sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

SÃO JOÃO NA MAÇONARIA

 

Em 25.06.2020 o Respeitável Irmão Walter Vieira, Loja Torre do Médio Jequitinhonha, 2.326, REAA, GOB-MG, Oriente de Medina, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte:

 

SÃO JOÃO NA MAÇONARIA.

 

Sobre "São João" ser considerado o padroeiro/patrono da Maçonaria de uma forma universal. Essa afirmação tem base para ser considerada verdadeira ou é válida somente para alguns ritos? Minha dúvida sempre surgiu em razão dele ser citado somente em alguns ritos mais "teístas" e não em todos os ritos. Aproveitando, há algum documento oficial da fundação da GLUI ou dos primórdios da Maçonaria especulativa que o cita como padroeiro/patrono?


Na mesma linha, "São João" é figura presente em quais ritos praticados pelo GOB, por curiosidade?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Ambos, João, o Batista, como João, o Evangelista, são personagens comemorados na Maçonaria em geral. Muitos acontecimentos históricos a ela pertinentes possuem relação com as datas comemorativas desses dois santos padroeiros – posse de Grão-Mestres, Lojas de Mesa, datas de fundação, etc.

Isso porque a Moderna Maçonaria, especulativa por excelência, é oriunda da Franco-Maçonaria - organização de pedreiros profissionais que floresceu na Idade Média.

No período do ofício, essas associações de canteiros profissionais floresceram e cresceram à sombra da Igreja, portanto não é de se estranhar a sua influência sobre essas corporações de artesãos da pedra calcária (vide a sua história).

Historicamente, os personagens “Joões” apareceriam atrelados às datas solsticiais do verão e do inverno após a adesão do Imperador Constantino ao Cristianismo a partir do ano 313 d.C.[i] e a sua consolidação no ano 380 d.C. pelo Imperador Teodósio I.[ii] Com o advento do Cristianismo no Império Romano a Igreja teve que adequar seus santos religiosos às comemorações pagãs dos romanos.

Assim, correlatos aos solstícios de verão e de inverno no hemisfério Norte, o Batista e o Evangelista se firmariam como padroeiros da Maçonaria, já que ambos os solstícios eram datas importantes para os ciclos de trabalho nas construções da época – atividade total na primavera, verão e outono e o descanso nas agruras do inverno setentrional.

Foi por esse feitio que João, o Batista e João, o Evangelista assumiram o patronato amplo e geral da Maçonaria.

Com a posterior profusão de vários ritos pelo advento da Maçonaria dos Aceitos, alguns ritos até mencionam outros personagens icônicos, contudo, o Batista


e o Evangelista, sempre estarão presentes nas datas solsticiais em todos os ritos maçônicos.

Reitero, os personagens João, o Batista e o Evangelista são oriundos de um período muito antigo e trazem resquícios dos nossos ancestrais que se firmaram na história como origens de muitas práticas maçônicas. Foi com relação a esses personagens que as Lojas ficariam conhecidas como “as Lojas de São João”.

Outros comentários a respeito podem ser encontrados no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br

Dando por concluído, devo salientar que existem aspectos que são espontâneos e imemoriais, sobretudo quando se trata de Maçonaria onde tradicionalmente nem tudo se escrevia, mas se transmitia oralmente. Assim “documento oficial” relacionado ao padroado dos Joões não é comum numa instituição que mantém universalmente as suas tradições usos e costumes. Enfim, nem tudo precisa estar escrito, já que muitas vezes aparências se consagram pela sua obviedade.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

JAN/2020

 



[i] Constantino teve um papel fundamental em prol do Cristianismo quando, com Licínio, assinou em 313 d.C. o Édito de Milão, decretando o fim da perseguição religiosa e garantindo oficialmente a legitimidade não só do Cristianismo, mas também de todas as outras religiões – in Constantino e o Cristianismo.

 

[ii] O Cristianismo só passou a ser a religião oficial do Império Romano em 380 d.C., através do Édito de Tessalônica, por ordem do imperador Teodósio I – in Constantino e o Cristianismo.

 

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