quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

CHAMA SAGRADA NO REAA?

Em 05/10/2017 o Respeitável Irmão Maycon Corazza, Loja Vigilantes do Oeste, 2.713, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, formula as questões seguintes:

CHAMA SAGRADA



Gostaria de contar com vosso conhecimento para melhor compreensão de alguns aspectos relacionados com o R\E\A\A\.
  1. Qual a localização correta no Templo para a chamada ‘Chama Sagrada’?
  2. Sendo o Irmão adepto da Maçonaria autêntica, qual interpretação nos aponta para a ‘Chama Sagrada’? Qual sua importância para os trabalhos?
  3. A Chama Sagrada deve ser acesa antes do início dos trabalhos. Há alguma simbologia para isso?
  4. Qual o momento correto para que a Chama Sagrada seja apagada: logo após ser apagada a vela do altar do Venerável Mestre ou depois que todos os Irmãos tiverem deixado o Templo?
  5. Aproveitando, qual interpretação nos poderemos dar para o acendimento/apagamento das velas nos altares e sua sequência?
Muitíssimo obrigado, meu Irmão.

CONSIDERAÇÕES.

Em lugar algum é mencionada essa tal de “chama sagrada” no Ritual do REAA\ do GOB. Alias, em se tratando do REAA\ e nenhum ritual autêntico essa “chama” será encontrada.
Não confundir com o que prescreve o manual de Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR 2016 quando menciona, caso as luzes do candelabro ainda não forem elétricas, a existência de uma vela auxiliar acesa apenas e tão somente para ajudar o Mestre de Cerimônias no acendimento das respectivas Luzes que vão sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e nas mesas ocupadas pelos Vigilantes.
Ora isso não é e nunca foi “chama sagrada”, pois se assim fosse então o que aconteceria nas Lojas que adotam essas Luzes alimentadas por lâmpadas elétricas conforme também prevê o ritual? Acaso existiria um “interruptor sagrado” para essa oportunidade?
Essa estória de chama sagrada não existe no Rito em questão, embora ainda alguns insistam nesse anacronismo, inclusive desrespeitando o que prescreve o ritual em vigência.
Na realidade essa vela acesa foi colocada no Rito Escocês apenas no intuito de facilitar os trabalhos para as Lojas qua ainda não adotaram lâmpadas elétricas adequadas ao candelabro. Nesse caso a intenção foi a de dar celeridade à prática ritualística, mas desafortunadamente alguns viram nela uma espécie de “luz emanada do divino”, provavelmente por “achar” bonito as práticas litúrgicas de outro Rito onde originariamente existe um cerimonial específico de acendimento das velas.
Lojas onde porventura as Luzes já sejam lâmpadas elétricas, obviamente essa vela auxiliar nem existe.
Vamos às questões:
  1. Como ela não existe, não há o porquê de existir um lugar para algo inexistente.
Alguns teimam que é sobre o Altar dos Perfumes, cujo qual é outro elemento que só serviu para ocasião em que o Templo foi consagrado quando recebeu a dignidade para os trabalhos maçônicos.
Infelizmente o Altar dos Perfumes permaneceu e acabou dando vazão às invenções como se ele servisse para se colocar a chama sagrada ou ainda receber incensos (tudo coisas nulas no simbolismo do REAA\).
  1. Se fosse o caso do Rito Adonhiramita onde existe a cerimônia de acendimento das Luzes, até teríamos uma interpretação, mas como ela não existe no escocesismo simbólico, não há nenhum comentário e nem uma avaliação que meça a sua importância para os trabalhos.
  2. Como ela não existe no Rito em questão, a resposta fica prejudicada.
A título de esclarecimento, note que no manual de Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR, quando existe menção a respeito da “vela auxiliar”, assim que ela tiver cumprido o seu objetivo, o Mestre de Cerimônias, sem nenhuma cerimônia, simplesmente a apaga porque ela não é luz litúrgica.
  1. Do mesmo modo, pela sua inexistência, não há resposta para tal.
Entretanto é oportuno mencionar que o Altar não é “do” Venerável Mestre, porém é por ele ocupado – esse Altar é parte do mobiliário da Loja.
  1. Do mesmo modo que não existe essa “chama sagrada”, também não existe no REAA\ cerimonial de acendimento de velas, senão um ordenamento prático para a abertura e encerramento dos trabalhos.
A propósito, no verdadeiro escocesismo essas Luzes deveriam ser acesas pelo Arquiteto antes do início dos trabalhos e por ele apagadas depois da retirada dos Irmãos do recinto.
As luzes litúrgicas representam as Luzes da Loja, ou as Luzes Menores. Esotericamente, sem nenhuma crendice, elas concebem de acordo com o número delas acesas a evolução do Obreiro.
Assim, não há cerimonial, apenas elas são acesas conforme o Grau.
O que prova que não existe cerimônia de acendimento para elas é que quando as mesmas forem lâmpadas elétricas, cada titular acende e apaga a sua.
Ratifico, cerimônia de acendimento de Luzes é própria de outro Rito, nunca do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Eram essas as considerações devidas, lembrando que a pura Maçonaria desconhece arguições que envolvem crendices que possam transformar o ambiente maçônico em um palco de proselitismo religioso. Que cada um busque na sua religião a sua necessidade de fé. Destaco que existem inúmeros ritos maçônicos e suas liturgias específicas que se adequam à diversidade do pensamento. Antes dos enxertos ritualísticos, que cada qual ocupe seu lugar conforme o que melhor lhe aprouver.



T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2018.

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