domingo, 9 de junho de 2019

ESTILO ARQUITETÔNICO DAS COLUNAS VESTIBULARES


Em 01/02/2019 o Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:

COLUNAS VESTIBULARES


Li a vossa consideração sobre as CCol\ Vestibulares que devem ser da ordem (se assim estiver correto) ou estilo egípcias. Talvez já tenha abordado este tema com o Irmão, mas não encontrei a resposta na vossa pasta em meu computador. Cumpre informar que é uma senhora pasta de respeito, desde os antigos tempos do JB News.
Também questionei a esse respeito o Ir\ José Castellani que foi categórico e esculhambou meus argumentos: as CCol\ são do tipo Egípcio.
Na minha santa ignorância, as CCol\ egípcias tinham vários formatos, nem sempre em representação do lótus e sempre feitas de pedra calcária, mais fácil de lapidar.
Outrossim, sendo os israelitas de origem Cananéia, penso que as CCol\ deviam seguir a ordem das CCol\ desta cultura, como se vê em algumas imagens de templos ou nas placas de argila, ou seja: retas ou cônicas.
Como, se realmente existiram tais CCol\, assim como o famoso Templo de Salomão, elas poderiam ser produzidas em forma de lótus em bronze e ainda ocas com a tecnologia daquela época?
Além, onde está escrito que eram em forma de lótus, se ainda hoje não foi encontrado nenhum vestígio do Templo de Salomão e, por conseguinte das CCol\.
Parece que a Bíblia não informa o estilo das CCol\, embora ela seja um conjunto de histórias que foram transmitidas verbalmente até o cativeiro na Babilônia.
Não estou contestando a vossa consideração, tampouco desmerecendo a vossa cultura, apenas não me conformo com esta determinação dentro dos meus parcos limites de conhecimento quer maçônicos quer profano e procurando, humilde e fraternalmente, luzes para esta nebulosa (para mim) interpretação.
Com um grande e fraterno abraço ao mesmo tempo que rogo desculpas se fui grosseiro ou imprudente.

CONSIDERAÇÕES.

Caro Irmão, esse ideário maçônico, criado para formatar uma alegoria, não trata de originalidade histórica. Na realidade, muitas dessas instruções foram hauridas das lições Prestonianas, pois Sir William Preston, primeiro professor de Maçonaria, precisava dar sentido dialético e didático para os seus ensinamentos maçônicos.
Aproveitando-se de diversas manifestações hauridas da civilização humana, Preston criou para a Maçonaria um sistema de preleções para instruir os obreiros nas Lojas. É bem verdade que muitas vezes essas instruções vinham temperadas por influências religiosas, sobretudo pelo contexto social e religioso que reinava na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII.
No tocante às duas Colunas do pórtico do Templo e a Maçonaria, as Colunas Gêmeas é um desses casos. Tratá-las no instrucional maçônico não significa se estar perscrutando academicamente suas raízes históricas (em alguns pontos até é possível, mas não no geral). Assim, muitas exterioridades tratadas nas instruções maçônicas não passam de um conjunto de ideias cujo objetivo é contextualizar pelo exemplo os ensinamentos na Maçonaria – aparecem como símbolos, emblemas e até mesmo como narração alegórica onde o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades. Foi nesse contexto que escrevi que as Colunas do Pórtico eram babilônicas, isso porque à época presumida do Primeiro Templo era comum os formatos desproporcionais desses pilares, cujos quais geralmente possuíam o formado de um falo, sobretudo porque os antigos povos o adoravam como símbolo de fecundidade da Natureza. Essas Colunas (babilônicas), que não tinham o propósito de sustentação, possuíam formatos desproporcionais e eram adornadas muitas vezes por motivos egípcios, tais como papiros gigantes e flor de lótus. A flor de lótus simbolizava a exuberância da Natureza revivida, enquanto as folhas de papiros simbolizavam a espiritualidade, onde Isis havia construído com folhas de papiros um barco para procurar os despojos do seu marido-irmão Osíris, este assassinado por Set (ou Tifão) – Lenda de Osíris, Isis e Hórus (cultos solares da antiguidade).
Aliás, era comum os egípcios estilizarem as colunas dos seus templos como fossem gigantes pés de papiros que brotavam do solo em direção ao firmamento (tetos decorados com estrelas) – o Mundo e o Universo.
A bem da verdade todas essas representações tinham a finalidade de constituir uma alegoria natural. A fertilidade da Natureza nada mais é do que um produto dos cultos solares da antiguidade. As Colunas do pórtico do Templo representavam os limites da movimentação do Sol na sua eclíptica anual. Dado a isso é que essas Colunas B e J não eram “pilares de sustentação”. A sua presença fálica e desproporcional (comuns às babilônicas) marcava a fertilidade do verão e o adormecimento da Natureza no inverno.
Por assim ser, não dá para tratar dessa questão como aspecto acadêmico da arqueologia, porém como elementos do simbolismo utilizados pela Maçonaria Especulativa como pano de fundo na criação de uma instrução que traz nas suas entranhas lições de aprimoramento baseadas no reciclar da Natureza.
Veja o que o Mestre Theobaldo Varolli Filho idealizou como instrução maçônica tendo por base uma das Lições Prestonianas utilizadas nas preleções inglesas e que envolvem as Colunas do pórtico do Templo:
“As duas CCol\ são tidas como 18 côvados de altura, 12 de circunferência, 12 de base e 5 nos capitéis, num total de 47. Suas dimensões estão contra todas as regras de arquitetura, para mostrar que a Sabedoria e o Poder do Divino Arquiteto estão além das dimensões e dos julgamentos dos homens; são de bronze para resistir o dilúvio, isto é, à barbárie, pois o bronze é o emblema da eterna estabilidade das Leis da Natureza, base da doutrina maçônica. São ocas para guardar os utensílios apropriados aos conhecimentos humanos; enfim, as romãs são símbolo equivalente ao feixe de Esopo: milhares de sementes contidas no mesmo fruto, numa mesma substância, num mesmo invólucro, imagem do povo maçônico, que por mais multiplicado que seja, constitui uma mesma família. Assim a romã é o símbolo da harmonia social, porque somente com as sementes apoiadas umas às outras é que o fruto toma a sua verdadeira forma”.
Veja meu Irmão, embora um pouco temperada pelo teísmo inglês, essa preciosidade de instrução não trata da história, porém da aplicação de filosofia, onde o teatro iniciático é montado feito um mosaico de símbolos para arranjar uma alegoria.
Nesse sentido, muitas características construtivas, como é o caso das Colunas, não podem ser levadas historicamente ao pé da letra, já que as mesmas não têm esse desiderato no emblema de fundo maçônico. Essa é a identidade do ecletismo maçônico, juntar inúmeras manifestações do pensamento humano para criar a sua doutrina.
Foi o que eu pude entender da sua súplica, podendo, entretanto, não ter sido satisfatória a resposta, pelo que desde já me penitencio.



T.F.A.

PEDRO JUK


JUNHO/2019

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