quinta-feira, 9 de setembro de 2021

SILÊNCIO DOS APRENDIZES E COMPANHEIROS

 

Em 12/02/2020 o Respeitável Irmão Olgmar Eudes de Matos, Loja União Fraterna de Campo Limpo de Goiás, REAA, GOB-GO, sem mencionar o Oriente, Estado de Goiás, apresenta a questão seguinte:

 

SILÊNCIO DOS APRENDIZES E COMPANHEIROS.

 

Muito embora eu tenha o CIM de numeração bem antiga, fato que decorre de eu ter ficado em adormecimento por mais de 40 anos, tendo retornado em janeiro deste ano ao meio maçônico, causou-me surpresa ao ler o Regimento Interno da Loja, as condições de manifestações de Irmão Aprendiz e Companheiro, durante as reuniões, ou seja "que podem se manifestar somente quando conclamado a fazê-lo ou em decorrência de situação de relevância", o que me gerou muitas dúvidas sobre a determinação contida no Regimento Interno.

Procurei na Constituição e no RGF e não encontrei óbices à fala de qualquer Irmão em


sessões regulares. Pode ser falha minha em não ter notado tal determinação nas Regulamentações superiores.

Mas, como sou e serei um eterno aprendiz e gosto de saber das coisas maçônicas, consultei o nosso Valoroso Venerável e outro Irmão do Quadro e as respostas não supriram ou satisfizeram meu desejo de saber, para um melhor polimento da minha pedra bruta, dormente em minha pessoa.

Quando leio o Símbolo Maior da Ordem: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, encontro aí, um grande paradoxo com a realidade Regulamentar Interna da Loja, que parece estar em confronto, com a bandeira maçônica, tão venerada por todos nós.

Daí, informado pelo nosso zeloso Venerável, de sua Sabedoria e Didática nos conhecimentos maçônicos, venho perguntar-lhe sobre tal dúvida, além do que, acho eu, que é quando se é Aprendiz e Companheiro que mais precisamos de esclarecimentos dos Irmãos Mestres e até mesmo podermos dar ideias em questões em discussão nas sessões. Mais cabeças pensam melhor que menos cabeças, penso aí adaptando um dito popular.

Se possível e sem causar transtornos ao Nobre e Poderoso Irmão, agradeceria pelos ensinamentos quanto à matéria.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Em se tratando do REAA, o mencionado silêncio dos Aprendizes e Companheiros é apenas simbólico, portanto, não deve ser tomado ao pé da letra como se os portadores dos dois primeiros graus devessem literalmente permanecer mudos em Loja.

Ora, compreenda-se que a alegoria do silêncio é relativa ao conhecimento do iniciado. Desse modo o Aprendiz representando a infância, ou a etapa inicial, requer ainda vencer uma ampla jordana de aprendizado. Usando também da sua intuição e amparado pelos Mestres da sua Loja, observador, ele segue paulatinamente a senda do aprimoramento.

Vários aspectos iniciáticos sugerem essa representação alegórica, pelo que podemos citar, por exemplo, a Pal Sagr e a sua forma única de ser transmitida no 1º Grau, isto é sol. Aludindo ao princípio ou os primeiros passos, o iniciado na etapa primitiva ainda não sabe ler, somente sol. Emblematicamente, sugere-se ao iniciado a possibilidade de progresso pelo aprendizado, respeitando as regras e a ordem natural.

O silêncio nesse caso é a reflexão sobre cada etapa a ser vencida na jornada. O silêncio aqui não é o de ficar com a boca fechada, mas é o silêncio da introspecção daquele


que caminha do Ocidente (ocaso) em direção ao Oriente (nascente).

Utilizando-se do silêncio para as coisas que ainda não lhe foram reveladas, o Aprendiz pode, com critério, pedir a palavra para se manifestar em assuntos que lhe são pertinentes. O Aprendiz, por exemplo, se submete a interrogatórios para aumento de salário e apresentação de peças de arquitetura. Por aí se vê que o silêncio não é absoluto, mas inerente àquilo que ainda não lhe é permitido perscrutar.

Com o Companheiro é a mesma coisa, a despeito de que ele demonstra mais conhecimento haurido do progresso das suas instruções. O emblema dessa evolução é o número maior de luzes litúrgicas acesas na Loja de Companheiro.

A sua idade simbólica, por si só já demonstra essa evolução. Não à toa que no REAA a Pal Sagr no 2º Grau é transmitida por ssíl. O progresso é demonstrado pela evolução da forma sol para a sil.

Assim, o silêncio nesse grau denota responsabilidade. Primeiro a de não perscrutar aquilo que só lhe será permitido quando ele alcançar a C do M. Segundo é a de não revelar a um Aprendiz os segredos do Grau de Companheiro. O silêncio iniciático se revela na sua construção interior, onde nenhum ruído se ouve pela utilização das ferramentas.

Tal como o Aprendiz, o Companheiro se submete às verificações de costume para o seu aumento de salário, portanto ele pode perfeitamente se manifestar em Loja, desde que seja sobre assuntos que lhe são permitidos.

Concluindo, devo reiterar que essas são considerações pertinentes ao REAA. Isso implica que não se trata de um comentário generalizado, a despeito de que cada rito possui a sua característica, podendo assim existirem outros procedimentos que não corroboram com os aqui apresentados. Isso inclusive explica de o porquê dos regulamentos da Obediência não atuarem em assuntos que constroem a forma litúrgica e ritualística de cada rito. Entendo que o Regimento Interno de uma Loja, no mínimo de ser coadunar com o que preconiza o rito por ela adotado.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

SET/2021

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