quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O TRONO E O SUBSTITUTO DO VENERÁVEL MESTRE

Em 10.10.2022 o Respeitável Irmão Marcus Vinicius Mendes dos Santos, Loja Amor e Luz, 1159, REAA, GOB-GO, Oriente de Pires do Rio, Estado de Goiás, faz a seguinte pergunta:

 

CADEIRA DE SALOMÃO

 

Alguns irmãos de minha Loja me questionaram como Orador que no caso da ausência do Venerável Mestre numa sessão ordinária o Primeiro Vigilante sendo o substituto direto do Venerável Mestre e não sendo Mestre Instalado, não poderia se assentar na cadeira de Salomão, mas numa das duas ao lado desta. Em meu entendimento a cadeira de Salomão é destinada ao presidente da sessão, o Venerável Mestre na Sessão, podendo assentar nesta cadeira e tendo apenas como impedimento presidir sessões magnas por não ser Mestre Instalado. Procede esse impedimento no REAA.

Desde já agradeço,

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Não existe nenhuma determinação indicando que na ausência do Venerável Mestre o seu substituto legal (o 1º Vigilante), caso não seja um Mestre Instalado, não possa ocupar a cadeira central do altar principal da Loja.

Ora, um substituto legal ocupa o cargo e o lugar do titular ausente.

É improcedente essa ideia de que o substituto não possa ocupar a grande cadeira da Loja (Great Chair) e assim tenha que dirigir os trabalhos de uma cadeira lateral.

Tenho dito que muito antes de aparecer a figura do Mestre Instalado na Maçonaria, na época da Maçonaria de Ofício, quem substituía numa eventual ausência do Mestre da Loja, ou da Obra, era o 1º Vigilante. Vem daí o costume imemorial e universalmente aceito de que uma Loja maçônica é sempre dirigida por três Luzes.

À luz da razão, Instalação nada mais é do que a posse do dirigente da Loja, em que pese terem aparecido algumas lendas sustentadas por um esoterismo duvidoso e discutível.

Outro aspecto que ajuda a colocar por terra essa sandice, é que o “Trono de Salomão” é apenas uma denominação figurada na Maçonaria, pois historicamente o trono do Rei não ficava em um templo, mas no seu palácio. Vale mencionar que falar de Maçonaria nos tempos do Rei Salomão é apenas uma lenda, e como tal não tem compromisso com a realidade histórica.

Nos tempos primitivos do ofício, a partir do século X, não existiam graus especulativos, contudo o que havia eram classes de trabalhadores, a dos Aprendizes Admitidos e a dos Companheiros do Ofício. Desse modo, as Lojas (oficinas de trabalho, alojamentos) eram sempre dirigidas por um Companheiro experiente, o qual era então denominado como Mestre da Obra, ou da Loja. Esse dirigente era assessorado por dois Wardens (diretores, zeladores) que mais tarde seriam os Vigilantes.

Como diz o caso, “sem que do nó se conheça o ponto”, os achistas vão inventando incoerências como essa - a do substituto legal ter que dirigir os trabalhos de uma cadeira lateral ao trono que permanece vazio.

Por fim, é verdade que há situações em que na ausência do Venerável Mestre o seu substituto de fato precise ser um Mestre Instalado, preferencialmente o ex-Venerável mais recente da Loja. Isso ocorre nas sessões magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação por conta das consagrações dos candidatos (dar dignidade ao grau). Nessa ocasião o titular do 1º malhete, por dever de ofício, terá que empunhar em determinado momento da cerimônia a Espada Flamejante. Vale lembrar que há um regra estabelecida no REAA onde somente um Mestre Instalado é quem pode empunhar a Espada Flamejante.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

http://pedro-juk.blogspot.com.br

jukirm@hotmail.com

 

 

FEV/2023

2 comentários:

  1. Ir Pedro Juk, esta dúvida que o Ir apresenhou acima é devida, infelizmente, ao fato de que muitas Lojas (funcionando há muitos anos) herdaram esta situação do Vig ter assento na cadeira à direita (por não "ser instalado") quando na substituição do VM. Esta herança se faz devido às inúmeras alterações dos rituais e de não ter existido, anteriormente, um sistema de orientação! Cada Loja fazia da forma de que bem entendia ou seguindo aos antigos usos e costumes. Tfa

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    1. A falta de informação e o comodismo acabam criando penduricalhos que de certo modo se tornam consagrados. Antes de atacar o efeito, seria bom explicar a causa lembrando que até 1968 o GOB não possuía esse cerimonial inventado por Nicola Aslan de instalação esotérica, com sinais, lendas, etc., etc. A pedido de Álvaro Palmeira, Moacir Arbex Dinamarco embarcou nessa viagem pela maionese e adotou o ritual de Instalação de Aslan, se curvando assim aos costumes das Grandes Lojas Estaduais Brasileiras. É bom que se diga que Nicola Aslan pertencia à Grande Loja antes de ingressar no GOB. Não obstante o REAA nunca possuir originalmente esse tipo de instalação, Aslan ao elaborar o "monstrinho" não levou em consideração a pluralidade de ritos praticados no GOB. Daí de cara já aparecerem contradições por conta de inversões e costumes diferenciados. Por vai. T.F.A. Grato pela participação.

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