Em 01/07/2017 o Respeitável Irmão Wilmar Gomes dos Reis, Loja Acácia dos
33, 2.341, REAA, GODF – GOB, Oriente do Gama, Distrito Federal, formula a
questão seguinte:
CIRCULAÇÃO DAS BOLSAS
Recebi a incumbência de dar uma instrução sobre a circulação do saco de
propostas e informações e do tronco de beneficência, no REAA, no dia 03/07.
Verificando a literatura maçônica, constatei que as informações são
poucas.
Diante do exposto, solicito ao mano que, dentro das possibilidades, me
envie alguma informação a respeito do assunto.
CONSIDERAÇÕES
A circulação para
ambas as finalidade ocorre na mesma sequência, diferenciando-se apenas pelo
oficial que executa a coleta.
No REAA\, em qualquer situação a bolsa (saco)
segue o seguinte percurso: Luzes da Loja (Venerável Mestre e os Vigilantes)
respectivamente, as Dignidades do Orador e do Secretário e Cobridor Interno.
Esses são os seis primeiros cargos obrigatórios na circulação. Dando sequência abordam-se
todos os Irmãos do Oriente começando por aqueles que eventualmente estejam ocupando
as cadeiras de honra (Decreto GOB 1469/2016), em seguida os Mestres que ocupam
o Sul, os do Norte, os Companheiros, os Aprendizes e, por fim, o oficial
circulante que é ajudado pelo Cobridor Interno.
Seguem algumas observações necessárias
para o procedimento de abordagem.
a) Em hipótese alguma
se faz a coleta do Venerável junto com os ocupantes das duas cadeiras de honra,
nem mesmo se o ocupante for o Grão-Mestre. A coleta inicia-se obrigatoriamente pelos
detentores dos malhetes.
b) A obrigatoriedade
dos seis primeiros cargos se dá para cumprir a regra de que uma Loja somente
pode ser aberta com sete Mestres. Nesse caso são os seis primeiros, mais o
oficial circulante. É equivocada a justificativa da tal estrela de seis pontas
que, além de não ser elemento simbólico do REAA\, é preciso ainda de
muito exercício de imaginação para se formar uma estrela ligando os lugares dos
primeiros seis cargos abordados.
c) Os seis primeiros
cargos obrigatoriamente abordados seguem hierarquia administrativa – Luzes,
Dignidades e o Cobridor, cujo cargo é tão importante que nenhuma Loja pode
abrir os trabalhos sem a sua presença – o Cobridor representa o Landmark do
sigilo.
d) Abordados os seis
primeiros cargos, para os demais não existe nenhuma sequência obrigatória,
senão que a coleta se dê no Oriente, Sul e Norte.
e) No Ritual do GOB em
vigência durante a circulação e abordagem do Cobridor Interno, nele aparece o
termo “Cobridores”, obviamente se reportando ao Interno e o Externo. Esse foi
um equívoco, mas que, como outros já aparece corrigido podendo ser conferido no
site do Poder Central em: Ritualística – Grande Oriente do Brasil. Para
acessa-lo é necessário que o Obreiro possua o GOB-CAD.
Outros comentários:
A postura do oficial circulante
(Mestre de Cerimônias ou Hospitaleiro) parado ou em deslocamento será sempre
segurando a bolsa aberta com as duas mãos junto e na altura do seu quadril
esquerdo. Durante a abordagem o portador da bolsa deve discretamente virar o
rosto para o lado oposto daquele que está sendo abordado. Esse gesto identifica
a virtude da “discrição”.
A origem da postura ao carregar a
bolsa pelo lado esquerdo vem de um costume haurido de algumas igrejas medievais
na França quando nelas havia um personagem chamado “esmoler” que trazia consigo
uma grande bolsa presa a tiracolo da direita para a esquerda. Esse personagem
geralmente no final do ofício religioso oferecia a bolsa aos fiéis recolhendo
doações para os necessitados. Assim a Maçonaria francesa através de alguns dos
seus ritos copiou o gesto simbólico para as suas Lojas e o deu ao Hospitaleiro a
postura de segurar a bolsa imitando a maneira do esmoler que trazia o
recipiente a tiracolo ao coletar donativos na igreja.
Originalmente em
Maçonaria a coleta para solidariedade intitula-se “Tronco” cuja coleta se
destina para as obras assistenciais da Loja. Nesse caso, a origem do vocábulo é
francesa já que a palavra “tronc” em
francês, dentre outros, designa também uma caixa para óbolos (caixa de esmolas)
muito comuns nas igrejas francesas, cujas quais se identificam como “Tronc”. A
ideia figurada é de engrossar a caridade como o tronco de uma árvore que
paulatinamente engrossa (encorpa) pelo tempo da sua existência.
No que diz respeito
à Bolsa de Propostas e Informações, em analogia à discrição maçônica que cerca
a coleta beneficente, o mesmo gesto e o mesmo percurso na Loja seriam adotados
para a coleta de documentos e escritos que muitas vezes são sigilosos e que
merecem primeiro uma análise acurada do Venerável antes de delas dar
conhecimento (prudência). O encarregado de recebê-las na forma de costume é o
Mestre de Cerimônias.
Como propostas e
informações demandam geralmente de providências administrativas e podem
aguardar constitucionalmente outros aprovisionamentos (ficar sob malhete) o
gesto, para exarar boa-fé, exige a presença de duas testemunhas (Orador e
Secretário) na oportunidade em que é conferido o número de propostas e
informações coletadas.
Tanto na coleta do
óbolo como na das propostas e informações, impreterivelmente todos, sentados e
sem fazer sinal ao serem abordados, devem inserir a sua mão direita fechada
dentro na bolsa e retirá-la na forma de costume. Essa regra é admitida para que
ninguém saiba o que, ou quanto, dependendo do caso, foi depositado no interior
do recipiente.
Durante essas
coletas ninguém pode colocar propostas, informações ou óbolo por outro Irmão. O
procedimento é estritamente individual.
Propostas e
informações sem assinatura não serão aceitas pelo Venerável Mestre.
Do mesmo modo, o produto da coleta no
Tronco de Beneficência deve ser conferido na sessão em curo. Não existe a
abominável prática de se lacrar o tronco em homenagem aos visitantes, isso é
ilegal e só serviria se fossa para homenagear o pão-durismo de alguns. Em nome
da lisura e transparência da sessão o total apurado na coleta do óbolo deve ser
conferido e anunciado na presença de todos.
Enfim, esses são os
apontamentos que me ocorreram nesse momento, lembrando que essas considerações
são norteadas às Lojas do REAA\ e em particular às
do Grande Oriente do Brasil.
Concluindo, devo
lembrar que giro e coleta nessa forma ritualística é particularidade de alguns ritos
maçônicos e não é um procedimento ritualístico unânime e assim aplicado em toda
a Maçonaria.
T.F.A.
PEDRO JUK
SET/2017.
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