quinta-feira, 30 de agosto de 2018

DESFAZER O SINAL DE ORDEM


Em 13/06/2018 o Respeitável Irmão Gedir Scardino Lima, Loja Professor Hermínio Blackman, REAA, GOB-ES, Oriente de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, apresenta a seguinte questão:

DESFAZER O SINAL DE ORDEM

 
Permitam-me uma nova consulta: É sobre o desfazimento do “Sinal de Ordem” no REAA:
Entendo que uma coisa é desfazer o Sinal de Ordem (simplesmente desfazer, sem o corte) e outra é a saudação (com o corte). É hábito comum e, via de regra é assim que nos é ensinado na iniciação: todo desfazimento do sinal é feito com o corte. Por exemplo, na abertura da Loja, quando todos estão “de pé e à ordem” e o VM ordena: “Sentemo-nos meus Irmãos”. Os irmãos ao desfazer o Sinal de Ordem para sentar-se, pergunto: desfaz o sinal simplesmente ou desfaz fazendo o corte? (Que no meu entender é saudação e não simples desfazimento do sinal).

CONSIDERAÇÕES.

Não importa a ocasião. Fazendo uma saudação ou não, um Sinal de Ordem só é desfeito pela aplicação simbólica da pena correspondente a ele. Assim, não se desfaz um Sinal sem antes completa-lo pela simulação da pena correspondente.
É sabido que cada grau simbólico possui o seu Sinal característico, entretanto é necessário se compreender que, como um todo, um Sinal se compõe por dois tempos distintos. O primeiro é o estático e corresponde à sua composição, enquanto que o segundo é o dinâmico e corresponde ao movimento que simula a aplicação simbólica da pena. Assim, os dois tempos distintos – o estático e o dinâmico – constituem-se no Sinal do Grau, conhecido genericamente como Sinal de Ordem. Esses dois tempos nunca se separam. Um é consequência do outro.
A simulação de cada pena simbólica corresponde anatomicamente aonde ela é aplicada (compleição física) segundo a tomada do jur\. Daí é que se dá o nome de Sinal Penal para o gesto dinâmico relativo à execução da pena. É também conhecido como Gut\, Cord\ e Ventr\ respectivamente.
O termo genérico Sinal de Ordem dado ao Sinal do Grau é oriundo da postura do maçom quando ele compõe o Sinal, isto é, ele o faz obrigatoriamente estando à Ordem (em pé, corpo ereto e os pés em esq\).
Assim, o Sinal do Grau, ou de Ordem se congrega em dois tempos distintos, mas inseparáveis, ou seja, se dão sequencialmente, do estático para o dinâmico, portanto o Sinal de Ordem de qualquer grau simbólico nunca será desfeito senão pelo seu respectivo movimento penal (o que lhe dá o nome). No caso da sua questão, não existe o “sem corte” (sic).
Dadas essas explicações, vamos agora à “saudação maçônica”.
Em qualquer caso a saudação maçônica é feita sempre pelo Sinal, ou seja, quem saúda, compõe Sinal e imediatamente a seguir, pelo gesto da aplicação da pena, faz a saudação. Em síntese, toda a saudação maçônica é feita pelo Sinal Penal (Gut\, Cord\ ou Ventr\).
Entretanto se faz mister compreender que nem toda a vez que alguém desfaz um Sinal (penal) estará saudando alguém, pois o mesmo gesto é adequado também para se desfazer o Sinal. Ratifico: não se desfaz um Sinal “diretamente”, senão pelo gesto penal.
Em Maçonaria um Sinal é composto para atender diversos aspetos correlacionados à liturgia do rito. Assim, seguem alguns exemplos de casos em que o Sinal não é especificamente a saudação maçônica:
a)    Quando alguém faz o uso da palavra - para tal ele fica à Ordem e se dirige à Loja na forma de costume. Concluída a sua fala, antes de sentar ele desfaz o Sinal pela pena simbólica (isso não é saudação).
b)    Quando todos ficam à Ordem atendendo às determinações emanadas do ritual e, antes de sentar, desfazem o Sinal (isso não é saudação).
c)     Quando um oficial em deslocamento vai até alguém em cumprimento ao seu ofício e fica à Ordem (isso não é saudação).
Dados esses exemplos, vejamos agora situações em que a composição do Sinal é saudação maçônica:
a)    Quando da entrada e saída do Oriente – pelo Sinal, saúda-se o Venerável Mestre (saudação maçônica prevista no ritual do GOB).
b)    Quando da entrada formal em Loja – após os passos do grau, faz-se a saudação às Luzes da Loja (prevista no ritual do GOB).
Por esses exemplos é possível se compreender que o Sinal cumpre dois aspectos distintos na liturgia maçônica – o de se compor e desfazer simplesmente o Sinal de Ordem e o de se saudar alguém em se compondo e desfazendo o mesmo Sinal de Ordem (Sin\ Gut\ ou Saud\ Maç\).
Dando por concluídas essas considerações, espero ter esclarecido um pouco dessas minúcias ritualísticas, destacando, contudo que não se desfaz abruptamente um Sinal, pois não existe “meio sinal”. Assim, desde que composto (estático), em se saudando ou não, ele sempre será desfeito (dinâmico – movimento) pela pena simbólica que lhe dá o nome. No mais, não devo me estender além da conta, já que os “puristas de plantão” estão a postos para nos criticar imaginando “revelações de segredos”.


T.F.A.

PEDRO JUK


AGO/2018

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