sexta-feira, 1 de novembro de 2024

TRÊS, CINCO E SETE (PARA ABRIR A LOJA)

Em 05.03.2024 o Respeitável Irmão Carlos Santos Jr., Loja Luz, Verdade e Justiça, 23, REAA, GLEB (CMSB), Oriente de Xique-Xique, Estado da Bahia, faz a pergunta seguinte:

 

TRÊS, CINCO E SETE

 

Na Primeira Instrução do Grau de Companheiro 3, 5 e 7 ou mais degraus. No ritual de Aprendiz na abertura dos trabalhos, o Venerável Mestre pergunta ao irmão Orador que se torna preciso para a abertura dos trabalhos, e o irmão Orador responde que estejam no mínimo sete MM MM, essa pergunta não consta na abertura do grau de Companheiro Maçom. E o mesmo ritual de Companheiro, na primeira Instrução, O Venerável pergunta, para onde se dirigem os Companheiros e o 1º Vigilante, responde, responde que eles subiam uma escada que se constituía por 3,5 e 7 ou mais degraus, sendo que 3 governam a Loja; 5 a constituem e 7 ou mais a tornam perfeita, seria compreensível se os 7 irmãos mencionados nesta instrução
fossem irmãos Mestre Maçons, no entanto não é o que possamos entender, pois em seguida a essa informa que os 7 irmãos são compostos da seguinte forma, 3 irmãos Mestres governam, o Venerável Mestre e os 2 Vigilante, soma mais 2 totalizando 5 que constituem, que são Companheiros e mais 2 Aprendizes que a tornam a Loja perfeita, totalizando os 7 irmãos.

Então pergunto: se os outros quatro obreiros além do Venerável e dois Vigilante, são dois Companheiros e dois Aprendizes, como compor os cargos de Orador e Secretário que tem assento no Oriente e os Aprendizes e Companheiros não têm acesso?

O Irmão pode nos informar como uma Loja torna-se constituída por dois Companheiros e perfeita com mais dois Aprendizes? E sendo 7 mestres, o procedimento para funcionamento da Loja é o mesmo que o da Loja de Aprendizes?

 

CONSIDERAÇÕES:

 

Desafortunadamente estas ainda são contradições que povoam alguns rituais brasileiros.

De pronto, eu diria que esses rituais carecem de urgente revisão para a correção esses paradoxos.

Na verdade, esta é uma questão iniciática, já que historicamente nossos ancestrais operativos desconheciam quaisquer graus especulativos, senão duas classes de trabalhadores, a dos Aprendizes Admitidos e a dos Companheiros do Ofício.

Nos tempos das guildas medievais de construtores, o dirigente dos trabalhos era um Companheiro experimentado que recebia o título de Mestre da Obra, ou da Loja. Ele era auxiliado diretamente por dois outros Companheiros (Wardens).

Geralmente, o ofício exigia dos Companheiros que recebiam a “carta” (alvará) para contratar operários e iniciar as atividades de uma nova Loja, o mínimo de sete artesãos (canteiros) especializados na arte da cantaria e na elevação das paredes. Assim, é deste tempo o costume de que três governam, cinco compõem e sete completam a Loja para iniciar os trabalhos.

              Com o decorrer dos trabalhos no canteiro, à medida que a demanda da construção exigia, outros operários eram admitidos (sete e mais).

Desse modo, a arcaica instrução de que três Mestres, mais dois Companheiros e dois Aprendizes constituem a Loja não cabe mais na Moderna Maçonaria. Sobretudo, após o aparecimento na Inglaterra do Grau de Mestre Maçom especulativo, em 1725, oficializado pela
Grande Loja, em 1738. A partir daí, paulatinamente os regulamentos e as regras gerais das Obediências passariam a exigir a presença mínima de sete Mestres Maçons para se abrir uma Loja especulativa.

À vista disso, urge a necessidade de corrigir o ritual de Companheiro mencionado na sua questão. Aliás, não só deste ritual, mas de todos os que ainda insistem em preservar anacronismos.

Atualmente, no caso de uma Loja que pratica o REAA, para abri-la com a presença de apenas sete Mestres Maçons, os cargos distribuem-se da seguinte maneira: as três Luzes compostas pelo Venerável Mestre e os dois Vigilantes (que governam a Loja), mais o Orador e o Secretário (as cinco Dignidades que a compõe), somadas aos cargos do Mestre de Cerimônias e do Cobridor Interno (os sete Mestres que a completam).

Com esta formação mínima é possível se abrir uma Loja e trabalhar no verdadeiro REAA. Na prática, com esta composição, durante a transmissão da Palavra Sagrada, o Mestre de Cerimônias executa momentaneamente o ofício do 2º Diácono e o Secretário o do 1º Diácono.

Neste particular, vale registrar que no REAA originalmente os Diáconos não usam bastão, portanto nem mesmo há formação pálio.

Finalmente, reitera-se: o número de três Mestres, acrescidos de mais dois Companheiros, somados a mais dois Aprendizes para se abrir uma Loja é um arcaísmo que não cabe mais nos rituais da Moderna Maçonaria.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

NOV/2024

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