sexta-feira, 10 de março de 2017

DOGMA, MAÇONARIA E RELIGIÃO

RESPOSTA - MARÇO/2017
Em 27/12/2016 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, 69, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, solicita esclarecimentos.
DOGMA, MAÇONARIA E RELIGIÃO.
Pergunto: a Maçonaria é antidogmática? Em caso positivo, maçonaria e fé cristã (que se apoia em dogmas, como nascimento virginal de Cristo, ressurreição dos mortos, dentre outros) são incompatíveis? É possível ser cristão e maçom?
CONSIDERAÇÕES.
Esse tipo de discussão não cabe na Maçonaria simplesmente porque ela não é uma religião, portanto, não a discute. Estuda sim a sua filosofia, suas raízes histórias e influências sobre os seres humanos de acordo com a sua cultura.
A Maçonaria tem por princípio respeitar todas as religiões e insiste em orientar que cada um deve procurar o seu conforto religioso na sua própria religião.
Então, se a Maçonaria não é religião, por princípio nela não cabem discussões sobre dogmas, mas revela que fanatismo e superstição são flagelos da humanidade.
Historicamente nascemos à sombra da Igreja como construtores de templos, abadias e catedrais da Idade Média, daí ser comum a influência de costumes religiosos no seio da sua existência, porém esses são costumes que marcam e embasam o seu arcabouço doutrinário. Essa doutrina, entretanto não visa interferir nem apregoar credos religiosos.
As lendas bíblicas, comumente mencionadas nas instruções e rituais maçônicos nos servem como muitas das alegorias que dão suporte ao método de aperfeiçoamento moral e ético reservado somente aos iniciados. Veja o exemplo do Livro da Lei. Ele não está ali como um mensageiro dessa ou daquela religião, mas como um código de moral pelo qual o Iniciado se compromete a cumprir as "obrigações da Ordem" - as obrigações prestadas pelo maçom diante do Livro da Lei, não raras vezes é confundido como juramento religioso, o que não é verdade.
Infelizmente uma boa parcela dos maçons ainda não entendeu que a Maçonaria faz uso das alegorias bíblicas para montar boa parte da sua estrutura de estudos, que tanto pode ser de vertente deísta como teísta, entretanto o uso da Bíblia, as alusões de suas passagens, etc., não visa doutrinar ninguém, porém usar o seu conteúdo como exemplo para preparar os seus integrantes.
Deus na Maçonaria é o Deus de todos os homens no sentido de que de modo conciliatório Ele é denominado Grande Arquiteto do Universo.
Às vezes pela falta de melhor compreensão da "Arte" é que muitos ainda acham que foram os maçons que construíram o Templo de Jerusalém, e pior ainda, acham que a Sala da Loja, também conhecida como Templo, é uma representação do mencionado Templo hebraico.
Então Mano, deixemos a discussão de dogmas para as religiões. Para nós maçons, basta a convivência fraternal e respeitosa entre todos os homens, sejam eles pertencentes cada qual a uma religião. Assim, tanto um cristão, como um muçulmano, como um judeu, etc., podem perfeitamente fazer parte dos quadros da Maçonaria, pois a verdadeira beleza da "construção" esta na arte da convivência e na fraternidade humana.
Dando por concluído, devo ratificar mais uma vez que a Sublime Instituição não é religião e não se presta a doutrinar ninguém nessa ou naquela crença. Com seu método suportado por símbolos e alegorias, ecleticamente haurido das manifestações do pensamento da humanidade, ela visa incentivar o Homem a buscar o seu aperfeiçoamento moral transformando-o daquela Pedra Bruta de então retirada da jazida, numa Pedra Cúbica perfeitamente desbastada, capaz de fazer parte das paredes de um templo construído à Virtude Universal. A Maçonaria não zomba de nenhuma religião, mas cobra dos seus integrantes o respeito a ela pela fé que um dia ele demonstrou, diante do Livro da Lei da sua crença, ao prometer cumprir a sua obrigação.
T.F.A.
PEDRO JUK   -   jukirm@hotmail.com 

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