Em
05/03/2017 o Respeitável Irmão Wesley Pereira dos Santos, Loja Virtus et Labor,
Trabalho de Emulação, GOB-PR, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, formula
seguinte questão através do meu blog: http://pedro-juk.webnode.com/
MAÇONARIA E ESTRUTURA BÍBLICA.
Iniciei
na instituição em 1978, e sempre ouvi dos doutos veneráveis a seguinte
afirmação, que o Livro Sagrado da Maçonaria é a Bíblia. E que sempre o
juramento do iniciado e ao galgar os graus é feito com a mão direita sobre a
bíblia. Até ai tudo certo. Mas afirmam também que o juramento pode ser feito
sobre qualquer outro livro respeitando a religião ou a fé do iniciado. Na
historia da maçonaria, e muitos de seus graus são baseados na construção do
templo de Salomão que é simplesmente uma lenda judaica, A Palavra de Passe do
Grau de Companheiro foi retirada das Sagradas Escrituras, mais propriamente do
Velho Testamento, Livro dos Juízes – Cap. 12. Outro exemplo cito Jaquim e Boaz
origina da narrativa bíblica do Templo do Rei Salomão.....etc. etc.
Alguns
graus filosóficos são graus com temas essencialmente cristãos, e cito como
exemplo o grau 18, inteiramente cristianizado e a obrigatoriedade de ele ter
que ser realizado nas quintas-feiras santas, no horário em que Jesus teria
realizado a sua última ceia com seus discípulos. Essa tradição denota a
inspiração cristã do grau, no sentido de que essa simbologia evoca um rito de
passagem muito caro aos cristãos, que é a Santa Ceia. E não faltam outros
exemplos; Escada de Jacó, Assim se toda filosofia maçônica é baseada na
construção do templo de Salomão, como pode uma profano adepto do Islamismo vai
seguir a filosofia maçônica que é toda judaica por essência. Por ultimo onde esta
escrita que o individuo pode fazer o juramento sobre o alcorão ou qualquer
outro livro religioso?
CONSIDERAÇÕES.
Na questão “o
Livro Sagrado da Maçonaria é a Bíblia”, digamos que ele, independente do seu
título religioso, seja o Livro da Lei do
Maçom, onde ele, o maçom, perante o seu próprio código de moral e ética,
exprime e presta a sua obrigação perante uma assembleia maçônica.
Obviamente que nos rincões terrenos do nosso
Planeta de maioria cristã é mais do que natural à presença da Bíblia nas Lojas,
entretanto nada impede que junto a ela também possa existir outro livro sagrado
que seja pertinente à religião de alguém que terá de cumprir a liturgia
iniciática da promessa e do comprometimento (juramento).
O termo “Livro da Lei” menciona então o Livro da
religião do maçom, podendo ser ele o Corão, o Veda, a Torá, a Bíblia, etc.
Muitas vezes o Livro da Lei parece assumir sutilmente
na Loja a característica representativa de uma religião, e isso ocorre devida a
cultura comum da maioria religiosa do país onde se pratica Maçonaria,
entretanto isso não significa prevalência ou preferência sobre as demais
religiões e nem que a Maçonaria seja uma religião, até porque não é mote da Sublime
Instituição apregoar qualquer divisão entre as crenças, desde que essas não
atentem contra a lei, os costumes e a moral do país. É mote sim da Ordem Maçônica,
além de promover a salutar convivência entre as religiões, também combater os
atos de fanatismo e de superstição por entender que eles ocasionam flagelo para
a Humanidade.
No que diz respeito à estrutura doutrinária dos
ritos que compõem a Moderna Maçonaria, eu diria que por ser uma Instituição
eclética ela reúne diversas lendas, alegorias e símbolos de inúmeras
manifestações do pensamento humano, não só da Bíblia, mas também do Mitraísmo
Persa, dos Mistérios de Elêusis, do Pitagorismo, do Hermetismo, etc.
Obviamente que existe prevalência de menções
bíblicas na composição do ideário maçônico, isso pela razão das suas origens
históricas à época da Francomaçonaria como herdeira direta das Associações
Monásticas e das Confrarias Leigas. Não é demais lembrar que a Maçonaria
floresceu a sombra da Igreja-Estado na Idade Média, portanto é bastante natural
essa relação cultural, porém nunca, em razão disso, se deve fazer analogia como
fosse ela uma doutrina religiosa – Maçonaria não é religião e nem se propõe
doutrinar religiosamente alguém.
É natural que o maçom compreenda que o alicerce
estrutural do simbolismo e da filosofia da Sublime Instituição é de construção simplesmente
simbólica, cujos símbolos e alegorias propendem transportar o maçom ao
aperfeiçoamento e isso, dentre outros, inclui respeitar à religião de outrem.
Todas as influências adquiridas das manifestações
do pensamento humano pela Ordem maçônica visam principalmente elevar o homem ao
respeito mútuo, ao amor ao próximo e à prática das virtudes.
Assim, todos os elementos colhidos das religiões pela
Moderna Maçonaria servem como exemplo e formatam o projeto para a
colheita dos bons frutos. Isso não é doutrina religiosa e as Lojas deveriam
ensinar constantemente os seus membros a compreender essa importante diferença.
Talvez se as Lojas se preocupassem mais com isso, não veríamos tantas tentativas
que alguns insistem impor na tentativa de divulgar os seus credos pessoais com
reverências às velas acesas, proferindo preces e orações, imaginando egrégoras(???),
descarregando energias(???), vendo espíritos, imaginando que o Templo de
Jerusalém fora construído por maçons, etc.
A Maçonaria ao mencionar lendas, narrativas e
símbolos relacionados a textos e mensagens exaradas por livros religiosos, especialmente
da Bíblia, não significa que ela está a divulgar uma religião. Religiões em
Maçonaria são objetos de estudos históricos, filosóficos e de reflexão, não
artifícios de doutrina.
Na construção de um Templo à Virtude Universal,
proposta mor da Sublime Instituição, há que se aproveitar sociologicamente o
elemento humano. Nisso aprendemos que no piso do Grande Templo, onde o Homem
(Pedra Bruta) é trabalhado constantemente, mesmo existindo sobre ele diferenças
entre raças, credos e religiões, nele haverá de reinar sempre a mais perfeita
harmonia.
Assim a Maçonaria propõe que os seus adeptos
vivam em perfeita união segundo os ditames da lei, independente se as suas
crenças religiosas forem teístas ou deístas. Instruções, símbolos e alegorias
que fazem parte do sistema velado maçônico não pertencem a nenhuma religião,
mas sim de um sistema filosófico que procura afastar o Homem do obscurantismo e
do erro. Participar desse teatro simbólico não é ato de conversão religiosa.
T.F.A.
PEDRO
JUK
MARÇO/2017.
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