terça-feira, 21 de janeiro de 2025

USO DA PALAVRA NO ORIENTE - REAA

Em 28/05/2024 o Respeitável Irmão José Luiz Gnoato, Loja Estrela de Davi, 3880, REAA, GOB-SP, Oriente de Paraguaçu Paulista, Estado de São Paulo, faz a pergunta seguinte:

 

USO DA PALAVRA NO ORIENTE

 

Eu consultei seu blogue a respeito do uso da palavra no oriente. Na sessão de ontem, o Orador ficou em pé e a ordem, para falar como irmão. Me chamou atenção, porque já fui orador, e agora como secretário, nunca usei da palavra em pé ocupando estes cargos. Minha dúvida: tanto em pé como sentado, ao iniciar a fala, é necessário se dirigir ao Venerável, Vigilantes e demais Irmãos, ou basta se dirigir a todos e depois iniciar a fala? Claro que em pé tem que ficar a ordem, mas, se um Mestre no Oriente, sem cargo, decide falar sentado, como inicia a fala?

 

CONSIDERAÇÕES:

 

            No Oriente, salvo nas ocasiões em que o ritual determine ao contrário, quem estiver usando a palavra pode falar sentado. Todavia, se por deferência resolver falar em pé, deve então ficar à Ordem.

Sentado ou em pé, o usuário da palavra primeiro deve se dirigir à Loja de modo protocolar dizendo: “Venerável Mestre, IIr 1º e 2º Vigilantes, Autoridades, demais Irmãos”. Inicia depois a sua fala.

Concluída a mesma, se estiver em pé, desfaz o Sin de Ordem pelo Sin Pen e volta a sentar-se.

Não confundir “modo protocolar de se dirigir à Loja” com “saudação maçônica”. Saudações em Loja são feitas sempre pelo Sin Pen do grau. O ritual de Aprendiz Maçom do REAA em vigência (2024) determina, na sua página 43, as ocasiões em que se deve prestar saudação em Loja.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

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JAN/2024

REAA NO BRASIL

Em 27.05.2024 o Respeitável Irmão Phelipe Gomes, Loja Jesus Sales de Andrade, 38, GOCE (COMAB), Oriente de Varjota, Estado do Ceará, apresenta o que segue:

 

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

 

Me comunico com você durante um período de tempo e gostaria de saber de você sobre quais alterações e "enxertos" que o REAA sofreu desde o primeiro ritual que chegou aqui através de Francisco Gê Acayba de Montezuma?

Como, por exemplo, o que o primeiro ritual que chegou aqui pregava em relação à posição das colunas, se o mestre de cerimônia fica no lado norte ou sul? Questões como esta.

E outra questão meu irmão, é sobre o iniciado ter acesso ao oriente, isto realmente existe
desde os princípios, qual forma solucionaria dele não atingir o oriente hoje.

 

CONSIDERAÇÕES

 

Caro Irmão, escrever sobre isto certamente daria uma matéria de muitas laudas, seguramente até um livro.

Assim, deixo aqui apenas algumas colocações superficiais sobre este tema, mas que certamente são fatos importantes para o estudo da história do REAA.

Francisco Gê Acayaba de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha, trouxe para o Brasil, em 1832, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, uma potência filosófica que nada tinha a ver com os três graus do simbolismo do REAA. Até onde eu sei, também não trouxe nenhum ritual, propriamente dito, para os graus de Aprendiz, Companheiro Mestre.

O primeiro Regulador para os Graus Simbólicos do REAA no GOB somente apareceu no ano de 1834. Tinha o título de “Guia dos Maçons Escocezes, ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito” (grafia da época).

Este regulador copiava basicamente o Guia dos Maçons Escoceses de 1820/21 da França e, como tal, já era bastante influenciado por algumas práticas das Lojas Capitulares - um sistema criado pelo Grande Oriente da França que existiu naquela época.

O primeiro ritual (projeto) para o simbolismo do REAA foi criado em Paris no ano de 1804. Para administrar a construção deste ritual, nascia, em outubro de 1804, por obra do II Supremo Conselho, uma Loja que ficaria conhecida como Loja Geral Escocesa (foi extinta em 1816). Desafortunadamente, este primeiro projeto de ritual acabaria sofrendo indesejáveis intervenções, o que fez dele um elemento desconfigurado na sua originalidade. Não confundir o primeiro ritual para simbolismo do REAA (1804) com os cadernos denominados Guia dos Maçons Escoceses (1820/1821)

Em se tratando do REAA na Maçonaria brasileira, vale ressaltar que a primeira Loja deste rito no Brasil apareceu no Rio de Janeiro em maio de 1822, um pouco antes da fundação do GOB em 17 de junho daquele mesmo ano. Sob o título de Bouclie D’Honneur (Escudo de Honra), não se pode precisar exatamente como era o ritual do REAA praticado por esta Loja, a não ser que tinha provável característica capitular.

Por ser de tendência monarquista, a Loja Bouclie D’Honneur não duraria muito tempo, sobretudo porque naquela época os maçons brasileiros estavam empenhados em fundar uma obediência genuinamente brasileira, dedicada à lutar pela causa da Independência do Brasil – certamente as tendências monarquistas da Loja Bouclie D’Honneur, ligadas à Coroa Portuguesa, não eram nada bem-vindas no seio da incipiente Maçonaria Tupiniquim.

A segunda Loja do REAA nascida em solo brasileiro foi a Loja Educação e Moral. Fundada por Joaquim Gonçalves Ledo, ela manteve suas colunas erguidas de 1829 até 1833. Foi instalada por João Paulo dos Santos Barreto, um importante militar que trazia consigo uma patente do Grande Oriente da França para fundar Capítulos Rosa-Cruzes.

Isto reforça a possibilidade de que a Loja Educação e Moral, fundada antes do Supremo Conselho de Montezuma, trabalhava como uma Loja Capitular, isto é, com os seus 18 graus.

Uma anotação importante sobre a história desta Loja é que ela foi instalada em uma época em que a Maçonaria se encontrava suspensa no Brasil desde 25 de outubro de 1822 por ordem de D. Pedro I, o Irmão Guatimozim. É de se ressaltar que o Grande Oriente do Brasil somente seria reinstalado em novembro de 1831, após a abdicação de D. Pedro I, ocorrida em abril daquele ano. Isto atesta que mesmo proibida naquela época, a Maçonaria não havia cessado completamente as suas atividades no Brasil.

Voltando à França do início do século XIX, não menos importante na história do REEA, é de se destacar que o Rito Francês (ou Moderno) era o principal rito praticado pelo Grande Oriente da França, a despeito de que sob sua tutela também existiam outros ritos, como o Adonhiramita e o REAA. Este último, por exemplo, ainda estava, no primeiro quartel do século XIX (1804), construindo o seu primeiro ritual para o simbolismo, na Europa.

Sob a tutela do Grande Oriente da França, o primeiro ritual para o simbolismo do REAA acabou indevidamente recebendo algumas práticas de outro rito. Por exemplo, no projeto do ritual primitivo do REAA, seu templo não possuía Oriente separado e elevado. Tal como na Maçonaria anglo-saxônica (Antigos), o piso da sala da Loja do REAA não possuía desnível.

Também, diferente do Rito Francês (Moderno), as Colunas B e J ficavam no Norte e no Sul, respectivamente; o 2º Vigilante já ocupava lugar no meridiano do Meio-Dia e o Mestre de Cerimônias sentava-se ao Sul (Coluna da Beleza), e por aí vai.

No que diz respeito às Lojas Capitulares, as mesmas surgiram por interferência do Grande Oriente da França no REAA. Naquela época, o II Supremo Conselho do REAA – o da França – abrigava-se das mesmas dependências do Grande Oriente, em Paris. Com isso, o Grande Oriente da França, que possuía grande força política e já tinha sob sua égide o Rito Francês (Moderno) com 7 Graus, dos quais o último era um grau Rosa-Cruz, logo também se arvorou em tomar para si os 18 primeiros graus do REAA.

Em linhas gerais, o Grande Oriente alegava que tal como no Rito Moderno, ele também deveria ser o senhor do Capítulo Rosa-Cruz do escocesismo. Isso fez com que todos os graus do REAA, abaixo do 18º Grau, ficassem sob a tutoria do Grande Oriente da França.

Graças à esta alegação, o II Supremo Conselho, o da França, perdia os seus 18 primeiros graus para o Grande Oriente, restando-lhe, apenas, o governo dos demais graus do sistema escocesista (Kadosh e Consistório).

E assim aparecem as chamadas Lojas Capitulares do REAA no Grande Oriente da França. Com elas também começam a aparecer as adaptações e alterações significativas no primeiro ritual para o simbolismo do REAA. Dentre estas, uma muito importante neste arrazoado, foi a criação de um santuário Rosa-Cruz para atender ao Capítulo, o qual passou a ocupar todo o Oriente da Loja. Com isso, o Oriente, que antes ficava no mesmo nível do Ocidente, passou a ficar mais alto, ou seja, elevado por um degrau e separado por uma balaustrada.

Diferente do Rito Moderno, que já possuía o Oriente elevado, não por um, mas por quatro degraus, no REAA esse desnível era de apenas um degrau.

Um aspecto importante para este Oriente elevado na Loja Capitular era o de que nele só podiam ingressar Irmãos do Capítulo. Neste sistema, o Athersata - governador do Capítulo - era também o Venerável Mestre das simbolismo. Aprendizes, Companheiros e Mestres só podiam transitar pelo Ocidente da Loja.

Vale ressaltar que primitivamente no REAA os juramentos eram prestados sobre o Altar do Venerável Mestre. Aliás, inicialmente nem mesmo havia leitura de qualquer trecho do Livro da Lei.

Graças à separação entre o Oriente e o Ocidente para atender ao santuário Rosa-Cruz, houve-se por bem criar uma extensão do altar principal, motivo pelo qual veio aparecer uma pequena mobília movediça, chamada de Altar dos Juramentos. Esta peça ficava no Oriente em frente ao altar principal e podia atender a prestação dos juramentos, tanto os do capítulo, como do simbolismo. Devido a sua mobilidade, o Altar dos Juramentos era convenientemente arrastado até a divisa com o Ocidente para atender aos juramentos das Lojas de São João (simbolismo).

Mais tarde, com a extinção total das Lojas Capitulares, os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre do REAA permaneceram sob a tutela do Grande Oriente da França, enquanto que os demais graus, do 4º em diante, retornavam para o II Supremo Conselho.

Mesmo colocadas as coisas nos seus devidos lugares, não a dúvida que as Lojas Capitulares deixaram marcas profundas nos rituais do simbolismo do REAA, das quais uma delas foi a permanência do Oriente elevado e separado nas Lojas simbólicas.

Assim, com o Oriente permanecendo elevado e separado nos templos das Lojas simbólicas do escocesismo, o quadrante oriental agora passou a ser lugar restrito dos Mestres Maçons, Mestres Instalados e Autoridades do simbolismo. Nessa conjuntura, o Altar dos Juramentos também se consagrou permanecendo fixo no centro do Oriente, em frente ao Altar principal.

Devido à permanência do Altar dos Juramentos no Oriente, separado do Altar do Venerável Mestre, convencionou-se que no REAA, durante a cerimônia de Iniciação e Elevação, Aprendizes e Companheiros que estiverem sendo iniciados, ou elevados, podem ingressar no Oriente, porém exclusivamente para atender às passagens iniciáticas previstas no ritual. Fora disso, sob nenhuma justificativa Aprendizes e Companheiros podem ingressar no Oriente em Loja aberta.

Então, estes são os apontamentos para a sua questão. Ao concluí-los, reitero que no REAA o lugar consagrado do Mestre de Cerimônias é na Coluna do Sul; as Colunas B e J são vestibulares, portanto ficam no átrio, B à esquerda de quem entra e J à direita; o Oriente fica apenas um degrau mais alto do que o Ocidente; o 2º Vigilante, diferente dos demais ritos franceses, fica no meridiano do Meio-Dia; o Altar dos Juramentos é um pequeno móvel situado no Oriente em frente ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre.

No fim, vale destacar que rituais escoceses contemporâneos das Lojas Capitulares sofreram muitas interferências destas. Houve muitas acomodações e adaptações que não condizem com o que havia sido proposto no primeiro ritual, o de 1804. Por forças circunstanciais, o Guia dos Maçons Escoceses (França) e ritual de 1834 (Brasil), de 1829 (França) dentre outros daquela época, são parte dessa história. Cabe ao autêntico historiador examinar e separar o que é falso e o que é verdadeiro.

 

 

T.F.A.

 

 

PEDRO JUK – SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

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JAN/2024

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES - NOVO RITUAL DO REAA

Em 25.05.2024 o Respeitável Irmão Alderedo Dias Alves, Loja Atalaia de Brasília, 1574, REAA, GODF (GOB), Oriente de Brasília, DF, apresenta a dúvida seguinte:

 

SUBSTITUTOS DOS VIGILANTES.

 

Mais uma vez aqui estou eu com uma dúvida, ou seja, eu li em algum lugar que não me lembro, que o Segundo Vigilante tem como substituto eventual o Irmão Segundo Experto e não Primeiro Experto, como ocorre em muitas Lojas. Gostaria de suas orientações já que não consegui
localizar o texto a respeito.

Muito grato pela tolerância e ajuda.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

No tocante a sua questão, conforme prevê o Regulamento Geral da Federação, uma das atribuições do 2º Vigilante é a de substituir o 1º Vigilante na sua ausência. Assim, caso isso venha ocorrer, quem preenche o cargo vago deixado pelo 2º Vigilante é o 2º Experto.

Essa é a regra para o REAA e consta, inclusive, no Ritual de Aprendiz do REAA, edição 2024, vigente no GOB.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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JAN/2025

RITO DE YORK E TRABALHOS DE EMULAÇÃO

Em 24.05.2024 o Respeitável Irmão José Vitorino de Sales Júnior, Loja Exemplo, 3379, Rito de York, GOB-PR, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

 

YORK E EMULAÇÃO

 

Estou preparando um trabalho sobre as origens do Rito de York. Porém sempre há uma redundância entre York e Emulação, nas pesquisas que faço. Gostaria de sua orientação se possível. Não estou conseguindo separar um de outro. Se pudermos conversar a respeito, agradeceria muito.

 

CONSIDERAÇÕES

 

De modo elementar, muitos autores autênticos explicam que na Maçonaria Inglesa não existem ritos propriamente ditos, porém os "Workings".

Assim, os trabalhos ritualísticos ingleses se constituem por formas de trabalho adaptadas à cultura e ao costume das diversas regiões inglesas.

Os trabalhos maçônicos ingleses intitulam-se por CRAFT, no sentido de ofício de artesão; artesanato - no caso o artesão que trabalha na pedra calcária (The Craftsman - o Artesão).

            Na Maçonaria Anglo-saxônica, o termo York, salvo melhor juízo, deve-se muito ao Irmão Lawrence Dermott e a sua Grande Loja dos Antigos.

Dermott, para justificar uma pretensa antiguidade, por ele alegada para a sua Grande Loja, evocava a Lenda do Rei Athelstan e do seu sobrinho Edwin. A lenda relatava que em 926, por convocação de Edwin, havia ocorrido uma grande reunião para tratar da antiga forma de trabalho maçônico. Para essa reunião acorreram muitos pedreiros e arquitetos famosos da época. Segundo a lenda, essa reunião teve como lugar a pequena cidade medieval de York, situada à nordeste de Londres.

A bem da verdade, lenda não tem compromissos com realidade histórica. Conforme autores consagrados, essa reunião, que de fato parece ter acontecido, não foi para tratar de rituais de trabalho maçônico - que nem existiam naquela época – todavia foi para aquilatar os prejuízos que as confrarias de construtores haviam sofrido por conta das invasões dos povos bárbaros, oriundos do Norte.

À vista disso, é bastante provável que o termo “York”, dado a uma das práticas de trabalho maçônico inglês tenha vindo daí.

Aqui no Brasil, por uma questão de tradução em tratados de reconhecimento entre o GOB e a GLUI, em tempos primitivos, o nome Rito de York acabou nominando o working inglês (CRAFT) por aqui praticado.

No que diz respeito ao Rito de Emulação, ele não é bem um rito, mas uma loja de aperfeiçoamento que se reúne em algumas oportunidades durante o ano para "demonstrar" a forma de trabalho para as Lojas do CRAFT, respeitando, no entanto, os aspectos sociais e culturais de cada rincão da Inglaterra.

Em 1813, com a união das duas Grandes Lojas rivais, os Modernos e os Antigos, uma nova forma acertada de trabalho era promulgada e demonstrada pelos Stwards, oficiais especialistas em ritualística que faziam as demonstrações para as Lojas.

Na verdade, a partir de 1815 os Stwards demonstravam a nova forma de trabalho promulgada pela união que então havia resultado na Grande Loja Unida da Inglaterra.

Aproximadamente em 1821, a incumbência de demonstrar os trabalhos passou a ser atribuída uma Loja de Aperfeiçoamento (improvement), a qual ficaria conhecida e consagrada como Emulation's Lodge of Improvement.

Desse modo, Emulação, propriamente dito, não é um Rito, mas é o trabalho de uma Loja que se reúne oficialmente para demonstrar e aperfeiçoar os trabalhos maçônicos. Neste quesito, vale lembrar que a Grande Loja Unida da Inglaterra não edita oficialmente rituais, assim o “working” segue uma estrutura que está consagrada na sua essência desde a “união”, não obstante, como já mencionado, sejam respeitados os costumes e a cultura de cada região da Inglaterra.

Sob o ponto de vista dos maçons latinos, isto parece confuso, sobretudo porque os latinos, de maneira geral, querem que tudo esteja escrito em rituais e essa não é a característica da Maçonaria Anglo-saxônica.

Já na Maçonaria Regular Tupiniquim (brasileira), filha espiritual da França, portanto latina, constantemente editam-se rituais e mais rituais. Este fato acaba contribuindo para o aparecimento de dúvidas e achismos, onde cada um acha que o seu ritual é que é o certo.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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JAN/2024

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

O LUGAR DO MESTRE DE CERIMÔNIAS - REAA

Em 24.05.2024 o Respeitável Irmão Robson Lopes, Loja Mestre Hiram, REAA, GOB-RJ, Oriente de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro, apresenta o que segue:

 

LUGAR DO MESTRE DE CERIMÔNIAS

 

Estudando os rituais de 1804, e em observação aos Graus Filosóficos, nota-se que o Mestre de Cerimônias teria lugar na Coluna do Norte originalmente, próximo ao Irmão Tesoureiro.

Quando que ocorreu essa mudança para a Coluna do Sul e, por curiosidade, o GOB tem planos de realocá-lo ao seu posto do primeiro ritual?

Outra dúvida que possuo é sobre o andamento de uma Sessão de Instrução.

Recordo-me de em algum momento ler em uma fala sua a qual seria aberta e passada diretamente ao Tempo de Estudos com horário mais flexível que o quarto de hora estipulado.

Contudo, encontro pouco material sobre esse tipo de sessão. No caso é tão somente abertura, tempo de estudos, tronco de beneficência e encerramento, ou tem leitura de ata e expediente também?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

É bom que se diga que o ritual de 1804 para o simbolismo do REAA foi um projeto de ritual que infelizmente logo se deturpou pela intromissão do Grande Oriente da França.

A Loja Geral Escocesa, criada em 1804 para gerenciar a elaboração desse primeiro ritual, e extinta em 1816, orientava o lugar do Mestre de Cerimônias na Coluna da Beleza (Sul).

A intromissão do Grande Oriente da França criando, naquela época, as hoje extintas Lojas Capitulares, acabaria trazendo uma série de deformações por comparação com a liturgia do Rito dos 7 Graus (Rito Francês, ou Moderno).

Isso fez com que um amontoado de equívocos ritualísticos acabasse ingressado no Guia dos Maçons Escoceses de 1820/21, inclusive inversões de alguns titulares nas Colunas se assemelhando com o Rito Francês.

À vista disso, o Ritual de 1829, logo a seguir, acabou conservando muitas dessas contradições, as quais paulatinamente, com a evolução dos rituais, foram sendo corrigidas ao longo dos séculos XIX e XX.

A bem da verdade, este tema aborda um emaranhado de fatos e contradições que carecem, por parte do pesquisador, de uma observação atenta e acurada.

O que de fato se sabe atualmente é que em 1804 a Loja Geral Escocesa foi criada para fazer o primeiro ritual para o simbolismo do REAA, visto a sua inexistência para as Lojas de São João na Europa.

               Dentro do Grande Oriente da França, este deveria ser um trabalho independente e sem nenhum comprometimento, pelo menos a princípio, com as práticas do Rito Moderno (Francês), especialmente porque este rito historicamente seguia as práticas dos “Modernos” da Primeira Grande Loja inglesa.

Visando não se aproximar das práticas dos Modernos, a construção deste primeiro ritual para o REAA seguiu procedimentos inerentes aos Antigos, os quais eram rivais dos Modernos.

Um dos documentos básicos para a construção do ritual de 1804 foi a "exposure" denominada “As Três Pancadas Distintas”, a despeito de que os rituais dos Modernos se relacionavam com à "exposure" Jachin e Boaz.

Graças a isso, é que não é tão simples se concluir que "no ritual de 1804 (que nem era ainda ritual) o Mestre de Cerimônias sentava na Coluna do Norte".

O que de fato se sabe é que no aprimoramento dos rituais simbólicos para o escocesismo, consagradamente o assento do Mestre de Cerimônias fica na Coluna do Sul, apesar de ainda existirem rituais que seguindo o costume dos Modernos, ainda coloca o Mestre de Cerimônias na Coluna do Note.

Face ao exposto e sem qualquer previsão para alteração, o ritual do REAA, revisado em 2024 e em vigência no GOB, coloca o assento para o Mestre de Cerimônias na Coluna do Sul.

Quanto à Sessão de Instrução seria inapropriado se escrever aqui um ritual para essa ocasião. Em uma sessão de instrução, prevista no RGF, abre-se a Loja normalmente em sessão ordinária, nela se tratando apenas assuntos relacionados à instrução e à educação maçônica.

Nos rituais revisados do REAA, GOB, edição 2024, o Tempo de Estudos passou de 15 para 30 minutos, podendo ainda, neste período, a critério do Venerável Mestre, ser permitida a informalidade ritualística do giro da palavra, o que facilita o debate.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR

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JAN/2024

IRMÃO DEPUTADO FILIADO A OUTRA LOJA

Em 20.05.2024, o Respeitável Irmão Antonio Luiz de Souza, Loja Alferes Tiradentes, REAA, GOB-ES, Oriente de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, faz a pergunta seguinte:

 

IRMÃO FILIADO

 

Em nossa Loja, temos dois Irmãos filiados, eles assinam o livro como Irmão do quadro, pois são filiados à nossa Loja. Esses Irmãos são Deputados da Poderosa PAEL, por suas respectivas Lojas de Origem. Quando eles vão à nossa Loja eles vão com paramentos maçônicos de Deputado Estadual.

A dúvida: quando os irmãos estiverem em nossa eles devem ir com paramentos maçônicos de Deputados Estadual ou com Avental de Mestre Maçom?

Caso eles compareçam à nossa Loja, a que são filiados, com paramentos maçônicos de Deputado Estadual eles assinam o livro como visitantes ou como irmãos do quadro? para assinar como irmão do quadro devem ir com avental de Mestre Maçom?

Mais uma vez, sou grato pela sua ajuda e atenção meu Ir.:

 

CONSIDERAÇÕES:

 

No meu modesto entendimento, um Irmão Deputado eleito por uma determinada Loja, nela deve se apresentar paramentado como Deputado. Assina o livro de presenças da Loja como uma autoridade do Quadro.

Se este Irmão, Deputado pela sua Loja, for filiado a outra Oficina, porém não sendo por ela Deputado, o mesmo deve comparecer à sessão paramentado como Mestre Maçom, ou Mestre Maçom Instalado, se for ocaso. Deve assinar o livro de presença como membro filiado da Loja.

Caso este Irmão Deputado, como tal se apresente paramentado em Loja que ele seja apenas filiado, o mesmo será recebido como um Deputado visitante. Deve assinar o livro de visitantes da Loja.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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JAN/2024

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

TRATAMENTO DA LUZES DA LOJA EM CÂMARA DO MEIO

 

Em 18.05.2024, o Respeitável Irmão Anderson de Oliveira Filho, Loja Três Poderes, 2305, sem mencionar o Rito, GODF, GOB, Oriente de Brasília, DF, apresenta o que segue:

 

O TRATAMENTO DAS LUZES.

 

Venho mais uma vez, venho consultar o Irmão no sentido de esclarecer, se possível, um questionamento que não soube responder, que é o seguinte:

Por quê da denominação e seu significado de "Respeitab Mestre, VVenerab IIr 1º e 2º Vigilantes e Ven, no Grau de Mestre Maçom?

Antecipadamente agradeço e fico no aguardo!

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Provavelmente essas formas de tratamentos diferenciadas, com caráter superlativo, existem para qualificar o grau de Mestre Maçom (espiritualidade) perante os dois outros graus que o antecedem (materialidade). Nesse sentido, a plenitude maçônica também revela, pelo seu tratamento, um maçom refinado, espiritualmente preparado.

            Como na Câmara do Meio todos os Irmãos são Mestres Maçons, visando destacar este caráter de igualdade, todos os Mestres são tratados por Veneráveis Irmãos.

Assim, para diferenciar o tratamento formal das Luzes (eleitas para governar a Loja)
dos demais cargos, aplicou-se ao portador do 1º Malhete o título distintivo de Respeitab
(termo derivado de respeitável) no sentido de ser muito respeitável, grande e formidável. Nesta mesma conduta, para os VVig deu-se o tratamento de Venerab, (termo derivado de venerável) no sentido de ser extremamente venerável.

Os tratamentos diferenciados para as Luzes da Loja, também têm a função destacar outros cargos dos cargos de portadores de Malhete.

Vale pôr em evidência que antes de 1725, ainda não existia o grau especulativo de Mestre Maçom, senão os cargos de Aprendiz e de Companheiro.

Como o 3º Grau somente foi oficializado em 1738, o Grau de Companheiro cedeu boa parte da sua liturgia para a construção do Grau de Mestre.

Com o aparecimento da lenda hirâmica pelo advento do 3º Grau, o personagem lendário principal, Hiran Abif, genericamente já era tratado como Respeitab Mestre. Esse fato ajudou a alavancar distinções de tratamento para os integrantes de uma Câmara do Meio.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

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JAN/2025