segunda-feira, 10 de abril de 2017

CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO

Em 13/03/2017 o Respeitável Irmão Alisson Marcos, Loja Acácia do Sudoeste, REAA, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO


É possível dizer que a maçonaria (especulativa) sempre teve como requisito a crença em um Ser Supremo?

CONSIDERAÇÕES.

É bastante natural, já que os nossos ancestrais operativos viviam à sombra da Igreja Católica – veja as Associações Monásticas e as Confrarias leigas como percussoras da Francomaçonaria.
Os construtores da pedra viriam a ganhar grande impulso, sobretudo a partir do ano 1.000, época em que, segundo a Igreja, se esperava o final dos tempos. Como a previsão apocalíptica não aconteceu e visando agradecer a Deus por ter poupado o Mundo, os homens se arvoraram a elevar louvores de agradecimento ao Criador, dentre outros feitos, os de edificar igrejas e catedrais como que a deixar mensagens das suas almas na pedra. Nessa época a Igreja-Estado expandia os seus domínios e os Construtores, protegidos e ao seu serviço, edificavam igrejas, abadias, obras públicas, etc. Sob essa óptica, com a expansão desses domínios, as Guildas dos construtores amparadas e protegidas pela Igreja (ofícios livres) viriam experimentar um avanço extraordinário de desenvolvimento.
Assim, essa influência e cunho religioso dado ao trabalho, acompanhariam os canteiros da Idade Média.
Com o advento mais tarde da Maçonaria Especulativa, que surgiria principalmente pela queda de prestígio dos construtores operativos devido ao renascimento das Artes, muitos homens não ligados à Arte de Construir acabariam por adentrar nos quadros das Lojas no intuito de proteger e colaborar com a sobrevivência das construtoras. Documentalmente, o primeiro especulativo a ingressar na Maçonaria foi o latifundiário John Boswell, na Loja Capela de Maria na Escócia no ano de 1.600.
Esses novos protetores, geralmente detentores de prestígio e respeito, quase sempre eram ligados aos reinados da época que, por sua vez, mantinham estreitos laços com a Igreja Católica.
Por esse particular e pelas influências do passado, de modo imemorial e universalmente aceito, a Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) adotaria o Landmark da crença em um “Arquiteto Criador” o que faria dela (da crença) uma condição de regularidade perante a Primeira Grande Loja, desde 1.717 já no período da Moderna Maçonaria – vide a Constituição de Anderson em 1723 e a sua revisão em 1.738.
Cabe aqui um pequeno comentário: não raras vezes presenciamos Irmãos a confundirem a Moderna Maçonaria com a Maçonaria Especulativa. Na verdade, o período Especulativo teve o seu início em 1.600 com aceitação do primeiro elemento estranho ao ofício. Já a Moderna Maçonaria, que é especulativa por excelência, teve o seu início no ano de 1.717 com a fundação da “Primeira Grande Loja” em Londres, cujo marco histórico inauguraria o sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre. Cronologicamente a Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos teve o seu início documental no início do século XVII na Escócia, enquanto que a Moderna Maçonaria é do primeiro quartel do século XVIII em Londres.
Retomando o raciocínio, foi por essas influências cristãs sobre a Francomaçonaria, brevemente aqui relatadas durante o desenvolvimento da sua história que possui aproximadamente 800 anos de idade (Maçonaria não é milenar), é que a crença em um Ente Supremo se tornaria uma condição “sine qua non” para obter ingresso na Sublime Instituição.
É bem verdade que essa crença não está na atualidade atrelada a nenhuma religião, já que essa crença é de consciência individual, nela não imperando qualquer prevalência das preferências religiosas. Em síntese, o maçom deve acreditar em Deus que, de modo conciliatório é denominado na Maçonaria como o Grande Arquiteto do Universo.
Cada maçom, à sua maneira, seja ela do ponto de vista teísta ou deísta, tem a liberdade, e deve, de professar a sua religião, desde que se manifeste sobre ela fora dos umbrais dos recintos maçônicos.
Talvez até possa parecer um paradoxo, mas na Maçonaria não se discute religião, embora ela, a Instituição condicione aos seus membros, de modo irrestrito, a acreditar em “Deus”.
A crença em um Ser Supremo é um Landmark da Ordem haurido dos nossos ancestrais e que se mantém até o presente na Moderna Maçonaria.


T.F.A.

PEDRO JUK


ABRIL/2017

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