domingo, 7 de abril de 2024

O LUGAR DA PEDRA CÚBICA - REAA E YORK

Em 02.09.2023 o Respeitável Irmão Edelcio Sciacca, Loja Jerusalém do Paraná, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, apresenta a dúvida seguinte:

 

O LUGAR DA PEDRA CÚBICA

 

Pergunto por que a Pedra Polida fica defronte o Segundo Vigilante no REAA e no York fica defronte o Primeiro Vigilante?

 

CONSIDERAÇÕES.

 


O termo Pedra Polida não é o mais apropriado para o REAA, o mais adequado é Pedra Cúbica.

               Dito isso, no REAA, a Pedra Bruta situa-se na Coluna do Norte em alusão ao início da jornada iniciática do Maçom. No simbolismo do REAA, essa jornada é orientada conforme a posição do Sol e o ciclos naturais inerentes ao hemisfério Norte - ao Norte porque corresponde às latitudes onde nasceu a Maçonaria.

Nessa conjuntura, os Aprendizes sentam no topo da Coluna do Norte (parede setentrional). Essa senda iniciática está determinada no Templo pelas Colunas Zodiacais correspondentes à primavera e ao verão (no Norte). Por consequência, as outras Colunas Zodiacais, no Sul, são inerentes aos Companheiros e Mestres.

Consequentemente, no REAA, sob essa óptica, os Aprendizes ocupam o lugar simbolicamente mais escuro no Templo, ou seja, distante da luz, mais afastado do equador que é mais iluminado (alusão ao Meio-Dia).

Agrupados esses conceitos, no REAA a P B fica no Norte, próxima ao 1º Vigilante. Simbolicamente é o lugar onde inicia-se a jornada do Iniciado - a partir da primavera (Áries).

Desse jeito, vale mencionar que o lugar da P B e do 1º Vig, nada tem a ver com quem é o instrutor dos Aprendizes e Companheiros, pois, independente do lugar em que estejam posicionadas as Pedras, Bruta ou Cúbica, ou mesmo a banda na qual sentam os Aprendizes e Companheiros, no REAA, por uma questão histórica e hierárquica, o instrutor do 1º Grau é o 2º Vig e do 2º Grau, o 1º Vigilante

Já no Craft (Maçonaria anglo-saxônica), a Pedra, joia fixa dos Aprendizes, revelando força e vontade no trabalho inicial, começa a tomar forma cúbica, mesmo que ainda com muitas arestas a serem desbastadas. A outra Pedra, a Polida, joia fixa dos Companheiros, pela juventude, ação e trabalho, se mostra pronta, polida e esquadrejada conforme as exigências da Arte.

Desse modo, no Craft (Rito de York), os Aprendizes não sentam no topo da Coluna do Norte como ocorre no REAA, já que esse conceito iniciático-solar não faz parte do arcabouço doutrinário da Maçonaria anglo-saxônica, destacando que nesse Trabalho (working), diferente do deísmo francês, há fortes influências teístas hauridas da Grande Loja dos Antigos (1751).

À vista disso, no Craft os Aprendizes Admitidos ocupam lugar na fileira da frente do Norte, o mais próximo do quadrante nordeste da Loja, já que historicamente era no canto nordeste que os nossos ancestrais operativos (de ofício) fincavam a primeira pedra, ou pedra angular, que servia como referência inicial (ponto de partida) para toda a construção.

Graças a isso é que comparando os Aprendizes Admitidos com a pedra angular (início da obra), os Aprendizes acabariam associados ao ponto de partida da jornada de aperfeiçoamento humano. Com isso acabaria ocupando o canto nordeste da Loja (lugar da pedra angular), a despeito de que Loja é um canteiro estilizado e especulativo de obras.

Assim, obedecendo ao contexto hierárquico, é que a Pedra Cúbica ainda com arestas, no Rito de Yoirk, associa-se ao 2º Vigilante que era, nos tempos primitivos, quem recebia o candidato ao Ofício, ministrando-lhe as primeiras instruções para depois encaminhá-lo ao 1º Vigilante que o recebia, fazia uma prece em seu favor, levando-o, por fim, ao Mestre da Loja para prestar a sua obrigação como Aprendiz e receber o avental e as luvas para o trabalho.

Nessa circunstância, o 1º Vigilante, literalmente de frente para o Venerável Mestre, oposto ao Leste, tem próximo a si a Pedra Cúbica Polida suspensa pelo lewis, a alegoria simboliza o final da jornada, o elemento construtivo preparado, polido e isento de arestas.

Ao concluir, vale mencionar que os Ritos latinos e os Workings ingleses possuem o mesmo objetivo, ou por outra, buscam polir o homem, preparando-o para fazer parte das paredes erigidas na construção de um templo simbólico consagrado à virtude universal, todavia, nesse contexto doutrinário urge se levar em conta que há diferenças entre as diversas estruturas doutrinárias dos Ritos e Trabalhos maçônicos, sobretudo se levando em conta a existência de duas das principais vertentes de Maçonaria, a anglo-saxônica (inglesa e teísta) e a latina (francesa deísta e em certos casos agnóstica).

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

ABRIL/2024

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