Em 09/10/2018 o
Respeitável Irmão José Claudio Bezerra Bessa, Loja Arqui Real, 210, REAA,
GLESP, Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a questão abaixo:
A ESPADA E O COBRIDOR
Gostaria muito de fazer uma consulta ao irmão:
Sobre o Guarda do Templo [interno]: desde a abertura dos trabalhos até o
encerramento, o Guarda do Templo tem que ficar o tempo todo com a espada em
punho? Ou seja, o GT tem necessariamente que ficar com a espada em punho
[cruzada no peito ou com ela na mão o tempo inteiro], não pode desgrudar dela,
não pode repousa-la de jeito nenhum. Quero dizer: Quando das votações, no
momento de juramento - no encerramento dos trabalhos, etc., o GT tem que fazer
todas essas coisas de espada em punho? Por gentileza meu irmão, nos esclareça.
CONSIDERAÇÕES.
De
fato, em linhas gerais os rituais e os manuais são quase que na sua totalidade
omissos quando tratam, dentre outros, do ofício e do instrumento de trabalho do
Cobridor Interno e do Guarda Externo.
Além
dessa omissão, existem ainda as especulações temerárias que tratam a espada
como uma espécie de varinha de condão mágica fazendo dela, inclusive, um objeto
para descarregar “energias” como fosse ela um autêntico para-raios. Diga-se de
passagem, que essas não são condutas verdadeiras na liturgia maçônica.
Na
realidade, genuinamente a espada simboliza a arma com a qual esses oficiais
protegem a Oficina das vistas e ouvidos daqueles que não podem ingressar nos
trabalhos da Loja.
Em
assim sendo, os rituais e os manuais deveriam orientar melhor o Cobridor e o
Guarda Externo para que trouxessem suas espadas embainhadas em uma bainha (estojo apenso de um
talabarte onde se introduz a lâmina de arma branca).
Em
não existindo na Loja a bainha, que pelo menos exista então um dispositivo que
vai preso à retaguarda do espaldar da cadeira, cuja finalidade é a de
acondicionar a espada nos momentos em que o dever de ofício não obrigue a sua
utilização. Assim, esses oficiais somente deveriam empunhar espada quando o dever
de ofício deles exigisse ou quando o ritual igualmente determinasse.
Estando
nessa forma devidamente acondicionada à espada (na bainha ou no dispositivo), o
Cobridor, por estar com as suas mãos livres, ao ficar à Ordem compõe o Sinal
com a(s) mão(s) na forma de costume. Se a ocasião exigir que ele se mantenha à
Ordem empunhando a espada, ele então se mantém com ela em ombro-arma, postura
essa também conhecida como “posição de rigor”. Nessa condição o protagonista
mantém a sua espada empunhada pela mão direita, na vertical e apontada para
cima pelo lado direito do seu corpo. O respectivo punho se conservará junto à respectiva
banda do quadril trazendo o braço e antebraço atinentes afastados do tronco. O
corpo nessa condição se conserva a prumo e os pés formarão uma esquadria como na
forma de costume. O braço esquerdo permanece caído na vertical ao longo do
corpo.
Quando
o Cobridor, ou o Guarda Externo, em pé ou sentado, não estiver se utilizando da
espada, deverá mantê-la embainhada ou presa no dispositivo fixando na
retaguarda do seu assento. Alguns rituais prevêem inclusive uma pequena argola
de metal que vai presa na parte inferior da faixa do Mestre (junto à joia),
cuja qual serve como aparelho para acondicionar a espada.
O
hábito de manter a espada apoiada com a ponta sobre o piso, ou mesmo sobre as
coxas, é atitude equivocada, portanto não deve ser adotada.
Dado
a esses comentários, é errado o pensamento de que o Cobridor Interno ou o
Guarda Externo precisem se manter o tempo todo da sessão com a espada segura
pela mão (empunhada). Situações de espada em guarda, ou em ombro-arma, devem
(ou pelo menos deveriam) estar previstas no ritual.
No
tocante a espada, sua prática também se aplica aos Expertos quando no
cumprimento dos seus ofícios.
Quanto
às espadas utilizadas pelas comissões e guarda de honra durante os ingressos e
retiradas formais, assim como outros procedimentos inerentes à ritualística
maçônica, essas não ficam embainhadas, mas acondicionadas em dispositivos próprios
para essas ocasiões – geralmente ficam no Átrio da Loja.
Ao
concluir ainda deixo o seguinte alerta. As espadas, tradicionalmente quando
empunhadas, são sempre seguras com a mão direita. Infelizmente alguns rituais
ainda trazem o rançoso anacronismo de trazê-las empunhadas, em algumas
situações, com a mão esquerda, alegando para tal que a mão esquerda fica do
mesmo lado do coração. Na realidade essa é uma enorme invenção que, além de não
fazer sentido, ainda trata a Maçonaria como um repositório de credos
particulares, o que no mínimo é um contrassenso, pois atenta contra a
racionalidade da liturgia maçônica. No REAA a única espada que é empunhada pela
mão esquerda é a Flamejante e isso acontece durante as sagrações quando o
titular obrigatoriamente traz na sua mão direita um malhete para percutir sobre
a lâmina da espada a consagração. Eram essas as considerações, ao tempo que
peço escusas pela abordagem prolixa, no entanto justifico mencionando que
explicar ritualística não é empreitada para poucas linhas.
T.F.A.
PEDRO JUK
JAN/2019
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