sexta-feira, 29 de março de 2019

SAUDAÇÕES, ELOGIOS E CUMPRIMENTOS


Em 14/11/2018 o Respeitável Irmão Nilton Benedito Baltazar, Loja Conciliação e Justiça, 2058, REAA, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, solicita esclarecimentos para o seguinte:

SAUDAÇÕES, ELOGIOS E CUMPRIMENTOS.


Sempre soube que o elogio ou comentário sobre um trabalho apresentado por um Irmão em Loja caberia ao Irmão Orador em suas conclusões finais. Virou mania de vários Irmãos do quadro se congratularem ou elogiarem a apresentação de trabalho de Irmão. A quem cabe?
Também não concordo que nas iniciações Irmãos visitantes além de parabenizar os iniciados queiram lhe dar instruções (comportamento, assiduidade) etc.
Caso queira agradeça o convite e parabenize o Venerável pelos trabalhos, o que também acho desnecessário. Enfim. Qual seria o correto?

CONSIDERAÇÕES.

Um dos ofícios do Orador é saudar os Irmãos visitantes em nome da Loja na oportunidade em que ele faz as conclusões finais.
Nas devidas proporções, não se pode cercear o direito de um Irmão fazer algum comentário, nesse caso sobre uma peça de arquitetura apresentada.
O que deve existir sim, por parte dos usuários da palavra, é o bom senso para não ficar repetindo pronunciamentos já feitos ou usar da palavra para proferir os famosos discursos prolixos e providos de rançoso lirismo.
Para que essas atitudes não aconteçam, é preciso que a Loja, na medida do possível prepare e ministre instruções sobre o uso da palavra pelo maçom, sobretudo ensinado que ele deve ser objetivo na sua fala e evite verborragias desnecessárias.
É oportuno salientar que o comportamento maçônico se aplica a todos, inclusive ao Venerável que é quem menos deve falar, porém dirigir como serenidade e competência os trabalhos. Nesse particular, é bom que se diga que também o Orador deve seguir essa regra, pois como Guarda da Lei ele deve dar exemplo objetividade no cumprimento do seu dever. Cabe entende que o Orador de uma Loja maçônica não é aquele que profere discursos, mas aquele que zela para que os trabalhos se deem na forma da lei.
Sob o aspecto dos visitantes nas Iniciações, esse é outro assunto sério que encontramos nas nossas lides. Sem dúvida, esses também precisam de instrução ao invés de querer dar instruções em momentos inapropriados. Falar sobre assiduidade ao recém-iniciado então, é o mesmo que querer dar atestado ao novo Aprendiz de que as coisas não andam bem na Loja quando o assunto diz respeito à frequência. Isso é mesmo atitude de mau gosto e refinada inconveniência.
Ora, a palavra é posta nas Colunas e Oriente para que os eventuais usuários se pronunciem a respeito do ato, o que se resume geralmente em dar boas vindas ao Iniciado. Instruções terão o seu tempo próprio nas sessões vindouras da Loja e não por visitantes na cerimônia de Iniciação. Isso, além de ser impróprio é improdutivo e serve só para esgotar a paciência dos outros.
No fim de tudo, ao que me parece é que antes do iniciado, quem carece de instrução nesse caso são alguns daqueles que já possuem bem mais tempo de estada na Ordem e que deveriam dar exemplo àquele que acaba de ultrapassar os umbrais dos nossos Templos.
A propósito, uma das virtudes do maçom é a de dispensar elogios.
Concluindo, lembro que a dialética, a retórica e a lógica são três das Sete Ciências e Artes Liberais. No seu primeiro trivium, objeto de estudo do Companheiro, o maçom aprende que a arte do diálogo e da oratória somente é plausível se para ela existir razão (o porquê da sua existência).

T.F.A.


PEDRO JUK


MAR/2019

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