Em 16/11/2018 o Amado Irmão Márcio
Andrade, Loja Ouroboros, 4.093, Rito Adonhiramita, GOB-SC, Oriente de
Florianópolis, Estado de Santa Catarina, solicita atenção para o que segue:
USO DO CHAPÉU NA MAÇONARIA
Primeiro,
uma honra fazer este contato com você, pelos inúmeros trabalhos oferecidos
a todos os obreiros e por sua trajetória em nossa Ordem. Sou obreiro da Loja Ouroboros 4093, para melhor me aperfeiçoar peço sua ajuda no sentido de instruir com relação "O Chapéu na Maçonaria" ou "O chapéu na Maçonaria Adonhiramita". Caso tenha artigos ou algo, fico extremamente agradecido. Agradeço também pela sua atenção, pois sabemos de seus inúmeros compromissos. Quando vier a Florianópolis, gostaria que viesse nos visitar.
CONSIDERAÇÕES:
Chapéu – (do francês arcaico: chapel, contemporâneo chapeau). É a cobertura para cabeça confeccionada de materiais diversos,
com copa e, geralmente com abas.
Pela influência hebraica na Maçonaria e sob o
ponto de vista místico, alguns ritos maçônicos, assim como no judaísmo, a
cobertura da cabeça tem o desiderato de divulgar a crença de que acima da
cabeça do Homem existe a Divindade transcendental, onisciente, onividente e
onipresente, o que em linhas gerais alude à presença de “Deus”.
Nesse sentido, o chapéu representa a pequenez
humana do homem perante o “Criador”. Simboliza a incapacidade humana de
entender a Divindade. Essa concepção resume, em última análise, a prova de
submissão do Homem a “Deus”. Para os ortodoxos do judaísmo, por exemplo, a
cobertura da cabeça deve estar presente desde o “brit-milá” (circuncisão), o que ocorre no oitavo dia de vida e
simboliza a aliança abraâmica com “Deus”.
Destaque-se que na prática judaica essa
cobertura é geralmente feita como o “kipá”,
que é o solidéu (do latim soli Deo –
só a Deus), sendo obrigatória a sua presença nas cerimônias litúrgicas.
Do ponto de vista histórico, em Maçonaria o
costume do uso do da cobertura na cabeça, geralmente com um chapéu negro
desabado, deveria ser obrigatório para todos os Mestres Maçons em sessão de
Grau 03, embora até existam ritos, como o Adonhiramita, por exemplo, que tornam
seu uso indispensável em todos os Graus e em qualquer sessão. No caso do Rito
Escocês Antigo e Aceito, em se levando em conta a sua pureza ritualística e
litúrgica, além da obrigatoriedade do uso do chapéu por todos em Câmara do
Meio, nas demais sessões ele é obrigatório apenas para o Venerável Mestre
(infelizmente não é bem isso que acontece).
Fora do aspecto transcendental, em linhas
gerais esse costume remonta às cortes europeias do Século XVIII, quando o rei
em cerimônia na presença de inferiores hierárquicos, cobria a cabeça como sinal
da sua superioridade (é o caso do Venerável em sessões do primeiro e segundo
Graus). Já em reunião com seus pares (de igual hierarquia) todos tinham a
cabeça coberta (como em Câmara do Meio).
Em resumo, e de modo prático, o costume
indica que em Lojas do primeiro e segundo Graus, apenas o Venerável se
apresenta com a cabeça coberta como sinal de superioridade e de autoridade. Já
em Câmara do Meio, como sinal de igualdade entre os Mestres, todos deveriam permanecem
com a cabeça coberta.
Desafortunadamente, na atualidade, o uso do
chapéu em Loja tem sido um vestígio de caráter um tanto quanto anacrônico, já
que muitos rituais nem mesmo preconizam o seu uso, alguns inclusive, deixando a
prática a critério do Venerável, o que é lamentável, pois diferente do terno,
tão defendido ferrenhamente por muitos e que é apenas uma vestimenta, o chapéu
é um símbolo passível de interpretação embasada, tanto pelo seu caráter
esotérico quanto pelo seu caráter figurado.
O costume do uso do chapéu na Maçonaria pode
se distinguir entre as tradições, ritos e trabalhos. Por exemplo, nas Lojas Azuis
norte-americanas o Venerável permanece em Loja usando um chapéu alto e de abas
curtas (cartola). Nas Lojas alemãs é frequente o uso da cartola como cobertura,
enquanto que nos trabalhos da Maçonaria inglesa (embora por tradição) o chapéu
é praticamente ignorado. No Rito Escocês Antigo e Aceito (que é de origem
francesa), como já mencionado, tem sido usado e às vezes, apenas no terceiro
Grau. No rito Adonhiramita, que praticamente só é exercitado no Brasil e em
poucos outros países, todos usam a cobertura, independente do grau simbólico.
Há ainda a questão de o chapéu ser desabado,
o que pode ser relativo à moda e de tendência regional haurida principalmente
da Maçonaria praticada na França, ou ainda como artifício para camuflar
(esconder) a face visando preservar a identidade do usuário numa época em que a
Maçonaria, em alguns lugares era ferrenhamente perseguida.
O adjetivo “desabado”, nesse caso, é o chapéu
de abas largas (sem excesso) direitas ou caídas. É oportuno mencionar que
atualmente esse chapéu tem sid
De tudo, e pela importância do seu
simbolismo, o chapéu na Maçonaria deve ser o convencional (geralmente de
feltro) e de cor negra, nunca de outros tipos que não condigam com a sua
tradição na Sublime Instituição. À exceção é o Rito Escocês Retificado que utiliza
um chapéu tricórnio negro como símbolo de igualdade perante o “GADU”.
Por oportuno, também é bom comentar que o uso
e costume que envolve o chapéu e o seu simbolismo na Maçonaria apenas é parte
da Moderna Maçonaria e nunca da conhecida Maçonaria de Ofício, ancestral dos
maçons especulativos.
Dando por concluído, eram essas as minhas
considerações, destacando que elas possuem apenas caráter elucidativo,
sobretudo sob o ponto de vista histórico e nunca com o objetivo de interferir
em rituais em vigência. Acredito que elas lhe darão subsídios pra uma pesquisa
mais ampla.
T.F.A.
PEDRO JUK
MAR/2019
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