quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

RITO DE YORK E TRABALHOS DE EMULAÇÃO

Em 24.05.2024 o Respeitável Irmão José Vitorino de Sales Júnior, Loja Exemplo, 3379, Rito de York, GOB-PR, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

 

YORK E EMULAÇÃO

 

Estou preparando um trabalho sobre as origens do Rito de York. Porém sempre há uma redundância entre York e Emulação, nas pesquisas que faço. Gostaria de sua orientação se possível. Não estou conseguindo separar um de outro. Se pudermos conversar a respeito, agradeceria muito.

 

CONSIDERAÇÕES

 

De modo elementar, muitos autores autênticos explicam que na Maçonaria Inglesa não existem ritos propriamente ditos, porém os "Workings".

Assim, os trabalhos ritualísticos ingleses se constituem por formas de trabalho adaptadas à cultura e ao costume das diversas regiões inglesas.

Os trabalhos maçônicos ingleses intitulam-se por CRAFT, no sentido de ofício de artesão; artesanato - no caso o artesão que trabalha na pedra calcária (The Craftsman - o Artesão).

            Na Maçonaria Anglo-saxônica, o termo York, salvo melhor juízo, deve-se muito ao Irmão Lawrence Dermott e a sua Grande Loja dos Antigos.

Dermott, para justificar uma pretensa antiguidade, por ele alegada para a sua Grande Loja, evocava a Lenda do Rei Athelstan e do seu sobrinho Edwin. A lenda relatava que em 926, por convocação de Edwin, havia ocorrido uma grande reunião para tratar da antiga forma de trabalho maçônico. Para essa reunião acorreram muitos pedreiros e arquitetos famosos da época. Segundo a lenda, essa reunião teve como lugar a pequena cidade medieval de York, situada à nordeste de Londres.

A bem da verdade, lenda não tem compromissos com realidade histórica. Conforme autores consagrados, essa reunião, que de fato parece ter acontecido, não foi para tratar de rituais de trabalho maçônico - que nem existiam naquela época – todavia foi para aquilatar os prejuízos que as confrarias de construtores haviam sofrido por conta das invasões dos povos bárbaros, oriundos do Norte.

À vista disso, é bastante provável que o termo “York”, dado a uma das práticas de trabalho maçônico inglês tenha vindo daí.

Aqui no Brasil, por uma questão de tradução em tratados de reconhecimento entre o GOB e a GLUI, em tempos primitivos, o nome Rito de York acabou nominando o working inglês (CRAFT) por aqui praticado.

No que diz respeito ao Rito de Emulação, ele não é bem um rito, mas uma loja de aperfeiçoamento que se reúne em algumas oportunidades durante o ano para "demonstrar" a forma de trabalho para as Lojas do CRAFT, respeitando, no entanto, os aspectos sociais e culturais de cada rincão da Inglaterra.

Em 1813, com a união das duas Grandes Lojas rivais, os Modernos e os Antigos, uma nova forma acertada de trabalho era promulgada e demonstrada pelos Stwards, oficiais especialistas em ritualística que faziam as demonstrações para as Lojas.

Na verdade, a partir de 1815 os Stwards demonstravam a nova forma de trabalho promulgada pela união que então havia resultado na Grande Loja Unida da Inglaterra.

Aproximadamente em 1821, a incumbência de demonstrar os trabalhos passou a ser atribuída uma Loja de Aperfeiçoamento (improvement), a qual ficaria conhecida e consagrada como Emulation's Lodge of Improvement.

Desse modo, Emulação, propriamente dito, não é um Rito, mas é o trabalho de uma Loja que se reúne oficialmente para demonstrar e aperfeiçoar os trabalhos maçônicos. Neste quesito, vale lembrar que a Grande Loja Unida da Inglaterra não edita oficialmente rituais, assim o “working” segue uma estrutura que está consagrada na sua essência desde a “união”, não obstante, como já mencionado, sejam respeitados os costumes e a cultura de cada região da Inglaterra.

Sob o ponto de vista dos maçons latinos, isto parece confuso, sobretudo porque os latinos, de maneira geral, querem que tudo esteja escrito em rituais e essa não é a característica da Maçonaria Anglo-saxônica.

Já na Maçonaria Regular Tupiniquim (brasileira), filha espiritual da França, portanto latina, constantemente editam-se rituais e mais rituais. Este fato acaba contribuindo para o aparecimento de dúvidas e achismos, onde cada um acha que o seu ritual é que é o certo.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK - SGOR/GOB

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

JAN/2024

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