segunda-feira, 4 de novembro de 2024

ALTAR DOS JURAMENTOS NO ORIENTE. POR QUÊ?

Em 07/03/2024 o Respeitável Irmão José Bento de Oliveira, Loja Ordem e Progresso, 133, REAA, GOMG (COMAB), Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, apresenta a dúvida seguinte:

 

LUGAR DO ALTAR DOS JURAMENTOS

 

Mais uma vez, recorro à sua luz do conhecimento.

Irmão, indo diretamente ao assunto, diga-me qual o lugar onde se deve ficar o Altar dos Juramentos? Oriente ou Ocidente? E qual a razão do seu posicionamento?

E se o Irmão tiver um tempinho extra, responda-me qual a posição em que o Mestre de Cerimônias deve portador o seu bastão.

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Rigorosamente, no REAA original o Altar dos Juramentos fica no Oriente, mais precisamente em frente ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre.

No entanto, também é verdade que muitos rituais brasileiros ainda colocam este altar no centro do Ocidente, o que é um erro crasso.

Quanto à razão deste Altar ficar no Oriente, é porque ele é uma extensão do altar principal (o ocupado pelo Venerável Mestre).

Isto ocorre por razões históricas, razões estas oriundas de uma época em que as Lojas Capitulares, criadas pelo Grande Oriente de França no início do século XIX, ainda estavam em franco desenvolvimento.

              Para melhor compreensão do fato, vale lembrar que este assunto está atrelado ao primeiro ritual para o simbolismo do REAA, datado de 1804 na França.

Assim, vamos resumidamente aos fatos: na época das hoje extintas Lojas Capitulares, o Grande Oriente da França criou para o REAA um santuário Rosa Cruz tal qual o que já existia no Rito Moderno, então conhecido como o “Rito dos 7 Graus. Com isto o Oriente do templo acabou ficando mais elevado em relação ao Ocidente. Nessa mesma oportunidade, também aparece uma balaustrada, que servia para delimitar os dois ambientes.

Vale ressaltar que no projeto do primeiro ritual do REAA, o de 1804, gerenciado pela Loja Geral Escocesa, o piso da sala da loja era completamente plano, isto é, sem desnível e separação entre o Oriente e o Ocidente.

Na verdade, essa topografia plana do templo acabou ocorrendo por influência da exposure de 1761, “As Três Pancadas Distintas”, relacionada à Grande Loja Inglesa dos Antigos e que foi um dos instrumentos que serviram de estrutura para o primeiro ritual simbólico do escocesismo (vide essa história).

Assim, com a criação das Lojas Capitulares para o REAA pelo Grande Oriente da França (1816) e a respectiva extinção da Loja Geral Escocesa, as práticas litúrgicas do simbolismo passaram a não ser mais permitidas no Oriente da Loja, ficando este, como santuário Rosa-Cruz, restrito apenas aos Irmãos graduados no Grau 18. Nessas circunstâncias, apenas o Ocidente ficava acessível aos trabalhos do simbolismo.

É bom que se diga que nos tempos capitulares, o Athersata (governador do Capítulo Rosa-Cruz) era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica. Neste contexto, os graus do 1º até o 18º do REAA ficavam sob a égide do Grande Oriente da França, enquanto que os demais, do 18º até o 33º, sob a tutela do II Supremo Conselho (o da França).

Com a separação do santuário Rosa Cruz (Oriente) do Ocidente, por apenas um degrau, quando havia cerimônia de Iniciação, Elevação ou Exaltação, os juramentos eram prestados no limite que separava os dois ambientes.

Assim, para que durante os juramentos não houvesse “invasão” do simbolismo no santuário Rosa Cruz, criou-se, para essas ocasiões, um pequeno mobiliário movediço que servia como extensão do Altar ocupado pelo Venerável Mestre, o qual passou a se chamar de Altar dos Juramentos.

Este pequeno altar móvel ficava no Oriente em frente ao altar mor e era deslocado até o limite com o Ocidente nas ocasiões em que eram tomados os juramentos e feitas as consagrações dos Aprendizes, Companheiros e Mestres Maçons. Com o Altar dos Juramentos ainda no Oriente, mas deslocado até o limite com o Oriente, a liturgia iniciática era cumprida sem que Irmãos do simbolismo ingressassem no Oriente. Concluída a cerimônia, o Altar dos Juramentos retornava ao lugar, próximo ao altar mor.

Esta é a razão do porquê de originalmente o Altar dos Juramentos, no REAA, ficar no Oriente até hoje.

Mesmo após a extinção das Lojas Capitulares, o pequeno altar movediço continuou no Oriente no REAA. Do mesmo modo, como resquício das Lojas Capitulares, também permaneceu o Oriente elevado e separado. Com isso, no simbolismo o Oriente deixou de ser o santuário Rosa Cruz e consagrou-se em um espaço relativo ao final da jornada iniciática do simbolismo, tornando-se um lugar exclusivo para os Mestres Maçons e para os detentores do título honorífico de Mestre Maçom Instalado, além das autoridades maçônicas.

É oportuno lembrar que Altar dos Juramentos no centro do Ocidente não é original no REAA, mas é próprio do sistema das Lojas Azuis norte-americanas, infelizmente indevidamente inseridos em alguns rituais do REAA.

Quanto à sua questão sobre o Mestre de Cerimônias e o uso do bastão, parado, o titular segura-o com a mão direita pela sua porção mediana, mantendo-o na vertical com a base apoiada no chão; o braço direito fica junto ao corpo pelo lado direito; o antebraço na horizontal à frente. Andando, mantém-se a mesma postura, porém com a base do bastão um pouco afastada do chão. Não existe nenhum movimento girando o antebraço para levar o bastão até o lado esquerdo do tronco.

No meu Blog você encontrará várias respostas pertinentes ao Altar dos Juramentos, as Lojas Capitulares e o REAA - http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

NOV/2024

 

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