Em 02/10/2018 o Respeitável Irmão George Toufic Junior, Loja Calixto
Barbosa, 2854, REAA, GOB-MT, Oriente de Claudia, Estado do Mato Grosso,
apresenta a questão seguinte:
TRANSFORMAÇÃO DE LOJA
Tenho lido vossos artigos, que são peças de grandes
informações e relevância maçônica, meus parabéns. Na oportunidade felicito o
irmão, em especial ao que tange a matéria "Transformação em Loja",
que foi questionamento do Irmão Mar Sakashita, em 15 de abril de 2012.
Estou passando pela mesma situação, e não encontro
amparo literário nos rituais, para poder argumentar com os irmãos em especial
os mais velhos, sobre transformar a Loja de Aprendiz, diretamente em Loja de
Mestre.
Confesso que comungo da mesma ideia do irmão, de
que é possível, tal feito, mas gostaria que me auxiliasse, com materiais
pertinente a isso para poder arguir nossas conclusões.
CONSIDERAÇÕES.
Em que pese eu tenha enfatizado na resposta dada em 2012 e mencionada na
sua questão de que no REAA\ genuinamente é
possível se transformar uma Loja do Grau 01 para o Grau 03 sem antes se passar
pelo Grau 02 - o que reafirmo que é verdade - em algumas situações, entretanto,
isso pode parecer contraditório.
Veja, no caso da transformação de Loja no GOB\, devido ao que mencionam os seus
rituais do REAA, me parece que existe a obrigação (se a transformação for partir
do Primeiro Grau) de antes se passar pelo Grau de Companheiro até se chegar à
transformação definitiva (Grau de Mestre).
Digo isso porque existe, sobretudo na Maçonaria latina, a obrigatoriedade
de se seguirem os rituais em vigência e, nesse sentido, os rituais simbólicos
do GOB preveem as respectivas transformações da Loja, porém do Primeiro para o
Segundo Grau e a posteriori do Segundo para o Terceiro Grau. Não há neles previstas transformações do Primeiro,
diretamente para o Terceiro.
Assim é o que menciona o ritual de Companheiro do REAA na sua página 22
e seguintes onde está prevista a transformação da Loja de Aprendiz para a de
Companheiro, enquanto que no ritual de Mestre, desse mesmo Rito, na sua página 42
e seguintes está prevista a transformação da Loja de Companheiro para a de
Mestre. Note que não existe no Ritual de Mestre nenhuma alusão à transformação
direta da Loja de Aprendiz para a de Mestre.
Faz-se oportuno mencionar que essas transformações previstas
ritualisticamente nos rituais acima aludidos, também trazem a transformação
inversa, ou de retorno, sendo do Grau de Mestre para o Companheiro e deste para
o de Aprendiz. Note que neles também não existe transformação inversa direta do
Mestre para o Aprendiz. Inversamente por primeiro transforma-se a Loja do Grau
de Mestre para o Companheiro e por fim da de Companheiro para o de Aprendiz –
reforço: isso nos rituais do REAA do GOB.
Assim, embora eu tenha dito e reafirmado em outras oportunidades (e
continuo reafirmando) que originalmente no REAA\ é natural à
transformação direta do Grau 01 para o Grau 03, não há, no caso do GOB, nenhuma
orientação para tal, o que me obriga a dizer, sobretudo agora como Secretário
Geral, que mesmo contrário à tradição, nesse caso se acompanha o previsto nos
rituais.
É oportuno ainda se esclarecer que na Maçonaria de vertente francesa,
geralmente os trabalhos podem ser abertos diretamente no Grau de Aprendiz, ou
de Companheiro, ou ainda no de Mestre. Entretanto, no Craft (origem inglesa)
esse costume não é comum, pois em qualquer situação a Loja será sempre aberta a
partir do Primeiro Grau. Assim, para se trabalhar no Grau de Companheiro é preciso
que por primeiro a Loja seja aberta regularmente no Grau de Aprendiz para que
na sequência haja a abertura no Segundo Grau. Do mesmo modo, uma Loja de Mestre
é primeiramente aberta no Primeiro Grau, em seguida no Segundo Grau e por fim
no Terceiro Grau.
Para o encerramento nesse sistema, procede-se da mesma forma, mas em
ordem decrescente, de modo que o encerramento definitivo da Loja se dê sempre
no Grau de Aprendiz. Comumente esse retorno é chamado de reversão. Um detalhe
importante nessa prática inglesa é que a cada Grau a Loja é aberta, ou
encerrada, com a execução plena da sua ritualística. Originalmente nela não há
“abreviações”.
Antes de concluir é imperioso comentar que os procedimentos litúrgicos
não raras vezes se diferem entre as duas principais vertentes maçônicas (a
francesa e a inglesa). Ademais, seguem-se, mesmo que contraditórios, os rituais
em vigência.
Por fim eu sugiro ao Irmão que confira o aqui comentado (sobre a prática
de transformação de Loja) nos rituais do GOB em vigência. Já no tocante às
tradições do REAA, nada melhor do que se pesquisar nos rituais autênticos
encontrados na França a partir da evolução dos mesmos no século XIX.
E.T. 1 – O termo
Craft (grêmio, ofício) aplica-se no GOB ao conhecido e inominado título de Rito
de York.
E.T. 2– Assim como é
equivocada a prática de abertura e encerramento ritualístico com um só golpe de
malhete, também são equivocadas as tais “meias-transformações” de Loja. Transformar
uma Loja requer o mínimo de observação da liturgia própria de cada rito.
Entenda-se que não existe “meia loja” aberta. A preguiça é um vício, portanto
como tal deve ser combatido nas lides maçônicas.
T.F.A.
PEDRO JUK
JAN/2019
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