quarta-feira, 2 de junho de 2021

QUESTÕES DE RITUALÍSTICA O USO DA SAUDAÇÃO PELO SINAL - REAA

 

Em 12.09.2020 o Respeitável Irmão Davi Hackbart Covaleski, Loja Estrela do Sul, 84, REAA, GOB-RS, Oriente de Bagé, Estado do Rio Grande do Sul, faz a seguinte colocação e pede comentário:

 

USO DA SAUDAÇÃO EM LOJA

 

Sei que o Ritual e o material disponibilizado no Sistema de Orientação Ritualística do GOB (pelo qual oportunamente aproveito para parabenizar e enaltecer a importância do trabalho realizado pelo Ir frente à Secretaria Geral de Orientação Ritualística), são bastante claros no ponto que irei abordar mas, na intenção de dirimir qualquer dúvida e com o propósito de conseguir ir adequando e corrigindo os costumes ritualísticos em Loja (e que às vezes são herdados de práticas anteriores, que acabam se consolidando incorretamente), é que envio


este e-mail.

Sobre a saudação: O ritual de Aprendiz (pág. 42), diz que esta é feita somente ao Ven Mestre quando da entrada e saída do Oriente e ao Ven Mestre e VVig quando da entrada (após abertos os trabalhos), e saída (quando definitiva), do Templo; Excetua-se a esta regra, por óbvio (e também por orientação ritualística), as situações em que o Obreiro estiver portando um "objeto de trabalho".

Sobre este ponto há que levar-se em consideração a orientação disponibilizada pelo SOR em que, nas observações sobre a transmissão da Pal Sagrada é reiterado o fato de que o simples fato de "desfazer o sinal" não se considera uma saudação propriamente dita:

“III – Embora no texto do explicativo no ritual apareça o termo “saudação”, nesse caso o Sinal é apenas uma norma ritualística e não uma saudação propriamente dita. Destaque-se que o próprio ritual menciona que saudações em Loja ocorrem somente ao Ven Mestre durante o ingresso e saída do Or, e às LLuz da Loja por ocasião do ingresso formal ou retirada definitiva do Templo;”. Afirmação esta que é ratificada nas Orientações relativas ao Sin Gu onde consta que:

"III – Embora toda Saud Maç obrigatoriamente seja feita pelo Sin Pen, nem sempre o Sin Pen é necessariamente uma Saud Maç";

e nas orientações relativas ao Fechamento do L da L onde consta que:

"II – Assim que o L da L é fechado todos desfazem o Sin de Ord∴ pelo Sin∴ Gut. ATENÇÃO - Esse gesto não é saudação".

Finalizada esta introdução, em que pude trazer o que observei através da consulta ao Ritual e ao Sistema de Orientação Ritualística disponibilizado pelo GOB, lhe descrevo sucintamente a situação que tenho observado nas Lojas que já frequentei e que, apesar de uma maneira menos "exagerada", também ocorre em minha Oficina.

Do observado em visitações:

- Já presenciei, em outras Lojas, a realização de Saud Maç quando, no Ocidente, um obreiro cruza a linha (simbólica/imaginária), que divide o Sul e o Norte;

- Já presenciei, em outras Lojas, a realização de Saud Maç quando, eventualmente (por ocasião de Transformação de Grau, ou em Sessões/Situações que demandam esta retirada), um Obreiro necessita deixar temporariamente o Templo;

- Já presenciei, em outras Lojas, a realização de Saud Maç, inclusive, quando do momento que o Obreiro vai tomar seu lugar e, antes de sentar-se, realiza o referido gesto.

Do observado em minha Loja:

- É costume, quando da assinatura do Livro de Presenças (no caso de entrada com atraso ou em momento oportuno do Cerimonial de Iniciação), tanto o Chanceler quanto aquele que irá assinar o Livro realizarem, reciprocamente, a Saud Maç;

- É costume a realização de Saud Maç, quando da Circulação do Saco de PProp e IInf ou do Tr de Benef e o Oficial em questão entrega a Bolsa/Saco ao Guarda do Templo para a sua participação no referido momento do Ritual - ambos, reciprocamente, realizam a Saud Maç;

- É costume a realização de Saud Maç em outros momentos como quando o Mestre de Cerimônias recolhe o Balaústre junto ao Secr, ou quando o Hosp entrega o Tr de Benef ao Tes por exemplo.

Após o estudo descrito mais acima me parece que todos estes usos são equívocos que acabaram se perpetuando de uma maneira "hereditária": a reprodução pela reprodução. Me parece ainda que algo destes equívocos residem no fato de haver uma confusão de quando é necessário realizar a Saud Maç ou quando há um simples "desfazer" do Sin de Ord. Não me parece ser de todo errado, por exemplo, o Chanceler aguardar em Pé e a Ordem aquele Obreiro que irá proceder a Assinatura do Livro de Presenças e, quando da chegada deste, simplesmente "desfazer o sinal"; ou quando o Orador está aguardando em Pé e a Ordem em seu local e é conduzido pelo Mestre de Cerimônias em determinado momento do Ritual para o Fechamento do L da L (assim como naqueles momentos da Transmissão da Pal Sagr já mencionados acima).

Gostaria então que o Ir, pudesse explanar sobre este assunto de maneira a, como já dito no início deste e-mail, poder dirimir quaisquer dúvidas que, ao menos para mim, ainda possam restar sobre o assunto e por isso, humildemente, lhe peço auxílio.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Atendendo ao que dispões o SOR (Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral) e o Ritual de Aprendiz do REAA em vigência do GOB, página 42, seguem os comentários.

  1. Praticas observadas nas suas visitas:

a)    Ao atravessar de uma para outra Coluna - Não está previsto porque não existe nenhuma saudação, seja ao Venerável ou ao Delta, quando alguém em trânsito, à circular pelo Ocidente e cruzar o equador do templo (eixo), tanto pela frente ou por trás do Painel. Do mesmo modo também não existe, sob nenhuma hipótese, parada formal ou inclinação do corpo acompanhado de meneios com a cabeça nessa ocasião.

b)    Na retirada do Templo - Nesse caso a saudação somente será feita às Luzes da Loja se a saída for definitiva. Se o Templo for coberto a alguém por tempo determinado e posterior retorno, então não existe nenhuma saudação.

c)    Antes de tomar assento - Também não existe saudação nessa ocasião. Se o protagonista estiver em pé usando a palavra, ele fica à Ordem. Encerrando a sua fala, antes de sentar, obviamente ele desfaz o Sin de Ord pelo Sin Pen, contudo isso não é saudação, mas o simples ato de se “desfazer” o Sin, que deve ser sempre pelo gesto de aplicação simbólica da pen. O ato de se desfazer o Sin antes de se tomar assento é porque ninguém faz, ou compõe, o Sin sentado. Lembro que o Sin de Ord do grau se divide em duas partes distintas e que se completam no seu significado. A primeira parte é a “estática” e se trata da simples composição do Sinal; a segunda parte é a “dinâmica” e se trata do ato de desfazer o Sin pela aplicação da pen simbólica (Sin Pen). Em qualquer circunstância, tanto para desfazer o Sin ou prestar saudação pelo Sin, o Sin será sempre desfeito pelo Sin Pen. Procedimentos embora iguais, não podem ser generalizados nos seus significados.

  1. Práticas observadas na sua Loja:

a)    Retardatário e o Chanceler - Quem ingressar após o início dos trabalhos, ao ser conduzido à mesa do Chanceler para apor o seu ne varietur não saúda o Chanceler. Do mesmo modo o titular da chancelaria da Loja também não faz nenhuma saudação, isto é, ele permanece sentado. O que tem ocorrido é que o retardatário, ao abordar o Chanceler geralmente se coloca à Ordem enquanto aguarda as providências do titular para lhe oferecer o livro de presenças. Por óbvio que isso não é saudação, porém é a efetivação de uma regra ritualística consuetudinária que preconiza ficar à Ordem quando se estiver em pé e parado em loja aberta. Desse modo, o Chanceler, sem levantar ou prestar qualquer saudação, apresenta o livro ao retardatário. Antes de assinar, obviamente que o retardatário primeiro desfaz o Sin, o que não é um ato de saudação. Concluída a sua obrigação, sem saudar o Chanceler, logo a seguir o retardatário acompanha o seu guia até o lugar devido. Lá chegando senta-se imediatamente sem saudar ninguém pelo Sin.

b)    Cobridor em auxílio com a bolsa - Também não existe nenhuma saudação. Nessa ocasião o Cobridor Interno à chegada do titular da coleta simplesmente fica em pé. Em seguida e sem nenhuma saudação, de imediato recebe a bolsa do titular para auxiliá-lo. Do mesmo modo o titular entrega a bolsa e, sem saudação, instantaneamente cumpre a sua obrigação. Concluído o ato, o titular de imediato recebe a bolsa e se dirige para entre ccol enquanto o Cobridor toma assento sem fazer nenhuma saudação.

c)    Permanecem sentados - Em nenhum desses casos existe qualquer saudação. A regra é a mesma. Os titulares que ocupam mesas permanecem sentados nessas ocasiões. Se o oficial circulante precisar aguardar providências, enquanto aguarda em pé e parado, fora do seu lugar, fica à Ordem. Reitera-se: não existe saudação entre esses protagonistas nos momentos de abordagem e retirada. Ratifica-se: o ato de se desfazer o Sin, dependendo da circunstância não é saudação maçônica, porém um protocolo ritualístico.

Comentários finais:

Não se recomenda, por exemplo, o Chanceler receber o retardatário à Ordem. Não existe o porquê desse excesso de preciosismo. É preferível que dentro da simplicidade maçônica ele permaneça sentado no exercício desse ofício. O mesmo se aplica às situações análogas.

No caso do Orador se dirigir ao Altar para o fechamento do Livro da Lei a sua questão me parece prejudicada, até porque nesse momento a Loja inteira estará à Ordem por comando do Venerável Mestre. Assim, quando o Mestre de Cerimônias se apresentar para a condução do Orador, este simplesmente desfaz o Sinal e segue o seu guia – isso não é saudação.

Creio que na liturgia da transmissão da palavra entre as Luzes e os Diáconos para a abertura e encerramento dos trabalhos, os procedimentos estão bem claros no SOR do GOB-RITUALÍSTICA. O que não se deve confundir é o ato de desfazer o Sin - que a ocasião pode exigir - com saudação maçônica.

 

 

T.F.A.

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

JUN/2021

 

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