sexta-feira, 1 de maio de 2020

PADRINHO - PAI E FILHO. INDICANTE E INDICADO NA MAÇONARIA

Em 05/02/2020 o Respeitável Irmão Pedro Reco Sobrinho, Loja Estrela de Manguinhos, 4.340, Rito Brasileiro, GOB-ES, Oriente de Oriente da Serra, Estado do Espírito Santo, solicita o seguinte esclarecimento:

PADRINHO


Acompanho seus trabalhos e o parabenizo pela dedicação a nossa Ordem.
Esta pergunta sempre é feita por muitos irmãos e sempre sugiro a solicitar outro irmão para apresentar o candidato, gostaria do esclarecimento do Eminente irmão acerca do assunto: pode o pai biológico ser o padrinho do filho candidato a ingressar na Ordem?

CONSIDERAÇÕES:

O "padrinho", em Maçonaria, é o Mestre Maçom que indica um candidato que irá passar pelo processo de Iniciação da Ordem. Por extensão ele é, no sentido figurado, o protetor, ou o patrono daquele que, sob a sua indicação, poderá pertencer aos quadros da Maçonaria.

Contudo, cabe mencionar que o padrinho em Maçonaria não deve ser confundido como uma espécie de guru do iniciado, mas sim de um guia, ou um conselheiro que atuará auxiliando na formação maçônica do seu indicado.

No que diz respeito ao apresentante (padrinho) ser literalmente o genitor do candidato (unido por laços de sangue), no meu entender não há nada que impeça, desde que esse pai seja um maçom no exercício da sua plenitude maçônica na sua Loja, isto é, um Mestre Maçom regular.

Inadequadamente, sobretudo na Maçonaria latina, criou-se em algumas Lojas o estigma de que o apresentante não deva ser o pai (de sangue) do apresentado, fato que não faz nenhum sentido pelas seguintes razões: a primeira é de que o Venerável Mestre somente revelara à Loja o nome do padrinho após ter corrido o Escrutínio Secreto. A segunda é que a simples apresentação não representa ingresso imediato do proposto, já que ele terá que passar antes por todo o processo pertinente à legislação que impera na respectiva Obediência Maçônica. Se houver algum óbice na legislação que impeça esse procedimento, certamente o Guarda da Lei, ou o representante do Ministério Público, não concluirá pelo andamento do processo, embora seja de obrigação qualquer Mestre Maçom conhecer os regulamentos da sua Obediência.

Em assim sendo, me parece que geralmente nas Obediências não existem óbices que impeçam um maçom regular, sendo o pai (genitor), apresente seu filho como candidato à Iniciação. De tudo, o que vale é a responsabilidade de quem apresenta e a qualidade de quem é proposto, destacando que futuramente o iniciado virá fazer parte da família maçônica. Nesse sentido, independentemente de ter ou não o apresentante ligações de sangue com o apresentado, a sua responsabilidade como padrinho é inquestionavelmente ética e moral perante à Maçonaria.

Essas são as minhas considerações.


T.F.A.

PEDRO JUK


MAIO/2020

quinta-feira, 23 de abril de 2020

FAIXA OU COLAR - INSÍGNIA DO MESTRE DE CERIMÔNIAS - REAA


Em 04/02/2020 o Respeitável Irmão Günther Schober, Loja Azylo de Caridade 427, 3.025, REAA, GOB-RJ, Oriente de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:

FAIXA DO MESTRE DE CERIMÔNIAS


Boa tarde meu irmão! Você poderia me tirar uma dúvida? Como utilizar a faixa do Mestre de Cerimônias, da esquerda para a direita ou direita para esquerda?

CONSIDERAÇÕES.

A faixa é uma das insígnias que todos os Mestres Maçons usam no REAA quando não estiverem exercendo cargo como Oficial e Dignidade na Loja.
Vestida transversalmente do ombro direito para o quadril esquerdo, a faixa (ou fita) traz nela apensa pelo seu lado inferior (esquerdo) a Joia do Mestre. Traz ainda, no seu lado interno inferior um dispositivo (presilha) que serve para acondicionar a espada, sobretudo para aqueles que a têm como objeto de ofício (Expertos e Cobridores).
Na realidade, a faixa utilizada pelo Mestre Maçom é uma reminiscência do antigo talabarte que outrora servia para suportar a bainha com a espada, a despeito de que todos os Mestres na grande maioria dos ritos de origem francesa traziam essa arma como símbolo de igualdade. Atualmente, no REAA os Mestres trazem, no lugar da espada, penas a joia distintiva presa à faixa, ficando a espada legada apenas àqueles que a utilizam por dever de ofício.
No que diz respeito aos Oficiais e as Dignidades do REAA (que obrigatoriamente devem ser Mestres Maçons), esses trazem como distinção do seu cargo, no lugar da faixa, ou fita, um colar com a joia dourada distintiva do cargo. A exceção nesse caso é para os Cobridores e Expertos que, no exercício da sua função, usam, além do colar distintivo do cargo, também a faixa para acondicionar a espada.
No caso do Mestre de Cerimônias, tal como mencionado na sua questão, ele é um Oficial, portanto veste, no lugar da faixa, apenas o colar com a sua respectiva joia distintiva (a régua graduada). Por óbvio que por ser um colar (ornato ou insígnia para o pescoço), este não vai da direita para a esquerda ou vice-versa, porém vai vestido sobre os ombros do usuário.
Mais informações detalhadas a respeito podem ser encontradas no Ritual de Mestre Maçom do REAA em vigência, item 1.4.2 que trata das insígnias, dele à página 20 e seguintes.

T.F.A.

PEDRO JUK

ABRIL/2020

sábado, 18 de abril de 2020

PEDRA BRUTA - UMA DAS JOIAS FIXAS DA LOJA


Em 15/04/2020 o Irmão Hugo Juliano Peterman, Aprendiz Maçom da Loja Luz, Justiça e Caridade, REAA, GOB PR, Oriente de Paraíso do Norte, Estado do Paraná faz a seguinte solicitação:

PEDRA BRUTA


Eu tenho que fazer um trabalho sobre a Pedra Bruta, como vi vários textos seus postados por outro Irmão da Loja pensei em lhe pedir o material a respeito desse tema: A Pedra Bruta.

CONSIDERAÇÕES.

Em se tratando de Maçonaria a "pedra" é um dos elementos primordiais no desenvolvimento do sistema iniciático da Ordem Maçônica. Em síntese, a pedra é a principal matéria prima especulativa utilizada pela Moderna Maçonaria. Essa alegoria, tida como a "grande magia", é o principal ponto de partida da escalada iniciática (a pedra angular).
Para uma breve compreensão desse elemento simbólico básico, se faz cogente que o estudante iniciado perscrute, em fontes limpas e saudáveis, as origens da Sublime Instituição - a partir da Maçonaria de Ofício com seus aproximados 800 anos de história.
Despido de qualquer fantasia e ufanismo o estudante compreenderá assim que, principalmente sob a tutela da igreja-estado, as nossas origens advêm das corporações de ofício constituída pelos canteiros medievais que tinham por missão construir castelos, igrejas, catedrais, mosteiros, capelas, abadias, obras públicas, etc.
A partir do século XII, de modo organizado em guildas de construtores, esses operários tinham como sua matéria prima principal de trabalho a pedra calcária - bruta tal qual retirada da jazida – cuja qual era desbastada e esquadrejada para se tornar num elemento útil, isto é, cúbico e sem arestas de modo a ser assentado e aprumado sobre as bases niveladas. Conforme as etapas da obra se desenvolviam, as paredes eram "elevadas" de acordo com as exigências da Arte.
Com o advento da Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos, fato que ocorreria a partir do século XVII, principalmente pela perda de prestígio das confrarias de construtores devido ao declínio do estilo gótico e o reavivamento da cultura greco-romana (Renascimento), os ofícios seriam paulatinamente substituídos por construtores sociais. Assim as corporações que outrora se utilizavam literalmente da pedra calcária, paulatinamente se transformariam em associações de ofício especulativo, cujas quais passariam a se dedicar à construção moral e ética visando o aprimoramento do ser humano (transformação da Maçonaria Operativa para Especulativa).
Dado a esse ideário, a pedra tosca do passado operativo agora seria simbolicamente comparada ao homem carente de instrução e aprimoramento, o que dá a ideia iniciática do aperfeiçoamento humano que ocorre dentro das atuais Lojas, dignas representantes das outrora oficinas de trabalho do ofício.
Assim, o conceito especulativo da Moderna Maçonaria é o de transformar o homem bruto e desprovido de instrução, tal qual a pedra recém retirada da jazida, numa pedra desbastada e cúbica utilizável na composição das paredes de um templo dedicado à Virtude Universal, o que em linhas gerais remonta toda a alegoria iniciática maçônica – cada ciclo de aperfeiçoamento (Aprendiz, Companheiro e Mestre) é uma etapa dessa construção simbólica.
Dados esses breves comentários, seguem alguns elementos relativos ao simbolismo dessa construção especulativa proposta pela Moderna Maçonaria:
a)    A Pedra. De modo genérico o termo menciona qualquer pedaço de rocha. É também a porção sólida de uma substância, a lápide sepulcral, etc. Como Maçonaria designa literalmente a arte do pedreiro, indubitavelmente a pedra ocupa, como símbolo para os maçons especulativos, um lugar de destaque na sua liturgia. Assim, em Maçonaria a pedra se divide em dois elementos principais denominados por Pedra Bruta e Pedra Cúbica.
A Pedra Bruta é o elemento informe, bruto e tosco, tal qual o que fora retirado da jazida e no qual simbolicamente trabalha o Aprendiz Maçom desbastando e esquadrejando em alusão ao que fazem os canteiros (cortadores da pedra).
A Pedra Cúbica, elemento de trabalho do Companheiro Maçom é a pedra bruta, agora esquadrejada e pronta para ser usada na elevação das paredes do edifício.
Dentre outros, a pedra é também o marco angular, ou elemento fundamental que sugere a primeira pedra colocada para começar a obra. A Pedra Fundamental, ou Angular possui extremado significado simbólico na liturgia maçônica.
b)    Pedreiro. Palavra derivada de pedra, é o indivíduo cuja profissão é a de trabalhar em obras que utilizam a pedra. É o canteiro, ou o elemento que constrói alicerce, muros, paredes, etc.
Desse modo, simbolicamente o maçom na Moderna Maçonaria é o pedreiro que se empenha na construção interior do homem, ou seja, na edificação de um templo espiritual aprimorado. Designa o Construtor Social e é comumente conhecido como pedreiro livre.
c)    Pedreiro Livre. Tem sido a designação genérica do maçom. Essa é uma expressão usada também pelos franceses como "Franc-Maçon", como "Libero Muratore" pelos italianos, como "Freimaurer" pelos alemães, tudo em detrimento da expressão inglesa "Freemason" que, segundo muitos autores seria um termo relativo aos maçons operativos, ou de ofício, que trabalhavam na pedra de cantaria (freestone) – a pedra que era lavrada e cortada livremente, sem rachaduras.
Há ainda o aspecto histórico que relaciona o termo a uma época em que muitos homens eram servos e o ingresso na Maçonaria se dava apenas àqueles que era livres. Desse modo as palavras inglesas "free" e "mason" somente apareceriam usadas juntas no primeiro quartel do século XVIII quando das Constituições compiladas por James Anderson e publicadas em 1723 em Londres (vide in "Notes for an Entered Aprentice" – Instruções da Grande Loja Unida da Inglaterra).
Dadas essas colocações, reitero que a Pedra Bruta em Maçonaria é aquela na qual trabalham iniciaticamente os Aprendizes com a fim de transformá-la numa Pedra Cúbica para ser utilizada nas construções. Para esse trabalho de esquadrejamento o Aprendiz carece de ter em mãos dois elementos fundamentais, o Maço (vontade) e o Cinzel (inteligência) – a vontade deve ser aplicada com inteligência.
Esotericamente a Pedra Bruta é o homem ainda carente de instrução e aprimoramento; a Pedra Cúbica é o homem já aperfeiçoado e evoluído pelo conhecimento adquirido na senda iniciática. Esse caminho é indicado, no REAA, pelas doze Colunas Zodiacais que ocupam respectivamente os topos das Colunas do Norte e do Sul.
Concluindo, entendo que essa síntese pode lhe dar o norte necessário para compreender essa etapa da Arte, a despeito de que é seu direito solicitar auxílio aos Mestres da sua Loja, cujos quais também têm por obrigação instruí-lo nesse desiderato. O tema Pedra Bruta deve ser investigado a contendo pelo Aprendiz. Não é difícil o Irmão encontrar material bibliográfico a respeito. Posso de pronto lhe indicar, dentre outros, o livro A Cartilha do Aprendiz do Irmão José Castellani, O Aprendiz Maçom do Irmão Xico Trolha, e Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom, Tomo I de minha autoria. Todos podem ser encontrados na Editora Maçônica A Trolha – www.atrolha.com.br


T.F.A.

PEDRO JUK


ABRIL/2020

RETIRADA TEMPORÁRIA DO TEMPLO E A SAUDAÇÃO ÀS LUZES


Em 30/01/2020 o Respeitável Irmão Gilberto Marques, Loja Lindolfo Pires, 1.894, REAA, GOB-PB, Oriente de Sousa, Estado da Paraíba, apresenta a seguinte questão:

RETORNO AO TEMPLO E SAUDAÇÃO ÀS LUZES.


1 - Vi em seus trabalhos que menciona que se deve fazer a saudação as luzes quando sair da Loja definitivamente. Porém a dúvida é a seguinte: Sou Mestre de Cerimônias da minha Loja e no ato da 1º instrução dos Aprendizes eu preciso sair do Templo e ir ao Átrio com eles, fiz isso sem saudar as luzes e depois entrei com o Aprendiz (conforme manda o ritual). O Orador de minha Loja na hora da sua fala comentou sobre essa minha falha, que eu deveria ter saudado as Luzes pois eu saí do templo. Eu fiquei na minha e ao que entendo tal saudação só deve ser feita se eu tivesse saído de forma definitiva do Templo antes da reunião acabar. Qual a forma correta na verdade? Mesmo não sendo num momento de instrução, supondo que um irmão na sua coluna solicite ir ao banheiro por necessidade e seja lhe autorizada sua ida... ele precisa entre colunas fazer o sinal para sair ou pode ir direto? Me tire essa dúvida quanto essa questão por favor.

2 - Gostaria que me indicasse alguns livros (em português) sobre o REAA. Queria estudar sobre o mesmo e ver suas raízes e tudo mais.

CONSIDERAÇÕES

  1. Saudações em Loja são feitas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente, bem como às Luzes da Loja quando da entrada formal em Loja após a abertura dos trabalhos (pela Marcha do Grau) e ainda quando da retirada de um obreiro em definitivo dos trabalhos. Assim, conforme o mencionado na sua questão, o Mestre de Cerimônias agiu de modo correto, pois sua retirada fora para cumprir um ato litúrgico e não uma saída definitiva do Templo. Em resumo, nessa ocasião, o Mestre de Cerimônias ao sair temporariamente do Templo não precisa saudar as Luzes. Do mesmo modo, quando de retorno ao recinto também não precisa fazer a saudação.
No caso da saída e retorno de um obreiro por necessidades fisiológicas, como o descrito na questão, ele também não precisa saudar as Luzes já que a sua retirada não é definitiva. É bom que se diga que numa situação dessas o necessitado não age por conta própria. Ele deve seguir as regras ritualísticas solicitando sua saída precária a quem de direito. Autorizado, o Mestre de Cerimônias é quem deve o conduzir para fora do Templo, aguardando o retirante no átrio para reconduzi-lo à Loja.
  1. Sugiro a leitura da obra do saudoso Irmão José Castellani intitulada Rito Escocês Antigo e Aceito – História, Doutrina e Prática, assim como o livro de minha autoria denominado Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I. Neles, além do conteúdo, o Irmão encontrará uma vasta referência bibliográfica. Veja em www.atrolha.com.br
Siga também o Sistema de Orientação Ritualística na plataforma do GOB RITUALÍSTICA em http://ritualistica.gob.org.br




T.F.A.

PEDRO JUK


ABRIL/2020

domingo, 12 de abril de 2020

ESTRELAS DA COMISSÃO DE RECEPÇÃO



Em 30.01.2020 a Secretaria Estadual de Orientação Ritualística (GOB) de uma unidade da Federação apresentou a seguinte questão:

ESTRELAS

Recebi mais uma consulta cuja resposta está fora do meu alcance e tomo a liberdade de buscar socorro com o irmão: Aqui no Espírito Santo algumas lojas estão substituindo a luz de vela das estrelas por iluminação elétrica (a pilha ou bateria). Justifica-se, pois a ação do ar refrigerado apaga frequentemente muitas velas. Uma Loja vai implantar esse sistema, mas quer usar as estrelas ao pé da letra. No lugar de cada vela irá uma estrela de 5 pontas iluminada (provavelmente cor laranja) e me perguntou se pode ser dessa forma. O que o eminente irmão me orienta a responder?

CONSIDERAÇÕES.

É perfeitamente viável que na atualidade as velas, nesse caso conhecidas como estrelas, sejam substituídas na ponta dos respectivos bastões por outros elementos que produzam luz – por exemplo, uma pequena lâmpada que se acende quando alimentada por uma pilha ou bateria.
Estrelas (conjunto de bastões com velas), nos Ritos que adotam essa prática ritualística, assumem o nome genérico das luzes que são trazidas na mão esquerda de cada componente da Comissão de Recepção. A função dessa liturgia é a de iluminar a passagem.
Nesse caso, a estrela é sinônimo de luz e não necessariamente deve ser um objeto de forma estelar com cinco ou mais pontas. Assim, reitero que essas estrelas (velas ou pequenas lâmpadas) são apenas e tão somente elementos que simbolicamente iluminam a passagem dos que adentram em determinadas ocasiões no recinto. Desse modo elas não precisam ser literalmente representadas por estrelas formadas por um determinado número de pontas. O mais importante é o que a sua luz representa, não o formato estelar da lâmpada.
Cabe mencionar que a origem desse costume advém de tempos antigos. Na realidade eram archotes ou tocheiros acesos que alguns Irmãos, designados para tal, empunhavam para iluminar o caminho próximo à entrada do recinto àqueles que chegavam para as reuniões. Nesse sentido, a Moderna Maçonaria, através de alguns Ritos trouxe esse costume se fazendo valer não mais de archotes ou tocheiros, mas de bastões com velas acesas no seu topo que, além da emblemática iluminação do caminho, também sugerem as boas vindas fulguradas àqueles que, de acordo com o protocolo de recepção, passam por essa cerimônia de boas-vindas.
Assim, em se levando em conta o caráter evolucionista da Ordem, é perfeitamente possível na atualidade também se substituir as estrelas (velas acesas) por pequenas lâmpadas alimentadas por fontes individuais de energia de modo a produzir o efeito luminoso, porém sem que essas lâmpadas obrigatoriamente devam possuir o exato formato de uma estrela tal como comumente ela é representada e ainda por cima com um determinado número de pontas. Destaque-se que a função desse objeto de trabalho é o de produzir luz para simbolicamente clarear a passagem.
Na liturgia maçônica dos ritos que adotam esse costume, explica-se que o maior número de estrelas posicionadas sempre ao Norte se deve à ideia iniciática de que o setentrião é mais escuro que o meridião, daí maior número de luzes ficar em mãos da comissão sempre ao lado Norte.

T.F.A.

PEDRO JUK - SGOR/GOB

ABRIL/2020

quarta-feira, 25 de março de 2020

USO DO CHAPÉU E DAS LUVAS NO REAA

Em 28/01/2020 o Respeitável Irmão André Ricardo Ferraz Roque, Loja Barão do Rio Branco, 03, GOIPE (COMAB), REAA, Oriente de Arcoverde, Estado de Pernambuco, solicita o seguinte esclarecimento:

USO DO CHAPÉU E DAS LUVAS


Gostaria da orientação do nobre Irmão quanto ao uso do chapéu e das luvas em Loja. O chapéu deve ser usado por todos os Irmãos ou apenas pelos Mestres Maçons? Deve ser usado em sessões econômicas (Apr Comp e Mest) ou apenas nas sessões Magnas? As luvas elas devem ser usadas em toda e qualquer sessão ou apenas nas sessões magnas?

CONSIDERAÇÕES.

Chapéu negro e desabado - Em se tratando do REAA nos graus de Aprendiz e Companheiro o uso do chapéu fica restrito ao Venerável Mestre, enquanto que no Grau de Mestre, todos usam o chapéu. Rigorosamente o uso do chapéu não é apropriado apenas às sessões magnas, mas de acordo com o acima exposto, em qualquer sessão, seja ela econômica (ordinária) ou magna.
É bem verdade que os rituais lamentavelmente nem sempre seguem essa regra, assim é preciso antes consultar o ritual em vigência para conferir o que ele preconiza. Mais informações a respeito do uso do chapéu na Maçonaria podem ser encontrados no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br – vide última publicação a respeito em 26/02/2020.
Luvas – Nesse caso também é preciso consultar o que prevê o ritual em vigência em relação à indumentária que o maçom deve utilizar nas sessões em Loja
A bem da verdade, no REAA as luvas são entregues ao maçom quando da sua iniciação apenas como símbolo da pureza que deve doravante o acompanhar. O emblema o alerta para o afastamento das águas lodosas do vício. No Rito em questão há ainda um par de luvas femininas que o iniciado recebe para entregar àquela que lhe causar maior estima (esposa, mãe, filha, madrinha, etc.). Como lição de liberdade, a entrega dessas luvas não sofre nenhuma imposição por parte da Maçonaria. O critério de escolha, sem interferência, é apenas e tão somente do Iniciado.
Desse modo, os pares de luvas são apenas objetos alegóricos e não peças de vestuário para serem literalmente utilizados.
De qualquer modo, reitero a necessidade de seguir o que prevê o ritual, pois embora desnecessário, adquiriu-se, principalmente na Maçonaria Latina, o costume de calçar luvas em situações formais. Originalmente é sabido que isso não existe, mas como, segundo alguns parece que é o hábito que faz o monge, então não dá para ser laudatório.
A respeito das luvas, também no Blog do Pedro Juk podem ser encontradas mais informações.


T.F.A.

PEDRO JUK


MARÇO/2020

segunda-feira, 23 de março de 2020

ASSENTO NAS CADEIRAS DE HONRA. SÓ POR MESTRES MAÇONS INSTALADOS?


Em 07/01/2020 o Respeitável Irmão Luiz Antônio Silva, Loja Vinte de Agosto, 2.670, REAA, GOB-MS, Oriente de Dourados, Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta a questão que segue:

ASSENTO NAS CADEIRAS DE HONRA


Considerando o decreto 1469/2016/GMG, pergunto:
1) Grão Mestre Estadual (ou Geral) e Grão Mestre Adjunto Estadual (ou Geral) podem ser assentados à direita e à esquerda do Venerável em uma mesma sessão?
2) Autoridades que não sejam Mestres Instalados podem ocupar uma das cadeiras ao lado do Venerável?

CONSIDERAÇÕES.

1.    Conforme prevê o Decreto 1469/2016 em estando desocupada a cadeira, a sua ocupação se dará pela ordem de precedência que menciona o Regulamento Geral da Federação no seu Art. 219, § 2º e Incisos seguintes. No tocante à sua questão sobre esse tópico, tudo vai depender de quais autoridades estejam presentes na sessão, lembrando de que os Grão-Mestres Gerais Adjuntos, Estadual e Geral, detém a 3ª e 5ª faixa respectivamente.
2.    No Rito em questão, o 1º Vigilante, que é o substituto imediato do Venerável Mestre, não precisa, para ser 1º Vigilante, um Mestre Instalado. Assim, na condição de substituto precário, ele dirige os trabalhos mesmo não sendo Mestre Instalado. Em qualquer situação o substituto dirige os trabalhos ocupando o trono.
Essa condição, de Mestre Instalado, também não atinge a nenhum ocupante das cadeiras de honra. Quem é instalado para o exercício do mandato é o Venerável que ocupa por ofício o Trono. As duas cadeiras, da direita e da esquerda respectivamente, nada tem a ver com esse título distintivo. Lembro que trono só existe um, o destinado ao Venerável Mestre.
Assim, no meu entender não há obrigatoriedade para que o ocupante da cadeira de honra seja um Mestre Maçom Instalado, até porque muitas autoridades podem até mesmo nem possuir esse título distintivo, porém continuam autoridades - Deputados, por exemplo.
Cabe mencionar que nas Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação, o substituto legal do Venerável aí sim precisa ser um Mestre Instalado da Loja, preferencialmente mais recente. Isso se dá não por uma questão de trono ou lugar, ou ainda de instalação, mas devido a liturgia da sagração que envolve o uso da Espada Flamejante.
Eram as considerações, porém por oportuno gostaria de mencionar que essas não são regras iniciáticas. Infelizmente nossos rituais às vezes ficam condicionados a regras que estão muito distantes dos verdadeiros propósitos e tradições da Sublime Instituição, dos quais deles é o de exercer a humildade. Poderíamos perfeitamente estar livres dessas condicionantes de títulos e distinções se as duas cadeiras de honra, por exemplo, servissem apenas aos Grão-Mestres quando estes se fizessem presentes, caso contrário as mesmas deveriam ficar vazias, ou mesmo seriam retiradas. É bom que se diga que as outras autoridades, como é sabido, já têm destinado seu lugar no Oriente, porém, abaixo do sólio, fato que parece infelizmente trazer insatisfação para alguns. Dado a isso, desafortunadamente a liturgia iniciática, que é sem dúvida a mais importante de todas, acaba ficando legada a um segundo plano. Essa é a minha opinião. Como diz um dito popular castelhano: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".

T.F.A.

PEDRO JUK


MAR/2020