quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

ORIGENS - A COR ENCARNADA DO REAA


Em 09/09/2019 o Respeitável Irmão Luis Ricardo González Suárez, Logia “Levante”, Nº 26, REAA, Gran Logia de Chile, Municipio de La Cisterna, Santiago do Chile, Chile, formula a seguinte questão.

COR VERMELHA DO REAA.


LOJA ESTRELA DE MORRETES
Meu Irmão, me desculpe te incomodar, não é uma pergunta fácil: Gostaria saber se existe algum documento onde se indique que os Templos no Rito Escocês Antigo e Aceito, devem ser de cor vermelha. Literatura eu achei em português e espanhol, mas preciso de um documento. Desde já agradeço a sua gentileza. Esperando que o GADU sempre te ilumine.

CONSIDERAÇÕES.

Eu diria que a cor encarnada do Rito Escocês Antigo e Aceito, também conhecido no continente europeu como Rito Antigo e Aceito, possui três fundamentos históricos principais.
O primeiro se refere à revolução puritana de Cromwell datada de 1649 na Inglaterra na qual se envolveram católicos e protestantes. A dinastia escocesa stuartista, jacobita era católica por excelência. Dentre outros, os acontecimentos dessa revolução levaram à decapitação do Rei Carlos I, o que se sucedeu levando os partidários dos stuarts a procurarem exílio em França, de onde, sob a capa da Lojas Maçônicas (Guardas Irlandeses), seria tramada a restauração do trono inglês pelos católicos. Essa influência "stuartista" se tornaria, sob efeito prático, base de origem do REAA. Assim, sob a égide do catolicismo a cor vermelha - cor do cardeal - se faria presente já no embrião do rito que mais tarde ficaria conhecido como Rito Escocês e o seu sistema de altos graus disseminados principalmente na França.
O segundo aspecto reforça ainda mais a cor encarnada pelo aparecimento, no primeiro quartel do século XIX, das hoje já extintas Lojas Capitulares (vide essa história no Grande Oriente da França). Nesse sentido, a influência capitular consolidaria o matiz vermelho para o rito em questão. É dessa época - início do século XIX - que apareceria em 1804 na França o primeiro ritual simbólico para REAA. Esse ritual ficaria conhecido no Guia dos Maçons Escoceses com data estimada de 1821. Como parte dessa história, nesse ritual se acentuariam ainda costumes tradicionais hauridos das Lojas Mães Escocesas, de Marselha, Avinhão e Paris, como os Pilares B e J, a aclamação Huzzé e a cor vermelha.
Em terceiro vem o Conselho de Lausanne, realizado na Suíça em 1875, com a finalidade, dentre outros, de padronização, onde a cor encarnada para o REAA seria finalmente decretada. Esse Conselho é tido por muitos historiadores autênticos como um dos documentos básicos do escocesismo.
Afora essas três colocações principais, existem ainda muitos rituais autênticos que trazem a cor vermelha como matiz principal do escocesismo, ou seja, uma marca de identificação do Rito. Apesar disso, ainda existem alguns teimam em andar na contramão da história preferindo "azular" um rito que nasceu e é essencialmente vermelho.
Resumindo, basicamente são essas as principais razões que deram a característica encarnada para o REAA. Aqui no Brasil, ainda podem ser encontrados muitos Templos que conservam a tradição de ter as paredes originalmente pintados na cor do cardeal.
Por fim, sugiro o livro de autoria do saudoso Irmão José Castellani intitulado REAA – História, Doutrina e Prática, Editora Maçônica A Trolha, Londrina, Pr. Esse livro, além do seu excelente conteúdo, traz uma preciosa bibliografia que certamente poderá auxiliar na pesquisa.


T.F.A.

PEDRO JUK


DEZ/2019

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