domingo, 10 de setembro de 2017

RITUALÍSTICA - CIRCULAÇÃO DAS BOLSAS.

Em 01/07/2017 o Respeitável Irmão Wilmar Gomes dos Reis, Loja Acácia dos 33, 2.341, REAA, GODF – GOB, Oriente do Gama, Distrito Federal, formula a questão seguinte:

CIRCULAÇÃO DAS BOLSAS


Recebi a incumbência de dar uma instrução sobre a circulação do saco de propostas e informações e do tronco de beneficência, no REAA, no dia 03/07.
Verificando a literatura maçônica, constatei que as informações são poucas.
Diante do exposto, solicito ao mano que, dentro das possibilidades, me envie alguma informação a respeito do assunto.

CONSIDERAÇÕES

A circulação para ambas as finalidade ocorre na mesma sequência, diferenciando-se apenas pelo oficial que executa a coleta.
No REAA\, em qualquer situação a bolsa (saco) segue o seguinte percurso: Luzes da Loja (Venerável Mestre e os Vigilantes) respectivamente, as Dignidades do Orador e do Secretário e Cobridor Interno. Esses são os seis primeiros cargos obrigatórios na circulação. Dando sequência abordam-se todos os Irmãos do Oriente começando por aqueles que eventualmente estejam ocupando as cadeiras de honra (Decreto GOB 1469/2016), em seguida os Mestres que ocupam o Sul, os do Norte, os Companheiros, os Aprendizes e, por fim, o oficial circulante que é ajudado pelo Cobridor Interno.
Seguem algumas observações necessárias para o procedimento de abordagem.
a)    Em hipótese alguma se faz a coleta do Venerável junto com os ocupantes das duas cadeiras de honra, nem mesmo se o ocupante for o Grão-Mestre. A coleta inicia-se obrigatoriamente pelos detentores dos malhetes.
b)    A obrigatoriedade dos seis primeiros cargos se dá para cumprir a regra de que uma Loja somente pode ser aberta com sete Mestres. Nesse caso são os seis primeiros, mais o oficial circulante. É equivocada a justificativa da tal estrela de seis pontas que, além de não ser elemento simbólico do REAA\, é preciso ainda de muito exercício de imaginação para se formar uma estrela ligando os lugares dos primeiros seis cargos abordados.
c)     Os seis primeiros cargos obrigatoriamente abordados seguem hierarquia administrativa – Luzes, Dignidades e o Cobridor, cujo cargo é tão importante que nenhuma Loja pode abrir os trabalhos sem a sua presença – o Cobridor representa o Landmark do sigilo.
d)    Abordados os seis primeiros cargos, para os demais não existe nenhuma sequência obrigatória, senão que a coleta se dê no Oriente, Sul e Norte.
e)    No Ritual do GOB em vigência durante a circulação e abordagem do Cobridor Interno, nele aparece o termo “Cobridores”, obviamente se reportando ao Interno e o Externo. Esse foi um equívoco, mas que, como outros já aparece corrigido podendo ser conferido no site do Poder Central em: Ritualística – Grande Oriente do Brasil. Para acessa-lo é necessário que o Obreiro possua o GOB-CAD.
Outros comentários:
A postura do oficial circulante (Mestre de Cerimônias ou Hospitaleiro) parado ou em deslocamento será sempre segurando a bolsa aberta com as duas mãos junto e na altura do seu quadril esquerdo. Durante a abordagem o portador da bolsa deve discretamente virar o rosto para o lado oposto daquele que está sendo abordado. Esse gesto identifica a virtude da “discrição”.
A origem da postura ao carregar a bolsa pelo lado esquerdo vem de um costume haurido de algumas igrejas medievais na França quando nelas havia um personagem chamado “esmoler” que trazia consigo uma grande bolsa presa a tiracolo da direita para a esquerda. Esse personagem geralmente no final do ofício religioso oferecia a bolsa aos fiéis recolhendo doações para os necessitados. Assim a Maçonaria francesa através de alguns dos seus ritos copiou o gesto simbólico para as suas Lojas e o deu ao Hospitaleiro a postura de segurar a bolsa imitando a maneira do esmoler que trazia o recipiente a tiracolo ao coletar donativos na igreja.
Originalmente em Maçonaria a coleta para solidariedade intitula-se “Tronco” cuja coleta se destina para as obras assistenciais da Loja. Nesse caso, a origem do vocábulo é francesa já que a palavra “tronc” em francês, dentre outros, designa também uma caixa para óbolos (caixa de esmolas) muito comuns nas igrejas francesas, cujas quais se identificam como “Tronc”. A ideia figurada é de engrossar a caridade como o tronco de uma árvore que paulatinamente engrossa (encorpa) pelo tempo da sua existência.
No que diz respeito à Bolsa de Propostas e Informações, em analogia à discrição maçônica que cerca a coleta beneficente, o mesmo gesto e o mesmo percurso na Loja seriam adotados para a coleta de documentos e escritos que muitas vezes são sigilosos e que merecem primeiro uma análise acurada do Venerável antes de delas dar conhecimento (prudência). O encarregado de recebê-las na forma de costume é o Mestre de Cerimônias.
Como propostas e informações demandam geralmente de providências administrativas e podem aguardar constitucionalmente outros aprovisionamentos (ficar sob malhete) o gesto, para exarar boa-fé, exige a presença de duas testemunhas (Orador e Secretário) na oportunidade em que é conferido o número de propostas e informações coletadas.
Tanto na coleta do óbolo como na das propostas e informações, impreterivelmente todos, sentados e sem fazer sinal ao serem abordados, devem inserir a sua mão direita fechada dentro na bolsa e retirá-la na forma de costume. Essa regra é admitida para que ninguém saiba o que, ou quanto, dependendo do caso, foi depositado no interior do recipiente.
Durante essas coletas ninguém pode colocar propostas, informações ou óbolo por outro Irmão. O procedimento é estritamente individual.
Propostas e informações sem assinatura não serão aceitas pelo Venerável Mestre.
Do mesmo modo, o produto da coleta no Tronco de Beneficência deve ser conferido na sessão em curo. Não existe a abominável prática de se lacrar o tronco em homenagem aos visitantes, isso é ilegal e só serviria se fossa para homenagear o pão-durismo de alguns. Em nome da lisura e transparência da sessão o total apurado na coleta do óbolo deve ser conferido e anunciado na presença de todos.
Enfim, esses são os apontamentos que me ocorreram nesse momento, lembrando que essas considerações são norteadas às Lojas do REAA\ e em particular às do Grande Oriente do Brasil.
Concluindo, devo lembrar que giro e coleta nessa forma ritualística é particularidade de alguns ritos maçônicos e não é um procedimento ritualístico unânime e assim aplicado em toda a Maçonaria.


T.F.A.

PEDRO JUK


SET/2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário