sexta-feira, 24 de março de 2017

DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS

Em 05/03/2017 o Respeitável Irmão José Luiz Horner Silveira, Loja Renovação, 3.387, GOB-SC, REAA, Oriente de Florianópolis, solicita os seguintes esclarecimentos através do meu blog: http://pedro-juk.webnode.com/

DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS


Em primeiro lugar parabéns pelo trabalho realizado em nossa Ordem e parabéns pela nova ferramenta, o seu blog. Atualmente estou como Venerável Mestre de nossa Loja e recorro ao seu conhecimento ritualístico para nos auxiliar em um tema controverso em nossa Loja.
A questão é sobre a transmissão da Palavra Sagrada pelos Diáconos. Nesse caso são quatro dúvidas:
1) O 1° Diácono sobe os degraus do Trono, pelo Norte, com passos normais e coloca-se em frente ao Venerável Mestre. Pergunto: O 1° Diácono fica na frente do Venerável com o Altar entre eles? Como o Venerável vai chegar ao Diácono com o altar entre eles? Ou o 1° Diácono fica à direita do Venerável e este terá que se mover para transmitir a palavra? Ou ainda o Diácono vai até a direita do Venerável desta forma se a cadeira da direita do Venerável estiver ocupada, quem ocupa deverá sair para o Diácono chegar até o Venerável. Esta última é a utilizada em nossa Loja. Mas já ouvi questionamentos a esse respeito, por isso recorro ao nobre Irmão para nos orientar qual a forma correta nesse momento de nossa ritualística.
2) A palavra Sagrada é transmitida letra por letra e depois silabada? Ou apenas letra por letra como menciona o ritual.
3) Por qual o lado que os Diáconos chegam nas mesas dos Vigilantes?
4) No encerramento ritualístico o 1° Diácono faz a saudação ao Venerável Mestre antes de receber a palavra. Pergunto: o Venerável não desfaz o sinal para transmitir a palavra? O Diácono permanece com o sinal para receber a palavra do Venerável? No momento de transmitir a palavra para as Colunas os Diáconos fazem a saudação para os Vigilantes? Os Diáconos transmitem a palavra aos Vigilantes estando com ou sem sinal? Os Vigilantes recebem a palavra sem desfazer o sinal?
Desculpe a quantidade de perguntas, mas nosso ritual deixa a desejar em algumas passagens e cada Mestre faz da sua forma ou como aprendeu.
Gostaria de saber suas considerações a essas dúvidas.

CONSIDERAÇÕES.

  1. Embora o ritual careça ser aperfeiçoado, sobretudo nos seus explicativos, não há como se imaginar nessa oportunidade o Venerável e o Diácono tendo entre eles a mesa que serve como Altar e ainda o candelabro de três braços. Sem dúvida conceber isso é pura fertilidade de imaginação. Não há o que inventar. Genuinamente o Diácono sobe os três degraus que levam ao sólio pelo lado Norte do Altar. Atingindo o último piso ele se detém, ao tempo em que o Venerável vira-se para o Norte (lado do seu ombro direito), se aproxima e ambos ficam frente a frente para realizar a liturgia da transmissão. No que diz respeito a estar à cadeira de honra da direita ocupada nessa ocasião, mesmo assim o Venerável se aproxima do Diácono que o aguarda. Obviamente que nessa situação o ocupante do assento da direita, usando do bom senso, se afasta um pouco para dar lugar à execução da prática ritualística.
  1. A transmissão da Palavra Sagrada nessa circunstância não é ato de verificação de qualidade maçônica (telhamento).Essa transmissão tem outro sentido, e se reporta simbolicamente à aprumada e nivelamento dos cantos da obra, cujos antigos oficiais de chão (origem dos Diáconos) na época da Maçonaria Operativa eram os mensageiros que comunicavam as ordens pessoalmente do Mestre da Obra aos seus Vigilantes, destacando-se que era imenso o espaço onde se executava a construção. Com o advento da Moderna Maçonaria e o seu caráter especulativo, essa incumbência passou a ser simbólica, usando-se no lugar da sua prática efetiva o subterfúgio de se transmitir uma palavra. Isso significa que somente após estar tudo nivelado e aprumado (palavra correta) é que os trabalhos serão iniciados (vide as joias dos Vigilantes). Do mesmo modo, isso acontece no final da jornada, quando ocorre a conferência de tudo que fora produzido no Canteiro (Loja) – nessa alegoria está a origem do termo “justo e perfeito”. Dadas essas breves explicações sobre o seu significado, a transmissão da Palavra (que não é telhamento) se dá apenas entre Mestres Maçons. Assim quem transmite a Palavra, transmite-a sussurrada conforme o costume do Grau de trabalho da Loja, porém sem haver nenhuma troca de letras ou sílabas entre os interlocutores - nessa oportunidade um transmite e o outro recebe (escuta).
  1. As Luzes da Loja, em qualquer situação, são sempre abordadas pelo seu lado direito (seu ombro direito). É oportuno salientar que não existe nenhum giro em torno das mesas ocupadas pelos Vigilantes, bem como do Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
  2. Não se trata de saudação, mas sim o cumprimento da regra consuetudinária do REAA que preconiza o ato de se estar à Ordem sempre que um obreiro estiver em pé e parado em Loja aberta. Geralmente é feita essa comparação equivocada porque saudações em Loja - ao Venerável quando se ingressa e sai do Oriente e às Luzes após a formalidade da Marcha do Grau (as únicas saudações previstas no ritual) - são feitas também pelo Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Devido o gesto ser análogo, muitos o tratam também como saudação maçônica, mas não é. No que diz respeito à prática da transmissão da Palavra para o encerramento dos trabalhos, aconselha-se que os protagonistas desfaçam o Sinal no momento da transmissão e recepção da Palavra - além de prático, é mais confortável, deixa o gesto mais elegante e não fere a ritualística.



T.F.A.

PEDRO JUK



MARÇO/2017

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