quinta-feira, 6 de julho de 2017

SAUDAÇÃO E USO DA PALAVRA


Em 24/05/2017 o Respeitável Irmão Euro Ferreira Guedes, Loja Pedro Michael Struthos, 2065, REAA, GOB-RO, Oriente de Guajará Mirim, Estado de Rondônia, solicita a seguinte informação:

 SAUDAÇÃO E USO DA PALAVRA.


Eis minha dúvida, em relação à SAUDAÇÃO no REAA: Nosso Ritual do REAA/GOB, não faz referência alguma do modo como os Irmãos, ao usarem a palavra, devem saudar os presentes. Quem deve ser saudado, qual a ordem, em que momentos? As Luzes tem prioridade, isto é, devem ser saudadas por primeiro, ou são colocadas na Ordem hierárquica normal? A saudação inicia-se na mais alta autoridade presente, desce pelas faixas e termina onde? No Aprendiz? Tenho visto Irmãos saudarem as autoridades, uma a uma, e terminarem em Mestres Instalados, Mestres, Companheiros e Aprendizes. É necessário tudo isso?
Muitas vezes a saudação fica mais longa que as palavras do Irmão. Em que ocasiões devem ser feitas essas saudações? Toda vez que for necessário usar a palavra, isto é, na Ordem do Dia e na Palavra a Bem da Ordem? Aguardo luzes.

CONSIDERAÇÕES.

Primeiro. Já comentei bastante a respeito. Tenho dito: “quando do uso da palavra o obreiro cumpre antes o protocolo que é o de mencionar as Luzes, demais Dignidades e apenas alguns dos presentes a Loja, sem o exagero de dirigir individualmente a todos que a compõem”.
Segundo. Na verdade essa atitude não é saudação, pois quando o obreiro se posiciona à Ordem para usar da palavra ele está primeiro cumprindo uma formalidade consuetudinária do Rito que diz: “todo o obreiro que estiver em pé e parado em Loja aberta fica à Ordem e, antes de sentar novamente, desfaz o Sinal na forma de costume”.
O mais comum e recomendável para a ocasião do uso da palavra é a de que o obreiro ao fazer uso da mesma, estando à Ordem, assim proceda mencionando protocolarmente por primeiro: “Luzes da Loja, demais Dignidades, Autoridades (sem descrevê-las uma a uma), meus Irmãos” [1]. A partir daí ele simplesmente faz o seu pronunciamento e, ao final, desfaz o Sinal pela pena simbólica e torna a tomar assento.
Só isso basta. É de péssima geometria o usuário da palavra ficar mencionando exageradamente uma a uma as autoridades e demais presentes na sessão antes de usar propriamente a palavra. Quem assim o faz, além de desnecessariamente querer “dourar a pílula”, ainda toma tempo da sessão e esgota a paciência dos outros. Em síntese é uma atitude improdutiva.
A postura de se estar à Ordem para o uso da palavra não deve ser confundida com saudação maçônica, embora que para tal também se fique à Ordem.
A liturgia da saudação maçônica é feita a partir do Sinal de Ordem que deve ser composto e desfeito imediatamente pela pena simbólica quando se estiver em Loja aberta conforme especifica o Ritual de Aprendiz na sua página 42, último paragrafo. Nele está escrito que a saudação se faz apenas ao Venerável Mestre quando se entra e sai do Oriente, ou às Luzes da Loja após a entrada formal (depois da Marcha do Grau). Isso nada tem a ver com procedimentos para o uso da palavra.
Dadas essas premissas, quando alguém fica à Ordem durante o uso da palavra dirigindo-se protocolarmente às Luzes, demais Dignidades, Autoridades e demais Irmãos presentes, por exemplo, não se está saudando ninguém pelo Sinal, mas sim cumprindo a tradição de assim se postar antes de fazer uso da palavra (quem estiver em pé, obrigatoriamente compõe o Sinal de Ordem). Terminada a fala, antes de sentar, desfaz-se o Sinal. Ratificando, isso não é saudação maçônica.
Todas as saudações em Loja são feitas pelo Sinal, entretanto nem sempre quem estiver compondo o Sinal estará obrigatoriamente saudando alguém. Infelizmente, uma boa parte dos que se dizem conhecedores de ritualística e escrevem nossos rituais (quando não os copiam apenas), na verdade não a entendem a contento, portanto não se apercebem desses detalhes. São eles apenas subservientes da moda peripatética latina que é a de se cumprir apenas o que está escrito, mesmo sem saber se o que está escrito faz algum sentido ou não. Aliás, desses, a grande maioria ainda não sabe nem o porquê das nossas práticas litúrgicas.


T.F.A.

PEDRO JUK

JULHO/2017




[1] Existem outras variações protocolares tais como: “Venerável Mestre, Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, demais Dignidades, Autoridades, meus Irmãos”. Na hipótese de estar presente o Grão-Mestre, ele é mencionado pelo cargo logo após as Luzes da Loja: “Luzes da Loja, Soberano (ou Eminente) Grão-Mestre, demais Dignidades...”. Existem ainda outras variações que podem, dependendo da situação, ser usadas, desde que as mesmas não se prendam aos excessos de preciosismo. – é tudo uma questão de bom senso.

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