Em 11/05/2023 o Respeitável Irmão que se identifica apenas como Wagner, Loja Ciência e Trabalho, 20, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Rolândia, Estado do Paraná, apresenta a dúvida seguinte:
PÁLIO NO REAA
para que os Irmãos se conservem nas colunas o devido respeito e rigor.
Inclusive,
em minhas pesquisas em rituais dos primórdios da Sublime Ordem em nosso País,
nada consta quanto esta etapa da ritualística, nem mesmo a leitura do Salmo
133, usando o exemplo de uma Loja de Aprendiz.
Desta
forma, gostaria que o Irmão Pedro Juk nos trouxesse um pouco de luz sobre o
assunto, e mais, se está de fato radicado no rito esta prática, pelo menos em
Lojas filiadas à COMAB ou a CMSB, porque ela é tão diferente de sua suposta
fonte, o Rito Adonhiramita? Uma vez que lá o Pálio é formado por espadas e por
Mestres Maçons das Colunas.
CONSIDERAÇÕES
A formação de pálio, seja ele com espadas ou bastões não é original no
REAA, portanto não existe. Em termos de Maçonaria Brasileira, o pálio foi
indevidamente inserido em se copiando uma prática do Rito Adonhiramita onde de
fato ele existe e é formado com espadas.
Dos ritos de origem francesa mais conhecidos entre nós, tais como o
Adonhiramita, o Moderno e o REEA, o único rito que possui o cargo de Diácono é
o REAA. Isso ocorre porque mesmo sendo o escocesismo um rito de origem
francesa, historicamente ele possui raízes anglo-saxônicas hauridas de
elementos que construíram o seu primeiro ritual para o simbolismo em 1804.
À vista disso, vale mencionar que o cargo de Diácono é natural da
Maçonaria Anglo-Saxônica e faz parte do ritual inglês graças à imposição dos maçons
irlandeses (Antigos). Destaque-se que na Maçonaria britânica os Diáconos não
portam bastão, porem varas ou canas, e não existe a formação de nenhum pálio,
exceto o ato de se cruzar ao alto as varas em determinados momentos previstos
na liturgia, a exemplo do que ocorre na admissão de um novo membro.
Aqui no Brasil, no REAA o pálio é um elemento copiado do Rito Adonhiramita
e foi circunstancialmente inserido em alguns rituais do REAA.
O ofício dos Diáconos no REAA é exclusivo para a liturgia da transmissão
da Palavra e eles não portam bastão ou outro qualquer instrumento de trabalho.
A origem dos Diáconos nos ritos que os adotam está na Maçonaria
Operativa, época em que eles eram mensageiros, oficiais de chão, que
transmitiam ordens entre os Wardens (mais tarde os Vigilantes) e o
Mestre da Loja nos imensos canteiros de obra das construções medievais. Naqueles
tempos, os Diáconos, além de mensageiros, pelo seu corriqueiro trânsito pelo
canteiro, também ajudavam na organização e disciplina dos trabalhos.
Vale destacar que na Maçonaria Operativa os cantos das obras eram aprumados
e nivelados pelos Vigilantes, sendo o resultado dessa aferição enviado através
dos Diáconos ao Mestre da Obra para que ele então ordenasse o início e o
encerramento dos trabalhos.
O REAA, rememorando as práticas dos nossos ancestrais, utiliza-se especulativamente
da transmissão de uma Palavra que, estando ela correta, ou seja, justa e
perfeita (transmitida nos conformes), significa que os cantos estão nivelados e
aprumados como ocorria no antigo ofício.
Graças a esse contexto é que os Diáconos existem no REAA. Assim, a
dialética entre os Diáconos e as Luzes prevista no ritual tem apenas o desiderato
de lembrar essa atividade do passado e não propriamente uma atividade
litúrgica. Basta lembrar que o ofício de conduzir recados, mensagens e outros afins
do gênero no REAA é do Mestre de Cerimônias, nunca os Diáconos. O Mestre de
Cerimônias é de fato o imediato do Venerável Mestre.
Desse modo, reitera-se que no REAA os Diáconos atuam apenas e tão
somente na transmissão da palavra que ocorre na abertura e encerramento dos
trabalhos. Não são condutores de recados e muito menos formam pálio, até porque
esse não existe no REAA.
Ainda no sentido da originalidade, outro procedimento inadequado é a
leitura do Salmo 133. Historicamente esse nada tem a ver com o REAA. Nesse
sentido, vale destacar que com a evolução dos rituais escoceses na França no
final do Século XIX e meados do XX a leitura correta no grau de Aprendiz é em
João, 1-5. A prevalência da Luz sobre as trevas é mote do grau de Aprendiz.
Por fim, ao concluir devo salientar que a despeito da existência de
enxertos e invencionices, se estes, mesmo que equivocados constarem em um
ritual em vigência, obrigatoriamente segue-se o previsto no ritual. É preciso
antes corrigir o ritual e não o desrespeitar.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
OUT/2023
Boa noite, o Ilustre Irmão Pedro já comentara em outras oportunidades sobre estes dois temas, mas sempre é bom relembrar. Sou da Grande Loja de Minas Gerais, quando fui iniciado era formado o pálio com dos dois diáconos e o mestre de cerimônias. Atualmente o mestre cerimonias foi retirado e, na leitura do salmo 133, somente os diáconos cruzam os seus bastões. Como o Mestre Pedro diz, está no ritual vamos cumprir, até que ocorra, se acontecer, alteração no respectivo ritual
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentário. T.F.A.
ExcluirOlá ir.'. Pedro Juk, sou Luiz C.'. M.'. GOP. Recentemente em minha loja falou-se sobre a forma do Palio, antes bastões dos diáconos por baixo do bastão do mestre de cerimônias e agora por cima. Mas não aparece no ritual a forma como deve ser o Palio, vc tem algum material nesse sentido?. Li aqui que não deveria existir o Palio, então podemos sugerir para o deputado da Salm correção no ritual?
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