Em 28.03.2021 o Respeitável Irmão Renato (não menciona o nome inteiro), Loja Filhos de Hiram, 77, REAA, GLMEES (CMSB), Estado do Espírito Santo, faz a seguinte pergunta:
LUGAR DA ESTRELA FLAMEJANTE
Dileto Irmão em nossa Oficina discutimos sobre a posição da Estrela Flamejante, não conseguimos identificá-la em nossa Loja, atrás do trono do venerável existe uma estrela, alguns irmãos afirmam ser o Delta, outros a luminária que ilumina o livro da lei.
Em seu blog, que por sinal é riquíssimo em conteúdo, parabéns, eu
encontro "O Pentagrama (estrela de cinco pontas) fica situado no teto da Loja -
dele pendente ou nele fixado - sobre o lugar do Segundo Vigilante". Esse
local corresponde ao meridiano do Meio-Dia donde o Vigilante ao Sul observa a
passagem do Sol. Minha pergunta meu Irmão: E quando não há essa representação
da Estrela, caso em minha Loja, podemos explicá-la no Painel do Grau 2?
CONSIDERAÇÕES.
De fato, a Estrela Flamejante, um dos Ornamentos
da Loja de Companheiro no REAA, somente ingressou na Moderna Maçonaria nos
meados do Século XVIII na França.
Para alguns autores, a Estrela pentagonal chegou através
do Barão de Tchoudy – Louis Theódore Henry Tchoudy, com o título de L’Etoile
Flamboyante. Para outros,
no entanto, a exemplo de Theobaldo Varolli Filho,
a Estrela foi copiada por Enrique Cornélio Agrippa de Netesshein, estudioso
dedicado à magia, alquimia e a Cabala.
Como importante símbolo maçônico, no REAA a
Estrela Flamejante assume um caráter hominal e é de origem pitagórica. Traz no
seu centro a Letra G correspondente à Geometria, ou a Quinta Ciência, que é esotericamente
aplicada no aperfeiçoamento do homem.
O adjetivo flamejante (brilhante) que a acompanha,
dentre outros, lhe é atribuído por ser ela considerada uma luz intermediária
(cálida), que no templo maçônico do REAA fica localizada entre as duas
luminárias terrestres, o Sol e a Lua fixadas na abóbada.
Vale mencionar que a Estrela Flamejante não tem
nenhuma conotação estelar como fosse um astro que brilha no firmamento. É um
símbolo hominal.
Cabe aludir que a Estrela de Cinco Pontas, ou o
Pentagrama, se consagrou principalmente na vertente francesa de Maçonaria,
sendo pouco utilizada no sistema anglo-saxônico.
Pelas suas características simbólicas,
originalmente, nos templos do REAA, por ser o emblema de Luz intermediária, a
Estrela Flamejante se localiza pendente do teto ao Sul sobre o lugar (mesa) do
2º Vigilante, entre o Sol no Oriente e a Lua no ocaso. Relaciona-se à marcação
do meridiano do Meio-Dia, de onde o 2º Vigilante vê a passagem do Sol.
Traz sempre um dos seus ápices apontados para
cima o que lhe dá uma característica de teurgia (Obra de Luz) em oposição à
goécia (obra das trevas).
Em que pese esse rol de significados, que
inclusive possui íntima relação com a senha de reconhecimento do 2º Grau, muitos
rituais, na saga existencial das contradições e invencionices, acabariam ao
longo do tempo trazendo a Estrela Flamejante posicionada em lugares que nunca
lhe couberam. Houve ritual que trouxe a Estrela equivocadamente posicionada dentro
do Delta, ou fixada na parede Sul atrás do Vigilante, outros ainda no alto do
dossel, e por aí vai. Nada disso é correto.
Reitero, por ser uma Luz intermediária, esse importante
Ornamento vai pendente do teto ao meio-dia sobre o lugar do 2º Vigilante, ou mesmo,
nessa posição, mas fixada ao alto na abóbada. O cuidado que se deve ter é que
ela esteja sempre representada com uma única das suas pontas voltadas para cima
– como estivesse contornando o homem vitruviano (com a cabeça para cima).
A Estrela Flamejante também aparece no Painel do Segundo
Grau, e está posicionada na porção mediana do quadro, ao alto, acima do
pórtico, entre o Sol e a Lua. Tanto pendente do teto, bem como fixada ao alto
na abóbada, ambas ao meio-dia, assim como no Painel do Grau, o significado é o
mesmo.
Concluindo, reafirmo que essas ponderações se
relacionam àquilo que é consagrado no REAA, rito de origem francesa que, por
razões históricas, traz também no seu contexto doutrinário feitios hauridos da
Maçonaria anglo-saxônica, isto é, dos Antigos de 1751 (The Three Distinct
Knocks), do Regulateur du Maçom (1801, Grande Oriente da França) e
da Loja Geral Escocesa (Paris, 1804). Esses três elementos formaram o primeiro
ritual para o simbolismo do REAA em 1804 na França.
T.F.A.
PEDRO JUK
http://pedro-juk.blogspot.com.br
OUT/2022
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