segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A FORMA CORRETA DE SE ESCREVER A PAL. B.

 

Em 28.06.2020 o Respeitável Irmão Nilson Rodrigues Barbosa, Consultor Jurídico do GOB-RN, Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, formula a seguinte questão pertinente ao REAA:

 

ESCRITA DA P. S.

 

Mais uma vez venho abusar de sua bondade para lhe pedir mais uma orientação ritualística para o REAA. Atualmente exerço o a consultoria jurídica do GOB-RN e estamos encontrando dificuldades em promover uma unificação ritualística nas Lojas de nosso Oriente, com relaçã
o a palavra sagrada no grau de Aprendiz se “B O O Z” ou “B O A Z”, onde alguns Irmãos defendem ardorosamente a expressão "B O A Z”. O nosso ritual diz a palavra que a palavra sagrada começa pela Letra “B” enquanto o Ritual do Rito Brasileiro, diz claramente “B O O Z”. Visando promover a unificação através de ato normativo a ser emitido por nosso Grão-Mestre Estadual, solicitamos seus préstimos no sentido de nos prestar este esclarecimento. Tomamos a liberdade para sugerir que o esclarecimento seja acrescido o site do GOB RITUALÍSTICA “ritualística de aprendiz”

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Já escrevi bastante a respeito, inclusive essa matéria pode ser encontrada no Blog do Pedro Juk em http://pedro-juk.blogspot.com.br

Na verdade, a palavra BOOZ, se escrita com vogais dobradas, é de grafia inapropriada, já que no vernáculo hebraico essa união de vogais é inexistente.

Essa contradição acabou se dando por conta das duas principais versões bíblicas. Na versão Septuaginta, ou dos Setenta, tradução da Bíblia para o grego, atendendo a necessidade dos judeus helenistas, a palavra foi traduzida corretamente, sem as vogais dobradas, ou seja, BOAZ - essa versão é comumente adotada pela Maçonaria de vertente anglo-saxônica.

Já a Maçonaria de vertente latina, comumente adota a versão latina da Bíblia, cuja tradução para o latim fora efetivada por São Jerônimo. Nessa versão, o tradutor comete o equívoco escrevendo incorretamente a palavra com vogais dobradas. Assim se originou a grafia BOOZ.

Mais tarde, alertada para o equívoco, a Igreja, se dizendo respeitosa ao tradutor, resolveu manter a grafia errada. Assim, na versão latina da Bíblia, geralmente adotada pela Maçonaria latina, a palavra BOOZ tem sido seguida.

Infelizmente, mesmo que advertida a presença de um erro, essa aleivosia ortográfica acabou se consolidando em nome de se “respeitar o tradutor” – coisas latinas que são no mínimo contraditórias.

Assim, em linhas gerais, a Maçonaria universal utiliza a palavra conforme a versão bíblica adotada. Se de vertente latina, geralmente BOOZ, se de vertente anglo-saxônica, utiliza BOAZ.

No tocante à Maçonaria brasileira propriamente dita, filha espiritual da França, portanto latina por excelência, em quase a sua totalidade é utilizada a palavra BOOZ. Obviamente pela adoção latina da Bíblia.

Particularmente no caso do GOB e o REAA, o ritual menciona de modo abreviado apenas a primeira letra dessa palavra, deixando assim uma brecha para a sua pronúncia correta (BOAZ). Contudo, isso tem sido um motivo de discussão, pois boa parte dos Irmãos, sobretudo os mais antigos que receberam a palavra de acordo com a versão latina da Bíblia, contestam e não admitem o uso da outra forma (BOAZ)

De qualquer maneira, espera-se que paulatinamente a palavra correta seja definitivamente utilizada na sua amplitude.

Nesse sentido, o Sistema de Orientação Ritualística, que corrige e orienta os rituais do GOB pelo Decreto 1784/2019, irá, na medida do possível, passar essas orientações para que, quando da edição de novos rituais, as coisas estejam nos seus devidos lugares.

E.T. – Alerto aos puristas de plantão que as palavras BOOZ e BOAZ são facilmente encontradas nas versões bíblicas, portanto não se está aqui com o propósito de revelar nenhum segredo da Ordem.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

FEV/2021

 

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