sexta-feira, 9 de agosto de 2019

BASTÃO APOIADO NO CHÃO


Em 20/04/2019 o Respeitável Irmão Antonio Sérgio Nogueira, Loja Dever e Humanidade, 860, REAA, GOB-PE, Oriente de Caruaru, Estado de Pernambuco, coloca a seguinte questão:

BASTÃO DO M. DE CERIMÔNIAS APOIADO NO CHÃO.


Recentemente te fiz uma consulta e perguntei sobre o bastão do M. de Cerimônia se "Quando parado, na posição a rigor, principalmente, acompanhando o Orador na abertura do L\ L\ se o bastão ficava apoiado no chão" o que você confirmou que sim. Em loja, houve uma discordância pelo atual M. de Cerimônia alegando que, "instrumento nenhum pode ser apoiado no chão". Ele argumentou que leu um livro do irmão Castellani da década de 70 e neste livro "falava" que instrumento nenhum poderia tocar ou ser apoiado no chão. Segundo o irmão da minha loja o livro se referia diretamente a ESPADA, porém, também dizia que, instrumento de trabalho usado em reuniões pelos nossos irmãos NÃO poderiam ser apoiados no chão. Por gentileza, nos esclareça.
OBS: Quando se refere à espada, ele comenta que "era comum" no passado o guarda Interno apoiar a espada nas pernas (quando sentado) e/ou a ponta da espada no chão (ainda sentado) e a testa do irmão apoiada no cabo da espada.

CONSIDERAÇÕES.

Munido do bastão, o Mestre de Cerimônias, simplesmente para não o arrastar no chão, empunha-o com a mão direita pela sua porção mediada tendo o antebraço respectivo à frente de tal modo que o instrumento, empunhado na vertical, não fique em contato com o piso durante o deslocamento. Parado, ele simplesmente mantém a mesma posição do braço, porém agora com a base descansando no chão.
Quanto ao que mencionava o saudoso e irretocável Irmão José Castellani, ele se referia à espada, pois aconteciam com ela verdadeiros absurdos, tipo esse mencionado na sua questão em que o portador da espada, estando sentado, apoiava a sua testa no cabo da mesma. Além da postura desmedida, pior ainda eram as justificativas que os “gajos” davam pela atitude tomada – é melhor nem comentar.
Sempre teremos os que discordam em nome do “eu aprendi assim”, “no meu tempo era assim”, “eu li não sei aonde”, etc.
De tudo, não dá para confundir o modo de se empunhar o bastão com o da espada. Ambos os objetos se destinam a ofícios diferentes, daí, segurar o bastão em descanso se faz apoiando a sua base no chão, já a espada quando não é utilizada, o seu titular geralmente a embainhada ou a deixa presa num dispositivo que fica fixado atrás do espaldar da cadeira.
Arrastar espadas, apoia-las no solo e outras firulas imaginativas mais, sobretudo em nome do não se sabe o quê, não condiz com os ditames da Sublime Instituição.
Essa estória de tudo junto e misturado não se enquadra na Maçonaria, assim, nessa questão, o titular que utiliza o bastão, ao estar parado e dele munido, descansa-o no solo. Espada, é outra coisa, não se apoia chão porque não é modo apropriado de trazê-la em descanso.
Notadamente, ainda imperam certas carcaças de dinossauro como a de “aterrar espadas” para descarregar energias, isso como fosse o titular da arma uma espécie de para-raios. Pior ainda é também querer transferir essa atividade absurda para o bastão – pobre do Mestre de Cerimônias.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2019



3 comentários:

  1. Perfeito, Irm.·. Pedro. Esta estória de espada do cobridor "aterrada" era "enxerto" no R.·.E.·.A.·.A.·. vindo do Rito Adonhiramita, no qual, apesar de estar previsto no ritual, desconfio eu, também não passa de modificação ocorrida na década de 70, quando surgiram uma série de supostas "tradições esotéricas" que tiveram origem, na minha opinião, em autores duvidosos, dentre eles C.W. Leadbeater, que eram ligados à Sociedade Teosófica (organização fundada nos EUA, em 1875, por Helena Petrovna Blavatsky e Henry Steele Olcott) e entusiastas da Co-Maçonaria (Maçonaria Mista, para homens e mulheres)

    Gostei muito da opinião do autor deste texto (https://ritoserituais.com.br/2017/10/16/o-rito-adonhiramita-historia-e-idiossincrasias/) que assim se posicionou:

    "Como tradicionalista, não tenho absolutamente nada contra os ensinamentos herméticos ou as tradições esotéricas. Leia-se bem: TRADIÇÕES esotéricas.

    Uma Tradição é a transmissão, de forma ortodoxa, de um conjunto de ensinamentos cuja origem se perde na noite dos tempos e cujo rastro pode ser historicamente traçado através de escrituras, documentos, registros, mitos etc. que, em geral, contam com vasta fundamentação simbólica, filosófica e até antropológica.

    Bem diferente de uma autêntica Tradição Esotérica é uma invenção baseada em uma suposta clarividência, intuição ou achismo sem fundamentação, sem respaldo em qualquer tradição e sem uma lógica interna que possa, sequer, justificar a sua existência dentro de um determinado sistema de maneira coerente."

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  2. A propósito específico da questão do bastão pousado no piso, nosso Mestre de CCerm.·., ao estudar as Orientações, Adequações e Correções Oficiais percebeu que a orientação de pousar a base do bastão no piso estava explícita apenas no encerramento ritualístico (item III, b, 67 e item III, b, 158) e não na abertura (43 e 87) o que poderia dar margem à velha cantilena do "onde está escrito" ou "lá não está escrito".

    Para nós, que sabemos que o(s) ritual(is) deve(m) ser interpretado(s) sistematicamente, está bem claro que basta constar em um lugar o que é estar "à rigor com o bastão" para que tal posição seja repetida em situações similares, mas sempre há, como diz o Irm.·., os "crânios blindados"...

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    1. Obrigado pelos lúcidos e construtivos comentários. Agradeço também a visita no Blog.

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