Em 16/03/2017 o Respeitável Irmão
Otávio Alvares de Almeida, Loja Deus e Fraternidade, 51, REAA, Grande Loja do
Estado da Bahia, Oriente de Cruz das Almas, Estado da Bahia, solicita o
seguinte esclarecimento:
TRIÂNGULOS DA ESPIRITUALIDADE E DA MATERIALIDADE NA CADEIA DE UNIÃO?
Ontem, 15/03, em minha Loja foi feita
uma Cadeia de União para transmissão da Palavra Semestral e, pela primeira vez,
em função do posicionamento do Venerável Mestre ladeado pelo Secretário e
Orador no Oriente do Pavimento Mosaico e do Mestre de Cerimonias no Ocidente
ladeado pelos Vigilantes nas suas respectivas Colunas, me veio a dúvida e por isso
peço a sua ajuda, sobre quem forma o vértice do Triangulo da Materialidade: O
Mestre de Cerimonias ou o Guarda do Templo?
CONSIDERAÇÕES.
Antes da questão
propriamente dita, primeiro alguns apontamentos pertinentes.
Sem confundir com
tríades, associado aos atributos da espiritualidade está o triângulo (isóscele
ou equilátero) com um ápice voltado para cima, enquanto que o da materialidade
está associado àquele que mantém o ápice voltado para baixo.
Ainda em relação
aos triângulos (exceto ao concernente ao Delta Radiante), no REAA também
aparecem às figuras triangulares correspondentes aos elementos Terra, Ar, Água
e Fogo que se apresentam juntos às Colunas Zodiacais.
A união dos
triângulos da materialidade e a espiritualidade formam a Magsen David (Estrela, ou Selo de Davi), ou a Blazing Star, comum principalmente na vertente inglesa de Maçonaria
(estrela de seis pontas). Já o simbolismo do REAA\, por ser um rito de
vertente francesa, esse não possui nele, como símbolo, nenhuma estrela de seis
pontas, sobretudo aquela tão comentada invenção de uma pretensa estrela formada num formidável exercício
de imaginação que se diz existir quando da abordagem dos oficiais na circulação
da Bolsa de Propostas e Informações e Tronco de Solidariedade. Na verdade a
sequência dessa abordagem tem apenas relação com a história e a importância dos
cargos na Loja, no mais, fazer ilações associando esse percurso a um trajeto
estelar nada mais é do que pura bobagem que não tem compromisso algum com a doutrina
simbólica do Rito Escocês. Provavelmente foi dessa
inventiva sugestão que surgiu a relação de triângulos de espiritualidade e de
materialidade na Cadeia de União.
Ora, isso é mero
exercício de imaginação. Primeiro, porque a Cadeia quando formada, assume uma figura
circular ou elíptica e não triangular. Segundo é porque a Cadeia, quando constituída
no REAA, tem originalmente apenas um único objetivo: o de se transmitir a
Palavra Semestral e nada mais, pois nela não existe a prática de preces e
orações. Assim, a Cadeia de União é formada sobre o Pavimento Mosaico (que ocupa todo o espaço
ocidental da Loja) após o encerramento dos trabalhos tendo, numa das extremidades
da elipse (da cadeia) e de costas para o Oriente o
Venerável Mestre com o Secretário à sua esquerda e o Orador à sua direita. Na outra
extremidade da elipse em frente ao Venerável, de costas para a porta e parede
ocidental, vai o Mestre de Cerimônias tendo à sua direita o Segundo Vigilante e
à sua esquerda o Primeiro Vigilante. Os demais Irmãos se distribuem de modo que
a figura elipsoide ou circular da Cadeia se mantenha com número equilibrado de
obreiros no que diz respeito à quantidade de participantes à direita e à
esquerda.
Devida à disposição
elipsoide ou circular dos integrantes da Cadeia, não há como se imaginar a
formação de triângulos imaginários formados pelas cinco Dignidades da Loja e
pelo Mestre de Cerimônias. A disposição relativa aos que ladeiam o Venerável e
ao Mestre de Cerimônias é porque o Orador e o Secretário tomam assento no
Oriente e os Vigilantes, bem como o Mestre de Cerimônias no Ocidente. É
simplesmente só isso e nada mais.
No que diz respeito
ao Cobridor mencionado na sua questão, ele nada tem a ver com triângulo da
materialidade e nem fica na Cadeia posicionado entre os Vigilantes – na
extremidade da elipse de frente para o Venerável fica mesmo o Mestre de
Cerimônias.
É bem verdade sim que
esotericamente o Oriente da Loja corresponde à Luz e a espiritualidade,
enquanto que o Ocidente, à materialidade e aquilo que é passível de
aprimoramento, porém essa alegoria não se relaciona sob qualquer hipótese à
Cadeia de União e nem mesmo à inexistente estrela de seis pontas aqui
anteriormente mencionada.
Ainda, em se
tratando de triângulo equilátero (três lados iguais), nada do que aqui foi
mencionado sugere alguma relação com o Delta Radiante, cujo símbolo fica no
Retábulo do Oriente (ao alto, atrás do Venerável) – esse triângulo é outro importantíssimo
emblema que em Maçonaria, tanto na concepção deísta como na teísta, exprime os
atributos da divindade. É o símbolo da crença na existência de um Ser Supremo.
Concluindo, devo
mencionar que as minhas ponderações aqui expressas se prendem unicamente à pureza
e tradição do escocesismo simbólico, independe daquilo que possa porventura
estar escrito em alguns rituais das nossas Obediências. Assim, se deles derivarem
instruções contrárias às minhas convicções, em estando os mesmos em vigência,
mesmo que equivocados, por primeiro seguem-se as suas orientações.
T.F.A.
PEDRO JUK
ABRIL/2017.
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