Em 28.06.2020 o Respeitável Irmão Nilson Rodrigues Barbosa, Consultor Jurídico do GOB-RN, Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, formula a seguinte questão pertinente ao REAA:
ESCRITA DA P. S.
Mais uma vez venho
abusar de sua bondade para lhe pedir mais uma orientação ritualística para o
REAA. Atualmente exerço o a consultoria jurídica do GOB-RN e estamos encontrando
dificuldades em promover uma unificação ritualística nas Lojas de nosso
Oriente, com relaçã
o a palavra sagrada no grau de Aprendiz se “B O O Z” ou “B O
A Z”, onde alguns Irmãos defendem ardorosamente a expressão "B O A Z”. O
nosso ritual diz a palavra que a palavra sagrada começa pela Letra “B” enquanto
o Ritual do Rito Brasileiro, diz claramente “B O O Z”. Visando promover a
unificação através de ato normativo a ser emitido por nosso Grão-Mestre
Estadual, solicitamos seus préstimos no sentido de nos prestar este
esclarecimento. Tomamos a liberdade para sugerir que o esclarecimento seja
acrescido o site do GOB RITUALÍSTICA “ritualística de aprendiz”
CONSIDERAÇÕES.
Já
escrevi bastante a respeito, inclusive essa matéria pode ser encontrada no Blog
do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br
Na
verdade, a palavra BOOZ, se escrita com vogais dobradas, é de grafia inapropriada,
já que no vernáculo hebraico essa união de vogais é inexistente.
Essa
contradição acabou se dando por conta das duas principais versões bíblicas. Na
versão Septuaginta, ou dos Setenta, tradução da Bíblia para o grego, atendendo a
necessidade dos judeus helenistas, a palavra foi traduzida corretamente, sem as
vogais dobradas, ou seja, BOAZ - essa versão é comumente adotada pela Maçonaria
de vertente anglo-saxônica.
Já
a Maçonaria de vertente latina, comumente adota a versão latina da Bíblia, cuja
tradução para o latim fora efetivada por São Jerônimo. Nessa versão, o tradutor
comete o equívoco escrevendo incorretamente a palavra com vogais dobradas.
Assim se originou a grafia BOOZ.
Mais
tarde, alertada para o equívoco, a Igreja, se dizendo respeitosa ao tradutor,
resolveu manter a grafia errada. Assim, na versão latina da Bíblia, geralmente
adotada pela Maçonaria latina, a palavra BOOZ tem sido seguida.
Infelizmente,
mesmo que advertida a presença de um erro, essa aleivosia ortográfica acabou se consolidando
em nome de se “respeitar o tradutor” – coisas latinas que são no mínimo contraditórias.
Assim,
em linhas gerais, a Maçonaria universal utiliza a palavra conforme a versão
bíblica adotada. Se de vertente latina, geralmente BOOZ, se de vertente anglo-saxônica,
utiliza BOAZ.
No
tocante à Maçonaria brasileira propriamente dita, filha espiritual da França,
portanto latina por excelência, em quase a sua totalidade é utilizada a palavra
BOOZ. Obviamente pela adoção latina da Bíblia.
Particularmente
no caso do GOB e o REAA, o ritual menciona de modo abreviado apenas a primeira letra
dessa palavra, deixando assim uma brecha para a sua pronúncia correta (BOAZ).
Contudo, isso tem sido um motivo de discussão, pois boa parte dos Irmãos, sobretudo
os mais antigos que receberam a palavra de acordo com a versão latina da
Bíblia, contestam e não admitem o uso da outra forma (BOAZ)
De
qualquer maneira, espera-se que paulatinamente a palavra correta seja definitivamente
utilizada na sua amplitude.
Nesse
sentido, o Sistema de Orientação Ritualística, que corrige e orienta os rituais
do GOB pelo Decreto 1784/2019, irá, na medida do possível, passar essas
orientações para que, quando da edição de novos rituais, as coisas estejam nos
seus devidos lugares.
E.T. –
Alerto aos puristas de plantão que as palavras BOOZ e BOAZ são facilmente encontradas
nas versões bíblicas, portanto não se está aqui com o propósito de revelar
nenhum segredo da Ordem.
T.F.A.
PEDRO
JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
FEV/2021
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