sábado, 16 de dezembro de 2017

LUVAS E AS CUNHADAS

Em 26/09/2017 o Respeitável Irmão Marcilio Pereira de Oliveira, Loja Raimundo Rodrigues Chaves, 2028, sem mencionar o nome do Rito, GOB-DF, Oriente do Gama, Distrito Federal, formula a seguinte questão:

LUVAS E AS CUNHADAS


Quando da minha iniciação, em 10/09/1994 e por durante muito tempo, se pregava em Loja, como até hoje às vezes se fala, que as luvas brancas são destinadas’ às cunhadas e que as mesmas, em situação de socorro, faz uso das mesmas, deixando-as cair e o Maçom próximo a recolherá e perguntará a cunhada: SOIS UMA FLOR", coisa parecida... e ela por sua vez também deveria pronunciar alguma coisa que não recordo...
Pergunto: o que é verdade, o que é mito, o que é invencionismo?

CONSIDERAÇÕES.

Isso é o cúmulo da bobagem Na realidade nada disso é verdade. É pura invenção de autoria de irresponsáveis que não compreendem nada das mensagens simbólicas na Maçonaria.
A entrega das luvas femininas ao neófito durante a cerimônia de Iniciação é costume da galante Maçonaria francesa – isso não é unânime na Maçonaria.
Nos ritos que utilizam essa prática, a sua entrega tem apenas o desiderato de destacar a liberdade no trato com aspectos da Ordem.
Nenhum ritual sério prevê a entrega de pares de luvas para que eles sejam obrigatoriamente destinados às Cunhadas, mas prevê sim que essas luvas sejam oferecidas àquela que mais tiver estima e afeto do Iniciado.
Evidentemente que essa liberdade de escolha é apenas do novo Aprendiz. É ele, ninguém mais, que destinará o par de luvas femininas. Por exemplo, conforme o seu desejo e quando ele quiser, as luvas podem ser oferecidas à sua filha, esposa, mãe, madrinha, ou qualquer outra pessoa do gênero feminino que para ele seja merecedora.
Nada dessa liberdade pode ser confundida com libertinagem. Não há como se confundir o ato como um incentivo para presentear pessoas advindas de relacionamentos extraconjugais (concubinas) e outros congêneres. Obviamente que não se faz crer que uma Loja seja capaz de iniciar alguém apreciador dos maus costumes – afinal, é para isso que existem as sindicâncias.
Assim, o par de luvas femininas é entregue conforme a consciência e desejo íntimo do Irmão, portando esse ato não deve ser conduzido conforme desejo alheio - da Loja, por exemplo. Isso é erro crasso.
Não existe, portanto é irregular, o costume de se fazer como muitas Lojas fazem por aí, reunindo as cunhadas na Loja depois da Iniciação para que o novo Irmão entregue as luvas femininas para a sua esposa. Quem decide isso é ele, ratifico não a Loja.
Igualmente, em cima dessas barbaridades inventivas é que alguém imaginou um irregular gesto ou sinal de pedido de socorro com as luvas para as nossas cunhadas.
Não existe besteira maior! Coisa de quem não tem mesmo o que fazer!
Sugiro que, em vez disso, procurassem esses inventores estudarem em fontes limpas os propósitos da verdadeira Maçonaria.
Essa de deixar a luva cair e alguém perguntar “sois uma flor?” é mesmo d’escrachar, digna de uma comédia do tipo “pastelão”. Tal o tamanho dessa barafunda, ela que não merece nem comentário.
O que aqui comentei foi com base naquilo que é real e verdadeiro na Maçonaria, por conseguinte longe dos delírios inventivos.
Se algum ritual previr esse anacronismo, tenha certeza que ele merece urgente reavaliação. Que me perdoem os defensores desses absurdos.
A propósito, em relação às luvas na Maçonaria, além do seu caráter histórico como vestimenta de proteção nos tempos operativos, na Moderna Maçonaria elas trazem a mensagem pela sua alvura de se manter as mãos constantemente afastadas das águas lodosas do vício.
Agora... Sinais com elas... É mesmo coisa rocambolesca.

T.F.A.

PEDRO JUK


DEZ/2017

18 comentários:

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  2. Se fizéssemos uma prova de conhecimento sobre a história, a doutrina e a filosofia da Maçonaria, creio que nós, os Maçons brasileiros, seríamos reduzidos a 1/6. Esse 1/6, também merece crítica, pois, na maioria das vezes,não protesta contra estes atos, como bem colocado pelo Irmão Pedro Juk: cúmulo da bobagem.

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  3. Falou e não disse nada, foi ríspido dizendo o que não é e não informou pra que serve as luvas. Seria muito melhor falar pra que serve e depois ir falando dos mitos a respeito. Quem não sabe, continuou sem saber, portanto não foi esclarecedor.
    Entendi que não serve pra nada, é apenas uma tradição tosca colocada pela maçonaria francesa só pra agradar as mulheres mas que não serve de nada. É isso mesmo?

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    1. Se você acha que eu falo e não digo nada, só tenho a dizer que a opinião é sua e eu respeito. Basta ler o ritual para entender qual é a serventia das luvas. Se o conteúdo das minhas respostas não lhe agradam, certamente o Irmão achará outras, que não dadas por mim, que poderão lhe agradar. Obrigado pela visita.

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  4. Gostaria de saber então, para que serve as luvas brancas para a mulher que a recebe?

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    1. No rito que assim procede é uma peça que, além de simbolizar a pureza, simboliza também o carinho e respeito por aquela que o iniciado achar merecedora - pode ser para a esposa, mãe, madrinha, filha. O Ritual não determina especificamente a quem ele vai entregar, contudo dá a ele o seu direito de escolha que, em primeira análise, represente a liberdade do iniciado. PEDRO JUK. Obrigado pela visita.

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  5. Muito esclarecedora a explicação.
    É lamentável muitos não aceitarem a verdadeira essência. Temos muitos defendendo invenções barbáries.

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    1. Falta de estudo. Preferem a imaginação que é fácil e não toma tempo. Obrigado pela visita. T.F.A.

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    2. Tenho visto e assistido várias iniciações que o venerável, após, a sessão promove a sessão branca para a entrega das luvas. A cunhada realmente, concordo com Ir.: Pedro não vi e nem vejo tanta essencialidade no fato. Acho que as luvas femininas demonstra tão somente, o carinho dispensado a companheira escolhida, a importância que lhe é dada frente a União parental ou social em face da solenidade do contrato pelo casamento, nada mais do o respeito que representa as luvas. O que as vezes dizem de sinais de socorro. Entendo que na realidade inexistem tais sinais por nater encontrado em dos manuais dos graus do 1° ao 33

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    3. De fato, essa entrega não passa de invencionice e desrespeito aos rituais por parte de inventores que acham bonito, mas nada que faça sentido. Sinal de Socorro então é o cúmulo do absurdo. Tudo para impressionar as cunhadas e sem nenhum cunho iniciático. Obrigado pela visita.

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  6. Boa noite meu irmão.
    Sou do Oriente de Piúma ES e desejaria saber se existem ou não algum sinal que as Cunhadas (ou a que tenha mais estima e afeto) devem usar para serem "socorridas" e se há alguma "senha e contrassenha" para identificação. Só para tirar dúvidas mesmo. É que já li algo a respeito e queria saber se procede.
    Obrigado e um TFA. :

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    1. Caro Irmão, sinal de socorro e outros do gênero para Cunhadas é pura invenção. Fanfarronice de Irmãos que ouviram dize e ficam por aí apregoando essas barbaridades. Não perca tempo com isso. Não procede. Fraterno abraço e obrigado pela visita.

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  7. Ritual-pág-137: "Dando um par de luvas de mulher". Será que isso não daria algum problema judicial profana, visto que a pessoa "aquela que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afeto" não for alguém do sexo feminino ? Tetsuro Kawano - B.A.R.L.S. Acácia do Vale do Teles Pires, 2188 - Colider-MT - REAA. tetsurokawano@gmail.com

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    1. Meu Irmão, sigo aquilo que é consagrado na Maçonaria. Não vou ficar procurando coisas que não me dizem respeito. Entendo que uma par de luvas de mulher deve ser dado a uma mulher. No caso a que o iniciado tiver maior estima - pode ser sua mãe, madrinha, esposa, filha, tia... A lição é de liberdade, pois a loja não impõe a quem ele deve dar. Ora, se a luva é de mulher, ele certamente a entregará a uma mulher. Simples e racional.

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  8. Boa noite meu Irmão, entendo e aceito a explicação, inclusive muito esclarecedora. Só que me gerou outra dúvida, existe alguma forma de se reconhecer uma Cunhada, ou isso não existe tb? Muito obrigado e T.F.A.

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    1. Boa tarde meu Irmão. Originalmente não existe, salvo as invenções que acabariam sendo adotadas por alguns ritos. Reitero, no REAA não existe. Historicamente (de modo acadêmico) isso nunca existiu. Veja o paradoxo, Irmãos Aprendizes e Companheiros, devidamente iniciados, não possuem sinal de socorro, então como que as cunhadas, que não passam por processo iniciático algum, iriam possuir um sinal de socorro ou de reconhecimento. Como eu digo "estórias" é que não faltam, principalmente aquelas que invocam o "li não sei aonde", "me disseram", "no meu tempo era assim", etc.

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