Em 01/06/2017 o Respeitável Irmão
Francisco Elias P. Amorim, Loja Luz e Fraternidade Castanhal, 28, REAA, sem
mencionar a Obediência, Oriente de Castanhal, Estado do Pará, através do
Consultório Maçônico José Castellani, apresenta a seguinte questão:
ENTRADA FORMAL NA LOJA
Se possível, gostaria de obter informações sobre a entrada em Loja,
"romper a marcha com o pé esquerdo" e seu real significado.
CONSIDERAÇÕES.
Em Loja aberta ao
se passar pela porta do Templo passa-se andando normalmente. Tanto faz com qual
pé se entra no recinto. Ocorre é que logo após o ingresso, quem adentrou no
recinto deve primeiro parar próximo à porta e aguardar ordens.
Como existem
diferenças de procedimentos ritualísticos entre os Ritos e Trabalhos maçônicos,
esse distingue se apresenta, principalmente nesse caso, logo após o protagonista
ter entrado no recinto.
É nesse sentido que
será então abordada a prática litúrgica da Marcha do Grau no REAA\ ao se ingressar no Templo depois de
a Loja ter iniciado os trabalhos.
Ratifico, trata-se do
ato de romper a Marcha (passo) como formalidade de ingresso após já se te
adentrado ao recinto.
Vamos aos
procedimentos: como a Loja já está trabalhando, quem nela ingressar pela
primeira vez na sessão (um visitante ou um retardatário), se devidamente
autorizado o faz vindo do Átrio andando normalmente. Assim que ele passar pela
porta, a uma distância dela compatível (no extremo do Ocidente), fica à Ordem de
frente para o Oriente – corpo ereto, pés em esquadria e sinal composto. Ao
passar pela porta tanto faz o pé que ingressa por primeiro no recinto. Não
existe nenhuma regra para isso. Qualquer menção nesse sentido é mera invenção.
Prosseguindo: tendo
ingressado, estando à Ordem, inicia-se a Marcha do Aprendiz sempre com o pé
esquerdo por tratar-se do REAA\, até porque todos
os três passos que compõe a Marcha são sempre feitos avançando primeiro o pé
esquerdo e juntando a ele o direito pelos calcanhares. Nunca é demais lembrar
que a Marcha de qualquer Grau Simbólico no REAA\ principia-se sempre pela de
Aprendiz, por conseguinte, o início de contínuo se dará com o pé esquerdo.
Quanto à razão do
procedimento se principiar com o pé esquerdo, esse hábito se sacramentou com a
evolução dos rituais simbólicos escoceses no século XIX, já que primitivamente
não existia propriamente a Marcha, mas sim a evolução de oito passos normais em
linha reta do Ocidente para o Oriente. Provavelmente o hábito de se romper a Marcha
com o pé esquerdo fora adquirido de costumes marciais.
Existem algumas
correntes místicas que até atribuem esse costume às suas convicções e credos pessoais,
entretanto essa teoria cai por terra, especialmente quando se tratar de ritos
oriundos da vertente francesa de Maçonaria (como é o caso do REAA\), cuja qual evoluiu a partir do
Século das Luzes se embasando, portanto nos princípios da razão não admitindo
nela ideias supersticiosas.
Assim, no
escocesismo simbólico a regra de avançar por primeiro o pé esquerdo durante a execução
da Marcha é apenas um procedimento que torna a prática uniforme em qualquer
situação. Nunca é demais lembrar que existem ritos nos quais, ao contrário do
pé esquerdo, rompem a Marcha com o pé direito, enquanto que outros ainda nem
Marcha adotam.
Não obstante ao
hábito do pé esquerdo, o que existe no REAA\ é a disposição
litúrgica com que ocorrem as suas respectivas Marchas nos três graus, isso porque
o mote doutrinário do rito é a evolução do homem a partir da sua infância,
juventude e maturidade associado à evolução da Natureza, o que faz com que nele
exista um simbolismo particular em cada grupo de passos correspondentes aos três
graus do franco-maçônico básico – o primeiro (Aprendiz), ao juntarem-se os pés
a cada passo em linha reta sugere a infância e os primeiros caminhares guiados
pelo tutor; o segundo (Companheiro) se refere à capacidade de naturalmente
saber retornar ao caminho original numa eventual necessidade de desvio para
investigar a Natureza, o que sugere a pragmática de ação e trabalho
característica da segunda etapa da vida, a juventude; por fim o terceiro
(Mestre) representa a evolução anual do Sol e a morte da Natureza, sugerindo o
início, meio e fim da existência humana e a Obra realizada ao longo da vida.
Nada disso, entretanto, tem a ver com o pé que se rompe a marcha, a despeito de
que mesmo sendo uma longa jornada ela se inicia sempre pelo primeiro passo.
Concluindo, o
costume de romper a Marcha com o pé esquerdo ou direito (conforme o rito), não é
o mesmo que passar com passos normais pela porta que dá acesso à Sala da Loja.
O primeiro caso é regra litúrgica, já no segundo é apenas o ato literal de se
deslocar (caminhar), não existindo para tal, digamos, como regra de entrar no
recinto com o pé direito ou com o esquerdo. Isso tanto faz.
T.F.A.
PEDRO JUK
JULHO/2017
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