sexta-feira, 21 de abril de 2023

INICIAÇÃO - CONDUÇÃO DO CANDIDATO AO TEMPLO

Em 09.12.2022 o Respeitável Irmão Carlos Resende, Loja Cavaleiros do Sol, 3195, GOB-MS, REAA, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, formula o que segue:

 

A CONDUÇÃO DO CANDIDATO AO TEMPLO

 

Eminente Irmão, que o GADU te permita sempre iluminado e com muita saúde e paciência conosco, para que nos transmita suas Luzes.

Sabemos que muitas Lojas, inclusive a minha, têm algumas tradições que vem lá de trás e que são quase imutáveis.

Me refiro aqui ao "tour" realizado pelos Irmãos que vão buscar o candidato, passando pela Maternidade (falando sobre nascimento, igualdade no nascimento dentre outras coisas). Depois se vai até a porta de uma Delegacia de Polícia e ali mais um discurso de que o Maçom deve evitar entrar ali como delinquente/infrator, a não ser para visitas;

E, por último, se leva o candidato até ao cemitério, orientando-o a buscar uma sepultura qualquer, acender um pacote de velas e ficar lá por algum tempo, meditando.

Depois, vem o discurso para que o candidato reflita sobre a morte, etc... etc...

Em seguida, se v o candidato e segue para entregá-lo ao Irmão Ter na porta do Templo.

Eu mesmo já fiz isso como candidato e também como condutor.

Enfim, este é, resumidamente, o que se pratica em algumas Lojas.

Ocorre que, quanto mais leio e interpreto as orientações Ritualísticas, aliando-se às evoluções e aos perigos de se conduzir uma pessoa vend pelas ruas, mas me convenço que nosso Ritual de Aprendiz e o SOR deixam claro que a INICIAÇÃO começa ali na porta do Templo com o Irmão Ter. E que todas essas encenações pelas ruas são desnecessárias e temerárias. Sob a minha interpretação, tudo isso que tentam passar ao candidato está implícito e aos olhos do candidato lá na Câmara de Reflexão em toda a simbologia lá existente. E que, nas primeiras Sessões ao neófito, isso deveria merecer um bom Tempo de Estudos.

Claro que posso estar totalmente errado nas minhas interpretações, e é por isso que agradeceria receber mais uma aula de sabedoria do Eminente Irmão.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

De início devo salientar que de fato nenhuma dessas encenações constam no nosso Ritual e nem no SOR.

É de fato inacreditável até aonde chega a imaginação e o poder de criação de alguns, ao ponto de fazer com que a Maçonaria enverede por caminhos tortuosos e temerários.

Ora, Maçonaria, ao que consta, nada tem a ver como maternidade, delegacia de polícia e muito menos com necrópoles.

Ao que parece é que a falta total de conhecimento sobre os verdadeiros propósitos da Sublime Instituição acaba fazendo com que alguns Irmãos se dediquem a inventar procedimentos que desrespeitam tudo o que está legalmente previsto, no caso no Ritual do REAA em vigência no GOB.

É preciso avisar alguns que o que deve ser seguido está no Ritual e o SOR, dispensando-se, portanto, qualquer justificativa que evoque costumes e tradições da Loja. Se assim fosse, então ritual serve para quê?

Também não se justificam desculpas esfarrapadas do tipo de que todas essas barbaridades ocorrem extra loja, ou seja, antes da cerimônia de Iniciação.

Ora, é oportuno mencionar que o ato iniciático começa quando um ou mais Irmãos, como guias e em nome da Maçonaria, conduzem o Candidato do aconchego do seu lar até o edifício da Loja.

Assim, vale alertar aos “inventores” de práticas não previstas, para que antes conferissem o que consta no Ritual de Aprendiz em vigência do REAA/GOB, item 3.4.1.1, Iniciação – Preliminares; páginas 95, 96 e parte da 97. Certamente que não encontrarão nada que combine com o bizarrismo de se andar por maternidades, delegacia de polícia e cemitérios no dia da Iniciação.

A propósito, é oportuno mencionar os dois parágrafos iniciais das preliminares acima citadas que constam do ritual. Por si só elas já demonstram a magnitude de uma cerimônia iniciática:

“A Iniciação é o primeiro contato (o grifo é meu) ativo que o prof, agora candidato tem na Ordem, consequentemente deve ser solene e grave (o grifo é meu)”.

“Recomenda-se não iniciar mais de três candidatos (o grifo é meu), em uma única Sessão Magna, sendo o ideal um só candidato (o grifo é meu), dada a importância para o nascimento do Maçom (o grifo é meu)”.

Nesse contexto, o ritual também menciona que o Candidato desvend é introduzido no edifício e entregue ao Exp e ao Tes. Isso por si só já demonstra que o candidato somente será vend depois que estiver dentro do edifício que abriga a Loja.

Não se admite candidato vend antes do que está previsto justamente para que se evitem prováveis dissabores com autoridades policiais por conta de uma enganosa interpretação que confunda a condução do Candidato com uma ação criminosa. Nessa condição, o desrespeito ao Ritual é também um ato de irresponsabilidade, pois pode colocar a Ordem Maçônica em uma situação no mínimo embaraçosa.

Já que o assunto é o devido respeito pelo Ritual, vale também lembrar que o Ritual e o SOR recomendam, dada a solenidade do ato, um máximo de três candidatos na Iniciação, enfatizando que o ideal seria apenas um.

Infelizmente, nessas circunstâncias ainda há Lojas que desrespeitam essa recomendação, iniciando vários candidatos de uma só vez, ou seja, mais que o recomendável pelo ritual, fazendo com isso Iniciações por atacado como fossem verdadeiros mercados de peixe.

Nessas condições, certamente o iniciado nunca viverá a verdadeira Iniciação, isto é, estará longe de compreender filosoficamente o ato inicial da transformação.

Desse modo, ao concluir reitera-se que uma iniciação maçônica nada tem a ver com maternidades (setor hospitalar para mulheres no último estágio da gestação), com delegacias de polícia (repartição em que o delegado exerce a sua função) e nem com cemitérios (lugar onde se enterram e guardam os mortos).

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

ABR/2023

 

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