sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

FUNÇÃO DOS EXPERTOS NO REAA

 

Em 21.07.2020 o Irmão Companheiro Maçom, Loja Barão de Mauá, 4.399, REAA, GOB-DF, Oriente de Brasília, Distrito Federal, apresenta a seguinte questão:

 

FUNÇÃO DOS EXPERTOS NO REAA.

 

Irmão, meu questionamento é sobre a explicação que você deu em sua postagem no blog de 18/02/2020 sob o título "REAA - SUBSTITUTO TRADICIONAL DO 1º VIGILANTE".

Qual seria a participação do Primeiro Experto nessas substituições? Haja vista que


o Segundo Experto substituiria o segundo vigilante que estaria substituindo o primeiro vigilante, teoricamente o Primeiro Experto seria "preterido hierarquicamente".

 

CONSIDERAÇÕES.

 

O ofício do 1º Experto não é o de ser substituto de cargos, senão também o de acumular cargos, como é o caso do Irmão Terrível nas sessões magnas de Iniciação. A sua atividade principal, no caso do REAA, é a de atuar junto com o Mestre de Cerimônias como condutor e receptor do candidato nas sessões de Iniciação, Elevação e Exaltação, assim como em outras atividades ritualísticas quando se fizerem necessárias.

Quem tem a função de substituir precariamente o 2º Vigilante é tradicionalmente o 2º Experto, já que por sua vez o 2º Vigilante é quem substitui o 1º Vigilante em caso de ausência.

Cabe mencionar que o 1º e 2º Expertos são oficiais experientes cujos cargos são originários da Maçonaria francesa. A classificação numeral ordinal 1º e 2º existente entre ambos não denota nenhuma hierarquia do primeiro sobre o segundo, porém menciona a existência de dois Expertos no quadro de oficiais da Loja.

As atividades litúrgicas e ritualísticas em Loja dos Expertos estão descritas nos respectivos Rituais.

Assim, no REAA, o substituto imediato do Venerável Mestre é o 1º Vigilante. Este por sua vez tem como substituto o 2º Vigilante que, por sua vez, tem como substituto o 2º Experto.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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FEV/2021

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

OFÍCIO DOS DIÁCONOS NO REAA

 

Em 20.07.2020 o Respeitável Irmão Roberto Loiola de Lima Junior, Loja Barão de Cayru, 1305, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Capital.

 

DÚVIDA SOBRE O OFÍCIO DOS DIÁCONOS NO REAA.

 

Meu questionamento, seria sobre a circulação dos Diáconos.

Quando o Venerável Mestre pergunta ao 2° Diácono porque ocupa aquele lugar, o mesmo responde "para ser o executor e transmissor de suas ordens, e zelar para que os irmãos, se conservem nas colunas com respeito, disciplina e ordem"

Assim como o 1° Diácono.

A questão é. Por que apenas o Mestre de Cerimônias tem a circulação em Loja?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

No REAA o diálogo ritualístico relativo às obrigações em Loja que ocorre entre


o Venerável Mestre e os Diáconos durante a abertura dos trabalhos é apenas uma alocução simbólica, não devendo, portanto, ser tomado como uma prática literal.

Essa passagem simbólica apenas revive costumes de velhos catecismos anglo-saxônicos que sabidamente influenciaram na criação dos primeiros rituais simbólicos do escocesismo.

Não obstante o REAA ser um rito de origem francesa, é sabido, contudo, que o seu primeiro ritual do simbolismo somente apareceu no ano de 1804.

Esse primeiro ritual, historicamente preparado para suprir o simbolismo do rito na Europa, por questões históricas teve boa parte da sua estrutura construída sobre a exposure (revelação) atribuída aos autodenominados Antigos de 1751 na Inglaterra e conhecida como The Three Distinct Knocks (As Três Pancadas Distintas).

Graças a isso é que boa parcela da estrutura dialética e ritualística dos rituais do simbolismo do REAA, dentre outros, por exemplo, os diálogos de abertura, acabaram sendo retirados e adequados dos rituais ingleses relacionados aos Antigos de 1751 - os tais que faziam oposição aos Modernos de Londres de 1717. Para melhor compreensão dessa matéria sugere-se perquirir a história dos Modernos e dos Antigos relativos à história Maçonaria Inglesa e as suas influências na Maçonaria Francesa.

É neste contexto que aparecem os Diáconos como os precursores dos “antigos oficiais de chão” da Maçonaria Operativa (vide Harry Carr in The Masons At Work).

Historicamente esses oficiais trabalhavam como mensageiros nos imensos canteiros operativos, atuando principalmente junto ao Mestre da Obra - antecessor do Venerável Mestre da Moderna Maçonaria – e os Wardens (diretores, zeladores), que mais tarde ficariam conhecidos como Vigilantes.

Em linhas gerais, os Diáconos (oficiais de chão), além de mensageiros, eram também auxiliares das Luzes da Loja Operativa na organização e disciplina dos canteiros (pedreiros) que trabalhavam na época, principalmente nas construções de catedrais, igrejas, abadias, obras públicas, cidadelas, etc.

É sob esse prisma que os Diáconos da Moderna Maçonaria (especulativa por excelência), sobretudo a inglesa, herdando costumes ancestrais, atuam nos trabalhos litúrgicos da Loja como acontece nas Iniciações, Passagens e Elevações da Maçonaria anglo-saxônica, em particular por aqui conhecido como Rito de York. Nesse rito, tal como ritos latinos, não existe cargo de Experto e Mestre de Cerimônias.

Foi com base nisso que o REAA, estruturado em parte da sua ritualística simbólica na Maçonaria dos Antigos de vertente inglesa, acabou adotando os Diáconos na sua liturgia, porém apenas como mensageiros e não como oficiais envolvidos na disciplina e organização da Loja tal qual tradicionalmente acontece nos trabalhos do Craft.

A despeito da adoção do cargo de Diáconos apenas como mensageiros no REAA, os diálogos ritualísticos à moda anglo-saxônica, ainda assim, acabariam sendo mantidos, mesmo que de modo simbólico e não especificamente como uma prática de ofício. É então daí que no REAA os dois mensageiros (Diáconos) ainda respondem a indagação do Venerável Mestre à moda antiga informando serem eles transmissores de ordens, bem como mantenedores do respeito e disciplina nas colunas – a bem da verdade essa dialética traz apenas referências emblemáticas de falas figuradas que servem mais para lembrar de uma antiga tradição, nunca efetivamente de ofício.

Assim, embora essa paradoxal dialética entre o Venerável e os Diáconos que geralmente acontece nos rituais do REAA, o rito mesmo assim adota esses cargos atribuindo-lhes, contudo, apenas o ofício de mensageiros para a liturgia de transmissão da Palavra Sagrada que ocorre durante a abertura e o encerramento dos trabalhos.

Vale a pena mencionar que essa transmissão, longe de ser um ato de telhamento, simboliza o nivelamento e a aprumada dos cantos da obra, comuns no passado operativo quando se abria e encerrava cada etapa da construção. Assim, no REAA o ofício dos Diáconos é apenas e tão somente o de mensageiro (oficial de chão), destacando-se que eles atuam exclusivamente como transmissores na alegoria da comunicação da Palavra Sagrada.

Dado a esses comentários, reitera-se que no REAA, quando do diálogo ritualístico em que o Venerável indaga aos Diáconos do porquê deles ocuparem seus lugares em Loja, as suas respostas têm apenas o caráter simbólico e não especificamente de ofício. Desse modo as respostas visam apenas lembrar costumes ancestrais e não o de literalmente conduzir os Diáconos a transmitir ordens ou mesmo atuarem como fiscais e mantenedores de ordem nas colunas.

Ainda existem outros aspectos na ritualística maçônica que merecem comentários, sobretudo aqueles que envolvem particularidades de ritos. Assim, esses carecem ser analisados sob todo o encadeamento histórico e não simplesmente como uma ação litúrgica isolada. Existem muitas diferenças de procedimentos ritualísticos entre as duas principais vertentes maçônicas – a inglesa e a francesa.

Se faz cogente também compreender que a estrutura iniciática contém peculiaridades que envolvem às vezes a amplitude das questões, sejam elas de viés filosófico e de aperfeiçoamento, assim como de viés histórico. Existem aspectos que não podem ser analisados apenas sob a óptica da individualidade, porém na amplitude do seu contexto.

Ilustrando esse comentário, há que se perscrutar nesse argumento as origens dos rituais maçônicos franceses e em particular o aperfeiçoamento dos rituais do REAA.

Além da influência anglo-saxônica sobre a estrutura do simbolismo do REAA, há também outras peculiaridades pertinentes apenas à Maçonaria latina (francesa).

Um exemplo disso são os cargos de Experto e Mestre de Cerimônias que são próprios da Maçonaria francesa e foram desenvolvidos estruturalmente pelo Grande Oriente da França.

Nesse sentido, quando houve o desenvolvimento dos primeiros rituais do REAA, a partir de 1804 na França, além das influências anglo-saxônicas aqui já comentadas, houve também influência da Loja Geral Escocesa e do Rito Francês. Mais tarde, também das Lojas Capitulares (hoje já extintas).

Nesse contexto, a estrutura dos cargos no simbolismo do REAA acabou por adotar, dentre outros, também os cargos de Experto e Mestre de Cerimônias, o que relegou o ofício dos Diáconos, no escocesismo, a se restringir apenas a agentes de transmissão da Palavra Sagrada na alegoria de abertura e encerramento dos trabalhos da Loja – essa tem sido a única obrigação dos Diáconos no REAA.

Sob essa óptica organizacional litúrgica e ritualística, no REAA o Mestre de Cerimônias veio para atuar como uma espécie de imediato do Venerável Mestre, enquanto que os Expertos atuam no ofício disciplinar e organizacional dos trabalhos. Note-se que na Maçonaria latina são os Expertos que geralmente trabalham com o Mestre de Cerimônias nas passagens ritualísticas da Iniciação, Elevação e Exaltação.

Uma dessas características, inclusive, é a do Experto exercer o ofício do Irmão Terrível (próprio da Maçonaria francesa), não obstante também atuar nas substituições precárias e outras ações que demandem o trabalho de um Irmão comprovadamente experiente – expert, daí a função do cargo do Experto.

Obviamente que todo esse comentário possui o desiderato de explicar que na Maçonaria francesa esses cargos atuam em muitas funções que tradicionalmente são dos Diáconos na Maçonaria Inglesa. Assim, usando um trocadilho: cada macaco no seu galho.

Dando por concluído, então afirma-se que no REAA, os Diáconos, embora permaneça ainda no ritual a dialética ritualística tradicional, atuam apenas como mensageiros transmissores da Palavra Sagrada durante a abertura e encerramento dos trabalhos. Outras funções ritualísticas comuns aos antigos “oficiais de chão” (Diáconos), cabem, na Maçonaria latina, exclusivamente aos Expertos, enquanto que ao Mestre de Cerimônias cabe o ofício de auxiliar imediato do Venerável Mestre no desenvolvimento dos trabalhos, sejam eles magnos ou ordinários. É equivocada a prática do Venerável se servir do Diácono para destinar recados, bilhetes e outros afins durante os trabalhos. Esse ofício é de competência exclusiva do Mestre de Cerimônias.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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FEV/2021

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A EXPRESSÃO "SOB MALHETE"

 

Em 18/07/2020 o Respeitável Irmão Fábio Martins, Loja Caridade e Sigilo, 11, REAA, GLEB (CMSB), Oriente de Teixeira de Freitas, Estado da Bahia, formula a seguinte pergunta:

 

SOB MALHETE
 

Mais uma vez recorro ao seu conhecimento. Irmão, até já encontrei umas explicações, porém desde minha iniciação que acompanho e aprendo muito com suas pontuações sobre os assuntos da ordem. Minha dúvida é sobre a expressão "deixar sob o malhete". Desde já te agradeço muito por sua atenção.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Antes algumas definições. Malhete: substantivo masculino – em Maçonaria designa um pequeno malho, geralmente construído em madeira, que é utilizado pelos Venerável Mestre e pelos Vigilantes. Simboliza antes de tudo a autoridade das Luzes de uma Loja ao tempo que distingue aqueles que dirigem os trabalhos. Sob: preposição. Do latim
sub – de maneira geral dá ideia de posição de alguma coisa em relação a outra que lhe fica por cima, como “por debaixo de”, “por baixo de” (relação espacial inferior em relação a outra). Designa também a posição inferior a outra, hierarquicamente.

Assim, o termo maçônico “sob malhete” significa que um assunto contido numa prancha ficará para ser decifrado a posteriori. É aquele que terá a sua discussão delongada ou o que aguarda complementos, não sendo oportuno ser decifrado naquele momento.

Esse procedimento é prerrogativa do Venerável Mestre, podendo, contudo, ser proposta pelo Orador ou pelo representante do Ministério Público na Loja.

Esse artifício geralmente se dá quando a matéria, avaliada com máximo critério, exija tempo e outras providências que se fizerem necessárias. Destaque-se, contudo, que os prazos determinados pelo Regulamento da Obediência devem ser rigorosamente observados. Desse modo, matérias deixadas sob malhete devem ser reveladas, analisadas e discutidas conforme prevêem os Diplomas Legais.

Concluindo, sob malhete designa a matéria (ou matérias) que, obedecendo os prazos legais, aguarda discussão ou as providências necessárias.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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FEV/2020

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

CADEIA DE UNIÃO E A PALAVRA SEMESTRAL

 

Em 11/07/2020 o Respeitável Irmão Manoel Hélio Monteiro, Loja Mensageiros do Bem, 0812, REAA, GOB-PE, Oriente de Garanhuns, Estado do Pernambuco, formaliza a seguinte questão:

 

CADEIA DE UNIÃO

 

Meu Irmão Pedro Juk, mais uma vez recorro à sua sabedoria maçônica a fim de melhor esclarecermos, em Loja, aos nossos irmãos, sobre a finalidade da “Cadeia de União.”

A cadeia de União é realizada exclusivamente para recebermos a Palavra Semestral ou pode-se utilizá-la para outra finalidade?

Desde já agradeço sua atenção.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Está bem claro no Ritual em vigência e no Sistema de Orientação Ritualística (Decreto 1784/2019) para o Aprendiz Maçom, REAA, GOB RITUALÍSTICA, item 74: “a Cadeia de União no REAA somente é formada quando houver necessidade de se transmitir a Palavra Semestral”.

Assim, para o REAA o texto é bastante claro ao designar que a formação da Cadeia de União se dá apenas e tão somente para transmissão da Palavra Semestral.

A título de esclarecimento, vale a pena mencionar que essa prática não é generalizada na Maçonaria Universal, contudo ela é comum principalmente nos ritos de origem francesa (ritos latinos).

Isso se dá porque a Palavra Semestral foi criada pelo Grande Oriente da França em 1.777 para coibir a presença de Irmãos irregulares que conseguiam burlar a cobertura dos trabalhos, sobretudo aqueles que haviam sido expulsos por questões e acontecimentos políticos internos oriundos de desmandos de um Grão-Mestre que na época nomeava prepostos para substituí-lo. Esses, na maioria autoritários, motivaram rupturas no Grande Oriente com consequências desastrosas para Maçonaria Francesa (vide essa história na França do século XVIII).

Desse modo, o Grande Oriente da França para fugir dos dissabores de receber membros irregulares, e para fortalecer os telhamentos, estabelecia que o Grão-Mestre então escolhesse, por sua única e exclusiva conta, uma palavra senha para ser repassada às Lojas de seis em seis meses. Assim era reforçada a cobertura dos trabalhos, sobretudo porque a escolha da palavra era de competência única do Grão-Mestre.

Na verdade, segundo Alec Mellor e Jules Boucher, eram duas as palavras, por conta de que na sua transmissão elas deveriam percorrer uma cadeia circular formada por irmãos que uniam consecutivamente as suas mãos. Por esse artifício o Venerável transmitia, de modo sussurrado, uma palavra que transitava pelos ouvidos dos Irmãos. Uma imediatamente a partir daquele que estivesse à sua direita e a outra a partir do que estivesse à sua esquerda. Essa característica deu à cadeia a origem do seu formato circular para esta finalidade.

Se as duas palavras percorressem toda a cadeia e voltassem incólumes ao Venerável, as mesmas eram então guardadas como penhor de regularidade naquele semestre.

A princípio, a utilização de duas palavras era para que um visitante, comprovando sua regularidade, transmitisse uma como senha ao Cobridor e ao mesmo tempo se assegurasse da regularidade do seu examinador, quando dele recebia a contrassenha.

Em linhas gerais, essa a origem da Palavra Semestral que, desde então, era sigilosamente transmitida tão-somente aos membros da Loja pela Cadeia de União.

A Cadeia de União, formada apenas para a transmissão (dar conhecimento) da Palavra Semestral, era desde então constituída apenas por Irmãos do quadro de uma Loja.

Esse costume, próprio da Maçonaria Latina, permanece até a atualidade, contudo, o uso de duas palavras, paulatinamente foi se restringido ao uso de apenas uma palavra, então denominada como Palavra Semestral, cuja qual é transmitida pelo Grão-Mestre da Obediência de seis em seis meses às Lojas jurisdicionadas.

Uma das características da sua transmissão é a de que a formação da Cadeia de União geralmente se dá após o encerramento dos trabalhos, oportunidade em que eventuais visitantes já tenham se retirado. É a forma de se evitar constrangimentos e garantir que somente os Irmãos do quadro da Loja a recebam.

O REAA, rito de origem francesa, segue rigorosamente esse costume. Nele a Cadeia de União é formada apenas e tão somente para a finalidade de se transmitir a Palavra Semestral, não existindo nela preces, orações, súplicas, e outros congêneres.

No Grande Oriente do Brasil, a Palavra Semestral encontra-se adotada desde 1.832 e nele é utilizada de modo generalizado por todos os seus ritos. Nesse sentido, suas práticas ritualísticas e litúrgicas de transmissão podem entre eles variar, principalmente em se levando em conta os costumes e tradições de cada Rito em particular, inclusive os propósitos da Cadeia de União.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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FEV/2021

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

AUTORIZAÇÃO PARA DESFAZER O SINAL

 

Em 09.07.2020, por ocasião da palestra sobre Ritos, Rituais e Ritualística o Respeitável Irmão Edson Carlos Flessak, Loja Cavaleiros de Aço Sudoeste, 4.506, REAA, GOB-PR, Oriente de Marmeleiro, Estado do Paraná, fez a seguinte pergunta.

 

DESFAZER O SINAL

 

É permitido que o Venerável Mestre autorize a dispensa do Sinal no uso da palavra?

 

COMENTÁRIO.

 

Infelizmente existem práticas que nada contribuem para o desenvolvimento de uma liturgia e ritualística sadia. Uma delas tem sido esse costume que descansa sobre a lei do menor esforço quando um Venerável, rejeitando uma forma sensata e equilibrada,
fica constantemente a autorizar dispensa do sinal àqueles que estiverem fazendo o uso da palavra.

É verdade que dispensar alguém do sinal é uma prerrogativa do Venerável Mestre, contudo o que ele não pode é fazer disso um ato corriqueiro na Loja. Antes de tudo o Venerável Mestre deve se utilizar do bom senso para avaliar a real necessidade dessa dispensa, antes de agredir a disciplina litúrgica de um Rito que traz nos seus usos e costumes, por exemplo, a obrigatoriedade de que em se estando em pé em Loja aberta, fica-se à Ordem, isto é, com o Sinal de Ordem do grau composto.

Vale a pena mencionar que estar á Ordem significa estar pronto, preparado, ou à disposição pelos instrumentos imprescindíveis na construção (Esq, Nív e Prum). Todo esse significado pode ser encontrado no contexto simbólico dessa postura corporal.

No caso de necessidade premente de se permanecer sem sinal, então o Venerável Mestre poderá esporadicamente autorizar alguém a desfazer o Sinal, como por exemplo, ter às mãos um texto para leitura. Reitero, mas sem fazer disso uma atitude corriqueira e sem necessidade. Enfim, o Venerável deve ter discernimento para tal.

Vale a pena mencionar que é também de péssima geometria a atitude daqueles que pedem a dispensa do sinal. Essa percepção deve ser do Venerável que avalia a necessidade ou não de dispensa de sinal.

Outro aspecto é o disciplinar os discursos e falas prolixas de conteúdo rançoso e repetitivo que nada contribuem para a beleza dos trabalhos, mas que infelizmente às vezes podem ser vistos e ouvidos nas Lojas. Lembro que permanecer com o sinal por muito tempo é desconfortável. Desse modo, o desconforto abrevia os intermináveis “blá, blá, blá” (conversa desprovida de conteúdo) e o Secretário agradece por não ter que anotar as deletérias bazófias proferidas por alguns quando do uso da palavra.

Medindo-se pelo bom senso, a composição do sinal, além da sua importância no contextual simbólico da disciplina, também ajuda a conter os palavrórios cavos e desnecessários.

Concluindo, lembro que bom senso é um conceito utilizado na argumentação que está estritamente ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa deve possuir para adequar regras e costumes a determinadas situações.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

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FEV/2021

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

TR.'. SAUD.'. DE UM MESTRE INSTALADO

 

Em 01/07/2020 o Respeitável Irmão Hélio Brandão Senra, Loja União, Força e Liberdade, 272, sem mencionar o nome do Rito e Oriente, GLMMG (CMSB), Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão:


TR SAUD DO M I

 

Poderoso Irmão: assisti a uma instalação na GLMRJ em que ao explicar o tr sin de saud de um Mestre Instalado (uma c do c e mov da m d seguida do gesto de se aj), em que houve a pronúncia da fala "pela pal, pelo cor e pelo pens". Isso é correto? Ou esta fala se relaciona a outro momento?

 

CONSIDERAÇÃO.

 

Esses rituais de instalação introduzidos indevidamente em ritos que originalmente não possuem essa prática, como é o caso do REAA, acabaram trazendo muitas vezes atitudes ritualísticas inconsistentes para determinadas ocasiões litúrgicas.

Em que pese o REAA (embora sem ser mencionado o nome do Rito na sua questão) ser um rito de origem francesa e daí não possuir tradicionalmente cerimônia d
e Instalação, infelizmente aqui no Brasil esse costume acabou sendo indevidamente implantado. Com isso criaram-se rituais e cerimônias esotéricas que não condizem com a verdadeira Instalação que é original mesmo no Craft (Maçonaria Inglesa).

Dado a isso é que no Brasil a cerimônia de Instalação, embora inapropriada para ritos de origem francesa, acabou se tornando um elemento consuetudinário – de certo modo há muito tempo fixou de maneira generalizada as suas raízes na Maçonaria Brasileira. Destaque-se a criação de rituais de instalação e o por extensão o título distintivo de Mestre Instalado, muitas vezes esse último até confundido com um grau iniciático, o que é, diga-se de passagem, uma inverdade.

Pelo exposto, não quero aqui desmerecer qualquer ritual de instalação em vigência, contudo, em relação à sua questão e até aonde eu conheço alguns desses rituais brasileiros, eu ignoro a existência dessas falas durante a tr saud a um M I que é feita apenas em Conselho de MM II este formado pela Obediência para a Instalação de um novo VenMestre.

Concluindo, renovo minha afirmativa de que eu não conheço todos os rituais de instalação brasileiros, portanto talvez o da GLMRJ até contemple essas expressões mencionadas na sua questão, muito embora para a minha pessoa elas não façam nenhum sentido na solene ocasião da tr saud de um M I.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com.br

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FEV/2021