aplica-se no GOB ao conhecido e inominado título de Rito de York.

E.T. 2– Assim como é equivocada a prática de abertura e encerramento ritualístico com um só golpe de malhete, também são equivocadas as tais “meias-transformações” de Loja. Transformar uma Loja requer o mínimo de observação da liturgia própria de cada rito. Entenda-se que não existe “meia loja” aberta. A preguiça é um vício, portanto como tal deve ser combatido nas lides maçônicas.

T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2019


domingo, 6 de janeiro de 2019

COR ENCARNADA NA DECORAÇÃO DO REAA


Em 03/01/2019 o Respeitável um Irmão pertencente ao Quadro da Loja Irmão Augusto Nogueira Paranaguá, 4.540, REAA, GOB-PI, Oriente de Corrente, Estado do Piauí, apresentou a seguinte questão:

COR NA DECORAÇÃO DO REAA


Poderoso Irmão, estou encomendando os móveis (mesas, altares) para nossa Loja. Eles poder ser da cor do Rito Vermelha?

CONSIDERAÇÕES

A cor autêntica da decoração do REAA, segundo o oficial Conselho de Lausanne realizado na Suíça em 1875, é o “vermelho encarnado”, também conhecido como a cor do cardeal, costume esse herdado nas origens “jacobitas” (católicos) do escocesismo.
Quanto ao matiz oficial do Rito utilizado no Grande Oriente do Brasil, inclusive mencionado no Ritual de Aprendiz em vigência na sua página 19, é o de que as almofadas, cortinas e, se for o caso os assentos e os encostos das cadeiras sejam na cor vermelha encarnada.
Na realidade no REAA, além das mencionadas acima, recomenda-se também que o dossel, toalhas e tapeçarias sejam predominantemente vermelhos.
Quanto aos móveis especificamente, os mesmos têm sido geralmente em madeira mantidos na sua cor natural, não existindo nenhuma orientação específica para que esses sejam também vermelhos.
Caso seja essa a ideia, a de confeccionar móveis de matiz vermelho, penso que isso, por uma questão de gosto, fica a critério da Loja.
Nesse sentido, reafirmo que os mais comuns mesmo são os elementos de cor encarnada como os anteriormente mencionados, destacando que as franjas e galões, em eles existindo que sejam então dourados.
A título de explicação, alegoricamente num templo do escocesismo simbólico devem existir elementos constituídos por madeira (vitalidade), pedra (estabilidade) e ouro, representado pelas partes douradas (espiritualidade).
Essa é uma explicação genérica para o Rito, destacando-se que ela é bastante comum nos graus de Aprendiz e Companheiro, já que na Câmara do Meio, alguns elementos decorativos devem prevalecer na cor condizente à representação que se dá ao ambiente naquela ocasião – as franjas e galões, nessa ocasião, serão na cor prateada.


T.F.A.


PEDRO JUK

JAN/2019