Em 10/11/2023 o Respeitável Irmão Sidney Lopes Thofehrn, Loja Caldas Júnior-Imbé, REAA, GORGS, Oriente de Imbé, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:
PEDRA PIRAMIDAL
Meu Irmão me valendo do seu conhecimento, gostaria, se possível, me esclarecer a seguinte dúvida.
Em nosso Rito, está identificada no Oriente do templo uma Pedra Piramidal que em alguns autores a identificam como a Obra Prima do Aprendiz.
Entretanto, não encontrei nenhuma lógica ou explicação coerente para a sua existência dentro dos graus simbólicos.
Entendo que as pedras frente aos VVig∴ simbolizam a evolução do conhecimento, o aprimoramento, de cada Obr∴, mas não consigo achar uma lógica para a existência da pedra piramidal no templo (graus simbólicos).
Já li algo relacionando esta à Alquimia e a Obra Prima do Aprendiz (como já mencionei acima).
Como uma das principais funções dos Mestres é transmitir os conhecimentos adquiridos, procuro sempre estabelecer uma lógica no ensinamento, pois de outra forma torna-se uma explicação sem embasamento e de difícil compreensão (parece aquela pílula que não desce e fica travada na garganta).
Se eu pudesse escolher uma substituição daquela pedra pontiaguda no Oriente para estabelecer uma lógica, primeiramente faria uma distinção entre a Pedra Cúbica (rústica) e a Pedra Polida....e ai sim, colocaria a pedra Polida no Oriente como a Obra final do Companheiro maçom, representando a sua evolução....mas tudo se complicou a partir dos graus capitulares e a maçonaria especulativa com seguimento aos filosóficos.
Vamos a minha dúvida...
Esta pedra piramidal tem algum fundamento com o trabalho dos AApr∴?
Seria possível fazer uma distinção entre a Pedra Cúbica e a Pedra Cúbica Polida?
Se a distinção entre elas fosse possível, esta (pedra cúbica polida) poderia ter lugar no Oriente?
Desde já, agradeço a disponibilidade do caro irmão para esclarecimento de dúvidas.
CONSIDERAÇÕES.
Em relação à pedra pontiaguda, ou piramidal, ou ainda cúbica piramidal, etc., a mesma nada tem a ver com as práticas do simbolismo no REAA. Reitero, práticas do “simbolismo”.
O que ocorre, infelizmente, é que boa parte dos praticantes da Maçonaria latina adoram misturar símbolos e práticas litúrgicas de uns em outros ritos de vertentes distintas de Maçonaria (inglesa e francesa).
Isto acaba muitas vezes em um verdadeiro “sincretismo” de símbolos e emblemas, o que resulta em conceitos incompreensíveis, antagônicos e sem sentido para a evolução iniciática proposta pelo rito.
Em se tratando da grande magia, cujo símbolo é a Pedra Bruta e a Cúbica, não existe no simbolismo do REAA nenhuma outra pedra com outro formato e significado, senão as distribuídas no Templo como duas das três Joias Fixas da Loja, uma no Norte, de formato disforme, tal como foi retirada da jazida, e outra no Sul, desbastada, cinzelada e preparada, para atender as exigências da Arte.
Esta alegoria significa a evolução do Iniciado em dois dos três ciclos da sua vida maçônica, ou seja, das asperezas da Pedra Bruta, que representa o Aprendiz (fase inicial) e da Pedra Cúbica (símbolo do Companheiro), já preparada para servir à elevação das paredes do Templo – demonstra que houve evolução do obreiro. São as únicas duas pedras que aparecem nos Painéis do 1º e 2º Grau do REAA.
Neste contexto, a terceira fase, ou a Obra Final representa o Mestre no Oriente e a conclusão da construção do Templo, elevado de acordo com o que fora projetado e desenhado na Pranch∴ pelo Mestre (memória).
Esta é a verdadeira estrutura doutrinária de aperfeiçoamento prevista no simbolismo do REAA. As pedras, como joias, são fixas para servir como um código de moral e ética do Maçom. Ambas ficam no Ocidente porque esotericamente se localizam no mundo material, em contraposição à Pranch∴ que se situa além da balaustrada, no Oriente, ou o mundo espiritual.
Concernente à pedra pontiaguda, ou cubo piramidal, ela aparece em outros ritos, principalmente os de vertente anglo-saxônica, portanto, não faz parte do arcabouço simbólico do REAA, que é de vertente francesa.
Muitos outros sistemas doutrinários maçônicos mencionam uma pedra cúbica com o topo pontiagudo. Esta pedra servia nos canteiros operativos como a pedra angular da construção, ou seja, ela era colocada no canto nordeste do canteiro de obras e servia como um marco referencial, ou ponto de partida para a construção. A partir desta pedra referencial determinavam-se os alinhamentos, esquadrejamentos e aprumadas. A pedra pontiaguda estabelecia o vértice de 90º do triângulo retângulo, cujas propriedades geométricas estabeleciam o “canto” (square) das construções.
À vista disto, este conceito iniciático refere-se à outra estrutura doutrinária, como o Rito de York, por exemplo, onde os Aprendizes ocupam a fileira da frente à nordeste da sala da Loja. O Aprendiz, representando o início da jornada, é a pedra angular (pontiaguda), ou o ponto de partida.
Deste modo, reitera-se que em face à estrutura doutrinária do REAA ser de origem francesa, a pedra pontiaguda não se enquadra no seu sistema iniciático. Vale observar que independente dos ritos que a compõe, o objetivo da Maçonaria é apenas um: o de transformar homens bons em homens melhores ainda. O que pode se diferenciar são os métodos e processos de aperfeiçoamento, que muitas vezes se diferenciam nas suas estruturas
O REAA se serve da alegoria solar e a vida e morte da Natureza para construir estruturar a sua doutrina iniciática, enquanto que os ritos anglo-saxônicos se servem, amiúde, do contexto operativo, levando o iniciado a vivenciar, em muitas passagens, as construções do passado comparadas à sua construção interior.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
AGO/2024
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