terça-feira, 20 de agosto de 2024

PEDRA CÚBICA PIRAMIDAL

Em 10/11/2023 o Respeitável Irmão Sidney Lopes Thofehrn, Loja Caldas Júnior-Imbé, REAA, GORGS, Oriente de Imbé, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta o que segue:

 

PEDRA PIRAMIDAL

 

Meu Irmão me valendo do seu conhecimento, gostaria, se possível, me esclarecer a seguinte dúvida.

Em nosso Rito, está identificada no Oriente do templo uma Pedra Piramidal que em alguns autores a identificam como a Obra Prima do Aprendiz.

Entretanto, não encontrei nenhuma lógica ou explicação coerente para a sua existência dentro dos graus simbólicos.

Entendo que as pedras frente aos VVig simbolizam a evolução do conhecimento, o aprimoramento, de cada Obr, mas não consigo achar uma lógica para a existência da pedra piramidal no templo (graus simbólicos).

Já li algo relacionando esta à Alquimia e a Obra Prima do Aprendiz (como já mencionei acima).

Como uma das principais funções dos Mestres é transmitir os conhecimentos adquiridos, procuro sempre estabelecer uma lógica no ensinamento, pois de outra forma torna-se uma explicação sem embasamento e de difícil compreensão (parece aquela pílula que não desce e fica travada na garganta).

Se eu pudesse escolher uma substituição daquela pedra pontiaguda no Oriente para estabelecer uma lógica, primeiramente faria uma distinção entre a Pedra Cúbica (rústica) e a Pedra Polida....e ai sim, colocaria a pedra Polida no Oriente como a Obra final do Companheiro maçom, representando a sua evolução....mas tudo se complicou a  partir dos graus capitulares e a maçonaria especulativa com seguimento aos filosóficos.

Vamos a minha dúvida...

Esta pedra piramidal tem algum fundamento com o trabalho dos AApr?

Seria possível fazer uma distinção entre a Pedra Cúbica e a Pedra Cúbica Polida?

Se a distinção entre elas fosse possível, esta (pedra cúbica polida) poderia ter lugar no Oriente?

Desde já, agradeço a disponibilidade do caro irmão para esclarecimento de dúvidas.

 

CONSIDERAÇÕES.

 

Em relação à pedra pontiaguda, ou piramidal, ou ainda cúbica piramidal, etc., a mesma nada tem a ver com as práticas do simbolismo no REAA. Reitero, práticas do “simbolismo”.

O que ocorre, infelizmente, é que boa parte dos praticantes da Maçonaria latina adoram misturar símbolos e práticas litúrgicas de uns em outros ritos de vertentes distintas de Maçonaria (inglesa e francesa).

Isto acaba muitas vezes em um verdadeiro “sincretismo” de símbolos e emblemas, o que resulta em conceitos incompreensíveis, antagônicos e sem sentido para a evolução iniciática proposta pelo rito.

Em se tratando da grande magia, cujo símbolo é a Pedra Bruta e a Cúbica, não existe no simbolismo do REAA nenhuma outra pedra com outro formato e significado, senão as distribuídas no Templo como duas das três Joias Fixas da Loja, uma no Norte, de formato disforme, tal como foi retirada da jazida, e outra no Sul, desbastada, cinzelada e preparada, para atender as exigências da Arte.

                Esta alegoria significa a evolução do Iniciado em dois dos três ciclos da sua vida maçônica, ou seja, das asperezas da Pedra Bruta, que representa o Aprendiz (fase inicial) e da Pedra Cúbica (símbolo do Companheiro), já preparada para servir à elevação das paredes do Templo – demonstra que houve evolução do obreiro. São as únicas duas pedras que aparecem nos Painéis do 1º e 2º Grau do REAA.

Neste contexto, a terceira fase, ou a Obra Final representa o Mestre no Oriente e a conclusão da construção do Templo, elevado de acordo com o que fora projetado e desenhado na Pranch pelo Mestre (memória).

Esta é a verdadeira estrutura doutrinária de aperfeiçoamento prevista no simbolismo do REAA. As pedras, como joias, são fixas para servir como um código de moral e ética do Maçom. Ambas ficam no Ocidente porque esotericamente se localizam no mundo material, em contraposição à Pranch  que se situa além da balaustrada, no Oriente, ou o mundo espiritual.

Concernente à pedra pontiaguda, ou cubo piramidal, ela aparece em outros ritos, principalmente os de vertente anglo-saxônica, portanto, não faz parte do arcabouço simbólico do REAA, que é de vertente francesa.

Muitos outros sistemas doutrinários maçônicos mencionam uma pedra cúbica com o topo pontiagudo. Esta pedra servia nos canteiros operativos como a pedra angular da construção, ou seja, ela era colocada no canto nordeste do canteiro de obras e servia como um marco referencial, ou ponto de partida para a construção. A partir desta pedra referencial determinavam-se os alinhamentos, esquadrejamentos e aprumadas. A pedra pontiaguda estabelecia o vértice de 90º do triângulo retângulo, cujas propriedades geométricas estabeleciam o “canto” (square) das construções.

À vista disto, este conceito iniciático refere-se à outra estrutura doutrinária, como o Rito de York, por exemplo, onde os Aprendizes ocupam a fileira da frente à nordeste da sala da Loja. O Aprendiz, representando o início da jornada, é a pedra angular (pontiaguda), ou o ponto de partida.

Deste modo, reitera-se que em face à estrutura doutrinária do REAA ser de origem francesa, a pedra pontiaguda não se enquadra no seu sistema iniciático. Vale observar que independente dos ritos que a compõe, o objetivo da Maçonaria é apenas um: o de transformar homens bons em homens melhores ainda. O que pode se diferenciar são os métodos e processos de aperfeiçoamento, que muitas vezes se diferenciam nas suas estruturas

O REAA se serve da alegoria solar e a vida e morte da Natureza para construir estruturar a sua doutrina iniciática, enquanto que os ritos anglo-saxônicos se servem, amiúde, do contexto operativo, levando o iniciado a vivenciar, em muitas passagens, as construções do passado comparadas à sua construção interior.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

AGO/2024

 

Um comentário:

  1. Ir:. Pedro, compreendo que a pedra pontiaguda não seja símbolo típico do REAA, porém é certo que ela aparece desde os primórdios, desde os primeiros painéis dos graus simbólicos. Inclusive, já aparece no painel do "Cahiers de 1829", sendo replicado em quase todos os painéis clássicos subsequentes. Diante disso, fica um pouco difícil dizer que é simples "mistura" dos praticantes, etc.

    ResponderExcluir